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obrigatórios e a sua reprodução ocorre por montagem dos seus componentes individuais.
• Tamanho: 18 nm (Parvovírus) a 300 nm (Poxvírus)
→Apresentam uma estrutura particular que os opõe aos microrganismos clássicos de estrutura
celular procariota e eucariota, cada partícula viral possui um só tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA
(mas não ambos) e os vírus reproduzem-se unicamente a partir do seu material genético por
replicação do seu ácido nucleico.
Parasitismo absoluto: Não produzem energia ou proteínas de forma independente (sem uma célula).
Genomas podem ser de RNA ou DNA (mas não ambos). Podem ter uma cápside ou invólucro.
→São metabolicamente inertes e não mais do que moléculas de ácido nucleico e proteína quando
estão fora da célula.
Não têm capacidade para produzir energia ou substratos, não conseguem fazer as suas próprias
proteínas, não conseguem replicar o seu genoma de forma independente da célula do hospedeiro.
• Genoma de ácido nucleico empacotado numa camada proteica (cápside) que poderá estar Cápside: Estrutura proteica rígida capaz de aguentar condições ambientais severas que envolve o
rodeada por uma membrana contendo lípidos (invólucro). genoma. É montada a partir de proteínas e componentes com características químicas que encaixam
• A cápside ou proteínas ligadas a ácidos nucleicos podem associar-se ao genoma - uns nos outros.
nucleocápside, que pode consistir no virião ou estar rodeada por um invólucro.
Proteínas individuais → Subunidades → Protómeros → Capsómeros → Pro-cápside → Cápside
• Vírus nús com cápsides têm um exterior mais forte, sendo geralmente resistentes a
secagem, ácidos e detergentes. – Transmitidos via fecal-oral.
Vírus podem ser: Helicoidais, icosaédricas ou cúbicas e complexas.
Nota: nos vírus humanos, as nucleocápsides helicoidais têm sempre invólucro.
Invólucro: Membrana composta por lípidos, proteínas e glicoproteínas. Pode envolver nucleocápsides
com simetria icosaédrica ou helicoidal.
• Os vírus com invólucro têm de permanecer molhados e são geralmente transmitidos por
fluidos, gotículas respiratórias, sangue e tecido. – Maioria dos vírus com involucro não
resiste ao trato gastrointestinal.
O DNA pode ser de cadeia simples ou dupla, linear ou circular. A maioria dos vírus com invólucro são redondos ou pleomórficos.
O RNA pode ser de cadeia positiva (+, tal como o RNAm), cadeia negativa (-), cadeia dupla (+/-) ou O invólucro provém de sistemas membranares da célula hospedeira por evaginação ( “BUDDING” )
“ambisense” (contendo regiões + e – de RNA ligadas nas extremidades). da membrana citoplasmática, nuclear ou do retículo endoplasmático e complexo de Golgi.
• Alguns genomas de vírus RNA são segmentados – favorece recombinações genéticas → As proteínas do invólucro e da cápside são especificadas por genes virais e constituem a principal
entre os vírus, grande variabilidade genética e antigénica. especificidade antigénica dos viriões.
O Invólucro tem também um papel importante na entrada do vírus na célula hospedeira: Na ligação
ao recetor celular e na penetração (fusão) do vírus na célula
Glicoproteínas do invólucro:
Pode ser uma cápside ou um invólucro
• Para muitos virus isto pode ser observado como “Spikes” (espículas)
Permitem o empacotamento, proteção e são veículo de entrega durante a transmissão do vírus
entre hospedeiros e para a disseminação dentro do hospedeiro para as células alvo. • Algumas glicoproteínas atuam como VAPs (“viral attachment proteins”), sendo capazes de se ligar
a estruturas nas células alvo.
Viral attachement protein –VAP: medeia a interação do vírus com as células alvo.
• As VAPs que também se ligam a eritrócitos chamam-se hemaglutininas (HAs)
• Algumas glicoproteínas têm outras funções, tais como a neuraminidase (NA) dos ortomixovírus
(influenza), o recetor Fc e o recetor C3b associados a glicoproteínas do HSV, ou as glicoproteínas de 1. Reconhecimento
fusão dos paramixovírus 2. Adsorção
• Glicoproteínas, especialmente as VAPs, são também antigénios que causam imunidade protetora. 3. Penetração
4. Descorticação
• Todos os vírus RNA de cadeia negativa têm invólucro! 5. Transcrição
6. Síntese proteica
7. Replicação
8. Reunião
9. Lise e libertação
O período latente inclui o período de eclipse e termina com • Vírus diferentes podem partilhar o mesmo
a libertação de novos vírus. recetor.
A libertação do genoma da cápside ou invólucro durante a • Vírus que se ligam a receptores expressos
fase precoce elimina a infecciosidade e estrutura em tipos celulares específicos podem ser
identificável, iniciando o Período de Eclipse (que termina com restritos a certas espécies ou tipos celulares.
a produção de novos viriões).
• A especificidade da célula alvo define o
tropismo tecidular. (neurotrópico,
linfotrópico…)
Cada célula infetada pode produzir até 100.000 partículas virais, mas apenas 1% a 10% serão
infeciosas. As partículas não infeciosas (partículas defeituosas) resultam de mutações e erros na
produção e montagem do virião.
• Os virus “usam” este mecanismo para gerar mutantes que possam ter vantagens seletivas.
O mecanismo de internalização depende da estrutura do virião e tipo celular:
- Endocitose (viropexis)
- Fusão (com a membrana citoplasmática)
- Translocação
A ligação das VAPs (“virus attachment A maioria dos vírus sem invólucro entram nas células por ENDOCITOSE mediada por recetores
proteins”) ou estruturas na superfície da (VIROPEXIS).
cápside a recetores na célula determina
inicialmente que células são infetadas pelo vírus. Vírus com invólucro fundem as suas membranas com membranas celulares para entregar a
nucleocápside ou genoma diretamente no citoplasma (FUSÃO)
Alguns vírus icosaédricos sem invólucro parecem ser capazes de passar diretamente através da
VAPs nos vírus com invólucro: glicoproteína membrana citoplasmática (TRANSLOCAÇÃO).
Remoção da cápside ou invólucro com entrada do núcleo no local de replicação dentro da célula. Divide os vírus em 7 grupos, com base no modo de produção do RNAm:
→ O genoma de vírus DNA (exceto no caso dos poxvirus) tem de ser entregue ao núcleo enquanto • Grupos 1, 2, 6 e 7: O genoma é, ou é convertido em, DNA de cadeia dupla que depois é convertido
a maioria dos vírus RNA permanece no citoplasma. em RNAm.
A descorticação pode dar-se ao nível da membrana celular (poliovírus) ou ao nível do Citoplasma, ser • Grupos 3, 4 e 5: Genoma é, ou é convertido em, RNA de cadeia simples positiva (que corresponde
incompleta (rotavírus) e é sempre feita à custa de enzimas celulares (exceto nos poxvírus). ao RNAm).
