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Gênero, adversidade e problemas socioemocionais

associados à queixa escolar

Gender, adversity, and socioemotional problems


related to school distress

Edna Maria MARTURANO1


Gisele Paschoal TOLLER2
Luciana Carla dos Santos ELIAS3

Resumo

Pesquisas sobre crianças com queixa escolar têm encontrado predomínio de meninos e altas taxas de problemas de comporta-
mento, que estão associados a um prognóstico pobre quando ocorrem em contexto de adversidade ambiental. Este estudo
objetivou investigar, nessa clientela, diferenças de gênero na ocorrência de adversidades e na sua associação com problemas de
comportamento. Participaram 46 meninos e 29 meninas (7-12 anos), encaminhados a uma clínica-escola de Psicologia por
desempenho escolar pobre. Problemas de comportamento foram investigados através do Inventário de Comportamentos da
Infância e Adolescência de Achenbach. Uma escala de eventos adversos foi usada para levantamento de adversidades. A análise
estatística indicou mais problemas internalizantes nas meninas, maior exposição delas à adversidade e diferenças de gênero nas
correlações entre adversidade ambiental e comportamento. Os resultados podem subsidiar práticas de atenção psicológica a
essas crianças, cujas necessidades transcendem o contexto escolar.
Palavras-chave: adversidade ambiental; atendimento psicológico; crianças; estudantes; gênero; problemas socioemocionais.

Abstract GÊNERO, ADVERSIDADE E PROBLEMAS SÓCIO-EMOCIONAIS

The studies about children with school distress have pointed out boys and behavior problems high frequency, which can be associated to
a weak prognostic, if they had been made up in an adverse environment. This study purpose was the investigation of gender adversity
occurrence and gender association to behavior problems. Forty-six boys and 29 girls aged from 7 to 12 have participated in this investigation.
All of them had been referred to a Psychology training clinic as they had presented school distress or bad performance. Behavioral problems
were investigated by Achenbach’s Inventário de Comportamentos da Infância e Adolescência, and a life event scale was used to assess life
adversities. According to the statistical analysis, girls present more internalizing problems, , higher adversity exposure, and more frequent
gender-related correlation patterns between environmental and behavioral problems. Results can contribute to design support practices
for these children, whose needs go beyond the school environment.
Key words: environmental adversity; psychological assistance; child; students; gender; sociemotional problems.

▼▼▼▼▼

1
Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Rua Tenente Catão Roxo,
2650, 14051-140, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: E.M. MARTURANO. E-mail: <emmartur@fmrp.usp.br>.
2
Bolsista de Iniciação Científica, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, SP, Brasil.
3
Cursos de Educação Física, Pedagogia e de Biologia, Centro Universitário Claretiano de Batatais. Batatais, SP, Brasil. 371

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A queixa escolar está entre os mais freqüentes Apesar do maior encaminhamento de meninos,
motivos de procura de atendimento psicológico para pesquisas de comparação de gênero em nosso meio
crianças (Sales, 1989; Santos, 1990; Graminha & Martins, não encontraram nos meninos encaminhados uma
1994). Pesquisas sobre crianças encaminhadas para freqüência maior de comportamentos disruptivos.
atendimento na rede de saúde em razão de dificuldades Marturano, Parreira e Benzoni (1997) realizaram um
escolares têm encontrado, nessa população, três estudo sobre problemas de comportamento em uma
características: altas taxas de problemas emocionais e amostra clínica referida por baixo rendimento escolar,
comportamentais (Marturano, Parreira & Benzoni, 1997), visando detectar diferenças de gênero através da ECI e
predomínio de meninos (Santos, 1990) e um prognóstico comparar essas informações às encontradas por
desfavorável no curso do desenvolvimento quando os Graminha (1994) em amostra representativa da
problemas de comportamento ocorrem em um população. Em um estudo populacional realizado em
contexto de adversidade ambiental (Santos, 1999). escolas, que incluiu 1 731 crianças de ambos os sexos,
A primeira característica, a relação entre os com idade entre 3 e 13 anos, Graminha havia detectado
problemas de aprendizagem e de comportamento, está mais problemas de comportamento associados ao
documentada na literatura (Hinshaw, 1992) e representa gênero masculino. Em contraste, na amostra clínica
questão central na meninice, pois interfere no com queixa escolar, as poucas diferenças de gênero
cumprimento de tarefas evolutivas proeminentes nessa encontradas indicaram mais problemas nas meninas
fase, como o desenvolvimento de competência nas (Marturano et al., 1997). Um estudo recente de Elias (2003),
relações interpessoais, a aquisição de habilidades que também avaliou crianças encaminhadas à rede de
acadêmicas básicas e o comportamento governado por saúde com queixa escolar, mostrou a mesma tendência,
regras. Crianças com desempenho escolar pobre com as meninas apresentando mais problemas
freqüentemente apresentam problemas de comporta- internalizantes no CBCL de Achenbach (1991).
mento externalizantes, caracterizados por impulsividade Esses resultados associados ao gênero em crian-
e atuação (Graminha, 1992; Hinshaw, 1992). Manifes- ças com queixa escolar contradizem outras pesquisas
tações internalizantes, como ansiedade e retraimento, com populações não clínicas (Verhulst & Achenbach,
também são comuns (Thompson, Lampron, Johanson, 1995; Crijnen, Achenbach & Verhulst, 1997). Em uma
& Eckstein, 1990). Em pesquisa baseada em comparação revisão da literatura, Verhulst e Achenbach (1995)
entre grupos com e sem problemas escolares, as encontraram diferenças de gênero sugestivas, com mais
crianças do grupo clínico com problema escolar foram problemas de atenção e externalizantes nos meninos,
avaliadas por suas mães na Escala Comportamental resultados que convergem com os de Graminha (1994).
Infantil (ECI) A2 para pais como tendo mais caracte- Também o estudo transcultural de Crijnen, Achenbach
rísticas de impulsividade e humor depressivo que o e Verhulst (1997), por meio da consistência entre doze
grupo de escolares com bom desempenho (Marturano, culturas, mostrou que os meninos em geral obtêm
Linhares, Loureiro & Machado, 1997). escores mais altos no total de problemas e também na
A segunda característica, o predomínio de externalização, e escores mais baixos na internalização,
meninos entre as crianças encaminhadas a clínicas de quando comparados com as meninas.
Psicologia com queixa escolar, também tem uma A terceira característica, associação entre
correspondência com a literatura, refletindo uma adversidade ambiental, problemas de comportamento
E.M. MARTURANO et al.

