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ensaios
11. Dialógica......................................................................................... 61
Por último não podemos nos negar a uma palavra final sobre os
grupos.
Na concepção e na metodologia do trabalho com grupos Rogers
realizou consideráveis progressos qualitativos.
Na simplicidade (que não é o modo simplório com que alguns
destroem a sua abordagem, às vezes de modo pretensamente
responsável), na simplicidade de seu empirismo fenomenológico,
Rogers chega ao grupo.
No curso do desenvolvimento de sua metodologia empática,
fenomenológico existencial e dialógica, compreensiva, implicativa,
gestaltificativa, de lidar com o grupo, Rogers naturalmente entende
que não pode lidar com o grupo como um objeto. No sentido
ontológico e epistemológico do termo.
Na ontológica fenomenológica do grupo, o grupo não é, nem
pode ser um objeto. Este é um achado fundamental. Condição da
vivência e do desdobramento da vivência do pensamento grupal pré-
reflexivos e pré-conceituais.
Sim, o grupo existe e fenomenologiza-se como existência. Pré-
reflexiva, e pré-conceitualmente. Ao modo de sermos da vivência da
ação. A ação, atualização grupal.
Não é metáfora ou figura de linguagem falar de ação grupal.
Na intrincadas tessituras da dialógica de sua fenomenação pré-
reflexiva e pré-conceitual, os grupos não só se comportam, não só
explicam. Os grupos compreendem e implicam. Os grupos agem pré-
reflexiva, e pré conceitualmente.
E, naturalmente, é necessário participar da momentaneidade
instantânea dos episódios da ação, da existência, grupal.
Rogers intuitivamente direciona-se à fenomenológica existencial
da ação grupal.
Desprovido da reflexão, desprovido do grupo como objeto. E de
si próprio como sujeito.
Desprovido da teoria, e do moralismo.
Desprovido da explicação, e da ciência explicativa.
Desprovido da causalidade.
Desprovido da utilidade, do pragmatismo.
Desprovido do realismo.
(Todas estas características, própria e especificamente, do
modo reflexivo e conceitual de sermos.).
Para constituir-se como ator -- individual e coletivo, pessoal e
interpessoal -- no âmbito da dramática da momentaneidade
instantânea dos episódios da ação, da existência grupal, e de seus
participantes.
Não mais como espectador, expectador. Mas como ator,
inspectador, própria e especificamente. Na dramática da dialógica da
ação coletiva e interpessoal.
Rogers chega, assim, ao conhecimento de que existe uma
fenomenológica existencial grupal. E refina qualitativamente a sua
concepção e método, para participar desta fenomenológica
existencial.
Para participar da preservação de suas condições de
possibilidade.
As condições de possibilidade de sua incrível potência de moção
e emoção existenciais. Da incrível produtividade de seu conhecer
implicativo e compreensivo. De seus próprios poderes de criação, de
superação, e de regeneração. Tanto pessoal quanto coletiva.
Rogers descobre e cria, assim, o paradigma fenomenológico
existencial e dialógico de concepção e de facilitação de grupos.
2. PERSONA...
PERSONALIDADE, & PERSONAGEM
(Personagente, personator, personação).
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
Bibliografia
BUBER, M Eu e Tu.
HEIDEGGER, M Ser e Tempo.
MAFFESOLI, M A Conquista do Presente.
NIETZSCHE, F Assim Falava Zaratustra.
O Nascimento da Tragédia.
3. A PESSOA DE CARL ROGERS É EMPÍRICA.
FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL EMPÍRICA.
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
Perls são duas das mais conhecidas e efetivas abordagens contemporâneas de psicologia
psicológica, dos trabalhos com grupos, dos trabalhos na escola, na empresa, no âmbito
dos trabalhos de ação social, e na chamada psicologia jurídica, dentre outras áreas,
essas abordagens não foram pensadas, entretanto, conceituadas e exercidas, ainda, com
que permite, não só uma interpretação do ambiente em sua ontologia, no âmbito de seu
ambiental.
O AMBI-ENTE.
hermenêutica existencial.
implicados com esta radicalidade alteritária de um ambiente como tu, em sua ontologia
(no seu sentido de devir), na dinâmica de seu devir outro, anteriormente à experiência
da dicotomização sujeito-objeto.
Ou seja, ao modo fenomenológico e existencial de sermos, ao modo dialógico de
dialógicos, um ser devir outro, que articula e integra o que entendemos como nós
atualização.
somos nós.
ambiente, enquanto radicalidade alteritária e ativa de um tu. Num modo de sermos que
que não é da ordem das relações de causa e efeito, que não é da ordem do útil e da
utilidade, que não é da ordem do prático, que não é pragmático. Que é antes da ordem
estética, e poiética.
como tal entendido. Ou seja: o ambiente como objeto, o ambiente como coisa, e como
ativo, de sermos de que falamos. No que nos é mais originário, somos presentes,
Assim, nesse modo ontológico de sermos, e de devir; neste modo de ser devir o
ambiente, o ambiente não é objeto, não é um isso. Não é acontecido, mas é a própria
guo.
alternativamente, ser:
ser dialógico, e um poder ser não dialógico. Em seu modo dialógico, ontológico, de ser,
intensional entre eu-tu. No âmbito do campo dialógico inter ativo que o modo eu-tu de
sermos constitui.
ontológico de sermos.
atualidade.
ontológico de sermos --, assim alterna, também, o ambiente em seus modos de ser. Daí
numa dualidade eu-tu, que é anterior à dicotomização entre nós mesmos como sujeitos,
desdobramento da dialógica eu-tu. Mas, neste caso, e justamente por isto, o ambiente,
própria e especificamente, não é um objeto. Mas o devir de uma totalidade inter ativa
ESTÉTICA AMBIENTAL.
Da mesma forma que é estética a sua ética, a sua lógica, ação, e metodológica
de sua interpretação.
modo não abstrato, não abstraído, não abstrativo, de sermos: o modo de sermos em que
compreensiva).
Pois bem, é nesse modo estético e poiético de sermos, assim, que o ambiente
como presença; como ação, como atualização, como compreensão, como interpretação
EXPERIMENTAIS E EMPÍRICAS.
FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL.
consciência.
Neste sentido, o processo da ação, como nos mostrou Hannah Arendt, é diferente
Buber diria, não sou eu que faço acontecer, mas não aconteceria sem mim...
possível em sua constituição como ação é o sentido do verbo Grego perire. Que dá
origem ao termo empírico (emperire); da mesma forma que dá origem ao termo perigo, e
ainda, reveladoramente, ao termo e sentido de perito. Nunca é muito lembrar que a raiz
perire dá origem aos termo pirata, pirar, respirar, transpirar. Termos do mesmo gênero.
empírico e experimental.
vivenciar o ambiente como ação, como presença, como atualidade, como vivência
experimental.
modo ontológico, eu-tu, compreensivo de sermos --, foi privilegiado por Rogers no
humano --, foram privilegiadas por Rogers, como referencial intrínseco de avaliação, de
Carl Rogers compreendeu que uma tendência para a ação, uma tendência para a
ou da empática compreensiva.
emocional, que acompanha este modo pathico de sermos. A ética do pathos, pathética,
Por outro lado, na acepção Latina de pathos, acepção que prevalece entre nós, o
com a natureza não humana, no âmbito das relações ambientais, portanto; e no âmbito
humana.
Que é, como vimos acima, o modo próprio no qual pode se dar a integridade, e
vimos, o ambiente não se dá, em sua integridade e integr-ação, como coisa, como
empaticamente.
perda deste seu caráter fundamental, a uma perda do caráter dialógico de que se
sermos.
sermos eu-tu, na terminologia substancial de Martin Buber --, modo de sermos da ação
e existencial, o modo empático de sermos, se dá, como vivência, como relação eu-tu,
dá, nos âmbitos da dialógica da relação com a natureza não humana, e da relação com
Ambiental.
metodológica empáticas.
PSICOLOGIA AMBIENTAL GESTÁLTICA,
NA TRADIÇÃO DA GESTAL’TERAPIA.
Gestal’terapia de Perls) é uma estética: uma ética da vivência da estesia; uma ética do
vivivencial, uma ética, uma estética, portanto, da ação, do devir... De modo que o seu
metodológica de Perls.
Perls tinha um contato mais íntimo, no seu nascedouro, com esta disposição
performance, que a Psicologia da Gestalt dava forma, em sua versão psicológica, foram
(outsight?); foram perfeitamente entendidos por Perls. Não de um modo teórico, mas a
no sentido fenomenológico existencial; o que foi ficando mais evidente nos momentos
mais avançados de sua obra, em particular no concernente aos trabalhos com grupos, e
experimental.
como avaliação.
fenomenológico existencial.
dialógica, expressiva.
Perls ajudou-nos a aprender que, literalmente, só existimos quando criamos. E
Existencial.
Bibliografia
affons@uol.com.br
http://www.geocities.com.br/eksistencia/
1
ROGERS, Carl, KINGET, M. PSICOTERAPIA E RELAÇÕES HUMANAS. Belo Horizonte,
Interlivros, 1977.
2
MAY, Rollo (org.) EXISTENCE.
empirismo anglo saxão, de um modo geral. Não se filiava ao comportamentalismo.
Ainda que não estivesse bem desenvolvida a explicitação e o esclarecimento da
vinculação de suas concepções à Fenomenologia e ao Existencialismo.
Rua Alfredo Oiticica, 106 Farol. 57032-010 Maceió AL Fax 082-2218175. 2318191.
“Centro de avaliação. Esta noção refere-se à fonte dos critérios aplicados pelo
indivíduo na avaliação de suas experiências. Quando esta fonte é (...) inerente
à própria experiência, dizemos que o centro de avaliação está no indivíduo.”
Carl R. Rogers.
F. Nietzsche.
G. Deleuze.
“Toma cuidado! ... Ele está a reflectir: vai defender a sua mentira ...
F. Nietzsche
3
NIETZSCHE, F. A GAIA CIENCIA, Lisboa, Guimarães e C.ª, 1984.
Assim, a avaliação saudável e potente do mundo que lhe diz respeito, e, em
particular a avaliação de sua própria experiência, de seu próprio vivido, por parte da
pessoa, tem um critério “interno”, inerente, intrínseco assim à própria experiência. A
avaliação saudável e potente da experiência é, portanto, fundamentalmente experiencial,
é avaliação experiencial organísmica da experiência.
É, mais especificamente, assim, afirmação, afirmação da afirmação: afirmação
da potência do devir da experiência organísmica, do vivido, da existência, em seus
critérios e intensidades próprios.
Com a concepção de avaliação organísmica da experiência, Rogers chega assim
à afirmação da propria experiência organísmica da pessoa como fonte do critério de
avaliação do mundo e da experiência, da pessoa.
4
DELEUZE, Gilles NIETZSCHE E A FILOSOFIA, Rio, Editora Rio, 1976.
tal funcionamento da personalidade: (a) a atitude aberta ante a experiência; (b) o
funcionamento existencial; e (c) a confiança no organismo.
A abertura à experiência, a liberdade experiencial, oposta a uma atitude de
defesa com relação à experiência, característica da necessidade de preservação de uma
imagem de eu rígida, dissonante com relação a esta experiência organísmica e
compatível com demandas heteronômicas.
Uma sintonia, afirmação e identificação com a pontualidade da experiência, da
existência, do vivido. Uma identificação com esta pontualidade da existência, e com o
fluxo vívido e vivido de seu devir. E a liberdade para constatar e afirmar o organismo,
mais especificamente a experiência organísmica, como “um guia competente e seguro”.
Desta forma, Rogers descreve um critério do funcionamento pleno e saudável
que radica-se, no limite, na afirmação do organismo, tal como ele se manifesta como
vivido, como experiência organísmica. Que radica-se, assim, na eleição do vivido, da
experiência organísmica, como critério de avaliação.
Liminarmente, ele descarta como critério qualquer centro de orientação e
avaliação do comportamento que esteja “fora” da própria vivência fenomenológico-
existencial da pessoa. Esteja este centro em outras pessoa, nos grupos de referência da
pessoa, na religião, na moral, nos costumes, na política ou outros. O que interessa
fundamentalmente é a valorização de um modo de funcionamento que centre-se
habitualmente no frescor fugaz e nas intensidades do vivido, da experiência
organísmica, e que possa afirmá-los em sua potência, ritmos e intensidades próprios.
Por outro lado, é primordial discriminar esta experiência organísmica e sua
afirmação do funcionamento da consciência, em suas modalidade não fenomenais e
reflexivas.
O frescor emergente da experiência organísmica dá-se justamente nas
modalidades pré-reflexivas originárias, vivenciais, da consciência. A um nível
existencial é esta modalidade pré-reflexiva da consciência que constitui e configura o
que chamamos de experiência organísmica.