Trato respiratório: → A inalação é provavelmente a via de infeção mais comum. Muitos vírus iniciam a infeção na
mucosa oral ou trato respiratório superior
• Vírus da gripe: liga-se à superfície das células epiteliais e consegue resistir ao muco rico
em ácido siálico (seu recetor) O vírus pode:
• Adenovírus • disseminar para outros tecidos pela corrente sanguínea (ou dentro de fagócitos ou
linfócitos mononucleares)
• Coronavírus
• disseminar através de neurónios
• Rinovíus
A corrente sanguínea e o sistema linfático são as vias principais de transferência viral no corpo
O transporte do vírus no sangue é denominado virémia
Citopatogénese
O vírus pode estar “livre” no plasma ou estar associado a linfócitos ou macrófagos
Célula não permissiva: Pode não ter um recetor, uma via enzimática importante ou um ativador
Vírus presentes em macrófagos fagocíticos podem ser inativados, replicar, ou ser transcricional, ou expressar um mecanismo antiviral que não permita a replicação de um tipo ou
entregues a outros tecidos. estirpe particular de um vírus
Replicação de um vírus em macrófagos, na cobertura endotelial de vasos sanguíneos, no Célula permissiva: Tem a maquinaria biosintética para suportar o ciclo replicativo completo do vírus
pulmão ou no fígado pode causar amplificação da infeção e iniciar o desenvolvimento de uma virémia
secundária. Em muitos casos, a virémia secundária precede a entrega do vírus ao tecido alvo (ex. Célula semi-permissiva: A replicação do vírus pode ser muito ineficiente ou a célula pode suportar
fígado, cérebro ou pele) e a manifestação de sintomas característicos. alguns, mas não todos os passos da replicação viral.
5 potenciais resultados de uma infeção viral celular:
1. Infeção falha (infeção abortiva)
2. Morte celular (infeção lítica)b
3. Replicação viral sem morte celular (infeção persistente)
Vírus podem ter acesso ao sistema
nervoso central ou cérebro a partir de: 4. Replicação viral sem morte celular mas com imortalização da célula (infeção
transformante, para vírus oncogénicos)
1. corrente sanguínea
5. Presença do vírus sem produção de vírus mas com potencial para reativação (infeção
2. meninges infetadas ou fluido latente recorrente)
cérebroespinal
Infeções Líticas: resultam de replicação viral que causa morte da célula alvo.
3. migração de macrófagos infetados
Alguns vírus danificam a célula e impedem a sua reparação por inibição de síntese de macromoléculas
4. infeção dos neurónios periféricos ou
celulares ou por produção de enzimas degradativas ou proteínas tóxicas.
sensoriais (olfato)
Infeção viral ou resposta imune citolítica pode induzir apoptose na célula infetada
A expressão na superfície celular de glicoproteínas de alguns vírus desencadeia a fusão de células
vizinhas em células gigantes multinucleadas = Sincícios
Algumas infeções virais causam lise da célula alvo ou alterações características na sua aparência e
propriedades = Efeito citopático (ECP)
Infeções Não Líticas: Infeções persistentes (ocorrem numa célula infetada que não é morta pelo Anticorpos são eficazes contra vírus no meio extracelular e podem ser suficientes para controlar
vírus) podem ser: vírus citolíticos (pois a fonte de novos viriões é eliminada com a lise da célula infetada) e são essenciais
para controlar a disseminação do vírus para tecidos-alvo por meio de virémia
1. Crónicas (não líticas mas produtivas)
A imunidade mediada por células é necessária para a destruição de células infetadas por vírus não
2. Latentes (sem síntese de novos vírus) citolíticos (p. ex. vírus da hepatite A) e infeções causadas por vírus com invólucro.
3. Recorrentes (períodos de latência seguidos de períodos de produção de vírus) Imunidade prévia pode não prevenir as fases iniciais da infeção mas, na maioria dos casos, previne
4. Transformadoras (imortalizadoras de células) – vírus oncogénicos a progressão da doença
Alguns vírus estabelecem infeções persistentes que podem também estimular Respostas imunológicas de memória podem ser geradas por infeção prévia ou vacinação.
crescimento celular descontrolado, causando transformação e imortalização celular.
Aproximadamente 15% dos cancros humanos podem ser relacionados com vírus
IMUNOPATOLOGIA: A hipersensibilidade e reações inflamatórias iniciadas pela imunidade antiviral
oncogénicos: Vírus DNA oncogénicos: HPV, EBV, HBV, KSHV ou HHV8
podem ser a maior causa de manifestações patológicas e sintomas de doença viral.
Vírus RNA oncogénicos: HTLV-1, HCV
As respostas iniciais ao vírus e à infeção viral (ex. interferão, citoquinas) podem iniciar
inflamação local e respostas sistémicas
Algumas infeções virais induzem uma enorme resposta de citoquinas (tempestade de
citoquinas), o que pode desencadear doenças autoimunes em indivíduos geneticamente predispostos
A resposta antiviral inata é ativada por células infetadas (ou contra células infetadas)
Posteriormente, complexos imunes e ativação do complemento (via clássica),
A resposta inicial é mais provavelmente mediada por interferão e citoquinas induzem sintomas hipersensibilidade do tipo IV induzida por células T CD4, e ação citolítica das células T CD8 podem
semelhantes a gripe induzir danos em tecidos
Os interferões do tipo I e as citoquinas iniciam a resposta e causam sintomas prodrómicos, seguidos Estas ações podem promover infiltração de neutrófilos e mais dano celular
de resposta imunológica específica de antigénios, doença específica de tecido e resolução.
A resposta inflamatória iniciada por imunidade mediada por células é difícil de controlar e
Após penetração das barreiras naturais à infeção, ocorre activação das defesas do hospedeiro não danifica tecidos
específicas de antigénio (resposta inata) numa tentativa de limitar e controlar a replicação viral local
Em particular, infeções causadas por vírus com invólucro, causam respostas imunes
e disseminação do vírus.
mediadas por células que normalmente produzem condições imunopatológicas mais extensas.
As respostas imunes específicas de antigénios levam vários dias para serem ativadas e se tornarem
Crianças normalmente têm uma resposta immune mediada por células menos ativa do que os adultos
efetivas - Resolver a infeção.
→ normalmente têm sintomas mais suaves durante infeções por alguns vírus.
Após infeção do hospedeiro, o estado imunitário do hospedeiro e a sua competência são Período de Incubação: Intervalo entre a exposição do hospedeiro suscetível a um agente biológico e
provavelmente os fatores principais que determinam se uma infeção viral causa uma doença mortal, o início dos sinais e sintomas clínicos da doença no hospedeiro
um final benigno ou se não causa sintomas.
