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MAGNETISMO – NOÇÕES BÁSICAS – PARTE II – VERSÃO 2


SOLENÓIDES E ELETROÍMÃS
Enrolando-se um fio condutor em espiras tem-se o que se chama de
solenóide ou bobina. Se o solenóide é percorrido por uma corrente elétrica
será criado um campo magnético tanto em pontos exteriores quanto em
pontos interiores ao solenóide ou bobina. Bobina pode ser considerado como
um termo sinônimo de solenóide; na prática o termo bobina designa qualquer
tipo de enrolamento que se faça com fios. Os solenóides funcionam como ímãs;
os pólos do solenóide são facilmente identificados pelo emprego da regra da
mão direita. Observe a figura abaixo.

A extremidade de onde saem as linhas de indução é um pólo Norte; a


extremidade oposta, onde as linhas de indução penetram no solenóide, é um
pólo Sul.
O campo magnético devido a um solenóide percorrido por uma corrente
elétrica tem a mesma configuração que um campo magnético devido a um ímã
em forma de barra. As extremidades de um solenóide comportam-se como os
pólos de um ímã; a extremidade da qual as linhas de indução emergem
correspondem ao pólo Norte e a extremidade na qual essas linhas penetram
comporta-se como um pólo Sul. É por essa razão que se diz que um solenóide
percorrido por uma corrente elétrica constitui um eletroímã: um ímã artificial.
No interior do solenoide com N espiras e comprimento L, percorrido por

uma corrente i, o vetor campo magnético B tem as seguintes características:
 Direção: dada pelo eixo geométrico do solenoide;

 Sentido: determinado pela regra da mão direita;


N
 Intensidade: B   L i
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CAMPO MAGNÉTICO DE UMA ESPIRA CIRCULAR


A espira é um caso particular de um solenóide. Nosso interesse está voltado
para a espira circular. Quando percorrida por uma corrente elétrica, um campo
magnético, como já sabemos será criado. Como é o campo magnético criado
por uma espira circular de raio R percorrida por uma corrente elétrica de
intensidade i? Novamente devemos usar a regra da mão direita. Observe as
figuras abaixo.

O módulo do campo magnético no centro de uma espira circular de raio R


percorrida por uma corrente elétrica i, é dado por:

 i
B . .
2 R
No caso de N espiras circulares, iguais e justapostas, o módulo do campo
magnético resultante será N vezes mais intenso:
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 i
B N .
2 R

FLUXO MAGNÉTICO
Chamamos de fluxo magnético φ, a grandeza escalar que mede o número
de linhas de indução magnética que atravessam a área de uma espira imersa

num campo magnético B :

Φ = BA cos θ
 
onde θ é o ângulo entre o vetor de indução magnética B e o vetor normal n à
área da espira.


B
θ

n
A

Casos particulares:

a)   0 o , cos   1    BA


n 
B
A
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b)   90 o , cos   0    0


n


B
A

INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA
Indução eletromagnética é o fenômeno responsável pelo surgimento de
correntes elétricas em materiais condutores imersos em campos magnéticos
cujos fluxos variam com o tempo.
Considere o seguinte experimento onde um ímã é aproximado de uma
espira ligada a um medidor de corrente. É observado no experimento que:
a) Uma corrente aparece apenas se existe um movimento relativo entre a
espira e o ímã; a corrente desaparece quando o movimento relativo
cessa.
b) Movimento mais rápido produz uma maior corrente.
c) O movimento do ímã no sentido oposto também produz uma corrente,
mas no sentido oposto.
Se o pólo do ímã é trocado, a corrente no circuito também inverte o
sentido.
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Analisemos agora um segundo experimento realizado com os circuitos


exibidos nas figuras:
a) Com a chave inicialmente ligada (circuito 1), o galvanômetro não indica
nenhuma corrente no circuito que contém a espira 2.

b) No exato momento que a chave do circuito 1 é desligada, uma breve e


súbita corrente (induzida), é registrada no galvanômetro (circuito2).

A corrente induzida aparece apenas quando a corrente no circuito da direita


muda (quando desligamos ou ligamos a chave) e não quando ela é constante. A
corrente e a força eletromotriz (fem) induzidas nos experimentos citados
aparentemente são causados quando alguma coisa está variando. Mas, o que
está variando?
Faraday compreendeu que uma corrente e uma fem são induzidas numa
espira mediante a variação do fluxo magnético que a atravessa.

Lei de Indução de Faraday

“Uma força eletromotriz é induzida num circuito quando o fluxo magnético


através dela varia”.