tendência geral nos encaminhamentos de crianças com e prognóstico desfavorável no curso do desenvolvi-
transtornos de aprendizagem. Segundo o DSM-IV, 60% mento, tem sido encontrada em estudos que investigam
a 80% dos indivíduos diagnosticados com transtorno o curso dos problemas de comportamento de início
da leitura são do sexo masculino, o que pode representar precoce (Fergusson, Lynskey & Horwood, 1996) e significa
um viés, uma vez que os meninos exibem com maior maior vulnerabilidade das crianças afetadas ao longo
freqüência os comportamentos disruptivos associados do seu desenvolvimento. Santos (1999) acompanhou a
aos transtornos da aprendizagem (American Psychiatric trajetória de crianças com dificuldades de aprendizagem,
372 Association, 1994). em um estudo de seguimento com adolescentes de

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ambos os sexos, dois a quatro anos após atendimento atendidas em uma clínica de psicologia vinculada a
psicológico. Verificou que a maior parte das crianças um hospital universitário, no período de 2000 a 2002.
evoluiu favoravelmente; entretanto, aqueles que se Todas haviam sido encaminhadas através de referência
desenvolveram com problemas de ajustamento do Sistema Único de Saúde, tendo por motivo de
psicossocial tinham uma história pessoal de problemas encaminhamento o rendimento escolar pobre. As
de comportamento e adversidade familiar. O estudo crianças tinham idade entre sete e doze anos (média de
deixou clara a estreita ligação entre variáveis da família
oito anos) e cursavam entre a primeira e a quinta série
e do indivíduo, contribuindo para o nível de ajustamento
do ensino fundamental.
e de problemas de comportamento e aprendizagem
apresentados pelo adolescente. Para a avaliação das crianças, empregaram-se o
Deve-se ressaltar, porém, que quando compa- Teste de Matrizes Progressivas Coloridas de Raven - Es-
radas a famílias de crianças com bom desempenho, as cala Especial (Angelini, Alves, Custódio, Duarte &
famílias das crianças com queixa escolar não se Duarte,1999), o Teste de Desempenho Escolar (TDE) (Stein,
encontram mais expostas à adversidade (D’Avila-Bacarji, 1994) e o Inventário de Comportamentos da Infância e
2004). No entanto, observa-se um acúmulo de eventos Adolescência (CBCL), versão para pais (Achenbach, 1991).
adversos nas famílias de crianças que apresentam Para a avaliação de indicadores de adversidade
problemas de comportamento associados à queixa ambiental, utilizou-se a Escala de Eventos Adversos (EEA)
escolar (Ferreira & Marturano, 2002). (Santos, 1999). Os instrumentos são descritos abaixo.
Sendo convergentes com a literatura, na maior z Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Es-