O vírus está a replicar mas não atingiu o tecido alvo nem induziu dano suficiente para causar doença
Disseminação dos vírus:
- é relativamente curto se o sítio primário de infeção é o tecido-alvo e produz os sintomas
- Invasão local nas superfícies epiteliais (têm período de incubação curto; ex. HPV) característicos da doença
- Invasão subepitelial e disseminação linfática (pode causar disseminação pelo sangue = virémia) - é mais longo quando o vírus precisa se disseminar para outros sítios e ser amplificado
antes de atingir o tecido-alvo, ou quando os sintomas são causados por respostas
- Invasão da placenta e feto através do sangue (ex. vírus da rubéola, CMV)
imunopatológicas.
- Invasão de outros órgãos através do sangue (ex. músculo cardíaco no caso do vírus coxsackie B)
Período prodrómico: Período de tempo entre os primeiros sintomas de doença e o início dos sinais
- Invasão do SNC através do sangue (ex. vírus da raiva e HSV) ou sintomas com base no qual o diagnóstico pode ser efetuado
INFEÇÕES LOCALIZADAS: Sintomas clínicos generalizados e inespecíficos (febre, mal estar, dor de cabeça, anorexia).
- Vírus que replicam no trato respiratório (ex. vírus influenza A) são libertados em gotículas de A transmissão viral durante uma infeção assintomática (ex, HIV, VZV) ocorre sem conhecimento da
aerossóis (“aerosol droplets”) pessoa infetada e é difícil de controlar característica importante de doenças sexualmente
transmitidas.
- Vírus entéricos (ex. picornavírus e reovírus) são transmitidos por via fecal-oral
Vírus que causam infeções persistentes produtivas (ex. CMV, HIV) problema particular porque a
- CMV são transmitidos na maioria das secreções corporais pois infeta várias células de muitos pessoa infetada é uma fonte continua do vírus que pode ser transmitido a pessoas não imunes.
órgãos (pele, glândulas secretoras, pulmões, fígado, etc).
Vírus com muitos serótipos diferentes (rinovírus) ou vírus capazes de alterar a sua antigenicidade
Transmissão horizontal: infeção pós-natal (gripe e HIV) facilmente encontram populações não imunes (suscetíveis).
Transmissão vertical: Transmissão intra-uterina → Infeção congénita
Surtos de uma infeção viral resultam frequentemente da introdução de uma infeção viral (ex.
Transmissão perinatal (ocorre durante o parto, através de contacto com Hepatite A) num novo local.
secreções vaginais ou sangue contaminado)
Epidemias ocorrem numa área geográfica maior e geralmente resultam da introdução de uma nova
→ A presença ou ausência de um invólucro é o determinante estrutural mais determinante do estirpe do vírus numa população sem imunidade prévia.
modo de transmissão viral
Pandemias são epidemias mundiais, normalmente resultando da introdução de um vírus novo (ex.
HIV).
As vacinas clássicas podem ser subdivididas em dois grupos:
1- MEDIDAS PROFILÁTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Vacinas inativadas ou Vacinas vivas
•Boas práticas sanitárias, evitar a entrada na cadeia alimentar de água e alimentos contaminados
VACINAS INATIVADAS: imunização ocorre sem replicação do vírus no organismo
•Exclusão de dadores de sangue seropositivos para HBV,HCV,HIV,HTLV
INTEIRAS (não há infecciosidade, mas retêm imunogenicidade) - Feitas por purificação de
2-ADMINISTRAÇÃO DE IMUNOGLOBULINAS: Imunização passiva - Injeção de anticorpo purificado ou
preparações virais e depois inativação da infecciosidade viral de forma a causar danos
soro contendo anticorpo para fornecer proteção rápida e temporária ou tratamento de uma pessoa.
mínimos às proteínas estruturais do vírus.
3-VACINAÇÃO: Imunização ativa
➔ Geralmente estimulam o desenvolvimento de anticorpos circulantes , conferindo algum
4-TERAPÊUTICA ANTIVIRAL grau de resistência
SUBUNITÁRIAS (contêm pequenas frações do vírus)
CLONADAS (desenvolvidas por recombinação genética)
- As transcriptases reversas do HIV e HBV (também conhecidas como DNA polimerases dependentes Mal absorvido por via oral. Muito bem tolerado quando aplicado topicamente.
de RNA) , pois são essenciais para a replicação viral e são diferentes das enzimas celulares. → O trifosfato de penciclovir tem uma semi-vida intracelular maior nas células infetadas do que o
➔ Têm como alvo DNA polimerases virais aciclovir.
➔ Muito usados no tratamento de infeções herpéticas Fanciclovir: Pró-fármaco do PENCICLOVIR. Derivado do penciclovir para uso oral.
➔ Não têm atividade na infeção latente Ganciclovir: Análogo acíclico da guanosina. Só activo quando trifosforilado (ganciclovir trifosfato)
➔ Para máxima eficácia o tratamento deve ser iniciado muito cedo (quer na infeção primária MECANISMO DE ACÇÃO: Inibe competitivamente a DNA polimerase viral. Ao contrário do aciclovir, é
quer na recorrente) incorporado na cadeia de DNA em crescimento
Os análogos de nucleósidos inibem seletivamente as polimerases virais pois são menos rigorosas do Muito ativo contra o CMV. Baixa biodisponibilidade oral.
que as enzimas celulares do hospedeiro.
Valganciclovir: Pró-fármaco do ganciclovir. Usado no tratamento e prevenção de infeções por CMV
MECANISMO DE AÇÃO em imunocomprometidos
A) evitam o alongamento da cadeia (no caso de modificação no açúcar). Maior biodisponibilidade oral - Formulação oral
B) alteram o reconhecimento e o emparelhamento de bases (no caso de modificação na base) indução Cidofovir: Análogo de citidina contendo um fosfato ligado ao análogo do açúcar. Elimina a necessidade
de mutações inativantes. da fosforilação inicial por uma enzima viral sendo o desenvolvimento de resistências mais difícil
A) “Terminadores de cadeia” - NUCLEÓSIDOS CONTENDO MODIFICAÇÕES NO AÇÚCAR MECANISMO DE ACÇÃO: Substrato para as DNA polimerases ou transcriptases reversas virais e
possui um espectro expandido de vírus suscetíveis
Aciclovir: Análogo da guanosina, Ativo contra: HSV-1, HSV-2, VZV
Aprovado para infeções de CMV em doentes com SIDA.
Só ativo quando trifosforilado (aciclovir trifosfato)
Efeito restrito às células infetadas e toxicidade muito baixa. Baixa biodisponibidade oral.
Adefovir: Análogo da adenosina contendo um fosfato ligado ao análogo do açúcar. Aprovado para
tratamento contra o HBV.
MECANISMO DE AÇÃO: Inibe a DNA polimerase viral e serve de substrato à DNA polimerase
provocando uma paragem na síntese da cadeia de DNA viral (terminador de cadeia).
