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PROPÓSITO
Compreender aspectos morfofuncionais do sistema linfático e seus constituintes, ação
fundamental para o profissional da área de saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
O sistema linfático funciona como uma rede de tecidos, órgãos e vasos que ajudam a manter o
equilíbrio de fluidos corporais, a eliminar as substâncias estranhas desses fluidos e a gerar
células imunológicas que atuam na defesa do organismo.
Este conteúdo visa discutir a anatomia do sistema linfático – cuja estrutura e função estão
intimamente ligadas ao sistema imunológico – e o seu papel na recuperação de fluidos e
imunidade. Serão abordados aspectos gerais do sistema linfático, como suas funções e seus
principais componentes celulares, além dos órgãos primários e secundários presentes nele.
MÓDULO 1
O sistema do corpo responsável tanto pela imunidade adaptativa quanto por alguns aspectos
da imunidade inata é o sistema linfático, que está intimamente ligado ao sistema cardiovascular
e funciona em conjunto com o sistema digestivo na absorção de alimentos gordurosos.
A relação do sistema linfático com o sistema vascular.
LINFA
O fluido que o sistema coleta dos espaços intersticiais dos tecidos e retorna à corrente
sanguínea.
VASOS LINFÁTICOS
Transportam a linfa.
O sistema linfático é responsável por diversas funções. Observe um breve estudo sobre cada
uma delas:
RECUPERAÇÃO DE FLUIDOS
O fluido é filtrado continuamente dos capilares sanguíneos nos espaços entre os tecidos
(intersticiais). Os capilares sanguíneos reabsorvem cerca de 85% dele, mas os 15% que não
são absorvidos pelos capilares equivalem, ao longo de um dia, de 2 a 4L de água e de um
quarto a metade das proteínas plasmáticas. Um indivíduo morreria de falha circulatória em
poucas horas se essa água e essas proteínas não voltassem à corrente sanguínea. Uma tarefa
do sistema linfático é reabsorver esse excesso e devolvê-lo ao sangue. Qualquer distúrbio na
drenagem linfática pode fazer com que os tecidos inchem com o excesso de fluido, condição
conhecida como edema.
Foto: Shutterstock.com
Edema de membros inferiores.
IMUNIDADE
À medida que o sistema linfático recupera o excesso de fluido do tecido, ele também coleta
células estranhas e substâncias químicas dos tecidos. Algumas dessas células são patógenas,
microrganismos com potencial para causar doenças. Em seu caminho de volta à corrente
sanguínea, esse fluido passa pelos linfonodos, que atuam como filtros onde as células
imunológicas ficam de guarda contra patógenos e ativam respostas imunológicas protetoras.
ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS
No intestino delgado, os vasos linfáticos especiais, chamados de vasos lácteos, absorvem os
lipídios dos alimentos que não foram absorvidos pelos capilares sanguíneos intestinais.
EXEMPLO
Após uma refeição, por exemplo, a linfa que drena o intestino delgado tem uma aparência
leitosa devido ao seu alto teor de lipídios. Essa linfa intestinal é chamada de quilo.
A linfa que sai dos linfonodos – o principal suprimento de linfócitos para a corrente sanguínea –
contém muitos linfócitos. A linfa também pode conter macrófagos, hormônios, bactérias, vírus,
detritos celulares e até células cancerígenas itinerantes. A linfa corre por meio de um sistema
de canais, denominados vasos linfáticos, semelhantes aos vasos venosos. Eles começam
com capilares linfáticos microscópicos – também chamados de linfáticos terminais –, que
penetram quase todos os tecidos do corpo, mas estão ausentes na cartilagem, no osso, na
medula óssea e na córnea.
ATENÇÃO
Os vasos linfáticos terminais estão intimamente associados aos capilares sanguíneos, mas,
diferentemente, deles são fechados em uma das extremidades.
Ao contrário das células endoteliais dos capilares sanguíneos, as células endoteliais linfáticas
não são unidas por zonas de oclusão nem possuem uma lâmina basal contínua. Isso faz com
que as lacunas entre as células endoteliais sejam tão grandes que bactérias, linfócitos e outras
células e partículas maiores possam entrar com o fluido do tecido. Desse modo, a linfa que
chega a um linfonodo leva uma espécie de relatório sobre o estado de um tecido, de acordo
com o tipo e a quantidade de elementos que irão constituir a linfa.
Um capilar linfático e sua relação com os vasos sanguíneos.