parte dos seus achados, os estudos de caracterização cala Especial: teste não verbal que avalia a capacidade
de amostras de crianças encaminhadas para intelectual geral, independentemente dos conheci-
atendimento psicológico por dificuldades escolares, é mentos adquiridos. É composto por 36 itens visuais,
curioso que não se tenham encontrado nessas amostras agrupados em três séries e apresentados na forma de
as diferenças de gênero quanto aos problemas de
um caderno. Cada item apresenta uma série de
comportamento, que parecem ser típicas na meninice,
desenhos, dentre os quais falta um que complete
pois foram observadas em diferentes culturas (Crijnen
logicamente o conjunto. A criança deve escolher a
et al., 1997). Havendo evidências de que meninos e
resposta correta entre as alternativas de resposta
meninas reagem diferentemente à adversidade
ambiental (Cummings, Davies & Simpson, 1996; disponíveis. Os resultados são expressos em percentis.
Ackerman, Kogos, Youngstrom, Schoff & Izard, 1999), Foi utilizada a padronização brasileira com normas para
supõe-se que estudos comparativos entre meninos e escola pública (Angelini et al., 1999).

GÊNERO, ADVERSIDADE E PROBLEMAS SÓCIO-EMOCIONAIS


meninas, focalizando a associação entre adversidade z Teste de Desempenho Escolar ( TDE):
ambiental e problemas de comportamento, possam instrumento elaborado por Stein (1994), que avalia
ajudar a esclarecer esses resultados aparentemente capacidades básicas de escrita, aritmética e leitura,
discrepantes.
classificando o desempenho em superior, médio e
Com base nessas considerações, o presente inferior em relação à série. Apresenta concordância
estudo foi realizado com o objetivo de investigar, na significativa com a indicação do professor sobre
clientela encaminhada para atendimento psicológico
presença de dificuldade no aprendizado escolar
na rede de saúde em razão da queixa escolar, diferenças
(Cappelini, Tonelotto & Ciasca, 2004).
de gênero na ocorrência de eventos de vida adversos e
na associação desses eventos com problemas de z Inventário de Comportamentos da Infância e
comportamento. Adolescência (CBCL), para pais: avalia a competência
social e os problemas de comportamentos apresentados
em crianças e adolescentes de quatro a dezoito anos, a
Método
partir de informações fornecidas pelos pais (Achenbach,
Participaram da pesquisa 75 crianças (46 1991). Esse questionário é composto de 138 itens
meninos e 29 meninas) e suas respectivas mães, diferentes com questões estruturadas e semi-estru- 373

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turadas, sendo vinte relativas à avaliação da compe- para uma entrevista de triagem clínica (procedimento
tência social e 118 referentes à avaliação de problemas de rotina do serviço) na clínica-escola onde se realizou
de comportamento. Os 118 itens relativos a problemas o estudo. Durante a entrevista, eram expostos para a
de comportamento constituem descrições de mãe os objetivos da pesquisa. Era feita a leitura do Termo
comportamentos que podem estar presentes ou de Consentimento Livre e Esclarecido, que a mãe
ausentes na vida da criança e do adolescente. Os pais assinava caso concordasse em participar. Todas as mães
devem classificar tais comportamentos de acordo com consultadas deram seu consentimento.
três níveis: falso ou comportamento ausente (escore=0),
As entrevistas de coleta de dados, inseridas na
parcialmente verdadeiro ou comportamento às vezes
rotina da clínica, ocorreram separadamente e
presente (escore=1) e bastante verdadeiro ou
individualmente com a criança e sua mãe, sendo que
comportamento freqüentemente presente (escore=2).
Os escores brutos são convertidos em escores T, que as primeiras foram avaliadas em relação ao nível
fornecem o perfil comportamental da criança e do intelectual e ao desempenho escolar; às mães foi pedido
adolescente em oito escalas: retraimento, queixas que respondessem à EEA e ao CBCL. A entrevista era
somáticas, ansiedade/depressão, problemas sociais, conduzida por psicóloga durante o primeiro contato
problemas de pensamento, problemas de atenção, da família com a clínica.
violação de conduta e comportamento agressivo.
Desses oito eixos, três compõem uma escala de
Resultados
problemas de internalização (retraimento, queixas
somáticas, ansiedade/depressão); e dois uma escala de A análise dos resultados no teste de inteligência
externalização (violação de conduta e comportamento mostrou que 69 crianças, 96% da amostra, apresentavam
agressivo). Uma versão eletrônica do inventário fornece a capacidade intelectual preservada, tendo alcançado
o escore T total, de internalização e de externalização. no Raven uma classificação no percentil 50 ou acima
Os escores T permitem classificar os problemas de uma dele. Em contraste, os resultados no TDE indicaram
criança em três níveis: normal, limítrofe e clínico, de 67 crianças, 89%, com desempenho acadêmico inferior
acordo com normas americanas. ao esperado em relação à série cursada. Não foram
No presente estudo foi utilizada a versão de 1991 encontradas diferenças de gênero nos resultados do
(Achenbach, 1991), adaptada no Brasil por Bordin, Mari Raven e do TDE.
e Caeiro (1995). As meninas apresentam mais sintomas de
Escala de Eventos Adversos: foi utilizada por
z ansiedade e depressão e queixas somáticas, resultados
Santos (1999), Ferreira e Marturano (2002) e D’Avila-Bacarji que contribuem para a maior média das meninas na
(2004) na investigação de eventos de vida adversos em escala de internalização ( Tabela 1). Não foram
crianças com queixa escolar. Fornece dados sobre encontradas diferenças de gênero nos escores de
eventos adversos ocorridos nos últimos doze meses externalização ou no escore de funcionamento global.
(eventos recentes) ou anteriormente na vida da criança Utilizando-se os escores T, obteve-se a
(eventos passados). A escala é formada por 36 itens classificação clínica de cada participante nas oito
descritivos desses eventos, divididos em três subescalas: síndromes e nas escalas globais, de acordo com as
E.M. MARTURANO et al.