Existem alguns análogos de nucleósidos que inibem a transcritase reversa: B) “Fármacos antivirais que alteram o reconhecimento e o emparelhamento de
• Azidotimidina (zidovudina) - Retrovir® bases”- NUCLEÓSIDOS CONTENDO MODIFICAÇÕES NA BASE
• Didesoxinosine (didanosina) - Videx® O HIV e os vírus herpes têm polimerases que incorporam nucleótidos com velocidades rápidas e em
grande quantidade → particularmente suscetíveis a estes fármacos
• Estavudina (d4T) - Zerit®
Ribavirina:
• Lamivudina (3TC) - Epivir®
MECANISMO DE ACÇÃO MULTIPLO
MECANISMO DE AÇÃO: Servem de substrato à transcriptase reversa, competindo com os
nucleósidos trifosfatados naturais. Incorporam-se no DNA viral nascente, provocando uma paragem • Já mencionamos que inibe a RNA polimerase de alguns vírus inibição da síntese do RNA viral
na sua síntese. Agem como terminadores de cadeia (pois não têm grupo –OH na posição 3’).
• Diminuição do trifosfato de guanosina (GTP) na célula, essencial para síntese do RNA viral inibição
Zidovudina: Azidotimidina = AZT (Retrovir®). Desenvolvido originalmente como um fármaco de vários vírus RNA
antineoplásico - Foi a primeira terapia útil para a infeção por HIV • Diminuição da síntese do DNA
MECANISMO DE AÇÃO: Análogo de nucleosídeo da timidina, inibe a transcriptase reversa do HIV • Diminuição da síntese de proteínas virais: Inibe competitivamente a guanilação e metilação dos
O AZT deve ser fosforilado pelas enzimas das células do hospedeiro. Não tem o 3’-hidroxilo RNAm levando à acumulação de RNAm não traduzíveis e ao bloqueio da multiplicação viral (inibição do
necessário para o alongamento da cadeia de DNA e evita a síntese do DNA complementar eIF4E).
Seletividade antiviral devido à maior afinidade para a transcriptase reversa do HIV do que para a • Imunomodulação: Aumenta a resposta Th1 CD4 resultando num aumento da atividade de linfócitos
DNA polimerase celular humana. T citotóxicos e secreção de citocinas antivirais tais como o interferão-ɣ e TNF-α
Alta taxa de erros da polimerase do HIV cria mutações extensas e promove o desenvolvimento de Indicações terapêuticas (sempre em combinação com outros medicamentos): Hepatite C crónica,
estirpes resistentes → hoje sempre em associação com outros fármacos antiretrovíricos. febre hemorrágica viral, vírus respiratório sincicial, complicações por herpes simplex. Contraindicado
em gravidez.
Didesoxinosina, Didesoxicitidina, Estavudina e Lamivudina: outros análogos de nucleosídeos
aprovados como agentes anti-HIV Idoxuridina, Trifluorotimidina e Fluorouracilo: Análogos da timidina.
Tal como o AZT, a didesoxinosina, a didesoxicitidina e a estavudina (d4T) não possuem o grupo 3’- MECANISMO DE ACÇÃO: - inibem a biossíntese da timidina, ou substituem a timidina e incorporam-
hidroxilo. O açúcar modificado anexado à lamivudina também inibe a transcriptase reversa do HIV, se no DNA viral.
evitando o alongamento da cadeia do DNA e a replicação do HIV ➔ inibem a síntese do vírus ou causam erros extensos de leitura do genoma, resultando em
Fármacos disponíveis para o tratamento da SIDA em pacientes que não respondem à terapia com mutação e inativação do vírus.
AZT, ou podem ser administrados em combinação com o AZT. Fármacos que têm como alvo as células com intensa replicação de DNA, como as infetadas com HSV,
Lamivudina é também ativa contra a polimerase transcriptase reversa do HBV. e “poupam” as células que não estejam em crescimento.
INIBIDORES DA POLIMERASE DO TIPO NÃO NUCLEÓSIDOS SÍNTESE PROTEICA: fraco alvo
Foscarnet: Compostos simples que lembram um pirofosfato: Foscarnet (PFA) e Ácido Interferões do tipo 1 (IFNs) α e β: Promovem a inibição da síntese proteica numa célula
fosfonoacético (PAA) infetada por um vírus.
MECANISMO DE AÇÃO: São inibidores clássicos das polimerases dos vírus herpes. Inibem a replicação Boceprevir e telaprevir: São inibidores da proteáse para o tratamento de infeções por HCV
viral ao aderirem ao sítio de ligação do pirofosfato na DNA polimerase, bloqueando a ligação dos
nucleotídeos. Nota: Inibidores de proteáse inibem a modificação pós-tradução de proteínas (ex. proteólise de uma
poliproteína viral) ou o processamento de glicoproteínas, causando inibição da replicação viral
O PFA inibe a DNA polimerase de todos os herpes-vírus e a transcriptase reversa do HIV sem
precisar ser fosforilado por cinases de nucleosídeos. REUNIÃO E LIBERTAÇÃO
O PFA foi aprovado para o tratamento de retinite causada por CMV em doentes com SIDA. INIBIDORES DA PROTEÁSE DO HIV
Foscarnet não necessita de ativação (fosforilação) prévia pela timidina cinase ou outras cinases A protéase do HIV é única e essencial para a reunião dos viriões e produção de viriões infeciosos.
Catalisa a clivagem da poliproteína Gag Pol em proteínas estruturais e enzimáticas (entre elas a
→ permanece ativo contra mutantes de HSV deficientes em tirosina cinases e resistentes
própria proteáse, a transcritase reversa e a integrase) essenciais à replicação do HIV e à formação
ao aciclovir.
de partículas infeciosas
Nevirapina, Delavirdina e Efavirenz: Não requerem conversão intracelular para serem ativos
Saquinavir, Ritonavir e Indinavir: são inibidores da proteáse do HIV (navir, “no virus”)
MECANISMO DE AÇÃO: Inibidores não nucleósidos da transcriptase reversa (TR). Ligam-se como
Não requerem conversão intracelular para serem ativos. Inibem competitivamente o processamento
inibidores não competitivos da enzima, i.e. a locais da polimerases diferentes do local de ligação do
da poliproteína gag pol impedindo a formação de proteínas estruturais e funcionais.
substrato
Bloqueiam o local catalítico e ativo da proteáse do HIV
A Nevirapina foi o primeiro composto NÃO nucleosídico, inibidor da TR, a ser aprovado para tratar
a infeção pelo HIV. INIBIDORES DA NEURAMINIDASE DO VÍRUS DA GRIPE
INIBIDORES DA INTEGRASE A neuraminidase do vírus da gripe é essencial para prevenir agregação intracelular e na superfície
celular de glicoproteínas virais e permitir a sua incorporação no invólucro.