Os vasos linfáticos maiores são semelhantes às veias em sua histologia. Eles têm uma túnica
interna com endotélio e válvulas, uma túnica média com fibras elásticas e músculo liso e uma
fina túnica externa. Suas paredes são mais finas, e suas válvulas estão mais próximas do que
as das veias.
Capilares linfáticos → Vasos coletores → Seis troncos linfáticos → Dois ductos coletores →
Veias subclávias/jugulares internas
Os capilares linfáticos convergem para formar vasos coletores. Cabe ressaltar que existem dois
sistemas de vasos, um sistema de vasos linfáticos superficiais e outro profundo. Os vasos
superficiais drenam a linfa para os vasos profundos.
Os vasos linfáticos profundos viajam ao lado de veias e artérias e compartilham uma bainha de
tecido conjuntivo comum com elas. Em intervalos irregulares, eles esvaziam nos linfonodos. A
linfa escorre lentamente pelo linfonodo, onde as bactérias são fagocitadas, e as células do
sistema imunológico monitoram o fluido em busca de antígenos. Ele deixa o outro lado do
linfonodo por meio de outro vaso coletor (eferente), que viaja e encontra outros linfonodos. Ou
seja, o vaso linfático eferente é responsável por levar linfa filtrada de um linfonodo para outro.
Por fim, os vasos coletores convergem para formar troncos linfáticos maiores, cada um dos
quais drena uma parte importante do corpo. Existem 11 troncos linfáticos, cujos nomes indicam
suas localizações e partes do corpo que drenam – um tronco intestinal solitário e pares de
troncos jugular, subclávio, broncomediastinal, intercostal e lombar. O tronco lombar drena não
apenas a região lombar, mas também os membros inferiores. A união dos troncos lombares
com o tronco intestinal forma uma estrutura anatômica denominada cisterna do quilo.
CISTERNA DO QUILO
A cisterna do quilo apresenta formas variáveis em 84% dos casos, dos quais ela pode se
apresentar fusiforme (37%), irregular (22%), sigmoide (11%), triangular (11%) arredondada ou
ovalada (3%). Topograficamente, está nivelada no eixo longitudinal do plano mediano e
apresenta os seguintes dados morfológicos:
a) Anterior à coluna vertebral, entre os níveis T11 e L3, com maior frequência no nível da 1ª e
2ª vértebras lombares (77%).
d) Altura varia entre 9mm e 43mm (média de 17mm), largura entre 5mm e 21mm (média de
9,3mm).
O ducto linfático direito se forma através da união dos troncos jugular, subclávio e
broncomediastinal do lado direito da cavidade torácica. Esse ducto recebe drenagem linfática
do membro superior direito e do lado direito do tórax e da cabeça. Desemboca na veia
subclávia direita.
O ducto torácico, à esquerda, é maior e mais longo. Ele começa logo abaixo do diafragma,
anterior à coluna vertebral, no nível da segunda vértebra lombar. Aqui, os dois troncos
lombares e o tronco intestinal se unem e formam a cisterna do quilo. Torna-se ducto torácico
depois de passar pelo diafragma.
Ao subir, em conjunto com a aorta e de forma adjacente à coluna vertebral, o ducto torácico
recebe linfa adicional dos troncos broncomediastinal esquerdo, subclávio esquerdo e jugular
esquerdo, e então deságua na união da veia subclávia esquerda com a veia jugular interna
esquerda (ângulo venoso de Pirogoff). Coletivamente, esse ducto drena todo o corpo abaixo do
diafragma, o membro superior esquerdo e o lado esquerdo da cabeça, pescoço e tórax.
Os tecidos linfáticos são compostos por uma variedade de linfócitos e outras células com vários
papéis na defesa e na imunidade. As células linfáticas podem ser agrupadas em seis tipos
diferentes. A seguir veremos cada uma delas.
CÉLULAS NK
São linfócitos grandes, cujo nome deriva do termo em inglês Natural Killer , ou seja,
“exterminadora natural”. Esses linfócitos atacam primariamente bactérias, células
transplantadas e células do próprio hospedeiro que se tornaram infectadas ou cancerígenas.
Estão em constante “patrulha” na busca dessas células anormais e são, portanto, células de
defesa primária contra o câncer.
São assim chamados porque desenvolvem por um tempo no timo e depois dependem dos
hormônios tímicos para regular a sua atividade. O T significa dependente do timo. Existem
quatro subclasses de células T: as células T citotóxicas, as células T “helper”, as células T
regulatórias e as células T de memória, cada uma com uma função específica.