vida escolar, vida familiar e vida pessoal da criança. normas americanas. Comparações de gênero foram
Atribui-se um ponto para a ocorrência recente e um feitas, considerando-se a freqüência de meninos e
ponto para a ocorrência passada, de modo que o escore meninas com classificação clínica ou não clínica
em cada item pode variar de zero a dois e o escore total, (Tabela 2) . Tratando-se de uma escala nominal
de zero a 72. com dois valores (zero= classificação não clínica e
O procedimento de coleta de dados deu-se por 1= classificação clínica), foi empregado o Teste Exato de
meio de carta ou telefone, as mães/responsáveis eram Fisher, porque em alguns casos a porcentagem de células
374 convidadas a comparecerem, juntamente com a criança, com freqüência esperada menor que 5 excedia o limite

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Tabela 1. Escores brutos no CBCL: média, desvio-padrão e comparação de gênero.

Meninos (n=46) Meninas (n=29)


Escala “t”
M ± DP M ± DP

Síndromes
Ansiedade e depressão 04,80 ± 3,357 06,86 ± 03,980 -2,313*
Retraimento 01,80 ± 1,985 02,83 ± 02,592 -1,816*
Queixas somáticas 05,96 ± 4,038 08,86 ± 04,977 -2,643*
Problemas sociais 05,00 ± 2,675 05,45 ± 03,511 -0,588*
Problemas de pensamento 01,39 ± 1,745 01,79 ± 02,161 -0,843*
Problemas de atenção 10,48 ± 4,550 11,00 ± 04,123 -0,513*
Violação de regras 02,63 ± 2,164 03,31 ± 02,593 -1,177*
Comportamento agressivo 16,52 ± 8,461 20,12 ± 19,936 -0,917*
Escalas globais
Internalização 12,57 ± 6,853 18,55 ± 09,627 -2,915*
Externalização 19,15 ± 9,811 23,41 ± 20,667 -1,039*
Funcionamento global 52,43 ± 21,915 62,79 ± 25,783 -1,793*

*p<0,01.

Tabela 2. Crianças com classificação clínica no CBCL: freqüência, meninas com classificação clínica nas síndromes
porcentagem e comparação de gênero. ansiedade e depressão, retraimento e na escala de
Meninos Meninas internalização. Na mesma direção, há uma diferença
Escala p*
f % f % quase significativa na síndrome queixas somáticas.
Síndromes
Ansiedade e depressão
Foi feito o cruzamento dos dados de
10 22 15 52 0,011
Retraimento 3 7 8 28 0,018 classificação clínica das crianças nas escalas de
Queixas somáticas 6 13 9 31 0,077 internalização e externalização do CBCL a fim de
Problemas sociais 9 20 9 31 0,280 determinar o número de crianças com classificação
Problemas de pensamento 3 7 5 17 0,248
Problemas de atenção 23 50 15 1,000
clínica nas duas escalas. Verificou-se co-ocorrência de
52
Violação de regras 3 6 5 17 0,248 problemas internalizantes e externalizantes em 33% da
Comportamento agressivo 12 26 8 28 1,000 amostra, sendo 30% nos meninos e 38% nas meninas.
Escalas globais
Em relação aos eventos de vida adversos, os