De modo que a consciência intelectual, reflexiva, ainda que tenha o valor de seu
lugar próprio não se caracteriza como um critério e guia competente para o que Rogers
chamaria de funcionamento ótimo da personalidade.
Neste funcionamento, a experiência organísmica, o vivido, configura-se como
força que constiui a consciência e a imagem de eu da pessoa. Configura-se, desta forma,
como força, como multiplicidade de forças que constituem a sua comunicação, o seu
comportamento, a sua ação, o seu ajustamento criativo, no mundo que lhe diz respeito.
A pessoa não tem um organismo, uma experiência organísmica, não tem um
vivido; ela é, como devir, a sua experiência organísmica, ela é o seu vivido. Vivido que
a inspira e a constitui, que constitui a imagem do seu eu, e que, desejavelmente,
constitui a sua ação, e a cri-ação e devir de seu ser-no-mundo.
5
ROGERS, Carl, KINGET, G. Marian PSICOTERAPIA E RELAÇÕES HUMANAS, Belo horizonte,
Interlivros, s/d.
Esta perspectiva de concepção do corpo, do organismo, da experiência
organísmica, do vivido, assume-os como eminentemente ativos, como afirmativos,
benignos e desejáveis. Atividade e afirmatividade estas com relação às quais interessa
portanto desenvolver valores e atitudes afirmativos. Interessa afirmar a afirmação que
eles já configuram.
De modo que a avaliação organísmica da experiência é, fundamentalmente, a
afirmação e a atualização da experiência organísmica, e a constituição de sua afirmação
e atualização como fonte de avaliação e dos valores, como critério da avaliação, dos
valores e do verdadeiro.
10. A COMPREENSÃO É EMPÁTICA.
A EMPATIA É COMPREENSIVA.
(Aliás, Compreensão Empática é uma redundância...)
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
BIBLIOGRAFIA.
BUBER, Martin. Eu e Tu.
HEIDEGGER, Martin. EL SER Y EL TIEMPO.
11. Dialógica
O termo ontológico conceitua e define, assim, tanto o ser que é ontológico; como o sentido,
que é ontológico. Definindo, também, o modo ontológico de sermos de vivência do sentido,
que é o modo ontológico de sermos, o modo de sermos em que vivenciamos o logos, o sentido.
O modo de sermos da implicação.
Vivenciamos as possibilidades porque, nos seus desdobramentos, como forças que são, as
possibilidades se constituem intrinsecamente como logos, como sentido, como cognição,
como consciência.
No modo ontológico de sermos não vigora a dicotomia sujeito e objeto. Modo vivencial,
implicativo, de sermos, modo de sermos do acontecer, o modo ontológico de sermos não é o
modo de sermos, portanto, da teorética. Na qual um sujeito, acontecido, atualizado,
desatualizado (Buber, toda a atualização implica uma desatualização), contempla um objeto,
igualmente acontecido, atualizado, desatualizado...
No modo ontológico de sermos não vigora a causalidade, não vigoram as relações de causa e
efeito. São forças, possibilidades, que se desdobram. Magistralmente, Buber diria: não sou eu
que crio as possibilidades, mas elas não acontecem sem mim...
Além do mais, o modo ontológico de sermos, não é o modo de sermos da utilidade. Já que
não há sujeito, sujeitado, para o uso de objetos, objetados; não há objetos como úteis, e
sujeito para utilizar úteis objetos...
Cada coisa, feita, fato, não é morta. Vivíssimas são as coisas. Os Xamãs que o digam... Porque,
enquanto coisas, as coisas são só instalações do possível, instalações de possibilidades.
Mas não quer, de modo algum, dizer falta de ação, falta de possível, falta de possibilidade,
falta de força. Sobretudo, não quer dizer fatalidade. (Buber diria, magistralmente, a única
coisa que pode vir a ser fatal ao homem, é crer na fatalidade... Dos fatos, feitos, coisificados).
O núcleo das coisas é, também, o Ser. O núcleo das coisas é também o possível, a
possibilidade, a ação. Que lá dormita, como a brasa coberta de cinzas, até que possamos para
ela nos abrirmos num modo própria e especificamente estético de sermos, o modo eu-tu,
dialógico, ontológico, fenomenológico existencial, compreensivo e implicativo,
gestaltificativo... Aí, a coisa se dilui como objeto, o eu se dilui como sujeito, e emerge o eu-tu,
na relação com o que antes era o eu-isso da fatalidade factual da coisa acontecida, em sua
mera instalação.
Gestalt.
Abordagem Rogeriana.
Introdução;
1.
Aporia, Instalação, Fatalidade e Fatalismo do Conflito;
2.
A mediação e a facilitação da superação, e da resolução, como experiência estética do
conflito -- à ventura dos devires de suas possibilidades. O Grupo Vivenciativo.
Conclusão
Introdução;
A metodologia da mediação e da facilitação da resolução de conflitos da psicologia e
psicoterapia fenomenológico existencial -- Gestal’terapia, Abordagem Rogeriana – se
fundamenta, em seus princípios de concepção e método, na própria facilitação da dinâmica
existencial do conflito, privilegiando o modo ontológico de sua vivência fenomenológico
existencial, dialógico, e estética.
Esta metodologia busca propiciar condições relacionais de espaço, e de tempo,
condições empáticas, condições de experimentação e interpretação, fenomenológico
existenciais, para uma relativização da facticidade e fatalismo do conflito, para uma
relativização da realidade ôntica da instalação das aporias do conflito -- instalação do conflito
no não dialógico, no não ontológico, no não hermenêutico.
A metodologia propõe às partes conflitantes a experiência da vivência integrada da
presença (modo fenomenológico existencial dialógico de sermos) e da atualidade (atualização)
fenomenológico existenciais dialógicas do conflito. De modo que a vivência desta presença e
atualidade, em sua inerente potência criativa – a partir da vivência do modo de semos de sua
potência atual, da potência de suas possibilidades --, possa atuar na natural facilitação da
atualização, da superação, e resolução do conflito. Diluindo a instalação de sua realidade ôntica
no fluxo de suas possibilidades. Possibilidades estas que intrinsecamente impregnam o modo
vivencial de sermos, ontológico, fenomenológico existencial, e dialógico.
O grupo vivencial, constiuído pelos facilitadores e pelas partes conflitantes -- e que
pode ser apoiado pela forma da entrevista diádica --, é, assim, o instrumento, por excelência,
para a mediação, e para a facilitação da resolução de conflitos da psicologia e psicoterapia
fenomenológico existencial – Gestal’terapia, Abordagem Rogeriana.
1.
Aporia, Instalação, Factidade e Fatalismo do Conflito;
2.
A mediação e a facilitação da superação, e da resolução, como
experiência estética do conflito -- à ventura dos devires de suas
possibilidades. O Grupo Vivenciativo.
2.3. Compreensão.
O modo de sermos da experiência estética, da dialógica, da aporética, da
interpretação, hermenêutica, fenomenológico existencial;
3.
O conflito, suas formas improdutivas, e as formas improdutivas da
mediação;
Como tudo que é vivencia humana, o conflito tem o seu momento agudo, em que as
possibilidades concorrem e competem como perspectivas originais, em atualização, na interação
entre as partes conflitantes. Neste momento, o conflito é vivido ontológicamente, e pode
afirmar-se enquanto tal, e vivencialmente escoar para sua natural superação e resolução.
Numa outra alternativa o conflito pode não se resolver em sua agudeza, e escoar para
uma forma ôntica de sua experiência, na qual as instâncias e aporias do conflito se instalam
factualmente, realizam-se, e cronificam-se.
Nesta forma, o conflito é experienciado em sua inércia, na paralisia inerte de suas
instâncias e aporias, na paralisia de suas angústias, e afligências.
Fora da poiese, e da ação, da atualização, fora da vivência do concurso e da
concorrência de novas possibilidades, a experienciação do conflito sai da perspectiva
compreensiva, e de sua intrínseca implicatividade, podendo se instalar em suas modalidades ex-
plicativas, moralistas, teoréticas, científicas, técnicas, comportamentais, pragmáticas ou
realistas.
Estas perspectivas explicativas apartam-se das perspectivas éticas fenomenológico
existenciais empíricas e experimentais – poi-éticas, est-éticas –, na proporção direta em que se
instalam. Buscam abranger o conflito reflexiva e conceitualmente, na ótica da busca, ou da
pressuposição, de verdades não compreensivas e não implicativas. Alheadas da vivência da
efetiva condição dos agentes do conflito – os quais, apenas, podem engendrar, pela sua ação,
pelo engendramento e atualização das possibilidades do conflito, as verdades a ele pertinentes.
Assim, o predomínio -- que exclui as possibilidades da vivência ontológica, estética,
compreensiva, e dialógica –, o predomínio da experienciação moralista -- que se esmera na
pressuposição do verdadeiro, ao invés do empenho hermenêutico em sua criação --, nas suas
formas teoréticas, explicativa e científica, constitui uma experiência improdutiva do conflito,
que, cada vez mais, se atola na experiência ôntica de sua instalação.
Da mesma forma ocorre com a limitação do conflito a sua dimensão comportamental.
Dimensão esta desprovida das possibilidades da poiética de sua ação, no âmbito de sua vivência
ontológica.
O modo comportamental em nossas vidas comporta a atividade padronizada e
repetitiva, alheando-se do modo ontológico, fenomenológico existencial, dialógico. Modo no
qual podemos vivenciar e atualizar possibilidades, no qual efetivamente agimos. Tratar o
conflito ao nível meramente de sua comportamentalidade é garantir a sua repetição, e reforçar
os elementos de sua facticidade, de sua instalação ôntica. O que, no limite, neste modo, pode ser
resolvido, apenas, pela violência. Mais ou menos explícita.
Um engano, ainda, é uma abordagem pragmática do conflito. Enganadoramente, uma
pragmática do conflito só pode ser estéril, e levar a um reforçamento de sua instalação, da
instalação de sua inércia e paralisia. Uma vez que o que desloca o conflito de sua instalação --
pela diluição de sua realidade em suas possibilidades -- é a sua vivência ontológica,
fenomenológico existencial, dialógica e estética.
Vivência que disponibiliza a experiência e a experimentação do campo ontológico,
dialógico, e estético das possibilidades.
A vivência ontológica é implicativa, eu-tu, como observamos: está fora da
dicotomização sujeito-objeto. Está também fora da ordem da causalidade. E, especialmente, até
por isso, fora da dimensão dos úteis e da utilidade.
A vivência ontológica, em suas efetividades de produção e atualização de
possibilidades, é da ordem do modo de sermos da inutilidade produtiva e desproposital...
Só assim se dá a vivência do campo das possibilidades, e o seu desdobramento, em
ação; só assim se dá a dialógica, a estética, a interpretação compreensiva, a hermenêutica
fenomenológico existencial, a criação, a superação...
A pragmática se pauta pela prática, pelo valor da prática, e da ação funcional,
adaptativa. A prática se pauta pela utilidade, e pelo princípio de sobrevivência.
E tudo que não encontramos na vivência ontológica, fenomenológico existencial, e
estética, é a utilidade. Ainda que a vivência ontológica, estética, fenomenológico existencial e
dialógica seja eminentemente produtiva, e criativa. Isso é o que significa dizer que ela é inerente
e intrinsecamente poiética -- pela ação em que se configura a atualização, o desdobramento, de
possibilidades. Poiese e criatividade estas que, produzem, inclusive, todos os úteis, e todas as
utilidades. Que não se geram e regeneram na esfera da experiência ôntica de sua existência. Mas
se geram e se regeneram, própria e especificamente na vivência do modo ontológico de sermos.
De modo que a insistência no pressuposto pragmático da utilidade, e da funcionalidade,
na metodologia para a resolução do conflito é insistir no encerramento dele nas formas ônticas
de sua instalação, pela interdição da possibilidade de sua vivência produtiva e criativa.
Quanto à funcionalidade, é evidente que o que almejamos não é a funcionalidade do
conflito, mas, mais propriamente, o que almejamos é a sua disfunção, superação e resolução.
Pela força de seus possíveis.
Esta disfunção do conflito decorre da diluição da instalação de sua realidade, da
realidade de sua instalação ôntica, na elaboração e atualização de suas possibilidades, das
possibilidades que se geram e regeneram na vivência de seu modo dialógico, estético,
fenomenológico existencial e dialógico.