Raltegravir: É utilizado no tratamento de doentes que apresentam resistência aos outros
antiretrovirais. Zanamivir e Oseltamivir: Inibidores da neuraminidase viral. Análogos sintéticos do ácido siálico
MECANISMO DE AÇÃO: Inibe a integrase do HIV. A integração do cDNA do HIV no cromossoma do Competem para o local ativo da neuraminidase dos vírus influenza, onde se liga o ácido siálico
hospedeiro é catalizada pela enzima viral integrase e é essencial para a replicação do vírus.
Podem inibir tanto o vírus da gripe A como B (ao contrário da amantadina e rimantadina)
Aprovado para tratamento de doentes com HIV-1 (em associação com outros medicamentos
antiretrovíricos). Zanamivir: administração tópica
Oseltamivir: administração oral
ESTIMULADORES DAS RESPOSTAS IMUNES INATAS PROTETORAS DO HOSPEDEIRO
Imiquimod e Resiquimod: São imunomoduladores. Podem estimular as respostas inatas das células
dendríticas, macrófagos e outras células.
Imiquimod: potencia resposta imunológica ao HPV
Resiquimod: para tratamento tópico de herpes simplex
Os HPV provocam lesões proliferativas do epitélio, na maior parte dos casos benignas mas alguns podem estar associados ao desenvolvimento de cancro (HPVs de alto risco)
→São causa frequente de infeção aguda do trato respiratório mas também causam outro tipo de infeções. Vários adenovírus apresentam um potencial oncogénico em animais
mas não em humanos.
ESTRUTURA REPLICAÇÃO
Vírus com aproximadamente 150nm A transcrição do DNA envolve 3 fases:
• Vírus DNA, cadeia dupla •IMEDIATA. Proteínas precoces imediatas (α)
• Cápside com simetria icosaédrica. Presença de invólucro (contendo glicoproteínas) são •PRECOCE (DNA polimerase). Proteínas precoces (β)
sensíveis a ácidos, solventes, detergentes e ressecamento •TARDIA (proteínas estruturais). Proteínas tardias (γ)
• Codificam diversas glicoproteínas para adesão e fusão viral e para escapar ao controle O genoma viral é transcrito pela polimerase de ácido ribonucleico (RNA) DNA-dependente,
imunológico regulado por fatores nucleares celulares e também por fatores codificados pelo vírus. A
• Aderidas à capsíde e no espaço entre o invólucro e a cápside (tegumento) estão proteínas e interação desses fatores determina se ocorre uma infeção lítica ou latente
enzimas virais que auxiliam a iniciar a replicação A progressão para a expressão de genes tardios resulta na infeção lítica (morte celular)
HHV-8 ou KSHV foi identificado pela 1ª vez em 1994, numa lesão cutânea num indivíduo com SIDA
Membro da sub-família γ-herpesvirus; genoma DNA (cadeia dupla). Tem capacidade para escapar à resposta imunológica do hospedeiro e estabelecer infeção latente para toda a vida.
PATOGÉNESE EPIDEMIOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• A infeção pelo vírus KSHV é muito mais comum do que o Transmitido sexualmente, através de sangue e saliva. Para além de estar presente no Sarcoma de Kaposi, o genoma
Sarcoma de Kaposi Ao contrário dos outros herpesvírus o HHV-8 não tem uma viral do HHV8 também pode ser encontrado noutras doenças:
• A maior parte das pessoas infetadas com este vírus não distribuição ubiquitária - Linfoma de efusão primário
desenvolvem Sarcoma de Kaposi. Quem desenvolve tem um DNA HHV-8 encontrado em 100% das lesões de sarcoma de - Doença Multifocal de Castleman
sistema imune fraco, devido à infeção pelo HIV, transplante de Kaposi (incluindo doentes não infetados com HIV)
órgãos, idade avançada o outro. A seroprevalência de HHV-8 é baixa na população em geral
Para a progressão do tumor é também necessário existir um mas é elevada em homossexuais.
cofator: HIV é um dos cofatores identificados, a identidade dos É mantido sob controlo imunológico; só está associado a
cofatores em sarcomas de Kaposi não associados a HIV é problemas em situação de imunossupressão.
controversa SARCOMA: Clássico /Esporádico (maioria no mediterrâneo)
• Muitas pessoas infetadas com este vírus nunca vão ter Iatrogénico (imunossuprimidos). Endémico (África equatorial).
sintomas. Epidémico (relacionado com SIDA)
HHV-8 tem tropismo para células epiteliais e linfócitos B.
O HHV-8 codifica vários proto-oncogenes capazes de:
-Desregular o controlo do ciclo celular (v-cyc, vGPCR, vIRF, K1)
-Inibir a apoptose (vBcl-2, vFLIP)
-Controlar a diferenciação (vIL-6, vMIP-I, vMIP-II)
Vírus com Invólucro. Vírus de DNA linear de cadeia dupla que circulariza na forma de epissoma no núcleo das células infetadas
- Infecta cerca de 90% da população humana. Na maioria, de modo assintomático. A primo-infeção é tanto mais precoce quanto mais baixa forem as condições socio-económicas. Quando a
primo-infeção ocorre na adolescência desenvolve-se um quadro de mononucleose infeciosa em 50% dos casos. Tem sido associado a alguns cancros humanos.
EBV tem tropismo tecidual definido pela expressão celular do seu receptor: CD21 é expresso em células B e em algumas células epiteliais da orofaringe e da nasofaringe
PATOGÉNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Transmitido por via oral - Infecta células que expressam o recetor CD21: MONONUCLEOSE INFECIOSA: Doença SÍNDROME DE MONONUCLEOSE INFECIOSA:
Células epiteliais da oro- e da nasofaringe e Linfócitos B linfoproliferativa generalizada e transitória, em - Linfocitose (células mononucleares constituindo 60% a 70%
O Vírus na saliva inicia a infeção e dissemina para células B das tonsilas geral benigna, que atinge todo o tecido linfóide, da contagem de leucócitos, com 30% de
e células epiteliais. Promove o crescimento e imortalização das células particularmente as amígdalas, os gânglios e o baço. linfócitos atípicos)
B. Estabelece latência nas células B e é reativado. Associada a : Febre, Faringite exsudativa (angina), - Presença de linfócitos atípicos (= células blásticas com
Vírus penetra na orofaringe (multiplicando-se nas células epiteliais). Adenopatias cervicais, Astenia (fraqueza). 50% casos citoplasma hiperbasófilo) = “Células de Downey”
Infecta tecidos linfoides locais. – esplenomegalia moderada. 5% casos – icterícia. - Presença de anticorpos heterófilos e de anticorpos contra
O vírus presiste no organismo em Linfócitos B infetados contêm o Fequentemente sinais hepáticos. antígenos virais
genoma do EBV e exprimem novos antigénios virais à superfície e com ➔ EBV tem sido associado a alguns tumores - PCR para pesquisar o genoma viral
baixo grau de replicação em células da faringe. humanos. - Identificação por imunofluorescência de antígenos virais.
