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RESUMO
É apresentada a análise de duas obras principais, O Segundo Sexo (2009 [1949]), de
Simone de Beauvoir, e O Conto da Aia (2017 [1985]), de Margaret Atwood, por um viés
crítico da cultura patriarcal presente na essência social em escala mundial. No primeiro
momento, há breve contextualização da posição da mulher desde o início das estruturas
sociais. Por conseguinte, transcorre uma sinopse da distopia de Atwood e críticas sobre o
ideal feminino na sociedade da literatura e como este se encontra nas bases culturais que
se estendem até a atualidade. Em seguida, a reflexão cerca o fundamentalismo religioso
presente na obra, voltando-nos à sociedade atual, conforme crescente movimento
extremista e o regresso das lutas feministas disfarçadas de tradição e retóricas sem
fundamento.
ABSTRACT
The analysis of two main works, The Second Sex (2009 [1949]), by Simone de Beauvoir,
and The Handmaid’s Tale (2017 [1985]), by Margaret Atwood, is presented by a critical
1
perspective of the patriarchal culture present in essence worldwide. At first, there is a
brief contextualization of the position of women since the beginning of social structures.
Consequently, there is a synopsis of Atwood's dystopia and criticisms about the feminine
ideal in the society of literature and how it is found in the cultural bases that extend to the
present day. Then, the reflection surrounds the religious fundamentalism present in the
letter, turning to the current society, according to the growing extremist movement and
the return of feminist struggles disguised as tradition and rhetorical without foundation.
INTRODUÇÃO
Desde o início da formação das estruturas sociais, em que a força física era
essencial e exercida pelo sexo masculino, os homens se colocaram em posição superior,
uma vez que a alimentação dependia da caça e pesca, tendo como consequência a
subordinação do sexo feminino, que realizava tarefas relacionadas aos afazeres
domésticos, fato que se incorporou à essência da mulher e, até os dias atuais, é tido como
estereótipo, ou seja, algo não original que se adequa a um padrão (Só Pedagogia, 2008-
2020, s.p.).
Em 1985, a canadense Margaret Atwood tomou visibilidade com a publicação de
O Conto da Aia. Observando que, nesse contexto histórico, as mulheres reivindicavam
seus direitos, bem como sua posição na sociedade, a obra literária passou a ser
interpretada como crítica, cumprindo a função de distopia - temática que tem ganhado
força nos últimos tempos, como nas obras 1984, de George Orwell, Ensaio sobre a
cegueira, de José Saramago e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury - ao propor uma futura
possibilidade de estrutura social falha que vive sob regime opressivo, além de levantar
importantes questões como a de gênero - construção social de identificação, diferente de
sexo. Além disso, a escritora traz reflexões acerca do quão pode ser efêmero os direitos
conquistados pelas mulheres, caracterizando-se como obra atemporal, visto que muitas
reflexões propostas pela autora se relacionam diretamente à sociedade atual.
Por esses motivos, deparamo-nos com diversas questões que podem ser levantadas
da obra O Conto da Aia (2017 [1985]), e o presente trabalho desenvolveu-se sobre a
seguinte problemática: como o texto de Margaret Atwood apresenta as relações de poder
entre homens e mulheres e como essas relações de poder podem ser identificadas até hoje
2
na sociedade brasileira? E, por fim, poderiam essas relações de poder sustentar a violência
contra a mulher que permanece cada vez mais em evidência na sociedade atual?
O objetivo da pesquisa é analisar a obra O Conto da Aia (2017 [1985])
identificando as manifestações patriarcais e relações de poder entre homens e mulheres
para possibilitar a resposta da problemática. Para isso, foi realizada uma pesquisa de
abordagem qualitativa e quantitativa, com fontes bibliográficas e documentais e objetivos
explicativos. O método utilizado foi o do Direito e Literatura, que permite a
interdisciplinaridade entre Direito e a arte nos modelos estabelecidos por Streck e
Trindade (2013) e Schwartz (2006).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com o objetivo de discorrer e explicar a luta feminista na sociedade atual, foi feita
uma análise de duas fontes bibliográficas principais.
Publicada originalmente em 1949, a obra O Segundo Sexo (2009 [1949]) foi
escrita por Simone de Beauvoir, escritora, filósofa, intelectual existencialista, ativista e,
hoje, considerada uma das maiores pensadoras das demandas femininas. Aborda o
desenvolvimento da opressão feminina através da história, literatura e mito, atribuindo a
formação das estruturas sociais ao molde das perspectivas do homem.