Um outro aspecto extremamente importante quando consideramos a vivência ontológica
fenomenológico existencial, é que estamos tratando sempre, na momentaneidade do modo de
sermos desta vivência, de vivência de possibilidade, e vivência do desdobramento de
possibilidades. O possível é antinômico com a vivência do real, que a ele se contrapõe. Na
verdade, o possível atualizado se constitui em realidade, realiza-se. De modo que o acesso ao
campo das possibilidades, como vivência ontológica, exige que nos descolemos da vivência do
real, para desfrutarmos, especificamente, da vivência da possibilidade e de sua atualização, que
constitui a ação.
Ontológicamente, não somos seres do real, mas seres da possibilidade. A realidade é
progressivamente inóspita para o humano, como observou Heidegger, até que ele possa
experimentar e inspirar na fonte do possível.
De modo, que, ao contrário do que possa parecer, uma postura realista não condiz com a
postura da vivência grupal, da mesma forma que não convém com a postura da mediação e
facilitação fenomenológico existencial dialógica da resolução de conflitos.
Poder-se-ia dizer antão: e é uma postura irrealista, então, que é pertinente? Não
exatamente isto. À medida em que se começa a insistir, e começa a persistir, enquanto
experiência grupal, a vivência fenomenológico existencial, esta começa progressivamente a
caracterizar-se como a vivência ativa, produtiva; como a vivência da ação, como vivência de
possibilidades e da atualização de possibilidades. Que desloca-se do que podemos entender
como experiência da realidade, para caracterizar-se, cada vez mais, como vivência poiética,
vivência estética, fenomenológico existencial dialógica, que se constitui muito mais como
vivência de possibilidade, e de sua atualização; do que como vivência da realidade.
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA
BUBER, Martin EU E TU.
HEIDEGGER, Martin SER E TEMPO.
PALMER, R. HERMENÊUTICA.
13. Genuinidade na Abordagem Rogeriana.
A autenticidade fenomenativa, empática, dialógica, de
ser outro, em sendo ator.
Que é -- todo ele, na constatação de Buber --, atualidade. Atualização. Ação. Todo
ele ação, na momentaneidade instantânea da eventualidade de sua duração, como
duração da vivência fenomenológico existencial do desdobramento de possibilidades.
Isto quer dizer que é todo ele, este modo ontológico de sermos, vivência de forças,
vivência de possibilidades, que se desdobram em ação. É todo ele -- o modo
fenomenológico existencial e dialógico de sermos, compreensivo e implicativo,
gestaltificativo -- desdobramento cognitivo, consiência pré-reflexiva, fenomenal, de
forças, da vivência do desdobramento de possibilidades, ou seja, ação. Atualização.
As possibilidades, as forças que se dão em nossa vivência ontológica,
fenomenológica, dialógica, de ser no mundo, continuamente emergem, e se
desdobram, fenomenológico existencialmente; e são sempre radicalmente outras e
inéditas, infinitamente outras e inéditas, as forças que constituem a nosas vivência
ontológica.
Ser ator, agente, é ser outro (Mafffesoli), ser outro é ser ator. É ser ação, como
vivência fenomenológica do desdobramento de possibilidades.
Na vivência deste modo ontológico de sermos é que podem, sine qua non, deitar
raízes, na momentaneidade instantânea da relação, e frutificar, não só a empatia e a
consideração positiva incondicional -- que, junto com a genuinidade, formam o
conjunto de condições metodológicas formuladas por Carl Rogers --, mas a própria
ação, a própria, atualização, a própria tendência atualizante. E mesmo, naturalmente,
a própria tendência formativa, como característica especificamente gestaltificativa da
ação, como característica especificamente gestaltificativa da tendência atualizante.
Enquanto processo formativo de coisas, na duração da vivência fenomenológico
existencial de formação de figuras e fundos da ação, da atualização, da tendência
atualizante.
Naturalmente que medra todo tipo de distorções improdutivas com relação à noção de
genuinidade da abordagem rogeriana – assim como com relação às outras de suas
noções.
Com relação a uma noção de genuinidade, naturalmente, as fáceis e explicativas
interpretações moralistas e metafísicas ganhariam uma predominância. Estas
interpretações contradizem uma noção fenomenológica de genuinidade. Na medida
em que se afastam da premissa básica da genuinidade fenomenológica e existencial,
que é a vivência, que é o modo fenomenológico de sermos, a afirmação do modo
fenomenológico e existencial de sermos. Físico, e nunca metafísico. Ético, estético,
poiético, e nunca moralista...
Vida interior inexistente, em termos existenciais. Na medida em que, como nos adverte
Nietzsche, a existência não tem dentro. E toda vida interior é doença...
Cuidado! Ele está a refletir. Vai defender a sua mentira... kkkkk (sorry)
Em momentos diversos também Rogers e Perls dizem frases antológicas. Em que, por
pouco, mas com graves implicações ontológicas e epistemológicas, erram na forma.
Nas palavras:
Rogers diria:
Mas, de qualquer forma, é inexorável: os fatos não são amigos, além da possibilidade
de celebrá-los como bem feitos, bem fatos.
Da qual temos que nos livrar, nas asas da alegria, da tristeza, ou da angústia, do
desespero... Para retornarmos ao modo de sermos do eterno retorno do possível, ao
modo de sermos do eterno retorno da vontade de possibilidade, da vontade de tudo –
tão diferente da vontade de nada que é o niilismo, que impera na fatalidade e no
fatalismo dos fatos.
Já não estamos mais no domínio dos fatos, mas no âmbito dos atos. No âmbito
próprio da ação, da atualização. Que continuamente nos gera e regenera, como
constantemente possíveis, como constantemente outros, como constantemente
atores. A fonte da possibilidade, da genuinidade da outridade, da outridade da
genuinidade, a fonte de nossa originalidade, de nossa genuinidade, de nossa
autenticidade.
Outro que pensaria que perdeu um bom momento para ficar calado foi Fritz Perls.
Quando pronunciou uma de suas frases mais geniais – se entendermos, como a
Rogers, para além das palavras...
Perls disse:
Aí está o caráter genial de sua frase. Que o coloca no nível dos grandes e patéticos
ontologistas e epistemólogos do século XX... E você entendia muito bem o que era
isso, e o que isto queria dizer...
E, uma das dádivas generosas do modo de sermos dos atos, da ação, da atualização,
fenomenológico existencial, compreensiva e implicativa, é que, própria e
especificamente, ele é dialógico. Ou seja, ele é, também, o modo de sermos do
compartilhamento (dia) do sentido (logos). O modo de sermos no qual não só
compartilhamos sentido (logos), mas compartilhamos a produção de sentido. Com o
sagrado, com a natureza não humana, e com os outros seres humanos, no inter
humano.
Uma das dádivas generosas do modo de sermos dos atos, do modo de sermos de
nossa genuinidade, é que ele é o modo dialógico de sermos, no qual compartilhamos
o processo poiético de produção de sentido, com os outros seres humanos, com a
natureza não humana, e com o sagrado.
A última fase da vida do Rogers, a dos grandes grupos vivenciais, a partir de 1974, é
fase de uma interessante e impressionante radicalização fenomenológico existencial.
Digo do ponto de vista vivencial, ontológico, epistemológico, e metodológico. Toda a
demanda existencial dos anos cinquenta e sessenta parece ter explodido dentro dos
laboratórios do Dr. Carl Rogers. Principalmente na vivência, concepção e método dos
grupos vivenciais. Os paz e amor da era hippie eram agora Phds. E, frequentemente,
muito pouco convencionais... Dr. Rogers, inclusive, frequentemente assumia ares de
um avôzinho degenerado...
Foi uma fase intensamente vivencial, e não teorética. E não resultou num movimento
coletivo de teorização das importantes aprendizagens que se deram naquele período
experimental. Foram formulações experimentais, e aprendizagens, muito importantes.
Para todo o paradigma da abordagem rogeriana, para a concepção e método do
trabalho com grupos, para a concepção e método da psicoterapia fenomenológico
existencial, para a psicoterapia em geral, e para a ontológica, epistemológica e
metodológica de uma ciência ontológica, epistemológica e metodológicamente
compreensiva, e implicativa. Superando ousadamente, na ação, os estreitos limites do
paradigma da ciência explicativa, no que concerne ao trato com as pessoas e com os
grupos.
Assim, quando se trata de genuinidade, não se trata da fidelidade a uma vida interior,
introspectiva, subjetiva ou objetiva, explicativa e teorética. Mas a abertura, como dizia
Heidegger, da liberdade para verdade do vivencial, no âmbito da dialógica de uma
relação fenomenológico existencial, compreensiva, implicativa, gestaltificativa.
Mesmo quando estes objetos são um suposto si mesmo. O si mesmo como objeto:
objetivismo...
Vale a observação de Nietzsche, não temos dentro. E toda vida interior é doença...
Buber diria, na sua duração, o modo ontológico de sermos é todo ele ação.
- Do Diálogo e do Dialógico.
HEIDEGGER, Ser y Tiempo.
MAFFESOLI, A Conquista do Presente.
Menciono a 'sincronicidade' por que o John tinha muito a ver com esse tipo de
experiência... Tinha uma abertura muito natural e particular para o insólito, para o
improvável... Era um tipo de liberdade que o dispunha de um modo especial para a
vivência do “'todo’ diferente das partes”. E “diferente”, em particular, “da soma das
partes”, da multiplicidade dos grupos, de suas multiplicações...
Duas carcterísticas me pareceram muito peculiares ao John. Esta abertura
natural para o insólito e improvável, bem assimilada à normalidade cotidiana, e sempre
enquadrada por um bom humor suave e fino; e uma tolerância virtualmente
inesgotável... Pedra fundamental, com ele aprendí, da compreensão e da facilitação
de grupos...
Minha vida tomou então rumos radicalmente diferentes. E eu tive mesmo que
me direcionar cada vez mais para Maceió.
E me afastar de São Paulo...
****
16. Nem Teorético, nem Prático.
Muito menos Pragmático
O Paradigma Rogeriano.
Fenomenológico Existencial: Poiético.
affons@uol.com.br
http://www.geocities.com/eksistencia/
O que pode parecer desconcertante, num primeiro momento. Mas, nada mais
natural, e específico ao paradigma fenomenológico existencial, ao paradigma
rogeriano.
Certamente que esta característica não estava muito clara nas primeiras fases do
modelo rogeriano, nem na sua teorização. Mas era muito clara nas fases finais, sendo
uma característica fundamental do modelo de trabalho com grupos ou do modelo na
relação diádica da última fase de Rogers e companheiros.
Intuitivamente, isto estava muito claro para Rogers e seus colaboradores, ainda
que não tivessem articulado isto teórica e filosoficamente.
Coube a Carl Rogers, em particular na última fase de sua obra, a partir de 1974,
a radicalização de um paradigma fenomenológico existencial em psicologia e
psicoterapia. Tendo, em particular, o campo experimental de vivência do modelo
fenomenológico existencial de concepção e de facilitação de grupos.
Ainda que explícito (Rogers, Psicoterapia e Relações Humanas), Carl Rogers
não fazia grandes definições teóricas, epistemológicas, ou ontológicas, com relação à
natureza fenomenológico existencial de sua abordagem.
Por outro lado, apesar de ser, assim, o domínio por excelência da vivência do
possível, e de sua atualização, a própria vivência poiética não é da ordem dos úteis e da
utilidade. De modo que, ainda que todos os úteis e suas utilidades sejam produzidos
poiéticamente, na vivência poiética, em si, não vigora a utilidade e a utilização, e o
valor delas; que são, caracteristicamente da ordem da prática.
De modo que podemos pensar numa eficácia criativa, numa pragmática, deste
modo não pragmático e fenomenológico existencial poiético de sermos.
B. Do Pradigma Teorético
F. Pessoa.
Mas, ainda que o momento de sua vivência seja, especificamente, assim, não
teorizante, e privilegiativo do modo de sermos da vivência pré reflexiva, pré-
teorizante, pré-conceitual, a perspectiva fenomenológico existencial não desqualifica a
importância do teórico e da teorização, em seu momento próprio.
9
LALANDE, André Vocabulário Teórico e Crítico da Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 1999.
O vivido fenomenológico existencial constitui-se, em especial, como vivência
compreensiva, e desdobramento de possibilidade. Desdobramento este que se
constitui como a interpretação, interpretação num sentido especificamente
fenomenológico existencial. O que o constitui como um modo poiético de sermos.
C. O prático e o pragmático;
E. Conclusão.
ahl.fonseca@gmail.com
Referências Bibliográficas
ROGERS, Carl PSICOTERAPIA E RELAÇÕES HUMANAS, Interlivros, 1975.
19. Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do
logos metódico de seu paradigma em psicologia e
psicoterapia I
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo
affons@uol.com.br
O Carl Rogers que encontramos na culminância de sua obra, e de sua vida, era, de um
modo evidente, superlativamente despojado, e despretensioso.