Células T e de memória→ importantes no controlo da infeção. LINFOMA DE BURKITT: Cancro do Sistema Linfático.
PROTEÍNAS VIRAIS DE LATÊNCIA: (LMPS) Pode ser endémico, esporádico ou associado ao HIV. Infeção aguda:
LMP-1: Oncogene viral, localiza-se na membrana celular e atua como É o cancro infantil mais comum na África equatorial, •IgG anti-VCA +
um homólogo do recetor TNF ativando várias vias de transdução de sinal tendo correlação direta com o desenvolvimento da •IgM anti-VCA +
(NF-κB, JNK/AP-1, p38/MAPK and JAK/STAT). Malária. •anti-EA +/-
-Essencial na transformação celular. Induz a expressão da proteína CARCINOMA NASOFARINGE: Prevalente no Sul China. •anti-EBNA -
anti-apoptótica, Bcl-2. Evita a indução de apoptose induzida pelo p53 e Fatores de Risco: Suscetibilidade genética, Agentes
ultrapassa a função do Rb. dietéticos, Agentes inalantes, Infeção por EBV. Infeção passada:
BALF1 – gene precoce (“early lytic”). Homólogo do Bcl2. Possivelmente •IgG anti-VCA +
pro-apoptótico •anti-EBNA +
BHRF1 – gene precoce (“early lytic”). Homólogo do Bcl2. Anti-apoptótico
NOTA: HIV, CMV, HHV-6, Toxoplasma gondii, provocam também
EPIDEMIOLOGIA um síndrome de mononucleose infeciosa
ESTRUTURA E REPLICAÇÃO
Sem involucro, cápside isocaédrica.
Genoma RNA positivo de fita simples.
Maioria são citolíticos.
Genoma codifica uma poliproteína, que é clivada proteoliticamente para produzir enzimas e proteínas estruturais do vírus.
Além das proteínas do capsídeo e VPg, os picornavírus codificam pelo menos duas protéases e uma RNA polimerase RNA-dependente.
Recetor: ICAM-1, membro das imunoglobulinas
VACINAS:
Vacina de pólio inativada (IPV) e vacina de pólio oral atenuada viva (OPV)
Principais inconvenientes da vacina viva são:
- O vírus vacinal pode infetar uma pessoa imunologicamente comprometida
- Existe uma possibilidade remota para o vírus reverter à sua forma virulenta e causar doença paralítica
Na ausência de poliovírus tipo selvagem, as novas recomendações (desde o ano 2000) indicam o uso da IPV para vacinação de rotina
PNV: IPV aos 2, 4 e 6 meses e depois aos 18 meses e aos 5 anos de idade.
POLIOMIELITE:
Poliomielite abortiva, a doença menor: Doença febril inespecífica ocorre em aproximadamente 5% das pessoas infetadas. Febre, dor de cabeça, mal-estar, dor de garganta e vómito
(dentro de 3 a 4 dias da exposição)
Poliomielite não paralítica ou meningite asséptica : Ocorre em 1% - 2% dos doentes. O vírus progride para o sistema nervoso central e as meninges, causando dor nas costas e espasmos
musculares.. Sinais clínicos de meningite asséptica são vulgares. O envolvimento das células do corno anterior leva à paralisia flácida. O envolvimento da medula pode levar à paralisia
respiratória e morte.
Pólio paralítica, a doença maior: Ocorre em 0,1-2% dos casos; é o resultado mais grave. Paralisia flácida assimétrica, sem perda sensitiva. Paralisia pode progredir e resultar em
recuperação completa, paralisia residual ou morte.
Síndrome pós-pólio: Sequela da poliomielite. Pode ocorrer muito mais tarde (30 a 40 anos mais tarde). Deterioração dos músculos originalmente afetados. O poliovírus não está
presente, admite-se que a síndrome resulte na perda de neurónios dos nervos inicialmente afetados
Doença de mãos-pés e boca: Exantema vesicular geralmente causado por coxsackievírus A16 mas outros enterovirus também detetados em surtos. Lesões vesiculares em mãos,
pés, boca e língua. Febre branda. Doença regride em poucos dias.
Pleurodinia (doença de Bornholm) ou “agarrão do diabo”: Causada normalmente pelo coxsackievírus B. Doença aguda; início súbito de febre e dor torácica baixa unilateral, dor
pleurítica que pode ser muito forte. Pode também causar dor abdominal e vómito. Os músculos no lado comprometido podem estar extremamente sensíveis à palpação. A pleurodinia
dura ~ 4 dias, mas pode recidivar.
Infeções miocárdicas e pericárdicas: Causadas normalmente por coxsackievírus B. Ocorrem esporadicamente em crianças mais velhas e adultos, mas mais ameaçadoras em recém-
nascidos. Alta mortalidade associada; autópsia revela tipicamente o comprometimento de outros sistemas de órgãos, incluindo cérebro, fígado e pâncreas. Pericardite aguda benigna
afeta adultos jovens, possível em pessoas mais velhas; sintomas semelhantes aos do infarto do miocárdio com febre.
Meningite viral (asséptica): Doença febril aguda acompanhada por cefaleia e sinais de irritação meníngea, incluindo rigidez de nuca. Podem ocorrer petéquias ou exantema.
Normalmente recuperam, a menos que seja associada com encefalite (meningoencefalite) ou ocorra em crianças com menos de 1 ano. Surtos de meningite por ecovírus 11 acontecem
a cada ano, no verão e no outono.
Conjuntivite hemorrágica aguda : Doença ocular extremamente contagiosa. A infeção causa hemorragias subconjuntivais e conjuntivite. Associada ao enterovírus 70 e uma variante
do coxsackievírus A24. Período de incubação: 24 horas; Resolve-se dentro de 1-2 semanas.
Doença disseminada grave no feto ou no bebé: Algumas estirpes de coxsackievírus B e ecovírus podem ser transmitidas ao feto por via transplacentária. Sintomas variam: doença
febril suave ou doença severa multi-sistémica fulminante e morte
Diabetes insulino-dependente: Infeções das células beta do pâncreas por coxsackievírus B. Podem causar destruição das ilhotas de Langerhans e diabetes Exantemas Rubeliformes:
Doença exantemática semelhante à rubéola coxsackie A, B, and echovirus Infeções Respiratórias: Vários enterovírus causam sintomas de constipação comum Doença febril
indiferenciada: Pode ser observada com todos os enterovírus
RNA (+) ss aproximadamente35–39 nm diâmetro Cápside icosaédrica. Sem invólucro.
A Família Caliciviridae contêm 5 géneros Pelos menos 6 novos géneros foram propostos
Sapovírus: Estrutura típica: “estrela de David” Norovírus: Morfologia atípica com superfície lisa SRSV= “small round structured vírus”
Associados primariamente a gastroenterite aguda em crianças <5 anos (sintomas menos severos que os causados pelos rotavírus e norovírus)
Estudos recentes têm descrito prevalências de 9%-13%
Também implicados em surtos epidémicos de gastroenterite
Existem 4 géneros da família Coronaviridae: Alfa, beta, gama e delta. Géneros Alfa e Beta atraem mais a atenção devido à sua capacidade de atravessar a barreira inter-espécies, de outros
animais para humanos, e emergirem como patogéneos humanos muito importantes.