Lei de Lenz

“A corrente induzida sempre circula para criar um campo magnético que se


opõe à mudança do fluxo através do circuito”.
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A corrente i induzida na espira tem a direção tal que o fluxo do campo



magnético induzido B i sempre se opõe à mudança no fluxo do campo magnético

indutor B . As figuras abaixo esclarecem essa assertiva.

a) Quando o polo norte do ímã se aproxima perpendicularmente da espira,



aumenta o fluxo de B através dela. Para se opor a este aumento, a corrente

induzida i deve estabelecer seu próprio campo B i com a orientação mostrada
na figura abaixo.

B aumentando
Bi
N S

 
b) Embora o fluxo de B i sempre se oponha à mudança no fluxo de B , nem
 
sempre B i tem sentido oposto a B . Quando o polo norte de ímã se afasta da
 
espira, diminui o fluxo de B . Agora, o campo B i aponta no sentido de impedir tal
redução.

B diminuindo
S N Bi

c) Quando o polo sul ímã se aproxima perpendicularmente da espira, aumenta



o fluxo de B através dela. Para se opor a este aumento, a corrente induzida i flui

no sentido indicado, acarretando um campo B i com a orientação mostrada na
figura.

S N B aumentando
Bi
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d) O afastamento do polo sul do ímã produz uma redução no fluxo criado por B .

Para se opor a tal diminuição B i deve ter a orientação exibida na figura seguinte.

B diminuindo
S N Bi

LEI DE FARADAY

“A força eletromotriz induzida média em um circuito é igual ao


quociente da variação do fluxo magnético  pelo intervalo de tempo ∆t em
que ocorre, com sinal trocado”.

m  
t

O sinal negativo, que aparece na Lei de Faraday, indica que o sentido da fem
induzida é tal que ela se opõe à variação que a produziu, conforme já havíamos
explicado através da Lei de Lenz. Nas questões que resolveremos só estaremos
interessados no módulo da fem induzida.
Se em lugar de um circuito simples tivermos um solenoide ou bobina com
N espiras – enroladas muito próximas: são as chamadas bobinas compactas - a
lei de Faraday assume a seguinte forma:


N
t

EXERCÍCIOS
01 Na segunda década do Século XIX, o físico dinamarquês Hans Christian
Oersted (1777-1851), constatou que ao aproximar uma bússola de um fio
percorrido por uma corrente elétrica, sua agulha sofria um desvio. Daí concluiu:
“toda corrente elétrica gera no espaço que a envolve um campo magnético”.
Considere a permeabilidade magnética para o vácuo,  o  4  10 7 T.m/A. Sobre
o eletromagnetismo é correto afirmar que:
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a) a intensidade do campo magnético no interior de uma espira circular de raio


2,5 cm, quando percorrida por uma corrente de 4,0 A, é de 2.10-5 T;

b) a intensidade do campo magnético produzido por uma corrente elétrica de


3,0 A que percorre um fio metálico reto e extenso, distante de 0,30 m é de
2,0.10-5 T;

c) a direção do campo magnético no centro de uma espira circular é


perpendicular ao plano da espira;
d) um condutor percorrido por uma corrente i, tem num ponto P um vetor
indução magnético B com o sentido mostrado na figura abaixo:


B
i P

e) a lei de Ampère estabelece que a intensidade do campo magnético em um


ponto P, situado a uma distância d de um fio percorrido por uma corrente
elétrica, aumenta com o distanciamento do fio ao ponto P.

RESPOSTA: (b)
RESOLUÇÃO
Campo magnético criado por um fio retilíneo percorrido por uma corrente:
B = μ.i/2πR → B = (4π.10-7.3)/(2π.3.10-2) = 2,0.10-5 T

02 Sabe-se que um ímã apresenta regiões, denominadas de pólos, sendo N o


pólo Norte e S o pólo Sul. Considerando que um ímã em forma de barra caiu de
uma certa altura, e seu impacto com o solo fragmentou-o em dois pedaços
praticamente iguais, ao colocar os dois pedaços, um em frente ao outro, eles
tenderão a se atrair de acordo com as características magnéticas ilustradas na
alternativa:

(a) (b) (c)

(e)
(d)
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RESP.: (a), polos diferentes se atraem.