De várias formas. E aqui nos interessa no que concerne a sua atividade profissional, a
suas concepções e método, e ao sentido ensaístico de sua produção escrita. Carl Rogers era,
então, o empirista fenomenológico existencial por excelência; na tradição de Brentano.
Fenomenológico existencial, dialógico (Buber), na tradição de Brentano. Mesmo que se pudesse
observar a prevalência de toda uma teorização, metafísica, e mesmo retórica, da tendência
atualizante, Carl Rogers já tinha ido, experimentalmente, além; no sentido do logos metódico de
um empirismo humanista*, fenemenológico existencial, dialógico, em psicologia e psicoterapia,
no âmbito das relações humanas.
Desinvestido de qualquer pressuposto de condição e desempenho técnicos, na sua atuação.
Destituído de aspirações científicas tradicionais. Ou de veleidades práticas, e pragmáticas.
Destituído da crença na efetividade do teórico e da teorização, e do moralismo, em particular, ao
nível do existencial.
Sua produção escrita, igualmente, perdera, cada vez mais, as veleidades
especificamente teorizantes, explicativas, ou científicas. E, cada vez mais, se configurava como
ensaística, brotando espontaneamente da experiência existencial, e vivência fenomenológico
existencial, empírica, e experimental de seu trabalho.
Como meio e como via, como jeito de ser, do psicólogo e do psicoterapeuta, do
educador, da pessoa -- em processos de co-laboração na plasmação de metamorfoses, e de
destinos existenciais11 --, o sentido do logos metódico de Rogers radicalizou-se, progressiva, e
firmemente, numa postura de abertura para, de privilegiamento, e de afirmação, dos momentos
de dialógica interhumana (Buber).
O sentido do logos metódico de Rogers radicalizou-se numa postura de afirmação da
concrescência da existência, na pontualidade de seus desdobramentos. Consistentemente
arraigado em pré condições de respeito radical -- pessoal e metodológico -- pela alteridade, pela
diferença, do cliente; e de respeito pela diferença e frescor de sua vivência empírico fenomenal.
Como imprescindíveis condições do privilegiamento do encontro, nesta dialógica interhumana. O
encontro como vivência de momentos de um modo de ser generativamente existencial, existenciativo,
poiético.
O quanto, e o como, nos acostumamos a ver -- na vivência de sua relação com o cliente,
ou com o grupo, a guisa de metodologia -- a obstinação de Rogers, e de seus colaboradores mais
imediatos, no privilegiamento, radical, da mera, nua, crua, e simples, dialógica interhumana. Não
raro, de um modo exasperante, caótico, desconcertante, irritante... Mas pacientemente
**
Na tradição do Humanismo de filósofos do Século XIX, como Brentano e Nietzsche, que voltavam à
Filosofia do Renascimento, e aos gregos pré-socráticos, na recuperação da vivência humana como
critério.
11
BUBER, Martin
elaborado, até que, como dizia Perls, o deserto começasse a florescer. Ou, como dizia John Wood,
até que a orquestra se afinasse, e estivesse em condições de uma performance poiética.
Mal entendido, muito mal entendido, foi Carl Rogers, muito freqüentemente, em sua
postura metódica. Mal entendido pelos de fora. E, freqüentemente, mal entendido por muitos
dos “de dentro”, que assumiam a incorporação de seu modelo.
Estes, muito freqüentemente, pelo equívoco banal, e danoso, de confundir, e trocar, por
motivos vários, o simples pelo simplório. Descurando do elementar, mas tão precioso, e
sutilmente conquistado, empirismo humanista , fenomenológico existencial, dialógico na relação
inter humana.
Substituindo por atitudes retóricas, e estereotipadas, ou meramente manipulativas, a
essência incontornável de vivência de incerteza, de vivência de confirmação da, e de interação
com a, diferença do outro; negando-se à vivência de desconcerto, não raro de desconforto, ou de
conflito, inerentes à vivência deste empirismo inter humano -- fértil, como tal, à germinação da
ação, da criação, da existenciação.
Mal entendido pelos técnicos, Carl Rogers. Técnicos que surpreenderiam, evidente e
obviamente, a indigência de técnicas, de uma metodologia técnica, no paradigma rogeriano.
Inscientes, talvez, de que Rogers já havia, de há muito, passado pela questão da técnica ao nível
existencial das relações inter humanas. E entendido que a existência, em seu caráter fenomenal
essencial de atualização de possíveis inéditos, essencialmente irrepetíveis em sua qualidade e
processo, não é acessível à efetividade de competência da técnica. A existência, como observou
Heidegger12, resolve-se apenas existencialmente. E Rogers entendia isto muito bem, e
profundamente; e entendia a inefetividade, e mesmo o dano, sempre iminente e atual, do abuso
da impropriedade de uma abordagem técnica em questões existenciais. Na verdade, foi esta
uma primeira constatação e uma das primeiras condições de método dos psicoterapeutas e
psicólogos fenomenológico existenciais.
14
BUBER, M.
Quanto a sua própria teorização, Rogers, assim como Perls, viu-se preso, e desafiado,
portanto, na teoria e na teorização, e na elaboração do logos metódico, de uma metodologia de
psicologia e de psicoterapia no âmbito de um modo de ser, radicalmente não teórico,
fenomenológico, existencial, empírico. Modo de ser próprio da existência e da existenciação, sua
e de seus clientes, e dos participantes dos grupos que facilitava; modo de ser próprio à dialógica
inter humana, interpessoal, e coletiva. E, coerente, e concernentemente, sua teorização vai se
tornando cada vez mais despretensiosa, em termos especificamente teóricos e explicativos, cada
vez mais ensaística, à medida em que ele mergulha na perplexidade da vivência de atitudes
comensuráveis com as qualidades fenomenológicas, fenomenoativas, do próprio modo de ser
da existência. Atitudes cada vez menos explicativas, e teóricas, cada vez mais implicativas e
compreensivas. Rogers sempre privilegiou a experimentação fenomenológico existencial. A
linguagem da existência. E, com isso, abriu possibilidades preciosas para a psicologia, para a
psicoterapia, para o trabalho ao nível do humano. Possibilidades nem sempre compreensíveis
de um ponto de vista teórico.
É fundamental considerar deste ponto de vista a obra teórica de Rogers. A sua evolução
à medida que se desenvolve a sua experimentação; a natureza especificamente não teorizante
de seu método; e a própria perplexidade da experimentação profissional de uma metodologia,
que por existencial, era especificamente empírica, não teórica, não conceitual.
Como observamos, longe estamos de dizer que o paradigma rogeriano não é teorizável,
ou que a teoria e a teorização não sejam importantes no seu âmbito, ou que não existe, na sua
aprendizagem, reprodução, e recriação, uma dimensão teórica efetiva. Nada disso. Apenas é
necessário colocar as coisas em seus devidos lugares.
Em primeiro lugar, afirmar que o ponto de vista teórico não é o melhor ponto de vista
para a compreensão do paradigma rogeriano. Na verdade, é o teórico um paradigma
impróprio. A teoria é possível, sim, inevitável, necessária, interessante. Mas, quando efetiva, no
caso do paradigma rogeriano, trata-se da teorização de um paradigma cuja vivência é
qualitativamente descontínua com o teórico. Da mesma forma que podemos contemplar e
imaginamos a água da piscina quando dela nos aproximamos. Outra coisa é mergulhar na água,
vivenciá-la, e nadar, com ela interagir e desfrutá-la, das várias formas possíveis. O momentâneo
mergulho exige, e implica, outras formas de conhecimento e habilidades que própria e
especificamente não são teóricos, ou teoricamente providos. São fenomenais, fenomenológico
existenciais, fenomenativos, pré-conceituais, pré-reflexivos, empíricos.
15
LALANDE, André Vocabulário Teórico e Crítico da Filosofia. São Paulo, Martins Fontes, 1999.
16
op. cit.
De modo que a vivência característica do paradigma rogeriano é especificamente
vivencial, e poiética. Situando-se fora das pretensões, dos pré requisitos, da teorização, e da
prática.
Longe de dizermos que este paradigma não tenha a sua eficácia. O que enfatizamos é
que a sua eficácia é mais básica e abrangente, ao nível do existencial, ou seja: ao nível da
constituição, do próprio engendramento, do sujeito, e do mundo. Engendramento poiético, como
vivida atualização despropositativa de possibilidades. Diferentemente da prática, ou mesmo de
qualquer pragmática da “ação” voluntária, e do princípio de sobrevivência como prioridade
criterial.
Com isto, mesmo que a teorização rogeriana discrepe, eventualmente, com relação a um
paradigma fenomenológico existencial -– em particular com relação a uma concepção
biologizante da tendência atualizante, e em termos de uma concepção pobremente
fenomenológica de compreensão -–, a vivência experimental de Rogers evolui a passos largos, e
firmes, no sentido empírico e experimental de uma abordagem fenomenológico existencial de
psicoterapia e de psicologia. E, diga-se de passagem, exceção feita a Fritz Perls, ninguém foi
fenomenológico existencial experimentalmente tão longe, quanto Rogers, neste sentido.
Carl Rogers. Sobre o sentido da concepção e do logos metódico de seu paradigma em
psicologia e psicoterapia II
11. Dialógica......................................................................................... 61
148
16. Nem Teorético, nem Prático. Muito menos Pragmático O
Paradigma Rogeriano. Fenomenológico Existencial: Poiético..........120
149
Na verdade, como estamos comentando, o despojamento da abordagem de Rogers
atualiza um desinvestimento de posturas, de concepções, de métodos, de epistemologias, de
ontologias, incompatíveis com o privilegiamento da dimensão do existencial, com o
privilegiamento da dialógica fenomenológico existencial do interhumano; incompatíveis com a
sua empatética. Foram-se, então, na vivência do paradigma rogeriano, como observamos, os
procedimentos técnicos, as pretensões científicas, o moralismo, o pragmatismo, as reflexões
teóricas, a teoria e teorização, e mesmo as condições definidoras específicas de uma prática.
Cascavilhando, Rogers bucou as condições que pudessem garantir o veio rico do
privilegiamento da dialógica do interhumano, como concepção e como logos metódico de sua
abordagem de psicologia e de psicoterapia.
Primeiro a não diretividade, um dos pilares clássicos de seu paradigma, que marca o
seu afastamento do paradigma moralista.
A não diretividade é enriquecida pelas condições terapêuticas da compreensão
empática, da consideração positiva incondicional e da genuinidade do terapeuta, na relação
com o cliente. O privilégio da “experienciação”. A empatética -- patética, peripatética -- do
privilegiamento dos momentos próprios de vivência dos desdobramentos da dialógica do
interhumano.
De fato, Carl Rogers efetivamente experimentava, em um processo vigoroso, os
fundamentos da concepção e método de uma psicoterapia, e de uma psicologia,
fenomenológico existencial. Paradoxalmente, o seu despojamento representava, na verdade,
uma apuração experimental, cada vez mais refinada, de características fenomenológico
existenciais de concepção e de método de psicologia e de psicoterapia.
150
morre na formulação de condições hermenêuticas do empirismo especificamente fenomenológico
existencial e poiético-hermenêutico, que se configurava como característica forte da vivência de seu
método, em particular da sua última fase.
Creio que, de um modo importante, o trabalho de Rogers, a partir de um certo
momento, e em significativas dimensões, deixa de receber simplesmente os influxos da
fenomenologia, do existencialismo, da psicologia fenomenológico existencial existente, e passa a
contribuir, de um modo significativo, com o desenvolvimento destas.
Em particular, como é notório, e característico, a sua abordagem foi assumindo um
verdadeiro e corajoso strip tease fenomenativo existencial da teoria, da prática teorizante e
conceitual (WOOD, J.) -- algo muito pouco visto --, e centrando-se de modo cada vez mais
empírico e experimental (num sentido fenomenológico e existencial) (v. FONSECA, ) no que
podemos entender como o provimento empírico e experimental, por parte do terapeuta, do
psicólogo, do facilitador, do pedagogo, de condições hermenêuticas experimentais, fenomenológico
existenciais, para que o cliente, o educando, o grupo, o participante do grupo, pudessem
efetivamente interpretar – num sentido fenomenológico existencial, especificamente (v.
FONSECA, ) –, a sua vivência, as suas questões existenciais, as suas possibilidades de ser, as
suas possibilitações e resoluções.
Como observamos, não é só da teorização e da conceituação que Rogers vai,
fenomenológico existencial, experimentalmente, abrindo mão, em sua concepção e método.