LINFÓCITOS B
Diferenciam-se em células plasmáticas, que são células do tecido conjuntivo que secretam
proteínas defensivas chamadas de anticorpos. Os linfócitos B foram assim nomeados pois
foram encontrados em um órgão presente exclusivamente nas aves (a Bursa de Fabricius), que
possui estrutura semelhante à do timo. Os linfócitos B vão para a medula óssea, um tecido
linfoide primário, para amadurecer. Algumas células B tornam-se células B de memória em vez
de células plasmáticas, funcionando de forma similar aos linfócitos T de memória para conferir
imunidade duradoura.
MACRÓFAGOS
CÉLULAS DENDRÍTICAS
São leucócitos (células de linhagem branca) que apresentam estruturas semelhantes aos
galhos de uma árvore. Podem ser encontradas na epiderme, nas membranas mucosas e nos
órgãos linfáticos.
CÉLULAS RETICULARES
São células estacionárias que contribuem para o estroma dos órgãos linfáticos e atuam como
APCs no timo. Não devemos confundir as células reticulares do sistema linfático com as
fibras reticulares, que são finas fibras de colágeno.
Os tecidos linfáticos podem ser considerados agregados de linfócitos nos tecidos conjuntivos
das membranas mucosas e de vários órgãos. A forma mais simples é o tecido linfático difuso,
no qual os linfócitos estão espalhados em vez de densamente agrupados. É particularmente
prevalente nas passagens do corpo que se abrem para meio externo.
EXEMPLO
MÓDULO 2
CLASSIFICAÇÃO
Os órgãos e tecidos linfáticos amplamente distribuídos são classificados, com base em suas
funções, em dois grupos: órgãos linfáticos primários e órgãos linfáticos secundários.
Os órgãos e os tecidos linfáticos secundários são os locais onde ocorrem a maioria das
respostas imunológicas. Eles incluem os linfonodos, o baço e os nódulos linfáticos (folículos).
O timo, os linfonodos e o baço são considerados órgãos, porque, diferentemente dos MALT,
cada um deles é circundado por uma cápsula de tecido conjuntivo.
Vimos anteriormente como o sistema linfático age e quais são suas principais células. Aqui,
iremos descrever anatomicamente os órgãos pertencentes ao sistema linfático – como medula
óssea vermelha; timo; baço; tonsilas; e linfonodos –, de modo que possamos correlacionar
suas funções.
Existem dois tipos de medula óssea: a amarela e a vermelha. A medula óssea amarela é
constituída por tecido adiposo e, portanto, não será descrita. A medula óssea vermelha está
envolvida na hematopoiese e na imunidade; portanto, é de nosso interesse.
A medula óssea vermelha é caracterizada por ser um material macio, pouco organizado e
altamente vascular, separado do tecido ósseo pelo endósteo do osso. Produz todas as classes
de elementos formados do sangue; sua cor vermelha vem da abundância de eritrócitos
(glóbulos vermelhos). Numerosas pequenas artérias entram no forame nutrício na superfície do
osso, penetram no osso e deságuam em grandes sinusoides na medula. Os sinusoides drenam
para uma veia longitudinal central que sai do osso pela mesma rota que as artérias entraram.
Os sinusoides, com 45µm a 80µm de largura, são revestidos por células endoteliais, como
outros vasos sanguíneos, e são circundados por tecido conjuntivo reticular. As células
reticulares secretam fatores estimuladores de colônias que induzem à formação de vários tipos
de leucócitos. Nos ossos longos dos membros, as células reticulares envelhecidas acumulam
gordura e se transformam em células adiposas, eventualmente, substituindo a medula óssea
vermelha por medula óssea amarela.
Algumas células formadas pela medula óssea vermelha.
Os espaços entre os sinusoides são ocupados por ilhas de células hematopoiéticas, compostas
por macrófagos e células sanguíneas em todos os estágios de desenvolvimento. Os
macrófagos destroem as células sanguíneas malformadas, e os núcleos são descartados pelos
eritrócitos em desenvolvimento. À medida que as células sanguíneas amadurecem, elas abrem
caminho através das células reticulares e endoteliais para entrar no seio nasal e fluir na
corrente sanguínea. As plaquetas também entram na corrente sanguínea dessa forma.
ATENÇÃO
Como já é sabido, a medula óssea vermelha fornece linfócitos que irão para órgãos-alvo para
amadurecerem.
TIMO
O timo, um órgão linfoide primário, está localizado na parte inferior do pescoço e na parte
anterior do mediastino superior. É uma glândula dividida em dois lobos. Situa-se posterior ao
manúbrio do esterno e se estende até o mediastino anterior, anteriormente ao pericárdio
fibroso.