Os vírus hCoV-HKU1, hCoV-OC43, hCoV-NL63 e hCoV-229E causam infeções assintomáticas ou doença suave do trato respiratório superior (ou gastrointestinais). Responsáveis por 5-30% das
constipações comuns (são a segunda causa mais prevalente dos resfriados comuns; o rinovírus é a primeira).
MAS existem 3 hCoVs altamente patogénicos e letais: SARS-CoV, MERSCoV e SARS-CoV-2. Reponsáveis por doença respiratória severa, por vezes fatal. Conseguem infetar o trato respiratório
inferior: causam danos pulmonares agudos/ síndrome respiratória aguda severa, chope séptico - alta taxa de mortalidade.
ESTRUTURA E REPLICAÇÃO PATOGÉNESE
80 a 160 nm de diâmetro. Com invólucro Infeta células epiteliais do trato respiratório superior. - Replica-se melhor 33-36º.
RNAss+, linear, 27-32 kb. Proteína de ligação viral E2, matriz E1 e nucleocápside N. Vírus é A reinfeção ocorre na presença de anticorpos do soro.
montado no retículo endoplasmático rugoso. A glicoproteína corona ajuda à sibrevivência no trato gastrointestinal.
Os coronavírus têm com os maiores genomas RNA que se conhecem.
Glicoproteínas na superfície do invólucro: projeções em forma de taco aparecem como um halo
(coroa) em torno do vírus.
Severe acute respiratory syndrome (SARS) - -afeção respiratória aguda potencialmente evolutiva para pneumonia grave, rapidamente progressiva e por vezes fatal.
- Contacto próximo pessoa-pessoa. Gotículas respiratórias produzidas quando a pessoa infetada tosse ou espirra, podem da boca, nariz e olhos das pessoas que se encontram próximas
- Através de objetos contaminados com gotículas infeciosas. Quando uma pessoa toca no superfície ou objeto contaminado e depois toca na sua boca, nariz ou olhos
- É possível que o vírus se transmita pelo ar (aerossóis ou “airborne spread”)
CLINÍCAS
Transmissão pessoa-a-pessoa é possível (mas apenas tem sido verificada em poucos casos, entre membros da mesma família e vivendo na mesma casa) e mais frequente em locais do
sistema de saúde
Maioria das pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2 vai ter doença respiratória suave a moderada, e vai recuperar sem necessitar de tratamento especial
Pessoas mais velhas, e as que têm problemas médicos subjacentes tais como doença cardiovascular, diabetes, doença respiratória crónica e cancro, têm mais probabilidade de desenvolver
doença séria.
Pessoa-a-pessoa por contacto próximo com pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2 (transmissão direta) Principalmente através de gotículas respiratórias libertadas pelo nariz ou boca de
pessoas infetadas, quando tossem ou espirram.
Contacto com superfícies e objetos contaminados (transmissão indireta). O vírus pode sobreviver em superfícies durante horas ou até dias Plástico ou metal: até 72h Cartão: até 24h
Aerossóis: até 3h
O risco de transmissão por SARS-CoV-2 a partir das fezes de uma pessoa infetada parece ser reduzido.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Deteção de RNA por RT-PCR quantitativo e Deteção de Antigénios virais (testes rápidos)
VACINAS:
ComiRNAty - Vacina BioNTech/Pfizer- mRNA em partículas lipídicas. AstraZeneca - Adenovírus de Chimpanzé que codifica a glicoproteína S (Spike) do vírus
Moderna – mRNA encapsulado em nanopartículas lipídicas SM-102 Janssen - Adenovirus type 26 encoding the SARS-CoV-2 spike glycoprotein
A família Paramyxoviridae está dividida em 2 subfamílias e 7 géneros (6 dos quais contêm patogéneos humanos).
Parainfluenza 1,3. Parotidite e parainfluenza 2, 4a, 4b. Sarampo. Hendra e Nipah. Vírus respiratório sincicial. Metapneumovírus.
GENERALIDADES
Paramixovírus são relativamente grandes (156-300 nm)
Genoma composto por RNA, de cadeia simples, sentido negativo. Contido numa nucleocápside helicoidal. Envolvido por um invólucro pleomórfico.
PROTEÍNA VIRAIS DE LIGAÇÃO: HN = hemaglutinina neuraminidase (vírus parainfluenza e parotidite), H = hemaglutinina (vírus sarampo), G = glicoproteína (vírus respiratório sincicial) e
PROTEÍNA DE FUSÃO (Glicoproteína F)
O vírus replica no citoplasma, penetram a célula através de fusão com a membrana e são libertados por evaginação. Induz a fusão da célula, formando células gigantes multinucleadas e
sincícios.
Trasmissão por secreções respiratórias e iniciam a infeção pelo trato respiratório. – Vírus antigenicamente estáveis.
Um dos cinco exantemas clássicos da infância - Programas de vacinação eficientes tornaram o sarampo uma doença rara em países desenvolvidos.
Normalmente causam sintomas brandos como os do resfriado mas também ocasionam doença grave do trato respiratório.
Tipos 1, 2 e 3: associados com laringotraqueobronquite Tipo 4: infeção benigna no trato respiratório superior. Causa importante de infeção do trato respiratório inferior em crianças jovens
e de infeção do trato respiratório superior em crianças mais velhas e adultos
PATOGÉNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Infetam as células epiteliais do trato respiratório superior, não causa virémia. Vírus parainfluenza 1, 2 e 3 - resfriado com infeção do trato respiratório superior (coriza =
Replica rapidamente e pode ocasionar a formação de células gigantes e lise celular infalamação mucosa nasal, faringite, bronquite, chiado e febre)
Em ̴25% dos casos, o vírus propaga-se até o trato respiratório inferior, e em 2% -3%, a doença Bronquiolite e pneumonia (+ frequente em idosos) - principalmente o hPIV3
assume a forma mais grave de laringotraqueobronquite. Laringotraqueobronquite ( “crupe”, com possível obstrução da via respiratória como
A reposta imunocelular causa dano celular mas confere proteção. consequência) - principalmente os hPIV 1 e 2
Transmitido pelo contato pessoa a pessoa por meio de gotículas respiratórias.