Fenomenológico existencial e experimentalmente, Rogers vai superando, progressiva e
sucessivamente, em sua experimentação, o paradigma reflexivo em psicologia e psicoterapia, o
paradigma técnico, o paradigma comportamental; vai superando, igual e sucessivamente, o
paradigma científico, o paradigma moralista, o paradigma prático e pragmático. Em privilégio
de um paradigma fenomenológico existencial, de cuja elaboração (e, aí, entender o sentido
essencial desta palavra) ele contribui decisiva e seminalmente. Um paradigma que podemos
dizer fenomenológico existencial experimental, fenomenológico existencial empírico, dialógico,
e poiético hermenêutico.
A importância das elaborações de Rogers dão-se, principalmente e em especial, não ao
nível de sua teorização, mas, como seria de se esperar em uma abordagem empírica (não
teorética), fenomenológico existencial, ao nível de sua resoluta experimentação fenomenológico
existencial de condições de método.
Assim, não se pode apreender o modelo rogeriano meramente a partir da sua
teorização, ou mesmo da sua escrita ensaística. Fenomenológico existencial empirista, no
melhor sentido da tradição de Brentano, é no desenvolvimento de sua de sua metodologia que
reside a sua especificidade, e a sua riqueza.
Na realidade, juntamente com Fritz Perls, Carl Rogers foi, progressivamente,
assumindo um inquestionável papel de liderança no desenvolvimento da psicologia e
psicoterapia fenomenológico existencial.
Pouca gente foi tão longe, e, em particular, tão fidedignamente, quanto Carl Rogers
neste sentido.
151
junto com Perls – este com um outro estilo, com uma outra história, com outros pré-textos e
textos mais ou menos teóricos --, fortemente bafejados, neste sentido, por Buber ( ), e por
Nietzsche, Rogers parece ser um dos propositores maiores destas condições, em psicologia e
psicoterapia.
De modo que Carl Rogers, e Fritz Perls têm, assim, efetivamente, um lugar bastante
diferenciado na gênese, constituição e desdobramentos das Psicologias e Psicoterapias
Fenomenológico existenciais, que emergem e florescem em nossos dias, pejadas de interessantes
e ricas possibilidades.
É importante que se distinga claramente esta contribuição, uma vez que,
freqüentemente, ela não é notada, ou considerada, ou é meramente incompreendida.
Por outro lado, não é raro que se fale de um modo retórico em psicologia e psicoterapia
fenomenológico existencial, já que ela está em moda, sem nenhuma referência a concepção e
método específicos, e sem referência , ou até negando-se as importantes contribuições de Rogers
e de Perls. Quando os métodos de Rogers e de Perls, amplamente aplicados, apesar de suas
limitações, em particular conceituais, coadunam-se e contribuem, diferenciada e
significativamente, com o caráter fenomenológico e existencial, em particular com a perspectiva
de um empirismo aporético e experimental, da metodologia em psicologia e psicoterapia.
152
20. TENDÊNCIA ATUALIZANTE E EMPATIA
153
empatia é, igualmente, inter ativa, ativa, ação. Necessariamente da ordem do atualizante,
também da ordem do ato, da ação; da efetivação da tendência atualizante, e da compreensão.
Normalmente não nos referimos à empatia na relação com a natureza não humana, e na
relação com o sagrado, tal é, em geral, a desvinculação com relação ao caráter
fenomenológico, e dialógico, da empatia.
Assim, em essência, podemos falar da vivência empática inter humana, e da vivência
empática ao nível da relação com a natureza não humana, e da relação com o sagrado. Todas
as três formas necessariamente compreensivas e atualizantes, ação, inter-ação – dia-ação dia-
lógica. De modo que não existe vivência empática sem ação, sem a atualização de
possibilidades, sem o exercício da tendência atualizante. Da mesma forma que não existe
ação, efetivação tendência atualizante, atualização que não seja no âmbito da vivência
empática. Mais que isto, todo o processo é de natureza eminentemente fenomenológica, e
dialógica, em sua essência.
Em qualquer caso, a vivência empática ato ativa pode se limitar exclusivamente a seu
caráter compreensivo, sendo meramente compreensiva; ou se desdobrar como simultânea e
progressivamente compreensiva e motora, de um modo mais diferenciado.
A duplicidade de termos da expressão compreensão empática para expressar o sentido
de empatia é uma redundância, uma tautologia. Toda compreensão é empática, e toda
empática é, necessariamente, compreensiva. Ou seja, compreensão e empatia designam
características do processo fenomeno(dia)lógico da vivência, que é eminentemente páthico,
de logos páthico, pathos. Na mesma medida em que o pathos é eminentemente
compreensivo, fenomenológico -- ainda que nada tenha de conceitual, de apolíneo. E se
caracteriza inerentemente pela apreensão e desdobramento do possível, a apreensão e
desdobramento da possibilidade contingente à vivência páthica, empathica (FONSECA, 2006).
A empatia é, assim, a vivência pática, pathos-lógica, poderíamos dizer. Mas não na
acepção latina do sentido de pathos, de paixão, paciência, sofrência, doença; mas na acepção
grega, como "sensibilidade", como vivência emotiva, emocionada, pré-reflexiva e pré-
conceitual, fenomenológica, fenomeno ativa, por suposto (v. FONSECA. Carl Rogers, o
Patético..).
Uma questão fundamental, e crucial, para nós, é esta, assim, de que a vivência pática,
empática, compreensiva, é própria e especificamente, coincide com, o modo de vivência da
ação. Com o modo de vivência ativo, ato ativo, atualizante. O modo empático de sermos é o
modo de sermos no qual vivenciamos o possível, a possibilidade, e, em ato, os desdobramos,
os ato-alizamos. De modo que a atualização, que efetiva a tendência atualizante, que nos
constitui, se constitui, efetivamente, no âmbito da empatia, páthicamente, empáticamente.
Existe assim um nexo mais que casual, mais que conceptual, ou metodológico, entre
empatia, atualização e tendência atualizante, na media em que as expressões indicam
dimensões necessárias de um mesmo processo ontológico, fenomenal, fenomenológico e,
necessariamente, dialógico.
A empatia, e a atualização, fenomenológica e operativa da tendencia atualizante, estão
para além do modo de sermos da dicotomia sujeito-objeto, para além das determinações de
154
causas e efeitos, para além das relações de utilidade, e aquém da realidade positiva e da
objetividade.
De modo que ninguém é objeto de empatia, ninguém oferece empatia, como
normalmente se pensa, como se oferecesse algo a um outro objetivo. A empatia se dá no
âmbito fenomenológico da vivência de uma dialógica interhumana, que ainda que se dê na
ambiguidade tensa da relação eu-tu, não se constitui como relacionamento objetivo, mas
fenomeno(dia)lógico, existencial.
O que o entendimento, desta forma, da vivência empática indica é que ela é da ordem
de uma interática, ou seja da inter-ação, da momentaneidade da dialógica inter humana. Esta
empatia, dialógica, poderia se dar, como o dialógico (BUBER,), no âmbito da natureza não
humana, no âmbito da relação com o sagrado; além de poder se dar na esfera, empática, da
interática, inter humana.
O âmbito da vivência empática compreensiva, em suas propriedades características, é,
assim, condição de possibilidade dialógica da atualização de possibilidades, da efetivação de
nossa tendência atualizante. De modo que, como dissemos, é mais que casual o nexo entre
empatia e tendência atualizante, é mais do que conceitual, e metodológico. É um vínculo
ontológicamente necessário, na medida em que faz parte, como dimensão diversa, do mesmo
processo fenomenológico, fenômeno ativo.
Este caráter fenomen(dia)lógico do processamento da atualização empáticamente
compreensiva de possibilidades – da efetivação da tendência atualizante, da ação, da
interação, em particular na dimensão da interação inter humana, não é oferecida por alguém
a um outrém objetivo, nem é uma qualidade subjetiva. Mas vivência dia(fenomeno)lógica inter
humana e inter ativa, eminentemente ativa, de atualização de possibilidades.
Não se trata de uma atitude, mas de um modo de vivência fenomenológico. Que em
sua especificidade, demanda, como modo de proceder, para a sua abertura, uma atitude
habitual e natural de aquiescência com o modo fenomenológico existencial dialógico de
sermos no encontro com o(s) outro(s). Uma aquiescência com e vivência do nosso modo de
pré-coisa de sermos. Numa relativização regular e habitual do objetivismo, do positivismo, do
princípio de realidade positivista.
De fato o privilegiamento deste modo de proceder configura uma ética. Patética
(empatética), peripatética. Estética.
155
21. TENDÊNCIA FORMATIVA
Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo.
156
A possibilidade, que se desdobra em ação, inter-pret-ação -- a
que se refere a tendência atualizante -- é possibilidade de quê?
Precipuamente, é possibilidade de Forma (Gestalt, Gestaltação).
É possibilidade de Formação.
A possibilidade, a potência, que se manifesta fenomenológico
existencialmente, é, característica e eminentemente, form-ativa,
form-ação compreensiva.
Este é, assim, fenomenológico existencial, o modo de sermos
cum(a)preensão (da possibilidade) em seu desdobramento; em sua
ação, atualização.
Por isso, pois, que a vivência de nosso modo fenomenológico
existencial, a vivência de nossa tendência para a ação, de nossa
tendência atualizante, de nossa ação, atualização, como
desdobramento fenomenológico existencial de possibilidades, como
tendência formativa, é, eminentemente, compreensiva, é própria e
especificamente da ordem da compreensão.
157
não implicativamente, no modo comportamental de sermos nós
repetimos atividades padronizadas, que,em sua repetição não trazem
a possibilidade, a vivência de possibilidade, e o seu desdobramento,
na ação.
Na implicação, não somos espectadores. Nem nos
movimentamos mecanicamente ao modo de sermos de nossa
atividade padronizada e repetitiva, de nosso comportamento.
Na implicação, no modo de sermos, fenomenológico existencial,
da Implicação, somos atores na vivência da ação, como
desdobramento de possibilidades. Estamos implicados – e não
na ex-plicação – estamos na vivência do desdobramento da
possibilidades.
Ou seja, na implicação, no modo implicativo de sermos, na
dialógica do desdobramento da possibilidade, não nos damos como
sujeitos, na relação com objetos. Mas como agentes, na inter-
ação de uma dialógica eu-tu.
E, tudo que o tu não é, na dialógica eu-tu, é objeto.
Nem o eu é sujeito.
Na ação, na atualização da possibilidade, eu e tu estão
necessariamente vinculados, na dialógica da vivência. E é esta
viculação dialógica que chamamos de implicação.
Na ex-plicação, teórica, ou comportamental, rompe-se a
vinculação dialógica entre eu-tu; e se constitui o isso, e o eu do eu-
isso. O objeto – o isso do eu-isso --, e o sujeito, que originariamente
não têm a vinculação dialógica. Não estão implicados.
158
fenomenológico existenciais, hermenêuticas e dialógicas, são, assim,
eminentemente páthicas, empáticas, em suas operações.
159
22. TENDÊNCIA ATUALIZANTE
Ação, Atualidade e Atualização na Abordagem Rogeriana e em Psicologia e
Psicoterapia Fenomenológico Exisatencial
160
força, de potência, de possibilidade, em seu perene e potente desdobramento vivencial,
ativo. No que chamamos de poiese.
161
da abordagem de Carl Rogers. Assim, concepções como as de auto-regulação
organísmica, auto-atualização, experiência organísmica, tendência atualizante, são concepções
que constam já do arcabouço conceitual da psicologia organísmica de Kurt Goldstein, e
têm um lugar e papel essenciais em momentos básicos do sistema conceitual de Carl
Rogers.
162
uma tendência formativa do universo, usando idéias de Ilya Prigogine, muito vigentes na
new age, para corroborar as suas próprias concepções.
163
experimentação fenomenológico existencial empírica de seus referenciais, num
contexto grupal, com uma teorização ainda incipiente, e freqüentemente pautada pelos
referenciais do empirismo objetivista -- incompetente para dar conta da riqueza e da
complexidade dos produtos e processos de sua experimentação. De fato, neste
momento, o fato de que Rogers e colaboradores estavam ricamente imersos nas
dimensões existenciais de um tal processo, e em suas densidades e complexidades
teóricas, não permitia, ainda, um afastamento que possibilitasse uma reflexão e
produção teórica. Sem dúvida, o pouco conhecimento no seu meio, e no meio da
cultura da abordagem, dos referenciais da Fenomenologia e do existencialismo,
dificultava sobremaneira esta empreitada teórica.
164
23. A AÇÃO NÃO É SÓ AÇÃO MUSCULAR.
COMPPREENSÃO TAMBÉM É LEGITIMAMENTE AÇÃO
NA MUSCULAÇÃO, A COMPREENSÃO TAMBÉM É MUSCULAR
Afonso Fonseca, psicólogo.