Uma camada de tecido conjuntivo mantém os dois lobos próximos, mas uma cápsula de tecido
conjuntivo os divide. Extensões da cápsula, chamadas de trabéculas, penetram e dividem cada
lobo em lóbulos. Cada lóbulo tímico consiste em um córtex externo com coloração escura e
uma medula central de coloração mais clara. O córtex é composto por muitos linfócitos T e
células dendríticas dispersas, assim como células reticulares e macrófagos. Os linfócitos T
imaturos (células pré-T) migram da medula óssea vermelha para o córtex do timo, onde se
proliferam e começam a amadurecer.
Esquema mostrando a arquitetura interna do timo.
Células dendríticas, que são derivadas de monócitos, auxiliam no processo de maturação dos
linfócitos. Cada uma das
células reticulares especializadas tem vários processos longos que circundam e servem como
estrutura para até 50 linfócitos T. Essas células reticulares ajudam a “educar” as células pré-T
em um processo conhecido como seleção positiva. Além disso, eles produzem hormônios
tímicos que parecem auxiliar na maturação dos linfócitos T. Apenas cerca de 2% das células T
em desenvolvimento sobrevivem no córtex. As células restantes morrem por apoptose.
MONÓCITOS
Essas células são assim chamadas porque têm projeções longas e ramificadas que se
assemelham aos dendritos de um neurônio.
EXEMPLO
Em bebês, o timo tem uma massa de cerca de 70g. Após a puberdade, o tecido conjuntivo
adiposo e areolar começa a substituir o tecido tímico. Quando uma pessoa atinge a
maturidade, a porção funcional da glândula é reduzida consideravelmente; e na velhice, a
porção funcional pode pesar apenas 3g. Antes da atrofia do timo, ele povoa os órgãos e tecidos
linfáticos secundários com células T. No entanto, algumas células T continuam a proliferar no
timo ao longo da vida de um indivíduo, mas esse número diminui com a idade.
O rico suprimento arterial do timo é derivado principalmente dos ramos intercostais anteriores e
dos ramos mediastinais anteriores das artérias torácicas internas. As veias do timo terminam
nas veias braquiocefálica esquerda, torácica interna e tireoide inferior. Os vasos linfáticos do
timo terminam nos troncos paraesternal, braquiocefálico e traqueobrônquico.
BAÇO
O baço é um órgão de coloração geralmente púrpura e polpuda, de tamanho e forma
semelhantes ao punho de um indivíduo. É relativamente delicado e considerado o órgão
abdominal mais vulnerável em relação aos demais. O baço está localizado na parte
superolateral do quadrante superior esquerdo, mais especificamente no hipocôndrio esquerdo
do abdome, onde recebe parcialmente proteção das costelas inferiores.
Posição do baço dentro da cavidade abdominal.
O baço é um órgão móvel, embora normalmente não desça abaixo da região costal (costela);
ele repousa sobre a flexura cólica esquerda (no intestino), também conhecida como flexura
esplênica, dada sua relação com o baço. Ele está associado posteriormente com a nona até a
décima primeira costela esquerda e separado delas pelo diafragma e o recesso
costodiafragmático. No que tange à topografia do baço, ele mantém relações anteriores com o
estômago, relações posteriores com o diafragma, que o separa da pleura, do pulmão e das
costelas (nona até a décima primeira). Inferiormente ao baço, poderemos encontrar a flexura
esplênica do intestino e, medialmente, o baço mantém relação com o rim esquerdo.
O baço entra em contato com a parede posterior do estômago e está conectado à sua
curvatura maior pelo ligamento gastroesplênico e ao rim esquerdo pelo ligamento
esplenorrenal. Esses ligamentos, contendo vasos esplênicos, estão fixados no hilo do baço em
sua face medial. O hilo esplênico frequentemente está em contato com a cauda do pâncreas e
constitui o limite esquerdo da bolsa omental.
Como o maior dos órgãos linfáticos, o baço participa do sistema de defesa do corpo como um
local de proliferação de linfócitos (leucócitos) e de vigilância e resposta imunológica. No
período pré-natal, ele é um órgão hematopoiético, mas, após o nascimento, está envolvido,
principalmente, na identificação, remoção e destruição de eritrócitos gastos e plaquetas
degradadas e na reciclagem de ferro e hemoglobina.
