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HISTÓRICAS
E RECENTES
Apoio:
Realização: PPG em Educação - UCS
Associação Nacional de Pesquisadores da História das Comunidades Teuto-brasileiras Instituto Superior de Educação Ivoti - ISEI
PPG em Ambiente e Desenvolvimento - Univates Instituto Histórico e Geográco do Vale do Taquari
Curso de História - Univates Instituto Histórico de São Leopoldo
Tiago Weizenmann
Rodrigo Luis dos Santos
Caroline von Mühlen
(Orgs.)
1ª Edição
Lajeado, 2017
Centro Universitário UNIVATES
Reitor: Prof. Me. Ney José Lazzari
Vice-Reitor e Presidente da Fuvates: Prof. Dr. Carlos Cândido da Silva Cyrne
Pró-Reitora de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação: Profa. Dra. Maria Madalena Dullius
Pró-Reitor de Ensino: Prof. Dr. Carlos Cândido da Silva Cyrne
Pró-Reitora de Desenvolvimento Institucional: Profa. Dra. Júlia Elisabete Barden
Pró-Reitor Administrativo: Prof. Me. Oto Roberto Moerschbaecher
Editora Univates
Coordenação e Revisão Final: Ivete Maria Hammes
Editoração e capa: Glauber Röhrig e Marlon Alceu Cristófoli
M636
654 p.
ISBN 978-85-8167-204-5
CDU: 314.7
Catalogação na publicação – Biblioteca da Univates
Contatos:
E-mail: anph.teutobrasileiras@gmail.com
Blog: <http://anphcomunidadesteutobrasileiras.blogspot.com.br>
Página no Facebook: Assoc. Nac. Pesquisadores da História das Comunidades
Teuto-Brasileiras
Tiago Weizenmann
ANPHCTB/Univates
7 PATRIMÔNIO CULTURAL
Introdução
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),
os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e
domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de
fazer além de celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais
ou lúdicas e os lugares onde esses saberes e manifestações ocorrem. A
Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ao ampliar a noção
de patrimônio cultural, passou a reconhecer a existência de bens culturais de
natureza material e imaterial, a fim de salvaguardar e assegurar a permanência
da memória de diversos saberes culturais que se manifestam nas comunidades
formadoras do povo brasileiro.
Assim, a manifestação cultural que ocorre na literatura como a literatura
de cordel também deve ser reconhecida como patrimônio de caráter imaterial.
De fato, em 2010, o Iphan recebeu o pedido de Registro da Literatura de Cordel
como patrimônio cultural de natureza imaterial – pedido este apresentado pela
Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC. Este pedido, conforme
publicado na página da assessoria de imprensa da Universidade Federal de
Campina Grande (UFCG), em 26 de abril de 2012, foi julgado pertinente pelo
Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan e pela Câmara de Patrimônio
Imaterial do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural para dar início ao
procedimento do registro junto ao Iphan.
O Patrimônio Cultural Imaterial é constantemente recriado pelas
comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a
natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade
como ocorre com essa manifestação literária – o cordel. Do mesmo modo, há
outra manifestação literária no Brasil desde primeira metade do século XX, que
é a composição do poema haicai, de origem japonesa, conhecido mundialmente
como estilo de poema mais curto que se tem conhecimento, cuja origem data
de mais de quinhentos anos. O presente trabalho pretende apresentar como
o poema haicai se manifestou no Brasil e o situá-lo como Patrimônio Cultural
Imaterial enquanto o saber fazer cultural de cunho literário.
Influência da cultura
No Brasil, ao decorrer do tempo, o haicai sofreu influências locais, teve
seus temas renovados, adquirindo novas identidades com elementos brasileiros
identificando os termos que referentes às estações do ano – que não podem
deixar de ser mencionadas no corpo do poema. Assim, em 1996, foi editado e
publicado o livro “Natureza – berço do haicai”, organizado por Masuda Goga
e Teruko Oda, contendo termos brasileiros para se referir às estações e uma
antologia de haicai para servir de guia para composição do poema (GOGA e
ODA, 1996, pp. 13-16). Os haicaístas brasileiros adquiriram a essência do
poema e têm se publicado os poemas realmente primorosos.
Por sua vez, os imigrantes japoneses, além de tê-lo como forma de
expressão poética, tornaram-no instrumento de identificação e de interação
social. As obras dos imigrantes, neste sentido, estão carregadas de memória,
identificando cada momento de vida desses imigrantes como objeto passível de
estudo historiográfico. Nelas, pode-se constatar a evolução dos temas dentro
do contexto histórico. Certamente, o primeiro haicai composto de Uetsuka
Hyôkotsu, no dia 18 de junho de 1908, ao aproximar-se do porto de Santos e
descrever a terra como cascata seca difere-se do haicai composto meio século
mais tarde por Sato Nenpuku – considerado um dos dez melhores haicaistas
do mundo em 1995 – como vemos a seguir:
Chove tão triste / Noite lá fora e eu aqui / Enchendo a cara (trad.:
Maurício de Arruda Mendonça)
Com o passar do tempo, pode-se perceber também a ocorrência de
simbiose da cultura nipônica com a brasileira, como surgimento de haicais
que passam a apresentar vários temas de natureza local. Os termos brasileiros
passam a aparecer com maior frequência ao longo dos anos, sem serem
traduzidos para o japonês, sobretudo nos termos que envolvem a vida do
cotidiano, com influência de sotaque nipônico. Por outro lado, a diversidade
Considerações finais
O conceito do Patrimônio Imaterial é claramente definido na Constituição
Brasileira de 1988, sendo como bens de natureza material e imaterial,
Referências:
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GOGA, H.; ODA, T. Introdução ao haicai. São Paulo: Grêmio Haicai Ipê, 2ª
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