Restou como aspecto negativo de Freud uma idéia de que o psíquico é só o mental. O
corpo seria uma instância heterogênea, não raro alienígena. Fantasmática.
Reich trouxe o corpo para a psicologia e para a psicoterapia, de um modo enfático.
Não importa quais sejam os seus equívocos, é seu este mérito.
Podemos dizer que Fritz e Laura Perls são mais um degrau nesta trajetória ascendente
em direção à integração do corpo.
Com motivos, enfatizaríamos a Laura Perls neste sentido.
Trabalhando com expressão corporal, Laura tinha uma intuição profunda da integração
da consciência-corpo. E muitas vezes indicou para a Gestalt o caminho do corpo, pelo caminho
da arte. Uma via diferente do holismo científico de Kurt Goldstein.
Mas não podemos ignorar as fortes intuições de Fritz Perls em direção ao corpo.
Primeiro, mas sem ordem de precedência, por influência do próprio Reich. Influência pessoal e
das idéias. Nessa ordem da terapia, as influências das metodologias terapêuticas de Ida
Hoffmann. E, evidentemente, do próprio Goldstein.
Dentre estas influências, sobressai a influência da expressão corporal no teatro
expressionista, a experiência da expressão corporal do Expressionismo sobre Fritz Perls. A
própria importância do corpo para a expressão na expressividade expressionista.
Há um nexo não explicitado, em termos desta integração do corpo, que envolve a
Fenomenologia, os teóricos da Gestalt, teoria da Gestalt, Kurt Goldstein, W. Dilthey, Max
Wertheimer, Brentano, Expressionismo – porque não colocar a Max Reinhardt? –Fritz Perls...
Não sei se um nexo não explicitado, não sei se um nexo que eu não atino. Não seis se
um nexo que eles não atinavam. Mas que intuíam.
O expressionismo vai muito longe em experimentar, e explorar, teatralmente esta
integração organísmica de compreensão e muscularidade.
De que Kurt Goldstein vai se aproximar, pela via de sua Neurologia Organísmica.
Certamente temos que trazer a Brentano, sua Fenomenologia. Principalmente em
termos de sua compreensão da ação, sua compreensão de que a ação não é comportamento.
E de que o sujeito não é o ator...
E Martin Buber e sua abordagem da dialógica...
165
A compreensão e a musculação são, enquanto atualização de possibilidades,
moção, emoção, cognição, criação e superação. São estéticas e poiéticas. São pré-
reflexivas e pré-conceituais, não pragmáticas, não reais...
A ação é pré-reflexiva. Mas, não existe ação, efetivamente, sem cognição: ação
como cognição pré-reflexiva. Que é a compreensão.
166
Na duração do episódio fenomenológico existencial da ação, todavia, a
compreensão e a musculação dão-se de modo pre-reflexivo e pré-conceitual.
Compreensão e musculação pré-reflexivas e pré-conceituais.
Compreensão que, além de cognitiva, é, também, muscular.
A musculação, além de especificamente muscular, é propriamente cognitiva.
Compreensiva.
A musculação é compreensiva, a compreensão é musculativa.
Compreensão e musculação são dimensões da ação.
A ação, a fenomenologia ontológica da ação, é compreensiva e musculativa.
167
24. COMPREENSÃO E PERCEPÇÃO.
A apuração implicativa gestaltificativa, e a decepação
purificativa, putativa.
168
Quando a prenhez da coisa pela possibilidade estiver a termo...
... E é tempo todo tempo... Mas não basta um século para fazer a
pétala... Que um só instante faz, ou não... Mas a vida muda... 17
17
Ferreira Gullar: ... A vida muda, rapidamente/como a cor dos frutos/A vida muda lentamente/Como a
flor em fruto/Mas quando é tempo/E é tempo todo tempo/Mas não basta um século para fazer a
pétala/Que um só instante faz/Ou não)/Mas a vida muda)/...
169
Compreensão e Percepção são processos experienciais
radicalmente distintos.
170
Um limite, uma limitação, e um corte da multiplicidade característica da
implicação da vivência de sentido que é a compreensão.
171
que se constitui como a percepção. Característica do modo coisificado de
sermos, explicativo, do acontecido.
A conceptualização, assim, decorre do desbaste da presença, e da
atualidade, da multiplicidade de possibilidades da vivência
momentaneamente instantânea da implicação, da vivência fenomenológica
da ação.
COMPREENSÃO PERCEPÇÃO
ONTOLÓGICA ÔNTICA
INSTALAÇÃO COISIFICATIVA
FENOMENOLÓGICA
INSISTENSIAL EXISTENSIAL
INTENSIONAL DISTENSIONAL
172
SEM-PREENSÃO
COM-PREENSÃO
EXPLICAÇÃO
IMPLICAÇÃO
PUTATIVA. PURIA. PURAÇÃO.
APURIA. APURAÇÃO. INIMPUTÁVEL.
INCONTÁVEL. IMPUTÁVEL. CONTÁVEL.
INSPECTAÇÃO ESPECTAÇÃO
SUJEITO. OBJETO.
TEATRO. DRAMÁTICA. FATO. FEITO.
GESTALTIFICATIVA GESTALT
173
O prisioneiro em breve estaria inevitavelmente instalado em seu
ataúde de coisa. Desprovido de sua dramática furibunda, de suas nuances e
detalhes. Paralítico, rígido, unificado... Mumificado...
Naturalmente oferecer-se-ia, entregar-se-ia assim, como cap-turado.
Como prisioneiro, como aprisionado. Ao findarem as suas forças...
Tratar-se-ia de se garantir, como morto, e investir contra a vida da
possibilidade... Inevitável e indestrutivelmente refugiada no recôndito da
instalação da coisa.
Não vejo como poderia...
Do mesmo modo que não se pode evitar a instalação da dramática
possibilidade na coisidade da coisa, não podemos evitar a ressurgência, a
insurgência, a re-volta, como diria Maffesoli, da possibilidade, ao estalo da
instalação da coisa.
Quando a prenhez da coisa pela possibilidade estiver a termo...
... E é tempo todo tempo... Mas não basta um século para fazer a
pétala... Que um só instante faz, ou não... Mas a vida muda... 18
18
Ferreira Gullar: ... A vida muda, rapidamente/como a cor dos frutos/A vida muda lentamente/Como a
flor em fruto/Mas quando é tempo/E é tempo todo tempo/Mas não basta um século para fazer a
pétala/Que um só instante faz/Ou não)/Mas a vida muda)/...
174
BIBLIOGRAFIA
BUBER, Martin Eu e Tu
GOULART, Ferreira Dentro da Noite Veloz.
HEIDEGGER, Martin Ser e Tempo.
HOUAISS, Antonio Dicionário Eletrônico Houaiss.
MAFFESOLI, Michel A Conquista do Presente.
175
25. SINERGIA SINESTÉSIOLÓGICA DA
COMPREENSÃO, E SINESTESIOLOGIA DA SINERGIA
DA MUSCULAÇÃO COMPREENSIVA.
SINERGIA SINESTESIOLÓGICA DA COMPREENSÃO-
MUSCULAÇÃO: SINERGIA DA AÇÃO.
Sinetésica estética da sinergia implicativa da ação, da
compreensão, e da musculação compreensiva
O INCENSÁRIO
Uma mulher de Nagasaki chamada Kame dedicava-se à
fabricação de incensários. Os incensários são, no Japão, um delicado
trabalho de artesanato, e são utilizados nas salas de chá ou diante
dos oratórios familiares.
Kame, cujo pai havia sido um destacado artista do mesmo
grêmio, era bastante chegada à bebida. Também fumava, e bastava-
se para associar-se com homens e tocar o seu pequeno negócio.
Sempre que conseguia reunir algum dinheiro, celebrava uma festa,
para a qual convidava artistas, poetas, carpinteiros e trabalhadores,
homens de todas as vocações e profissões. Falava com eles e
apreendia novas idéias para seus desenhos.
Kame era extraordinariamente lenta em sua atividade criativa.
Sua produtividade, em consequência, era escassa. Uma vez
concluídos, entretanto, seus trabalhos eram considerados, sem
exceção, como obras de arte. Seus incensários acumulavam-se em
lares cujas mulheres nuca bebiam, nem fumavam, nem se
associavam livremente com homens.
Um dia, o alcaide de Nagasaki encomendou-lhe um incensário.
Kame, ao cabo de quase meio ano, não havia ainda encontrado o
desenho definitivo. O alcaide, que esperava ser transferido em breve
para uma cidade distante, apressou-a para que desse início ao
trabalho.
Recebida, enfim, a inspiração, Kame fabricou o incensário. Uma
vez concluído, colocou-o sobre uma mesa, olhando-o longa e
detidamente. Fumou e bebeu diante dele como se se tratasse de um
companheiro de conversa. Passou todo o dia a observá-lo.
Fê-lo por fim em pedaços com um martelo.
Não era a criação perfeita que sua mente havia imaginado.
176
(Incensário. CARNE DE ZEN OSSOS DE ZEN. Org. Paul Weiss).
177
178
INTRODUÇÃO. Da sinergia sinestésica da ação. O sinestésico é
sinestesiológico
Em sua efetividade e eficácia, a ação, efetivamente, é sinérgica.
Na medida em que é articulação vivencial eficaz de multiplicidade de
forças.
Sinérgica, efetivamente a ação, não só mobiliza as suas forças,
as possibilidades, mas -- na homogeneização e concentração na
vivência pré-reflexiva, e pré-conceitual, que lhe é própria --,
otimamente mobiliza, e potencializa, na dialógica da implicação, a
dinâmica da organização perplexiva do desdobramento de
possibilidades.
Permitindo a otimização do desdobramento da ação, da
efetividade e eficácia da ação. Em seu caráter de moção existencial,
em seu caráter de emoção, de cognição compreensiva e implicativa --
sinestesiológica --, de motivação, de criação, de superação, e de
regeneração.
Esta sinergia sinestesiológica da efetividade e eficácia da ação
decorre da experimentação vivencial na dialógica da implicação --
constituinte do caráter estético da vivência pré-reflexiva, e pré-
conceitual. Vivência ontológica, fenomenológico existencial, própria
ao caráter estésico, à estesia, à estética da vivência pré-reflexiva.
Enquanto vivência de forças, as possibilidades.
Que, na implicação, se organizam como perplexidade.
O movimento e a dramática da perplexidade é a própria
sinestesesia, sinestética, sinestesiológico, da cinemática da ação.
Cinemática da compreensão e da musculação compreensivas --
sinestesiológica. Que configuram a ação, na dialógica da
experimentação fenomenológico existencial.
Ontológica, fenomenológica existencial e dialógica,
compreensiva, implicativa, gestaltificativa – enquanto o modo de
sermos do acontecer – a ação guarda, na momentaneidade
instantânea de sua duração, as condições fundamentais deste modo
de sermos.
Ou seja, de ser pré-reflexiva e pré-conceitual, ao modo de
sermos inspectativo do ator (e não do sujeito). De não ser teorética,
nem moralista, portanto. De não ser causal, e estar fora das
determinações de causa e feito. De não ser prática, nem pragmática;
já que configura o modo poiético de sermos, que está fora do modo
de sermos dos úteis, dos usos, e das utilidades. De não ser da ordem
do modo de sermos da realidade, mas de ser da ordem do modo de
sermos da experimentação da vivência do desdobramento de
possibilidades...
Da mesma forma que a ação guarda as características do modo
ontológico de sermos. O seu caráter de moção existencial, de
emoção, de cognição, motivação, de criação, superação, e de
regeneração.
179
A cognição que se desdobra na pontualidade do evento da ação,
é a compreensão implicativa. Que é a própria constituição do sentido
(logos) que deriva da organização implicativa do desdobramento de
multiplicidade de possibilidades, a sinestesia. De modo que, vivência
de constituição e desdobramento de sentido (de logos), a sinestesia é
sinestesiológica. O fenomenológico, o ontológico, o dialógico, é
sinestesiológico.
Critério para a vivência da efetividade e eficácia da ação, e para
sua avaliação.
CONCLUSÃO
Temos, assim, que a ação se constitui como o modo pré-
reflexivo e pré-conceitual de sermos. O modo ontológico de sermos.
Fenomenológico existencial e dialógico, compreensivo, implicativo,
gestaltificativo. O modo de sermos da implicação e da compreensão,
em contraposição ao modo de sermos da explicação. O modo de
sermos do acontecer, em contraposição ao modo de sermos do
acontecido. O modo de sermos da atualidade e da presença, em
contraposição ao modo coisa de sermos.
A dialógica da dramática da ação é atualidade e presença.