VOCÊ SABIA
Para acomodar essas funções, o baço possui uma massa vascular (sinusoidal) macia com uma
cápsula fibroelástica relativamente delicada. A cápsula fina é coberta por uma camada de
peritônio visceral que circunda inteiramente o baço, exceto no hilo esplênico, onde os ramos
esplênicos da artéria e as veias esplênicas entram e saem. Consequentemente, é capaz de
expansão acentuada e algumas contrações relativamente rápidas.
VOCÊ SABIA
Como já vimos, o baço possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso que o envolve. A porção
interna da cápsula emite trabéculas que se estendem para dentro do parênquima esplênico. A
cápsula, em conjunto com as trabéculas, as fibras reticulares e os fibroblastos constituem o
estroma do baço. Já o parênquima do baço consiste em dois tipos diferentes de tecido,
chamados de polpa branca e de polpa vermelha.
A polpa branca é formada por tecido linfático majoritariamente composto por linfócitos e
macrófagos dispostos em torno de ramos da artéria esplênica, denominados artérias centrais.
A polpa vermelha consiste em seios
venosos cheios de sangue e verdadeiros cordões de tecido esplênico chamados de cordões
esplênicos. Os cordões esplênicos consistem em glóbulos vermelhos, macrófagos, linfócitos,
células plasmáticas e granulócitos. As veias estão intimamente associadas à polpa vermelha.
O suprimento arterial do baço provém da artéria esplênica, o maior ramo do tronco celíaco.
Esse vaso segue um curso tortuoso, posteriormente à bolsa omental, anteriormente ao rim
esquerdo e ao longo da borda superior do pâncreas. Entre as camadas do ligamento
esplenorrenal, a artéria esplênica se divide em cinco ou mais ramos que entram no hilo.
A drenagem venosa do baço se dá através da veia esplênica, que é formada por várias
tributárias que emergem do hilo. Recebe a veia mesentérica inferior durante sua trajetória e em
seguida se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta hepática.
Os vasos linfáticos do baço deixam os nódulos linfáticos no hilo esplênico e passam ao longo
dos vasos esplênicos para os linfonodos pancreático-esplênicos, que, por sua vez, drenam linfa
para os linfonodos celíacos.
A remoção do baço é necessária, para prevenir a morte por sangramento; e outras estruturas,
particularmente a medula óssea vermelha e o fígado, podem assumir algumas funções
normalmente desempenhadas por ele. As funções imunológicas, no entanto, diminuem na
ausência de um baço, o que coloca o paciente em maior risco de sepse devido à perda das
funções de filtragem e de fagocitose do baço.
SEPSE
O baço geralmente não é palpável no adulto. Se sua borda inferior puder ser detectada ao
palpar abaixo do rebordo costal esquerdo no final da inspiração, ela está cerca de três vezes
maior que seu tamanho “normal”. Caso haja esplenomegalia, o hipocôndrio esquerdo fica
preenchido, deixa de apresentar timbre timpânico e passa a maciço ao exame de percussão.
Esse espaço anatômico (semilunar de Traube) tem forma de lua crescente, circundado pela
margem inferior do pulmão esquerdo, a margem anterior do baço, o rebordo costal esquerdo e
a margem inferior do lobo esquerdo do fígado.
De modo geral, esse espaço tem largura de 12cm e altura de 9cm, projetando-se da 6ª à 9-10ª
costelas. A expressão “Traube Livre”, muito usada no cotidiano dos hospitais e por acadêmicos,
significa dizer que a percussão do espaço apresenta o timbre timpânico e que a loja de Traube
encontra-se “livre” de ocupação, conforme normal.
Na maioria dos indivíduos afetados, apenas um baço acessório está presente. Baços
acessórios são relativamente comuns, geralmente pequenos (aproximadamente 1cm de
diâmetro e variam de 0,2cm a 10cm) e podem se assemelhar a um linfonodo. A consciência da
possível presença de um baço acessório é importante porque, se não for removido durante
uma esplenectomia, os sintomas que indicam a sua remoção (por exemplo, anemia esplênica)
podem persistir.
TONSILAS
As tonsilas, conhecidas também como amígdalas, são agregados de tecido linfático
localizadas na entrada da faringe, onde protegem a região contra patógenos ingeridos e
inalados. Cada tonsila é coberta por um epitélio e possui fossas profundas chamadas de
criptas tonsilares, revestidas por nódulos linfáticos. As criptas geralmente contêm restos de
comida, leucócitos mortos, bactérias e produtos químicos antigênicos. Abaixo das criptas, as
tonsilas são parcialmente separadas do tecido conjuntivo subjacente por uma cápsula fibrosa
incompleta.