Infeções primárias normalmente ocorrem em bebés e crianças ˂ 5 anos. As reinfeções
acontecem por toda a vida
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Vírus cresce bem em culturas celulares primárias de rim de macaco Tratamento do crupe: nebulização fria ou quente e monitorização da via aérea superior
- A presença de células infetadas nos aspirados ou em cultura indicada pela observação de Entubação raramente necessária
sincícios e confirmada por imunofluorescência Não existe antiviral específico disponível
- Serótipo determinado por meio do uso de anticorpos específicos que bloqueiam a A vacinação com vacina de vírus atenuados não é eficaz
hemadsorção ou a hemaglutinação (inibição da hemaglutinação)
- Deteção e identificação dos vírus parainfluenza em secreções respiratórias: RT-PCR
Causa mais comum de infeção aguda fatal do trato respiratório inferior em bebés e crianças. Principal agente etiológico da bronquiolite infantil. Infeta praticamente todas as crianças ˂ 2
anos de idade. Surtos também podem ocorrer na população idosa, reinfeção é comum em todos os grupos etários.
PATOGÉNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Efeito patológico causado pela invasão direta do vírus no epitélio respiratório e pelo dano Em bébés: pode ocorrer bronquiolite. Pode ser fatal em bebés prematuros, pessoas com
celular provocado pela resposta imune. – não provoca virémia. histórico de doença pulmonar e imunocomprometidos.
A pneumonia resulta da disseminação citopatológica e a bronquiolite está mais relaxionada Em adultos: associada a doença suave do trato respiratório superior mas associado a infeção
com a resposta imune. severa (bronquiolite e pneumonia) em idosos e imunossuprimidos
Anticorpo materno não protege filho da infeção e a infeção natural não previne a reinfeção.
Vírus eliminado nas secreções respiratórias por muitos dias e altamente contagioso
Transmisão: aerossóis, mas também pelas mãos e por fómites. Incubação: 4 - 5 dias
hMPV é o 2º agente etiológico responsável por infeção respiratória na criança jovem. Vírus ubiquitário. Quase todas as crianças ˂ 5 anos já tiveram infeção e são seropositivas.
Infeções podem ser assintomáticas, causar resfriado comum ou causar bronquiolite aguda e pneumonia. Distribuição sazonal (Inverno e Primavera) maior incidência de doença em crianças
entre os 6-12 meses
Diagnóstico: RT-PCR Tratamento: medidas de suporte
Vírus zoonóticos
Quebra de barreira inter-espécies
Novo grupo altamente patogénico dos paramixovírus. O reservatório natural deste vírus é o morcego da fruta.
Vírus Nipah: Malásia 1998, Singapura 1999, através de contacto com porcos. Surto de Encefalite. Não se registou transmissão pessoa-pessoa
Vírus Hendra: Austrália 1994, através de contacto com cavalos. 2 Casos mortais de pneumonia intersticial e encefalite. Não se registou transmissão pessoapessoa
Somente os vírus A e B provocam doença humana significativa. Influenza C causa apenas doença respiratória suave. Influenza A é uma zoonose: vírus podem ser encontrado em
muitos animais diferentes (aves, porcos, cavalos, morcegos, focas e baleias). Vírus da gripe A atravessa bem a “barreira das espécies. Influenza B infeta apenas o Homem.
Endémico no Japão, Caraíbas, África Equatorial, América do Sul. Cada vez mais comum na Europa Ocidental e nos EUA (particularmente nos consumidores de drogas e homossexuais)
→A maior parte dos indivíduos infetados por HTLV-1 são portadores assintomáticos
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
- Leucemia ou linfoma da célula T adulta (ATL): Cerca de 1-3% de indivíduos infetados desenvolverão eventualmente esta leucemia agressiva.
Após um período assintomático, o doente pode desenvolver pré-ATL. 50% permanecem assintomáticos mas há uma expansão clonal de células T que podem ser alteradas morfologicamente
50% dos doentes com pré-ATL progridem para ATL crónica - lesões da pele (micoses fungóides) e altas contagens de leucócitos. Depois progridem para ATL aguda dentro de vários meses
e a sobrevivência é de meses.
A oncogénese do HTLV demora cerca de 20-30 anos: a infeção induz a transformação de uma população policlonal de linfócitos T, a transformação não corresponde à formação de tumor
(células transformadas mas não oncogénicas) e são necessários mais eventos (talvez anormalidades cromossómicas)
- Mielopatia associada a HTLV-1 (paraparésia espástica tropical (HAM / TSP) – doença neurológica degenerativa crónica, não oncogénica.
CAPACIDADE TRANSFORMADORA DO HTLV - O HTLV pode transformar os linfócitos T em cultura. Integra mas pensa-se que o HTLV-1 não tem um local de integração preferencial que possa
levar à ativação de genes nas células. Acredita-se que o vírus aumenta a proliferação das células T - Expansão da população de células T na qual um evento de malignidade pode ocorrer.
➔ PROTEÍNA TAX é importante para transformação celular – ativador transcricional capaz de trans-activar muitos genes e promotores celulares. Múltiplos efeitos em proteínas
reguladoras da mitose, apoptose e reparação do DNA
Hepatite viral é uma doença sistémica envolvendo primariamente o fígado. Doença clínica caracterizada por: febre, sintomas gastrointestinais tais como náusea e vómitos, e icterícia MAS
estes vírus são muito diferentes entre eles na estrutura, modo de replicação, modo de transmissão, tempo de duração da doença e sequelas
O vírus da hepatite A (HAV) e o vírus da hepatite B (HBV) são os vírus da “hepatite clássica” Os vírus da hepatite C, D e E são denominados de “vírus da hepatite não A, não B”(NANBH)
ESTRUTURA E REPLICAÇÃO
RNA circular, cadeia simples, polaridade +. Nucleocápside do antígeno delta. Invólucro contendo HBsAg
HDV (agente delta) responsável por 40% dos casos de infeções de hepatite fulminante
Diferente dos outros vírus pois usa o HBV e as proteínas das células-alvo para se replicar e produzir a sua única proteína - O AgHD é a única proteína codificada pelo genoma do HDV.
É um “parasita viral”
Vírus defetivo: necessita do HBV para a replicação e transmissão HBsAg é essencial para o empacotamento do vírus → Só ocorre infeçaõ em índividuos com HBV
CO-INFEÇÃO = primo-infeção simultânea por HBV e HDV SUPER-INFEÇÃO = primo-infeção por HDV num indivíduo já infetado cronicamente pelo HBV
TRANSMISSÃO: parenteral, sexual (menos eficaz que HBV) e perinatal (mãe-filho) – rara
Infeta crianças e adultos com infeção subjacente por HBV - Distribuição mundial, Endémico no sul da Itália, Bacia Amazónica, partes da África e Oriente Médio
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Pesquisa do genoma de RNA, do antígeno delta ou de anticorpos anti-HDV Não existe tratamento específico para a hepatite D aguda. A hepatite D crónica pode ser
Na co-infeção não fica nenhum marcador serológico para indicar a infeção passada por HDV tratada com interferon alfa
- Importante o despiste sistemático do HDV nos portadores de AgHBs Prevenção da infeção com HBV evita a infeção por HDV
Vacina de HBV protege contra a infeção subsequente com o vírus delta