GÊNERO, ADVERSIDADE E PROBLEMAS SÓCIO-EMOCIONAIS


Internalização 16 35 19 65 0,008
Externalização
testes “t” indicaram que as meninas estão mais expostas
24 52 14 48 1,000
Funcionamento global 26 56 22 76 0,298 a eventos adversos, segundo dois indicadores: eventos
passados (t=3,59, p<0,01) e total de eventos (t=3,65,
*Teste exato de Fisher com duas classes no CBCL: normal/limítrofe e clínico.
p<0,001). Não se observou diferença na exposição a
eventos adversos recentes, ocorridos nos últimos doze
para uso do Teste Qui-quadrado. O nível de significância meses (t=0,36, p>0,05). Uma Anova exploratória
das diferenças entre meninos e meninas está indicado focalizando o número de eventos passados em quatro
na tabela. grupos, formados pela combinação de gênero e status
Observou-se uma alta freqüência de crianças clínico no CBCL, confirmou a diferença, F(3, 71)= 5,517,
com índices clínicos na síndrome problemas de atenção p<0,01. Aplicado o teste post hoc de Tamhane na
(51%), bem como nas escalas de internalização, comparação das médias dos grupos, verificaram-se
externalização e funcionamento global. Os resultados diferenças significativas entre o grupo de meninas com
apontam que 71% das crianças apresentam problemas classificação clínica no CBCL (n=22, M=6,5 eventos
de comportamento em nível clínico. Confirmando passados) e os grupos de meninos com classificação
diferenças de gênero encontradas nos escores brutos, normal (n=20, M=3,0, p<0,01) e com classificação clínica
observa-se um número significativamente maior de (n=26, M=3,62, p<0,05). 375

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A Tabela 3 apresenta os eventos adversos cuja De acordo com os dados da Tabela 4, apenas
ocorrência foi significativamente diferente entre dois eventos mostram correlação com problemas de
meninos e meninas. Cada número na tabela representa comportamento em ambos os grupos; esses eventos
a porcentagem de crianças em cuja história de vida um são consumo de álcool ou droga por um dos pais,
dado evento ocorreu, seja nos anos anteriores (segunda associado a problemas externalizantes, e piora no
e terceira colunas) ou nos últimos doze meses (quarta e relacionamento com os amigos, associada a diferentes
quinta colunas). Para as comparações estatísticas com manifestações em meninos e meninas.
o Teste Exato de Fisher foi usada a contagem do número Verifica-se maior número de correlações
de crianças expostas a cada evento, sem a distinção significativas no grupo masculino, envolvendo tanto
entre ocorrência passada ou recente. Dos 36 itens da problemas internalizantes como externalizantes. Dos
escala, diferenças de gênero foram encontradas em nove eventos negativos listados na primeira coluna da
apenas cinco itens. Em todas as comparações, as mães Tabela 4, associados a problemas de comportamento
das meninas relataram maior número de eventos. Os nos meninos, três se reportam à instabilidade do casal
itens se referem a problemas financeiros e dificuldades parental. O item mais fortemente correlacionado a
envolvendo o casal parental. problemas de comportamento é o recasamento de um
Foram calculadas correlações entre medidas de dos pais. Separação dos pais, abandono do lar por um
ocorrência de eventos adversos (eventos isolados, total dos pais e uma piora nos relacionamentos com amigos
de eventos passados, total de eventos nos últimos doze também têm associação com os três indicadores de
meses) e os escores brutos de internalização, problema de comportamento. O nascimento de um
externalização e funcionamento global do CBCL. As irmão apresentou correlação altamente significativa
correlações foram obtidas separadamente para meninos com internalização. Para os meninos, o total de eventos
e meninas. Foi utilizado o coeficiente não paramétrico passados e recentes tem correlação com sintomas
rho de Spearman, pois a medida para cada evento internalizantes e com o total de problemas de
isolado foi obtida por meio de uma escala ordinal com
comportamento.
três valores (zero, um e dois). A Tabela 4 apresenta as
correlações significativas referentes aos eventos, bem No grupo feminino, os eventos associados a
como as correlações focalizando as somas de eventos. problemas internalizantes se referem a problemas de
Os valores de p correspondem a um teste unicaudal, saúde mental do pai ou da mãe e litígio entre os pais
dada a previsão de que problemas de comportamento pela guarda da criança. Piora nos relacionamentos com
estão positivamente associados a eventos de vida os pares, mudança na composição da família e mudança
adversos. Ao analisar os resultados nessa tabela, é de escola correlacionam-se com sintomas externali-
importante lembrar que o número de meninas é menor zantes. Prevalecem correlações com eventos recentes,
que o de meninos, assim, os valores absolutos dos envolvendo problemas de internalização e funciona-
coeficientes não são diretamente comparáveis. mento global.