Uma única tonsila faríngea, conhecida como adenoide, na parede superior e posterior da
faringe, logo atrás da cavidade nasal.
Um par de tonsilas palatinas na margem posterior da cavidade oral, entre o arco palatoglosso e
palatofaríngeo,
Numerosas tonsilas linguais, cada uma com uma única cripta, concentradas em um remendo
de cada lado da raiz da língua.
Tonsilas tubárias, situadas perto do tórus tubário, uma reflexão da porção membranosa da tuba
auditiva, localizada na nasofaringe. Essas tonsilas, em conjunto, formam o chamado anel
linfático faríngeo (anel linfático de Waldeyer).
Já a adenoide, caso aumentada, pode se tornar quase do tamanho de uma bola de pingue-
pongue e bloquear completamente o fluxo de ar através das passagens nasais.
ATENÇÃO
Mesmo que a adenoide aumentada não seja substancial o suficiente para bloquear fisicamente
a parte posterior do nariz, ela pode obstruir o fluxo de ar o suficiente para que respirar pelo
nariz requeira uma quantidade desconfortável de trabalho, e a inalação ocorra pela boca
aberta. A adenoide aumentada também pode obstruir as vias aéreas nasais o suficiente para
afetar a voz, sem realmente interromper o fluxo de ar nasal por completo. Nessas situações,
ela é removida cirurgicamente.
Hipertrofia da adenoide.
LINFONODOS
Os linfonodos são os mais numerosos órgãos linfáticos: existem cerca de 600 linfonodos
espalhados ao longo do corpo, ao redor de vasos linfáticos. Os linfonodos possuem formato
de um grão de feijão e estão situados tanto superficialmente (na tela subcutânea) quanto
profundamente. Grandes grupos deles estão presentes perto das glândulas mamárias e nas
axilas e na virilha, porém há numerosos linfonodos ao redor de órgãos da cavidade abdominal
e pélvica.
VOCÊ SABIA
Os linfonodos, outrora chamados de gânglios linfáticos, possuem algo entre 1mm a 25mm de
comprimento e, assim como o timo e o baço, são revestidos por uma cápsula de tecido
conjuntivo denso que se projeta internamente por meio de trabéculas, dividindo o linfonodo em
compartimentos. Além disso, as trabéculas dão suporte e fornecem rotas para os vasos
sanguíneos.
O córtex possui uma porção externa e uma porção interna. Dentro do córtex externo
encontram-se aglomerados ovoides de células B, denominados nódulos linfáticos. Um nódulo
linfático consistindo principalmente de células B é chamado de nódulo linfático primário. A
maioria dos nódulos linfáticos no córtex externo são nódulos linfáticos secundários, que se
formam em resposta a um antígeno e são locais de formação de células plasmáticas e células
B de memória.
Em relação ao fluxo da linfa, ela chega ao linfonodo em apenas uma direção, através de vários
vasos linfáticos aferentes que penetram na superfície convexa do linfonodo. Os vasos
aferentes contêm válvulas que se abrem em direção ao centro do nódulo, direcionando a linfa
para dentro. Dentro do linfonodo, a linfa entra em uma série de canais irregulares que contêm
fibras reticulares ramificadas, linfócitos e macrófagos, denominados seios. Essa linfa percorre o
linfonodo até chegar à medula.
A partir daí, a linfa entra nos seios medulares, que drenam para um ou dois vasos linfáticos
eferentes, que são mais largos e em menor número do que os vasos linfáticos aferentes,
levando a linfa para fora de um linfonodo e, consequentemente, encontrando vasos linfáticos
aferentes de outro linfonodo, até essa linfa alcançar a circulação venosa.
Linfonodos da cabeça
OCCIPITAIS
AURICULARES
Aqui, temos dois grupos, os auriculares anteriores, que se dispõem anteriormente ao pavilhão
auricular; e os auriculares posteriores, que se situam posteriormente ao pavilhão auricular.
Recebem linfa da região temporal, parietal e orelha e conduzem-na para os linfonodos
cervicais.
PAROTÍDEOS
Formam dois grupos, um está inserido na massa da glândula parótida, enquanto o outro situa-
se na parede lateral da faringe. Drenam parte da face, região temporal, meato acústico, e
levam a linfa para linfonodos cervicais.