O modo de sermos da atualidade e da presença, o modo
ontológico de sermos da dramática da ação, é o modo de sermos da
vivência, como implicação e compreensão, de multiplicidade de forças
plásticas que constituem a ação. O modo estético de sermos, que
sinestesicamente, pela implicação gestaltificativa, organiza a
multiplicidade de forças em plexos, gestaltificações, cognitivas e
musculativas, que compreensiva e musculativamente constituem os
episódios pulsativos, fenomenológico existenciais, da dramática da
ação.
É o envolvimento estético, sinestesiológico, na implicação da
vivência pré-reflexiva e pré-conceitual da ontológica da ação que
determina a qualidade sinestésica da efetividade e eficácia de seu
episódio.
Ou seja, a eficácia e efetividade da ação dependem sempre da
radicalidade da experimentação da dialógica estética de sua
sinestesiologia.
Da mesma forma que as possibilidades de sua avaliação.
180
25. ESTÉTICA, ESTESIA E SINESTESIA,
SINESTESIOLOGIA. DIALÓGICA, EXPERIMENTAÇÃO E
HERMENÊUTICA DRAMÁTICA DA CINEMÁTICA DA
AÇÃO.
... A pior coisa que pode acontecer com um
ator é ele sair preparado. (pré-parado?).
Você sai quase...
Com vontade de jogar...
181
A compreensão é imediata vivência de sentido, de logos.
182
demandam a disposição de uma afirmação. Que se configura, assim,
como afirmação da afirmação.
183
sinestesiologia, é o natural e efetivo caminho, o único, estésico,
estético, para a eficácia e efetividade da ação.
Para a efetiva sinestesia e sinestética da sinergia da ação. Da
sua poiese, de sua cognição, e de sua musculatividade.
Dito de outro modo: é o envolvimento sinestesiológico na
fenomenológica da momentaneidade instantânea do episódio da ação
que é a condição de sua sinestesia. Da efetividade e eficácia de sua
sinergia.
184
vivência do episódio de sua momentaneidade instantânea, mais
sinestética, mais sinestésica, mais sinérgica, a vivência da sinergia da
ação.
185
vivência de suas características, fluentes e eficazes: de movimento
fenomenológico existencial, como cognição, e como musculação—
moção, como cognição compreensiva, e como musculação
compreensiva --, de emoção -- de alegria --, de cognição –
implicação e compreensão --, de motivação, de criação – poise --, de
superação; e de regeneração...
A ação é interessante. Porque é cinemática cinestésica. É
emoção, é emocionada. É conhecer sensível do poiético inédito. É
motivação. É criação. É superação. E regeneração.
Por tudo isso, mas, em particular, isso quer dizer: por ser
dialógica. Interessante é outro termo para dialógica. E a ação é
interessante porque é dialógica. É dialógica, porque é interessante.
Vivência da atualização motiva de possibilidades, motricidade
cognitiva e muscular, em específico, a ação é própria e
especificamente cinemática. Mocionante. E mocionante,
emocionante...
Ação, intrinsecamente, a compreensão, e a musculação
compreensiva, são, portanto, estéticas, estésicas; mais ou menos
sinestéticas, sinestésicas; e, própria e especificamente, cinestéticas,
cinestésicas. Cinemáticas... A compreensão e a musculação
compreensivas são cinemáticas. Sinestesiologicamente cinemáticas.
186
cognição – compreensiva --; motivação, criação, superação, e
regeneração...
Em suas características de compreensão e de musculação.
A compreensão constitui-se e prolonga-se em musculação. A
musculação é vivenciada, necessariamente, de modo compreensivo.
187
Um específico fazer, um específico modo de fazer, feição,
gestaltificativa.
Em seu fazer, em sua constituição de formas, a ação é sempre
original e única, na criação gestaltificativa das formas da vivência
fenomenológica -- gestaltificação --, e na criação, no fazimento, das
formas das coisas. Na sua efetividade eficácia, a ação resulta sempre
na completude, na completa complementação de sua conclusão. Na
complementação do projeto gestaltificativo, como totalização
significativa, com o qual ela se anuncia enquanto tal.
DE PERFEIÇÃO, E PERFORMANCE, DA CRIAÇÃO NA AÇÃO
Gestaltificativamente, a vivencia formativa, o fazer da ação,
inicia-se pela vivência de uma totalidade significativa, que se
apresenta original e originariamente, como projeto – projetação --;
rascunho, como esboço, disegno, Gestalt, de todo o transcurso da
ação.
Esta totalidade significativa, composta de partes, participações,
se apresenta originariamente, enquanto totalidade. Anteriormente a
qualquer manifestação de suas partes constituintes.
De modo que as partes se explicitam -- em seguimento à
vivência da apresentação do projeto --, na duração do transcurso da
ação, como vivência do desdobramento de possibilidades. Com
contingências eventuais, reconstituindo, com as contingências, a
totalidade significativa que se apresenta originariamente.
Para, em seguida, objetivar a gestaltificação, na Gestalt da
coisa instalada, agora como coisa, e como acontecido, que se
constitui depois, e em decorrência, da ação.
De modo que podemos dizer que termos e conceitos como
possibilidade, Interpretação, Ação, Implicação, Jeto, Projeto, disegno,
esboço, rascunho, Gestaltificação... são sinonímias.
A ação é a terceira margem.
Como sabia Rosa, a verdade não se põe no início nem na
chegada, mas na travessia...
Ou Pessoa: o mundo não s fez para aqueles que pensam que
podem conquista-lo, mesmo que tenham razão... Mas para os que de
fato o conquistam...
A momentaneidade instantânea da vivência do episódio da
ação, da gestaltificação, é o movimento de uma travessia.
Vivencialmente percorrê-la é o que se chama de interpretação,
experimentação, gestaltificação, ação; perfeição, enquanto específico
modo de fazer, na completa e conclusiva vivência da atualização do
possível. No específico sentido implicativo, compreensivo;
fenomenológico existencial e dialógico, gestaltificativo. Estético,
estésico, sinestesiológico...
A ação é a vivência fenomenológica que medeia, como vivência
do desdobramento das possibilidades, entre, e inclusive, a
apresentação do projeto gestaltificativo, e a conclusão de sua
explicitação, na inevitável constituição da instalação da coisa.
188
A ação é a vivência do PERcurso do trânsito, da travessia,
entre a apresentação vivencial do projeto gestaltificativo e o seu
fechamento. A efetiva conclusão de sua explicitação..
De modo que, enquanto fazer, enquanto feição; enquanto
FORMação, o PERcurso da ação, o PERcurso da gestaltificação, é o
PERcurso de um PERfazer, o PERcurso de uma PERfeição. Que, em
específico é, enquanto fazer, o PERcurso de uma formação; uma
PERformação, uma PERformance...
As coisas, materiais e não materiais, necessariamente feitas no
transcurso da ação efetiva e eficaz, são perfeitas. No sentido de que
são feitas completamente, perfeição, em relação ao projeto
gestaltificativo. Desde a vivência, compreensiva e musculativa, da
apresentação deste, à sua conclusão, na específica duração do
episódio da ação.
Observe que perfeição aqui nada tem a ver com a aproximação
a um modelo ideal. Mas define o modo de fazer da ação, em especial
a conclusão de sua completude, desde a vivência da apresentação de
seu projeto gestaltificativo, à vivência de sua conclusão, enquanto
ação, na coisificação.
E PERfazer é PERformar na performance. É, do mesmo modo,
formar completamente. Na vivência de todo o processamento do
episódio da ação. Desde a vivência fenomenológico existencial da
apresentação do projeto gestaltificativo da ação, à conclusão da sua
projetação, na coisidade.
Agir é perfazimento, agir é perfazer. É perfeição, e
performance.
Agir é criar. É viver, performaticamente, a dialógica da
formatividade do que não existe, e vem a ser como perfeito, na
duração do episódio da ação.
189
Intuitivamente fenomenológica, como compreensão - estética,
estésicamente vivenciadas --, a fluidez e a eficácia efetiva e
efetivante da ação, decorrem, assim, do caráter mais ou menos
problemático, e intenso, intensional, das competições e
argumentações gestaltificativas entre as possibilidades, na implicação
da ação.
De modo que o caráter especificamente sinestésico, sinestético,
sinestesiológico da sinergia da ação, a sinergia da ação, propriamente
dita -- da cognição e da musculação da ação --, decorre e depende --
já como vivência --, das competições, e das argumentações, entre as
forças, que são as possibilidades, na constituição gestaltificativa da
cognição e da musculação do episódio da implicação da ação.
SINESTESIOLOGIA E SINERGIA DA COMPREENSÃO
Cinemática, como a musculação -- ao nível da cognição --, a
compreensão é estésica, sinestésica, na medida em que se dá, se
desdobra, esteticamente, sinestéticamente, sinestesiologicamente.
Como vivência do desdobramento de possibilidades.
Cognição, eminentemente, intrinsecamente constituinte da
fenomenológica ontológica da ação, a compreensão também é
musculação compreensiva. Quando a ação propende para a
musculação.
Ainda que tenda a ser “meramente” compreensiva, quando a
ação propende predominantemente para uma modalidade
“meramente” cognitiva.
Mas é interessante entender que a compreensão é cognição e
musculação. Musculação e cognição.
Podendo ser mais ou menos musculativa. Mas, sempre
compreensiva...
Sendo eminentemente cognitiva quando é musculação.
190
ação. Não é voluntário. Nem consciente, em sua funcionalidade
fisiológica.
Mas é importante entender que, em sua intrínseca cinestésica,
cinestética, sinestesiológica, mesmo quando “meramente”
compreensiva, a compreensão inerente à ação é, eminentemente,
cinemática. É eminentemente motricidade.
Meramente dado o seu intrínseco caráter de ação, movimento,
como vivência do desdobramento de possibilidades.
191
E este particular conhecer sensível do ator dá-se como vivência
intuitiva da implicação da sinestesia, sinestesiologia, da competição e
argumentação da multiplicidade de possibilidades da
momentaneidade instantânea do episódio da ação. É esta sinestesia
que responde pela efetividade e eficácia da ação.
Implicação e compreensão, pré-reflexivo e pré-conceitual, este
modo de devirmos, e de conhecer, é absolutamente incomensurável
com o conhecimento, reflexivo e conceitual, do sujeito: a explicação.
Em particular porque o conhecer sensível e criativo, poiético,
que é a implicação e a compreensão inerente à ação, inerente ao
ator, tem suas características e critérios próprios.
Além de ser pré-reflexivo (está fora da dicotomia sujeito-
objeto), e pré-conceitual, está fora da dicotomia causa e efeito, não é
causal; está fora da utilidade, não é da ordem do modo de sermos
dos úteis, das utilidades, e dos usos; está fora do modo de sermos da
realidade, porque é da ordem do modo de sermos da vivência da
possibilidade (O modo de sermos de vivência da realidade é o modo
acontecido de sermos. O modo de sermos da vivência do
desdobramento de possibilidades, o modo de sermos da ação, é o
modo de sermos do acontecer).
À sinestesia, sinestesiologia, compreensiva e pré-compreensiva,
da vivência do desdobramento de possibilidades, da ação, no âmbito
destas características do modo pré-reflexivo e pré-conceitual de
sermos, deve à implicação e à compreensão as suas características
enquanto modo ontológico de sermos da ação, modo particular e
sensível de conhecermos.
A metaforização é a sua mais pura e sinestésica,
sinestesiológica, expressão.
192
dançarinos, e, melhor, ainda: sabei aguentar-vos sobre a
cabeça.
(...)
Mais vale ainda ser louco de felicidade do que louco de
infelicidade, mais vale dançar pesadamente do que
arrastar a perna. Aprendei, portanto, comigo, a minha
sabedoria: mesmo a pior das coisas tem dois lados bons.
Mesmo a pior das coisas tem boas pernas para dançar:
aprendei, portanto, vós próprios, homens superiores, a
manter-vos direitos sobre as vossas pernas!
Esquecei, portanto, a melancolia e toda a tristeza do
populacho!
(...) E que por nós seja considerado perdido o dia em que
não dançamos! E que por nós seja considerada falsa a
verdade que não é acompanhada por uma risada!
(F. Nietzsche. Zaratustra).
193
sujeito voluntário, mas que é permeável à experimentação de um eu
dialógico, na momentaneidade instantânea de sua duração e
performance.
Na cinestésica de sua sinestesia, sinestesiológica, a musculação
guarda todas as características e condições da ação. As
características de moção fenomenológica existencial, de emoção, de
cognição implicativa e compreensiva, de motivação, criação, de
superação, e de regeneração.
E guarda, em especial, as condições de possibilidade da ação,
do modo pré-reflexivo e pré-conceitual de sermos.