O Conto da Aia (2017 [1985]) é um romance distópico produzido por Margaret
Atwood publicado no ano de 1985, que discorre de forma narrativa a respeito de uma
sociedade sob regime de fundamentalismo religioso, em que as mulheres eram
submetidas à tarefas de esposa, doméstica e mãe, sendo privadas de participação política
e estudo.
3. RESULTADOS ALCANÇADOS
3
não faziam parte dos “sujeitos de direito”, organizaram movimentos de reivindicação
de suas garantias jurídicas. Na primeira onda, as mulheres se percebem como uma
categoria, e a luta feminina se estrutura em luta política, não individual, que exige
intervenção do Estado para uma solução razoável. Nesse sentido, explica Carol
Hanisch (1969, s.p.):
Deste modo, o motivo para eu participar dessas reuniões não é para resolver
qualquer problema pessoal. Uma das primeiras coisas que descobrimos nesses
grupos é que problemas pessoais são problemas políticos. Não há soluções
pessoais desta vez. Só há ação coletiva para uma solução coletiva.
Dessa forma, sua imagem era (e, em certas ocasiões, ainda é) associada ao
homem, sendo definida como “o outro”, “não homem” e até “homem incompleto”1. A
1
Pensamento de Aristóteles (perigosamente predominante durante a Idade Média) de que a mulher é
passiva e, o homem, ativo, por isso, a criança herdava apenas as características que estavam presentes no
sêmen. (OKIN, 2013)
4
sociedade não compreendia a existência de homem e mulher como sexos em potencial
de mesma categoria, mas como um sexo “A” e outro “não A”, um objeto.
(BEAUVOIR, 2009).
Simone de Beauvoir, em sua obra O Segundo Sexo (2009 [1949]), discorre sobre
algumas vertentes teóricas que tentam explicar a dependência feminina, como a
biologia, declarando homem e mulher naturalmente diferentes, a psicanálise, em que
Freud e Adler definem a submissão como “complexo de inferioridade”, e a material,
de Engels, afirmando que a subordinação se dá devido ao contexto econômico.
Entretanto, nenhuma delas explica, de fato, o motivo, dado que ser biologicamente
diferentes não é suficiente, o fator psicanalítico existe a partir de um contexto histórico
de valorização da virilidade sobre a feminilidade e a questão material falha ao
considerar apenas o âmbito econômico, embora também ocorra no campo doméstico e
familiar.
Vendo, pois, Raquel que não dava filhos a Jacó, teve Raquel inveja de sua irmã
e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morro.
Então, se acendeu a ira de Jacó contra Raquel e disse: Estou eu no lugar de
Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?
E ela disse: Eis aqui minha serva Bila; entra a ela, para que tenha filhos sobre
os meus joelhos, e eu assim receba filhos por ela.
Assim, lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó entrou a ela.
E concebeu Bila e deu a Jacó um filho (Bíblia de Estudo Palavras-Chave
Hebraico e Grego, 2015, p. 41).
2
Na obra de Atwood (2017) Esposas, Aias, Tias e Comandantes, entre outros, são uma espécie de cargo
assumido pelas pessoas, interpretação possível do contexto e da própria grafia das palavras, sempre
utilizadas em letras maiúsculas.
3
Na distopia de Atwood (2017), uma Aia era uma mulher fértil e reeducada para servir a um casal
6
Minha saia vermelha é puxada para cima até minha cintura, mas não acima
disso. Abaixo dela, o comandante está fodendo. [...] Não digo fazendo amor,
porque não é o que ele está fazendo. Copular também seria inadequado porque
teria como pressuposto duas pessoas e apenas uma está envolvida. Tampouco
estupro descreve o ato: nada está acontecendo aqui que eu não tenha
concordado formalmente em fazer. Não havia muita escolha, mas havia
alguma, e foi isso o que escolhi. (ATWOOD, 2017, p. 115)
Por esse aspecto, adequa-se uma análise a respeito de dois papéis diferentes o
qual a mulher é submetida. Em harmonia ao pensamento de Simone de Beauvoir, a
submissão feminina é baseada na humanidade ser vista como masculina, de maneira
que as mulheres não são determinadas com base em si, mas relativizadas de acordo
com os padrões masculinos (BEAUVOIR, 2009, p. 17). Sendo assim, a mulher é
apenas um ‘outro’, o que é injustificável visto que exerce papel análogo em sua
totalidade da espécie. Já em Gilead, o papel da mulher se transfigura em algo mais
caótico, afinal, nem ‘o outro’ lhe serve de definição, de modo que alterou-se para
apenas um objeto, uma posse definida por ‘de’.