FACIAIS
FACIAIS PROFUNDOS
LINGUAIS
RETROFARÍNGEOS
Linfonodos do pescoço
SUBMANDIBULARES
CERVICAIS SUPERFICIAIS
CERVICAIS ANTERIORES
CERVICAIS PROFUNDOS
São os mais numerosos. Recebem a linfa dos linfonodos da cabeça e dos demais linfonodos
do pescoço. Formam uma verdadeira cadeia ao redor da bainha carotídea e situam-se,
portanto, lateralmente à traqueia e esôfago. Com frequência, um linfonodo infartado próximo ao
músculo digástrico pode ser palpado, durante inflamações de garganta. Os vasos eferentes
desses linfonodos formam o tronco jugular.
Já os linfonodos profundos são maiores e mais numerosos (em torno de 25) e estão situados
majoritariamente na axila, porém podem ser encontrados linfonodos durante a trajetória das
veias satélites.
Os linfonodos axilares estão divididos de acordo com a sua posição em relação à axila; e
portanto, podem ser divididos em laterais, peitorais, subescapulares, centrais e subclaviculares.
Os linfonodos da axila recebem linfa de todo o membro superior, assim como a mama e parte
da parede torácica e os vasos eferentes formam o tronco subclávio.
Alguns grupos de linfonodos do membro superior.
Linfonodos do tórax
ESTERNAIS
Situados nas extremidades anteriores dos espaços intercostais, ao lado da artéria torácica
interna. Recebem vasos linfáticos das mamas, de estruturas profundas da parede abdominal e
parte do fígado.
INTERCOSTAIS
Ocupam as partes posteriores dos espaços intercostais e mantêm relações com os vasos
intercostais. Recebem vasos da face posterolateral do tórax. Os vasos dos linfonodos
intercostais mais inferiores desembocam na cisterna no quilo ou no segmento inicial do ducto
torácico. Já os dos espaços intercostais superiores vão diretamente para o ducto torácico, do
lado esquerdo e os da direita no ducto linfático direito.
DIAFRAGMÁTICOS
Situam-se na face superior do diafragma.
MEDIASTINAIS POSTERIORES
Situados posteriormente, estão em relação com o esôfago e a aorta descendente. Recebem
linfa do esôfago, pericárdio e diafragma, assim como parte do fígado. Seus vasos eferentes na
maioria das vezes drenam para o ducto torácico ou para os linfonodos traqueobronquiais.
TRAQUEOBRONQUIAIS
Podem ser subdivididos em quatro grupos: os traqueais, laterais à traqueia; os bronquiais,
entre os brônquios; broncopulmonares, no hilo de cada pulmão; e pulmonares, situados no
parênquima pulmonar. Drenam os pulmões, coração, brônquios e parte da traqueia. Como visto
anteriormente, seus vasos eferentes se unem com os vasos eferentes dos linfonodos
mediastinais anteriores; formando, assim, os troncos broncomediastinais direito e esquerdo. Os
linfonodos traqueobronquiais são grandes e fibrosos devido à poeira e à poluição inaladas
constantemente.
Assim como no tórax, as cadeias de linfonodos podem ser divididas em parietais e viscerais.
ILÍACOS EXTERNOS
De oito a dez, encontram-se ao longo dos vasos ilíacos externos. Recebem linfa do membro
inferior, parede abdominal pênis, uretra, próstata, bexiga, útero e vagina.
ILÍACOS COMUNS
De quatro a seis, situados ao redor dos vasos ilíacos comuns. Recebem linfa dos vasos
eferentes dos linfonodos descritos anteriormente.
EPIGÁSTRICOS
CIRCUNFLEXOS ILÍACOS
Podem estar ausentes, mas, em geral, são de dois a quatro linfonodos situados na trajetória
dos vasos circunflexos ilíacos profundos.
Recebem linfa das vísceras pélvicas, períneo, glúteo e região posterior da coxa. Seus vasos
desembocam nos linfonodos ilíacos comuns, já descritos.
SACRAIS
Situam-se na face pélvica do sacro, ao redor das artérias sacrais laterais e artéria sacral
mediana.
AÓRTICOS LATERAIS
RETROAÓRTICOS
Recebem parte da linfa dos linfonodos aórticos laterais e seus vasos linfáticos eferentes
desaguam na cisterna do quilo.
ATENÇÃO
Cabe ressaltar que cada víscera do abdome também possui um grupo próprio de linfonodos,
que, em última instância, drenam para os linfonodos pré-aórticos. Esses linfonodos seguem a
vascularização da região e podem ser divididos em:
Gástricos
Hepáticos
Pancreaticoduodenais
Pancreático-esplênicos
Ileocólicos
Mesocólicos
Pararretais
LINFONODOS POPLÍTEOS
São em número de 6 a 10, imersos na gordura da fossa poplítea, esses linfonodos emitem
vasos eferentes que seguem ao longo dos vasos femorais para levar linfa para os linfonodos
inguinais.