03 Considere dois longos


fios condutores retilíneos,
1A 2A
paralelos, de
comprimentos infinitos e
perpendiculares ao eixo X,
conforme figura ao lado.
0 0,3 X (m)
Um dos fios é percorrido
por uma corrente de 1 A e
passa por x 0 = 0, enquanto
o outro fio é percorrido por
uma corrente de 2 A de
mesmo sentido e passa por
x 1 = 0,3 m. Determine a coordenada x 2
do ponto do eixo X no qual o campo
magnético resultante é nulo.
a) 0,05 m
b) 0,10 m
c) 0,15 m
d) 0,20 m
e) 0,25 m
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RESOLUÇÃO
Entre os fios os campos magnético possuem sentidos opostos.

1A 2A

B1
x2 x3 x1 = 0,3
m
B2

Seja x o ponto entre os eixos onde os campos magnéticos se cancelam. De


acordo com a figura temos x2 + x3 = x1 → x2 = x1 – x3 → x2 = 0,3 – x3.
Campo criado pela corrente de 1A: B1 = (μ.1)/(2πx2)
Campo criado pela corrente de 2A: B2 = (μ.2)/[2π(0,3 - x2)]
Como os campos se cancelam: B1 = B2 → x2 = 0,15 m

04 A figura, ao lado, mostra uma haste de metal de resistência 6 e com 3m


de comprimento, ligada a uma bateria por
um fio de resistência desprezível. Quando
apenas 2/3 da haste são colocados numa
região onde existe, perpendicular à haste, um
campo magnético uniforme B = 2 × 10 – 3 T,
essa haste fica sujeita a uma força de 2 . 10 –
2
N. Nessas condições, a força eletromotriz ε
da bateria vale:
a) 1 V
b) 3 V
c) 9 V
d) 15 V
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e) 20 V
f) 30 V

RESP.: (f)
RESOLUÇÃO
Apenas 2/3 da haste estão imersos no campo magnético. Portanto, a porção
da haste imersa no campo vale 2 m. A corrente na haste pode ser calculada
usando a equação: F = B.i.L. Substituindo os valores dados obtemos

2.10-2 = 2.10-3.i.2 → i = 5 A.

Como o fio tem resistência desprezível a ddp (U) nas suas extremidade é igual
a fem da bateria, logo: ε = U = R.i → ε = 6.5 = 30 V.

05 A corrente elétrica induzida em uma espira circular será:


a) nula, quando o fluxo magnético que atravessa a espira for constante.
b) inversamente proporcional à variação do fluxo magnético com o tempo.
c) no mesmo sentido da variação do fluxo magnético.
d) tanto maior quanto maior for a resistência da espira.
e) sempre a mesma, qualquer que seja a resistência da espira.

RESPOSTA: (a)
RESOLUÇÃO
A ocorrência de uma corrente induzida implica na variação do fluxo através da
espira. Se o fluxo é constante a corrente induzida é nula.

06 O gráfico registra o fluxo magnético


(Wb)
através de um anel metálico ao longo de 5
segundos. Em quais dos intervalos de
tempo abaixo relacionados (valores em
segundos) surgirá no anel uma corrente
elétrica induzida? 0 1 2 3 4 5 t(s)
a) apenas no intervalo (1 - 2)
b) nos intervalos (0 - 1) e (2 - 3)
c) nos intervalos (0 - 1) e (4 - 5)
d) nos intervalos (0 - 1), (1 - 2) e (2 - 3)
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e) nos intervalos (0 - 1), (2 - 3), (3 - 4) e (4 - 5)

RESPOSTA: (e). Existe corrente induzida nos intervalos de tempo onde o fluxo
varia.

07 - A respeito do fluxo de campo magnético sobre uma área A, assinale a


alternativa correta:
a) O número de linhas de campo magnético a atravessar a área A é proporcional
ao fluxo magnético.
b) O número de linhas de campo magnético a atravessar a área A é
inversamente proporcional ao fluxo magnético.
c) O fluxo magnético será máximo quando o ângulo formado entre a superfície
e o campo magnético externo for de 0º.
d) O fluxo magnético será nulo quando o ângulo formado entre a superfície e o
campo magnético externo for de 90º.
e) O fluxo magnético depende, exclusivamente, do módulo do campo
magnético que atravessa a área A.

RESOLUÇÃO
Vamos analisar as alternativas:
a) VERDADEIRA – O módulo do campo magnético é proporcional ao número de
linhas de campo, e o fluxo magnético depende da intensidade do campo
magnético.
b) FALSO – O número de linhas de campo e o fluxo magnético são diretamente
proporcionais.
c) FALSO – Nesse caso, o fluxo de campo magnético será nulo.
d) FALSO – Nesse caso, o fluxo magnético será máximo.
e) FALSO – O fluxo magnético depende do módulo do campo magnético, da
área e do ângulo formado entre o campo magnético e a reta normal dessa área .

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