Assim, em primeiríssimo lugar, as de dar-se, em sua
momentaneidade instantânea, como a atualização de possibilidades
no modo pré-reflexivo e pré-conceitual de sermos. Como implicação
compreensiva, fenomenológica existencial e dialógica, compreensiva,
implicativa, gestaltificativa. A sua condição não teorética. A sua
condição de dar-se, no episódio de sua duração, no modo não causal
de sermos. De ser desproposital. Não útil e não pragmática. E a
condição de não ser, na duração de sua momentaneidade
instantânea, da ordem da realidade; mas da específica ordem da
atualização de possibilidades, sinérgica e sinestesiologicamente
musculativas. Musculativas, e compreensivas.
SINESTESIA SINESTESIOLÓGICA E SINERGIA DA
COGNIÇÃO/MUSCULAÇÃO COMPREENSIVAS.
SINESTESIOLOGIA E SINERGIA DA AÇÃO
A ação pode dar-se predominantemente como cognição,
compreensiva. E aí a ação é meramente cognitiva.
Ou pode dar-se como musculativa.
Esta distinção é meramente didática. Porque toda ação,
meramente cognitiva, ou cognitiva e musculativa, dá-se como
cognição compreensiva.
A cognição da ação prolonga-se e prolonga na musculaidade
gestual a sua explicitação. É compreensiva a muscularidade, a
musculação, do gesto.
Mas as possibilidades da gestualidade muscular têm as
qualidades de um tu particular, na dialógica da ação. Da mesma
forma que dão-se com um outro tu, na mesma dialógica, as
possibilidades meramente cognitivas da ação.
A gestualidade musculativa, e as possibilidades cognitivas da
ação dão-se, ambas, e encontram-se, na implicação, e na
compreensão. Como implicação e compreensão meramente cognitiva,
e implicação cognitiva e muscular. Ou muscular e cognitiva.
O importante é que, dialógicas – ontológicas, e
fenomenológicas --, as possibilidades, quer sejam compreensão
meramente cognitiva, ou compreensão cognitiva e musculativa têm a
condição da alteridade de um tu. Através da qual a ação, como devir
do inédito, pode dar-se como dialógica.
194
Efetivamente, na duração da sinestesia dialógica da ação,
cognição pré-reflexiva, e muscularidade compreensiva, igualmente
pré-reflexiva, fenomenológico existencial, e dialógico, compreensivo,
implicativo, gestaltificativo...
AVALIAÇÃO DA AÇÃO
Por suas próprias características implicativas, a ação e a sua
avaliação podem ser comunicadas dialogicamente, o que quer dizer,
compreensiva e implicativamente, mas a ação e sua avaliação são
refratárias à objetividade, ou subjetividade, à explicação e à
avaliação explicativa. Constituindo-se sempre a ação em sua
característica implicação e compreensão, em seu caráter de
acontecer, mais especificamente, como inovação e superação, e
criando, como tais, os critérios de avaliação.
Por suas características, a ação é pré-reflexiva, não se submete
à condição do sujeito ou do objeto, não é do âmbito da teorética.
O modo ontológico de sermos da ação não é da ordem da
causalidade. Nem da ordem da utilidade. Não é da ordem da
realidade.
De modo que, se a ação pode ser vista e avaliada partir destes
critérios da perspectiva ôntica explicativa, esta não pode
evidentemente ser o critério último de avaliação de suas motivações,
processsamento, e efeitos.
Refratária à perspectiva ôntica explicativa, a ação tem decisivos
determinantes ontológicos implicativos e compreensivos.
Não menos importante deles, a alegria – que levava Nietzsche a
designar o conhecimento que emana com a ação como gaya scienza
– a ciência alegre.
Que se contrapõe à ciência triste, que é a ciência explicativa.
que bane e opõe-se ao modo de sermos da alegria.
195
retorno das forças de vida, e da ação. As possibilidades. Força que
quanto mais vivida, mais se potencializa. Promovendo uma
superabundância de forças de vida, vivida como alegria, e como
saúde existencial.
196
Sinérgica, efetivamente a ação, não só mobiliza as suas forças,
as possibilidades, mas -- na homogeneização e concentração na
vivência pré-reflexiva, e pré-conceitual, que lhe é própria --,
otimamente mobiliza, e potencializa, na dialógica da implicação, a
dinâmica da organização perplexiva do desdobramento de
possibilidades.
Permitindo a otimização do desdobramento da ação, da
efetividade e eficácia da ação. Em seu caráter de moção existencial,
em seu caráter de emoção, de cognição compreensiva e implicativa --
sinestesiológica --, de motivação, de criação, de superação, e de
regeneração.
Esta sinergia sinestesiológica da efetividade e eficácia da ação
decorre da experimentação vivencial na dialógica da implicação --
constituinte do caráter estético da vivência pré-reflexiva, e pré-
conceitual. Vivência ontológica, fenomenológico existencial, própria
ao caráter estésico, à estesia, à estética da vivência pré-reflexiva.
Enquanto vivência de forças, as possibilidades.
Que, na implicação, se organizam como perplexidade.
O movimento e a dramática da perplexidade é a própria
sinestesesia, sinestética, sinestesiológico, da cinemática da ação.
Cinemática da compreensão e da musculação compreensivas --
sinestesiológica. Que configuram a ação, na dialógica da
experimentação fenomenológico existencial.
Ontológica, fenomenológica existencial e dialógica,
compreensiva, implicativa, gestaltificativa – enquanto o modo de
sermos do acontecer – a ação guarda, na momentaneidade
instantânea de sua duração, as condições fundamentais deste modo
de sermos.
Ou seja, de ser pré-reflexiva e pré-conceitual, ao modo de
sermos inspectativo do ator (e não do sujeito). De não ser teorética,
nem moralista, portanto. De não ser causal, e estar fora das
determinações de causa e feito. De não ser prática, nem pragmática;
já que configura o modo poiético de sermos, que está fora do modo
de sermos dos úteis, dos usos, e das utilidades. De não ser da ordem
do modo de sermos da realidade, mas de ser da ordem do modo de
sermos da experimentação da vivência do desdobramento de
possibilidades...
Da mesma forma que a ação guarda as características do modo
ontológico de sermos. O seu caráter de moção existencial, de
emoção, de cognição, motivação, de criação, superação, e de
regeneração.
A cognição que se desdobra na pontualidade do evento da ação,
é a compreensão implicativa. Que é a própria constituição do sentido
(logos) que deriva da organização implicativa do desdobramento de
multiplicidade de possibilidades, a sinestesia. De modo que, vivência
de constituição e desdobramento de sentido (de logos), a sinestesia é
197
sinestesiológica. O fenomenológico, o ontológico, o dialógico, é
sinestesiológico.
Critério para a vivência da efetividade e eficácia da ação, e para
sua avaliação.
198
26. CONCEITUAÇÃO. O TEMPO, O CONCEITO, E O
PRECONCEITO.
O conceito e o Tempo.
INTRODUÇÃO
É interessante considerar que, em específico, o conceito é coisa, acontecido. Um tipo de
excrescência, excretude, concrescência, concretude, explicativa, da duração da
momentaneidade instantânea de episódio da implicação. Explicação.
O conceito é ôntico, ente, objeto, explicação. Que não é presença nem atualidade.
CONCLUSÃO
O conceito, em suas características de acontecido, própria e especificamente deriva da
conceituação.
19
PIMENTA, Silvia Crítica do Conceito de Consciência na Filosofia de Nietzsche. Relume-Dumará.
199
ativa, fenomenológico insistensial, epistemológica, epistemogênica, epistemocoativa, assim
hermenêutica -- o próprio processo da hermenêutica, compreensiva e implicativa, formativa,
da unidade, da clareza, da objetividade do conceito.
Que é ôntico, explicativo (não implicativo), reflexivo, causal, útil, pragmático, e real...
200
A duração da instantaneidade momentânea do modo ontológico de sermos pode ser invadida
e interrompida disruptivamente pelas características do modo acontecido de sermos. Na
forma do comportamento proposital e deliberado. Invasão esta que precipita o processo da
vivência ontológica, precipitando disruptivamente o processo da conceituação.
Que assim prevalece, até o momento estético da estalação de sua instalação, pela poiética de
seu eterno retorno ao possível. Uma vez mais, o retorno da vivência da ação.
201
Ontológica, a vivência da conceituação é, propriamente, a vivência da duração da
temporalidade fenomenodialógica da ação, da implicação. O que quer dizer, a vivência
propriamente da temporalidade própria do desdobramento do possível, do desdobramento de
forças plásticas, criativas, as possibilidades, enquanto a instantaneidade momentânea da ação.
A vivência da hermenêutica, a hermenêutica da vivência da ação.
No sentido de que o seu tempo é o tempo inerte, a inércia, da coisa. O tempo crônico, o tempo
cronificado do acontecido, do passado...
202
DECAPITAÇÃO, DECEPAÇÃO, CONCEITUAL. E CONCEITO.
Desculpe esta primeira metáfora, mas é análogo a uma lepra seca. Na qual os dedos, os
membros, vão se desvitalizando, fenecendo, morrendo; até caírem...
E quão diverso da maravilha do órgão vivo, e funcional. Com a atividade de todos os seus vasos
vivos, até à micro capilaridade dos espaços do tecido intersticiais.
Como o ciclo diário do sol, no seu momento de intensidade máxima, o pulso da reiteração do
episódio da momentaneidade instantânea da ação é sucedido por um declínio. E, ao
declinarem, decaem, e fenecem, as forças que, como implicação, constituíram-se como a ação
– compreensiva, e musculativa. Na conceituação, em particular.
Resta o que, analogamente, seria o molde de plástico da árvore vascular. Com seus vasos e sua
rede vascular plastificados, acontecidos, mortos. Prestes a preciptarem-se numa inexorável
decapitação e decepação.
Na analogia, os eixos principais restantes são os conceitos. Em sua unidade e clareza individual
– desabilitados e desprovidos da multiplicidade da implicação. Efetivamente mortos,
acontecidos, tétricos em sua rigidez.
Instalação que permanece -- não como duração, mas como inércia --, até o momento em que a
estética estala a instalação da possibilidade na coisa conceito, no conceito coisa. E este
203
retorne, por seu turno, à abertura da momentaneidade instantânea da vivencia do
desdobramento da possibilidade. De modo que, mais uma vez possível, ele retorne
revoltosamente à ação, conceituação. À Implicação.
Não há, então, porque temer. Como prometido, a conceituação, inexorável e irreversível, no
conceito resulta.
Não obstante, cumpre considerar que, como ação, ontológica, em especfico, a conceituação,
implicação, é a vivência fenomenológica, dedicada e hermenêutica, de uma temporalidade
própria. Ontológica, e epistemologicamente, cumpre a consideração, e a dedicação, à
temporalidade própria à ontológica da conceituação.
Natural...
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DESTEMPÊRO. O TEMPO DA MISTURA, E A EXPLICATIVA
COMPORTAMENTAL DO PRECONCEITO.
PRECARIZAÇÃO DA ONTOLÓGICA INSISTENCIAL, DA
EPISTEMOLÓGICA COMPREENSIVA DA IMPLICAÇÃO. ... E DA
EPISTEMOLÓGICA
EXPLICATIVA.
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Como ocorre com o termo precipitação, são dois os sentidos do termo preconceito.
Não obstante, preciptado é o corte prematuro destas mesmas forças, ainda ativas. E que
naturalmente resulta não no conceito, em sua instalação de coisa. Mas na coisa preconcebida
que é o preconceito.
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INTRODUÇÃO
É interessante considerar que, em específico, o conceito é coisa, acontecido. Um tipo de
excrescência, excretude, concrescência, concretude, explicativa, da duração da
momentaneidade instantânea de episódio da implicação. Explicação.
O conceito é ôntico, ente, objeto, explicação. Que não é presença nem atualidade.
CONCLUSÃO
O conceito, em suas características de acontecido, própria e especificamente deriva da
conceituação.
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PIMENTA, Silvia Crítica do Conceito de Consciência na Filosofia de Nietzsche. Relume-Dumará.
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grandes eixos da formação apuriativa da conceituação. A unidade, a clareza ônticas do
conceito.
Que é ôntico, explicativo (não implicativo), reflexivo, causal, útil, pragmático, e real...
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Na conceituação, a epistemologia ontológica compreensiva e implicativa, fenomenológico
insistensial e dialógica; e, efetivamente, a própria epistemologia explicativa dependem de um
respeito à, e uma dedicação à, um usufruto, da duração da momentaneidade instantânea da
temporalidade da vivência ontológica. Fenomenológico insistensial e dialógica, compreensiva,
implicativa, gestaltificativa.
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BIBLIOGRAFIA
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1
Vera Cury trabalhou esta última temática em sua tese de Doutoramento.