LINFONODOS INGUINAIS
As metástases podem ocorrer por três maneiras: invasão direta das membranas serosas de
cavidades corporais, como o peritônio; propagação linfogênica; e propagação hematogênica.
Iremos discutir a respeito da disseminação por via linfática, que é a forma mais comum de
disseminação para carcinomas, os tipos mais comuns de cânceres.
Nesse meio de propagação, as células liberadas no local primário do câncer entram e viajam
através dos vasos linfáticos. As células transmitidas pela linfa são filtradas e aprisionadas pelos
nódulos linfáticos, que se tornam locais de câncer secundários. O padrão de envolvimento dos
linfonodos cancerosos segue as vias naturais da drenagem linfática. Dessa maneira, ao
remover um tumor potencialmente metastático, os cirurgiões podem classificar o grau de
disseminação do câncer ao remover e examinar os linfonodos adjacentes; ou seja, linfonodos
que recebem linfa de determinado órgão acometido pelo câncer.
Por isso, é importante que a drenagem linfática seja estudada. Torna-se fácil saber quais
linfonodos são mais suscetíveis de serem afetados quando um tumor é identificado em um
determinado local ou órgão e para ser capaz de determinar os locais prováveis de locais
primários de câncer (fontes de metástase) quando um nódulo aumentado é detectado. Os
nódulos cancerosos aumentam à medida que as células tumorais dentro deles aumentam; no
entanto, ao contrário dos nódulos infeccionados inchados, os nódulos cancerosos geralmente
não doem quando comprimidos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sistema linfático é essencial para a homeostase. Ele auxilia na filtração de fluidos e remove o
excesso de fluidos dos tecidos. Age, também, dando suporte ao sistema venoso de drenagem.
Estudamos que o sistema linfático tem papel importante na defesa do organismo contra
patógenos, corpos estranhos e tumores. Primeiramente, focamos mais os aspectos gerais do
sistema linfático e pudemos estudar o líquido que faz parte do sistema: a linfa, que corre
através de vasos linfáticos – os quais possuem estruturas semelhantes às veias. Vimos
também algumas das células de defesa do sistema linfático, como os diversos tipos de
linfócitos, macrófagos e células dendríticas.
Posteriormente, estudamos os órgãos que compõem o sistema linfático. Estes são divididos
em primários (timo e medula óssea vermelha) e secundários (baço e linfonodos, por exemplo).
Um órgão primário diz respeito ao local de secreção de células que se tornarão linfócitos,
enquanto um órgão secundário, em essência, é o local onde esses pré-linfócitos amadurecem
e são armazenados.
Por fim, descrevemos a distribuição das cadeias de linfonodos do corpo humano. Os linfonodos
tendem a se aglomerar em regiões específicas, gerando grupos de linfonodos que drenam a
linfa de um determinado órgão ou local.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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Churchill Livingstone, 2015.
GOSS, C. M. (ed.). Gray Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977.
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LATARJET, M.; LIARD, A. R. Anatomía Humana. 4. ed. Madrid: Editorial Medica Pan-
Americana, 2011.
MOORE, K. L.; DALLEY, I. I.; AGUR, A. M. R. Clinically oriented anatomy. 8. ed. Philadelphia:
Lippincott Williams & Wilkins, 2019.
NATALE, G.; BOCCI, G.; RIBATTI, D. Scholars and scientists in the history of the
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SALADIN, K. S. Human Anatomy. 5.th ed. New York: McGraw Hill, 2017.
TESTUT, L.; LATARJET, A. Tratado de Anatomía Humana. 9. ed. Barcelona: Salvat, 1958.
TORTORA, G. J.;, DERRICKSON, B. Principles of Anatomy and Physiology. 14.th ed. New
Jersey: John Wiley & Sons, 2014.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados, pesquise:
O vídeo intitulado “The Lymphatic System Overview, Animation”. Há uma animação sobre
aspectos gerais do sistema linfático e sua função imunológica, assim como seu papel de
apoio ao sistema circulatório (no YouTube, em inglês, com legendas em inglês).
O artigo publicado por Natale, Boci e Ribatti (2017) “Scholars and scientists in the history
of the lymphatic system”, que traz uma revisão histórica a respeito do sistema linfático ao
longo das eras (na internet, em inglês).
CONTEUDISTA
Márcio Antônio Babinski
CURRÍCULO LATTES