Mulheres que não se encaixavam nos padrões, como homossexuais, eram
chamadas de “traidoras de gênero” - é importante ressaltar que “gênero” se trata de
uma definição de identidade, uma construção social, ou seja, da essência culturalmente
8
moldada sobre o ser mulher, embora a obra o trate como sinônimo de sexo biológico -
e vistas como aberração por violarem “seu uso natural”, sendo punidas severamente
por tal, como no caso da personagem Ofglen/Emily da série The Handmaid's Tale,
inspirada na anti utopia de Atwood e encomendada pelo serviço de streaming Hulu.
No terceiro episódio da série, é exposto que Ofglen se relacionou afetivamente
com uma Martha e foi vítima de mutilação da genitália que, segundo o julgamento, é
chamada de “Redenção”, sendo poupada da pena de morte apenas porque “Deus achou
por bem torná-la frutífera”, enquanto sua parceira foi sentenciada à “Misericórdia do
Estado”, ou seja, morte.
Além de descaracterizadas como mulheres, tornaram-se objetos, impedidas de
obter prazer sexual, devendo o ato representar somente o ato de procriação. A
desumanização é exposta em várias situações: na mutilação, como já mencionado, e
nas comparações da narradora entre si e animais, como sendo “porco premiado” e
expressando seu poder “de osso de cachorro”. Outra circunstância se dá em seus
sentimentos quando seu comandante a cumprimenta.
- Oi - diz ele.
É a antiga forma de cumprimento. Há um tempo enorme que não a ouço, há
anos. Diante das circunstâncias parece fora de lugar, até mesmo cômica, um
salto para trás no tempo, uma acrobacia. Não consigo pensar em nada
apropriado para dizer em resposta.
Acho que vou chorar. (ATWOOD, 2017, p. 167)
Ele diz ‘oi’, ao invés de saudar dizendo “Bendito seja o fruto” e recebendo
como resposta “Que possa o Senhor abrir” como estabelecido pelo regime.
9
[..] a desconfiança e o medo de estarem sendo vigiados foram características
tiradas de sua experiência nos países atrás da Cortina de Ferro no império
Soviético; a concepção forçada remete a regras de concepção estabelecidas por
ditadores como Hitler e Ceausescu; Mayday (grupo secreto de resistência na
obra) é inspirado em movimentos de resistência da Segunda Guerra Mundial
(DE LIMA, 2017, p. 15-16).
10
de busca. Entretanto, por tamanha submissão histórica, a essência ‘mulher’ foi moldada
e imposta pelo androcentrismo4, impedindo a ascensão feminina. Dessa forma, embora
atualmente tenha-se a liberdade ‘para’, não se encontra livre do ideal social, estando
apenas acumulando tarefas ao utilizar sua possibilidade de atuar fora da esfera
doméstica. Soma-se a isso, a chamada ‘angústia da liberdade’, em que, a partir do
momento que se obtém alternativas, há incertezas que possibilitam estagnar o indivíduo
na existência, isto é, as mulheres, após longo período de subordinação, ao obterem
liberdade ‘para’, podem se perder no caminho de construção de sua essência, tornando
cômodo retornar ao papel imposto pelo patriarcado.
Ainda em ‘liberdade’, é importante mencionar que estar inserida em regime
opressor traz reflexões sobre detalhes, ou frações de liberdade que, em circunstâncias
comuns, não seriam identificadas facilmente, como retrata a protagonista:
[...] Elas usavam blusas com botões abotoados na frente que sugeriam as
possibilidades da palavra “desabotoar”, desatar. Aquelas mulheres podiam se
desatar; ou não. Elas pareciam ser capazes de escolher. Nós parecíamos
capazes de escolher naquela época. Éramos uma sociedade que estava
morrendo, dizia Tia Lydia, de um excesso de escolhas. (ATWOOD, 2017, p.
36)
4
Androcentrismo: diretamente relacionado à noção de patriarcado; o homem como único paradigma de
representação coletiva (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2018, s.p.).
11
como defesa da honra masculina. Dessa forma, para a “Pátria Amada” bastava a
culpabilização da vítima perante o tribunal.
5
Em julho de 2019, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, disse “o Brasil é uma virgem que todo
12
de direitos como a legalização do aborto - de modo que PECs como a de 29/2015 são
novamente avocadas para discussões, visando tornar crime o aborto em casos de
anencefalia fetal, mostrando uma regressão que se esconde atrás de teorias
concepcionistas.
tarado de fora quer” quando falava sobre demarcação de terras indígenas e desmatamento da Amazônia.
(G1, 2019, s.p.)
Após desavença com o Presidente Jair Bolsonaro, o líder do PSL na Câmara (Delegado Waldir - GO),
diz “Isso já passou. Nós somos Bolsonaro. Somos que nem mulher traída, apanha, mas mesmo assim
volta ao aconchego” (Folha de São Paulo, 2019, s.p.).