Tabela 3. Eventos adversos passados e recentes na história de vida das crianças. Itens com diferenças de gênero significativas pelo teste exato
de Fisher.
E.M. MARTURANO et al.

Eventos passados Eventos recentes


Item da escala p*
Meninos Meninas Meninos Meninas
Perda do emprego do pai/da mãe 4 21 4 17 0,003
Separação dos pais 20 55 4 3 0,003
Mãe ou pai se casou de novo 11 34 0 0 0,015
Um dos pais abandonou a família 4 17 0 7 0,015
Consumo de álcool ou droga pelo pai/pela mãe 2 24 6 10 0,007

Nota: porcentagem de meninos e meninas expostos ao evento em anos anteriores ou nos últimos doze meses.
376 *Para cálculo do Teste Exato de Fisher, foi usada a contagem de crianças expostas a cada evento, sem distinção entre eventos passados e recentes.

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Tabela 4. Correlação entre ocorrência de eventos adversos e problemas socioemocionais para meninos e meninas.

Eventos passados e recentes Internalização Externalização Funcionamento global

Meninos (n= 46)


Separação dos pais 0,30** 0,31** 0,32**
Casamento de um dos pais 0,41** 0,39** 0,40**
Um dos pais abandonou a família 0,32** 0,25** 0,32**
Uso de álcool /droga por um dos pais 0,20** 0,26** 0,21**
Nascimento de um irmão 0,39** 0,16** 0,26**
Hospitalização/enfermidade da criança 0,21** 0,31** 0,28**
Piora do relacionamento com os amigos 0,33* 0,33** 0,36**
Agressão da professora 0,21* 0,14** 0,25**
Mudança de cidade 0,26** 0,26** 0,22**
Total de eventos passados 0,29** 0,20** 0,22**
Total de eventos recentes 0,22** 0,14** 0,25**
Total de eventos passados e recentes 0,35** 0,24** 0,31**
Meninas (n= 29)
Morte do pai ou da mãe 0,28** 0,31** 0,36**
Problema de saúde mental do pai/da mãe 0,42** 0,13** 0,28**
Uso de álcool /droga por um dos pais 0,18** 0,33** 0,22**
Litígio entre os pais pela guarda da criança 0,37** 0,24** 0,42**
Acréscimo de um terceiro adulto na família 0,04** 0,41** 0,19**
Piora do relacionamento com os amigos 0,26** 0,42** 0,39**
Mudança de escola 0,05** 0,33** 0,06**
Total de eventos passados 0,07** 0,31** 0,19**
Total de eventos recentes 0,49** 0,19** 0,41**
Total de eventos passados e recentes 0,20** 0,32** 0,27**

Nota: rho de Spearman. *p<0,05; **p<0,01.

Discussão No CBCL os resultados indicam que 71% das


crianças apresentam problemas de comportamento
O presente trabalho teve como objetivo considerados clínicos, com características acentuadas
investigar, em crianças encaminhadas para atendi- de ansiedade e depressão, problemas de atenção e

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mento psicológico em razão de baixo desempenho comportamentos agressivos, ou seja, tanto comporta-
escolar, diferenças de gênero na ocorrência de eventos mentos internalizantes como externalizantes. Esses
de vida adversos e na associação desses eventos com resultados confirmam uma alta incidência de problemas
problemas de comportamento. comportamentais nas crianças encaminhadas ao
A avaliação indicou que as crianças apresentam atendimento psicológico por motivo relacionado à
potencial cognitivo para aprendizagem. Porém, o baixo aprendizagem escolar (Santos, 1990; Graminha &
desempenho escolar - queixa principal - foi confirmado Martins, 1994; Elias, 2003), assim como a co-ocorrência
por meio do TDE para 89% das crianças. Essa de desempenho escolar pobre e problemas
porcentagem indica também que oito crianças com externalizantes (Hinshaw, 1992) e internalizantes
queixa escolar tiveram desempenho compatível com a (Thompson et al., 1990).
norma da série no teste utilizado, não apresentando Nas comparações de gênero, as meninas
sinais de dificuldade de aprendizagem. Tais resultados mostraram níveis mais altos de comportamentos
realçam a necessidade de avaliação cuidadosa de cada ligados à ansiedade e à depressão, retraimento e queixas
caso nos serviços para os quais as crianças com queixa somáticas, que são manifestações internalizantes. A
escolar são enca-minhadas. O problema escolar pode maior tendência das meninas nessa faixa etária a
estar encobrindo outras dificuldades (Santos, 1990). internalizarem as suas dificuldades está de acordo com 377

