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Imaginário épico

A partir do século XVI, os Descobrimentos portugueses tornaram-se uma das


principais fontes literárias em Portugal.

Efetivamente, a obra “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, é uma epopeia que


narra a coragem, a determinação e a glória dos feitos portugueses, num estilo
grandíloquo e eloquente, para captar a admiração, na medida em que apresenta uma
visão heroica do mundo, que tem como matéria épica a viagem de Vasco da Gama à
Índia e os feitos dos Portugueses.

Já Álvaro de Campos, na sua forma irreverente e indisciplinada, espelha o


sentir cosmopolita, vanguardista e citadino. Na verdade, é através do arrebatamento
do seu canto que a matéria épica surge: a civilização industrial da técnica, da força, da
violência e do excesso da vida urbana e moderna. Assim, o estado emocional
manifesta-se no canto exaltado, eufórico, febril, reflexo da agitação, do dinamismo, da
força, do rodar da máquina, símbolo do progresso. Grita a vontade de “sentir tudo de
todas as maneiras”, o desejo de identificação com o mundo exterior e exalta o
presente projetado no futuro.

Em «Mensagem», Pessoa apresenta o seu nacionalismo, assente no conceito de


pátria como nação, conjunto humano unido por instituições comuns, tradições
históricas e, principalmente, uma língua. Assim, para que a nação saia da apatia em
que se encontra, incapaz de agir coletivamente, olhando para o passado, o sujeito
poético incita à transformação, pretendendo o ressurgir de uma nação criadora da
civilização através do poder do sonho. Assim, plena de vigor patriótico, surgiu uma
missão, que seria cumprida através da escrita, com os olhos postos no futuro, dos
heróis passados de Portugal (exemplos da vontade de mudança e da capacidade de
ação), de modo a influenciar os portugueses, transformando-os e agentes de
construção de Portugal futuro.

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