6
Quando pré-candidato à presidência, Jair Bolsonaro disse em uma palestra no clube Hebraica do Rio
de Janeiro “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma
mulher” (Redação VEJA São Paulo, 2017, s.p.)
13
perseguições e ofensas à sua integridade (El País, 2020, s.p.).
Seus discursos eram sobre a santidade do lar, sobre como as mulheres deveriam
ficar em casa. Ela mesmo não ficava, em vez disso, Serena Joy [esposa do
comandante Fred] fazia discursos, mas apresentava essa sua falha como um
sacrifício que estava fazendo pelo bem de todos. [...] Ela não faz mais
discursos. Tornou-se incapaz de falar. Fica em casa, mas isso não parece lhe
fazer bem. Como deve estar furiosa, agora que suas palavras foram levadas a
sério. (ATWOOD, 2017, p. 58)
O Conto da Aia se faz menos distópico a cada dia. Em vídeo divulgado por
Equality Now, em parceria com a segunda temporada da série, chamado “Hope Lives
in Every Name”8, os atores de The Handmaid’s Tale leem cartas enviadas por mulheres
de diversos locais como Serra Leoa, Tanzânia e Reino Unido, que passaram por
situações parecidas às narradas no livro. Uma delas, inclusive, afirmou ter tido uma
“Cerimônia” e que não entendia exatamente o que estava acontecendo, apenas sentia
dor.
7
Referência à obra O Grande Abismo de C.S. Lewis, que induz à reflexão sobre as atitudes tomadas, tendo
consequências futuras, seja nesta vida, ou na eternidade.
8
Em tradução livre: Esperança Vive em Todo Nome.
14
ocorreu na Argentina em 25 de Julho de 2018, em que as mulheres se vestiram com o
traje símbolo (o vestido vermelho com a “viseira” branca) e foram em frente ao
Congresso, em Buenos Aires (REDAÇÃO VEJA, 2018, s.p.).
Diante dos fatos apresentados, nota-se o papel de ‘outro’ que a mulher ocupa na
sociedade, construído e reafirmado durante séculos de modo que se tornou senso comum,
até mesmo entre as mulheres. Logo, para que ocorra a efetiva igualdade, é preciso afastar
o estereótipo de atitudes e deveres que a mulher deveria ser responsável, um processo de
desconstrução. Diante desse cenário, pode-se traçar um parâmetro das principais
mudanças que devem ser realizadas na sociedade atual.
Nota-se que os discursos retrógrados estão cada vez mais presentes, usurpando o
espaço já conquistado pela mulher. Para isso, utilizam-se de uma retórica que visa
minimizar as conquistas adquiridas pelo movimento feminista, fazendo o ardiloso uso de
um pequeno número de mulheres aliadas por questões partidárias conservadoras.
Dessa forma, é preciso ir a fundo em tais argumentos buscando desmistificá-los9,
visto que a problemática não está relacionada a uma mulher em si, trata-se de problema
coletivo, portanto, uma experiência individual não deve ser usada como uma verdade
absoluta ou como forma de silenciar todo o movimento. Sendo assim, o diálogo é
indispensável.
A educação é um importante aliado, isso porque faz parte da formação dos traços
de personalidade que, hoje, colabora para a perpetuação dos estereótipos sexistas. A
conscientização a respeito das lutas reivindicativas é extremamente necessária, uma vez
que no atual momento de fake news, que exercem grande influência, o conhecimento é o
combate mais eficaz. Isso posto, é ideal que seja ensinado o princípio da igualdade e
promova o respeito e empatia nas instituições de ensino, além de ter apoio do ambiente
familiar, uma vez que os pais exercem papel fundamental na formação do futuro cidadão.
A população de Gilead encontrava-se em estado de inércia, de maneira que foi
9
Desfazer uma mistificação; denunciar um erro, um engano, uma farsa; desmascarar. (DICIONÁRIO
ONLINE DE PORTUGUÊS, 2009-2020, s.p.)
15
aproveitado de tal brecha para instauração de uma ditadura, portanto, é importante que a
sociedade exerça papel ativo a respeito dos acontecimentos políticos, não somente no ato
de escolha dos candidatos, mas acompanhando seus feitos, posto que, ao se calarem,
correm risco de estar consentindo com discursos opressores e regressistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Agência Câmara de Notícias. Disponível em:
<https://www.camara.leg.br/noticias/550935-bancada-feminina-na-camara-sera-
compos ta-por-77-deputadas-na-nova-legislatura/>. Acesso em: 11 de maio 2020.
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Fronteira, 2009.
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2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/10/e-que-nem-
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