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o estudo de Crijnen et al. (1997), que compararam dados se refere a tendências de comportamento associadas
do CBCL em doze culturas. ao gênero. É possível que, nesta amostra clínica, as
meninas manifestem mais problemas socioemocionais
Os resultados confirmaram achados anteriores
por terem sido mais expostas à adversidade.
de que a maior demanda de atendimento para crianças
do sexo masculino não está associada à maior As correlações entre problemas de comporta-
intensidade de problemas de comportamento em mento e eventos adversos apresentaram tendências
meninos (Marturano, Parreira & Benzoni, 1997). Não se associadas ao gênero. Correlações com eventos
verificou maior grau de problemas comportamentais específicos foram mais numerosas entre os meninos,
externalizantes nos meninos, o que seria esperado a enquanto as meninas pareceram particularmente
partir de estudos epidemiológicos e transculturais nessa sensíveis ao acúmulo de eventos recentes.
faixa etária (American Psychiatric Association, 1994; Parece que, no caso dos meninos, os sintomas
Graminha, 1994; Verhulst & Achenbach, 1995; Crijnen emocionais e comportamentais são reativos a situações
et al., 1997). De acordo com os resultados do presente específicas. Chama a atenção no grupo masculino o
estudo, essa ausência de diferença se deve ao fato de as número de associações significativas entre problemas
meninas apresentarem altos níveis de problemas de comportamento e eventos relacionados ao casal
externalizantes, e não o inverso. parental. O instrumento utilizado, a EEA, cobre 36
Indicadores de problemas de comportamento eventos na vida pessoal, familiar e escolar da criança,
mostraram correlação com o número de eventos de mas foram os eventos ligados à família, em particular
vida adversos aos quais a criança foi exposta ao longo ao casal parental, que apresentaram maior correlação
do seu desenvolvimento. Essa associação está de acordo com dificuldades comportamentais. Esses eventos
com observações prévias de que o acúmulo de eventos costumam estar associados a conflitos conjugais, que
adversos tem influência na saúde emocional das têm uma influência negativa no ajustamento das
crianças, mediado pelo estresse cotidiano decorrente crianças (Cummings et al., 1996).
desses eventos (Compas, Howell & Ledoux, 1989). Meninos reagem mais intensamente ao conflito
Uma direção diferente é sugerida pela asso- e à instabilidade conjugal (Cummings et al., 1996;
ciação entre problemas externalizantes e piora nos Ackerman et al., 1999). Diversas explicações têm sido
dadas para essa maior reatividade. Uma delas é que os
relacionamentos com os companheiros; pode-se supor
meninos são particularmente vulneráveis aos conflitos
nesse caso que as dificuldades da criança tenham
abertos, aqueles em que há mais discussão ou agressão
contribuído para os problemas nos relacionamentos. A
entre os pais (Cummings et al., 1996). Pode ocorrer que
possibilidade de participação ativa da criança na origem
os meninos estejam mais expostos aos conflitos que
de eventos interpessoais adversos tem sido apontada em geral precedem as mudanças nos relacionamentos
em estudos que focalizam problemas de comporta- maternos (Harold, Fincham, Osborne & Conger, 1997).
mento externalizantes (Ackerman et al., 1999; Ferreira & Por fim, é possível, também, que os meninos sejam mais
Marturano, 2002). suscetíveis às transições conjugais porque em geral o
De acordo com o relato das mães, as meninas parceiro que permanece em casa é a mãe, e aquele que
foram mais expostas a eventos adversos ao longo da muda é a figura de identificação do menino, com quem
vida, incidindo principalmente na família sob a forma ele se liga mais (Ackerman et al., 1999).
E.M. MARTURANO et al.

de instabilidade conjugal e financeira. A instabilidade No caso das meninas, parece que mecanismos
ambiental é uma condição que vem sendo apontada diferentes estão em jogo, sendo necessário considerar
como particularmente prejudicial ao desenvolvimento a conjunção de dois fatores: a tendência à internalização,
da criança (Ackerman et al., 1999). A maior exposição típica do gênero, e a história de vida assinalada por
das meninas a eventos adversos é um resultado eventos adversos, típica do grupo feminino nesta
importante para os objetivos da presente investigação; amostra. Devido a essa conjunção, as meninas estariam
ele pode ajudar a compreender o porquê dos resultados mais propensas a reagir emocionalmente de maneira
378 aparentemente inconsistentes com a literatura, no que difusa à acumulação de novos eventos adversos. Tem

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sido enfatizado que o acúmulo de fatores de risco é Ackerman, B.P., Kogos, J., Youngstrom, E., Schoff, K., & Izard,
C. (1999). Family instability and the problem behaviors
mais importante que a natureza desses fatores na of children from economically disadvantaged families.
predição de problemas ao longo do desenvolvimento Developmental Psychology, 35 (1), 258-268.
(Sameroff, Seifer, Baldwin & Baldwin, 1993). No presente Angelini, A.L., Alves, T.C.C., Custódio, E.M., Duarte, W.S., &
Duarte, K.L.M. (1999). Manual matrizes progressivas coloridas
estudo, as correlações mais altas, no grupo feminino,
de Raven – escala especial. São Paulo: Centro Editor de
entre problemas internalizantes e eventos de vida Testes e Pesquisas em Psicologia.
recentes, apesar de não haver diferenças entre os American Psychiatric Association. (1994). Diagnostic and
grupos na ocorrência desses eventos, sugerem maior Statistical manual of mental disorder (4th ed.). Washington,
DC: APA.
suscetibilidade das meninas a novos estressores
Bordin, I.A.S., Mari, J.J., & Caeiro, M. F. (1995). Validação da
ambientais. versão brasileira do “Child Behavior Checklist” (CBCL)
Algumas limitações deste estudo devem ser Inventário do Comportamento da Infância e Adolescência:
dados preliminares. Revista ABP-APAL, 17 (2), 55-66.
mencionadas. Os resultados que focalizam o status
Capellini, S.A., Tonelotto, J.M.F., & Ciasca, S.M. (2004). Medidas
clínico das crianças devem ser vistos com reserva, já de desempenho escolar: avaliação formal e opinião de
que o CBCL não tem normas brasileiras. As conside- professores. Estudos de Psicologia, 21 (2), 79-90.
rações sobre influências ambientais no comportamento Compas, B.E., Howell, D.C., & Ledoux, E. (1989). Parent and
Child Stress and Symptoms: an integrative analysis.
são apenas suposições, visto que o estudo é correla- Developmental Psychology, 25 (4), 550-559.
cional e os dados sobre os eventos e o comportamento
Crijnen, A.A.M., Achenbach, T.M., & Verhulst, F.C. (1997).
foram colhidos simultaneamente. Além disso, todas as Comparisons of problems reported by parents of
informações foram obtidas de um único informante, a children in 12 cultures: total problems, externalizing,
and internalizing. Journal of the Americam Academy of
mãe, e a medida de adversidade ambiental focaliza Child and Adolescent Psychiatry, 36 (9), 1269-1277.
principalmente eventos isolados e não processos, que Cummings, E.M., Davies, P.T., & Simpson, K.S. (1996). Marital
são mais importantes para o desenvolvimento. conflict,gender, and children’s appraisals and coping
efficacy as mediators of child adjustment. Journal of
Apesar dessas limitações, os resultados foram Family Psychology, 8 (2), 141-149.
compatíveis com os de pesquisas anteriores e D’avila-Bacarji, K.M.G. (2004). O ambiente familiar de crianças
referidas para atendimento psicológico por dificuldades
contribuíram para a compreensão de resultados prévios escolares: um estudo comparativo com alunos não referidos.
aparentemente discrepantes sobre diferenças de gênero Dissertação de mestrado não-publicada, Programa de
Pós-Graduação em Saúde Mental, Faculdade de Medicina
na população clínica focalizada. Em consonância com
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão
outras investigações, o estudo indicou que processos Preto.
diferentes estão envolvidos na resposta dos meninos e Elias, L.C.S. (2003). Solução de problemas interpessoais em

GÊNERO, ADVERSIDADE E PROBLEMAS SÓCIO-EMOCIONAIS


das meninas à adversidade ambiental. Novos estudos crianças com baixo rendimento escolar. Tese de doutorado
não-publicada, Programa de Pós-Graduação em
são necessários para esclarecer a questão da maior Psicologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
exposição das meninas à adversidade, nessa população Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto.
clínica.
Fergusson, D.M., Lynskey, M.T., & Horwood, L.J. (1996). Factors
O estudo deixa claro que para dois terços da associated with continuity and changes in disruptive
behavior patterns between childhood and adolescence.
amostra a queixa escolar não se apresenta isoladamente, Journal of Abnormal Child Psychology, 24 (5), 533-553.
mas vem acompanhada de outras dificuldades. Nesse
Ferreira, M.C.T., & Marturano, E.M. (2002). Ambiente familiar
aspecto, os resultados contribuem para a definição de e os problemas de comportamento apresentados por
estratégias de atenção psicológica às crianças, cujas crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 15 (1), 35-44.
necessidades ultrapassam o contexto escolar.
Graminha, S.S.V. (1992). Problemas emocionais/
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Vermont Department of Psychiatry. função do sexo e idade. Psico, 25 (1), 49-74. 379

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22-26. de julho de 2005.
E.M. MARTURANO et al.

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