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Os vírus infetam todos os organismos vivos: • Capsómeros: subunidades da cápside

• Nós ingerimos e respiramos biliões de vírus • Ácidos nucleicos: DNA ou RNA – contêm a
regularmente informação necessária à manutenção do vírus
• Carregamos genomas virais no nosso material na célula infetada, sua replicação e capacidade
genético de transmissão entre células ou organismos.
• A cápside pode estar encerrada numa
Microbioma Humano membrana lipídica – Invólucro
• Coleções específicas de bactérias • Espículas proteicas – função de ligação à
em diferentes locais do organismo célula hospedeira
“Viroma” Humano Assim, as partículas virais são constituídas por:
• O genoma humano contém ~ 100.000 ▪ Nucleóide e cápside – nucleocápside
fragmentos virais endógenos (8% do genoma) E, por vezes,
▪ Envelope/ invólucro
Os vírus podem infetar:
- Mamíferos e aves Cápside
- Peixes e anfíbios
✓facilitar a transferência do ácido nucleico de
- Plantas e insetos
uma célula para outra
- Fungos e bactérias
- Homem ✓ Proteção do genoma viral contra a inativação
Antroponoses – somente homem por nucleases
Zoonoses – animais podem ser reservatórios ✓ Participa na fixação da partícula à célula
hospedeira
✓Contem proteínas que determinam as
características antigénicas do vírus (resp imune)
✓ Ramo autónomo da microbiologia ✓ Responsável pela simetria estrutural da
Engloba o estudo dos vírus e dos seus efeitos partícula viral
em todo o tipo de células vivas
Vírus Proteínas estruturais
• Entidade biológica composta por proteínas • Proteção do genoma
e ácido nucleico com capacidade replicativa ✓ Montagem de um escudo protéico estável
dentro de uma célula ✓ Reconhecimento específico e
• Não têm metabolismo próprio e por isso empacotamento do genoma do ácido nucleico
são obrigados a invadir células e parasitar ✓ Interação com as membranas da célula
estruturas subcelulares, subvertendo-as para hospedeira para formar o invólucro
os seus próprios propósitos. • Entrega do genoma
• Parasita intracelular obrigatório ✓ Ligação a recetores de células hospedeiras
✓ Descapsidação do genoma
✓ Fusão com membranas celulares
Pequenas dimensões: ✓ Transporte do genoma para o local
- Desde os 20nm (parvovírus) até aos 450nm apropriado
(poxvírus)

Partículas virais
• constituídas por uma cápsula proteica –
cápside – que encerra o genoma de ácidos
nucleicos – proteção, antigenicidade/
imunogenicidade
Nucleóide Cápside
Constituído por Genoma viral e proteínas virais É constituída por várias subunidades -
estruturais e não estruturais necessárias para a capsómeros, que se organizam segundo 3 tipos
manutenção dentro da célula e para a replicação de estrutura:
viral • Icosaédrica – com simetria cúbica Ácido
• DNA – cadeia dupla , cadeia simples ,linear, nucleico viral encontra-se condensado dentro da
circular cápside
• RNA –cadeia simples (polaridade negativa ou • Helicoidal – com simetria tubular, As
positiva), cadeia dupla ( segmentado ou não subunidades proteicas estão ligadas de forma
segmentado) periódica ao acido nucleico viral, girando até
formar uma hélice
Invólucro • Complexa – componentes de ambas
Por vezes, aquando da saída da célula, os vírus anteriores
adquirem ainda um invólucro derivado da fusão
das glicoproteínas da membrana celular com
proteínas virais
O invólucro não funciona como fator de
proteção: um vírus com invólucro é mais
sensível que um vírus sem invólucro pois tem
pouca capacidade de sobrevivência fora do
organismo

Milhares de viriões diferentes


• Complexidade infinita de infeções
O desenvolvimento de uma infeção viral,
depende:
• Um vírus → agente transmissível Infeção
• Um modo de transmissão - Entrada do vírus no organismo
• Membros de uma comunidade capazes de - Pode ou não ocorrer sintomas
receber o agente infecioso → indivíduos - Sintomas “frustes”
suscetíveis Doença
- Vírus infeta o órgão alvo
A patogénese das infeções virais é determinada
- Sinais e sintomas associados a doença
pela combinação entre os efeitos diretos e
Infeção não é sinónimo de doença
indiretos da replicação viral e as respostas do
hospedeiro à infeção

❑ Mucosa do S. Respiratório – V. influenza;


Rhinovirus;V. B19; Picornavirus; etc
❑ Mucosa do S.Digestivo , S.urinário - Rotavirus;
Adenovirus; Reovirus, etc
❑ conjuntiva/ córnea
Suscetibilidade – capacidade das células serem ❑ Pele- ex.picada de artropodes ou animais –
infetadas Togavirus; V. da Raiva; V. Dengue; etc
 Célula suscetível: presença de recetores que ❑ Sexual – V. Herpes simplex; Papilomavirus;
permitem a entrada do vírus ( pode não HIV
ocorrer replicação viral) ❑ Transplacentária – Citomegalovirus;V.
 Célula resistente: ausência de recetores Rubeola, Echovirus; etc
celulares para o vírus se ligar
❑ Derivados de sangue, tecidos, objetos
Permissividade – ocorrência de multiplicação viral
contaminados, etc: HIV; V. da Hepatite B e C,
 Célula permissiva: possui capacidade para o
Citomegalovirus; etc
vírus replicar, mas pode ou não ser suscetível
Para ocorrer replicação viral é necessário que a
célula seja suscetível e permissiva
Horizontal
Vírus patogénicos – vírus infeciosos capazes de
causar doença ❑ Contato direto - de um indivíduo infetado
Patogenicidade – capacidade do vírus de infetar para um hospedeiro suscetível através de uma
o hospedeiro e causar doença via de transmissão (ex. pele e mucosas)
Patogénese viral – a patogénese é o estudo da ❑ Vetores – animais vertebrados ou
relação entre o vírus e o organismo infetado. O invertebrados
termo patogénese descreve a indução de ❑ Veículo - água ou alimentos contaminados
doença pelo vírus e não apenas pela infeção.
São as etapas ou mecanismos envolvidos no
desenvolvimento de uma doença viral.
Vertical • Rinovírus, Parainfluenza, Influenza,
❑Transmissão do vírus da mãe ao feto • Coronavírus, VSR, muitos Adenovírus e alguns
❑ Pode ocorrer: durante a gestação → infeção enterovírus
congénita durante o parto ou via leite materno Doenças generalizadas:
→ infeção perinatal ex. rubéola, HIV • Sarampo, rubéola
2. Via Gastrointestinal
Orofaringe
• Local fácil de entrada
PELE • Limpeza permanente com saliva, IgAs e ação
Barreira eficaz, pelo que é necessário existir mecânica da língua e bochechas
uma descontinuidade na pele para o vírus infetar Gastrointestinal
• Epiderme - destituída de vasos sanguíneos ou • Local com ambiente hostil
linfáticos, o que dificulta a disseminação viral. As
• Presença de sais biliares, muco, enzimas
células epiteliais (queratinócitos) são uma barreira
proteolíticas, IgAs e células fagocitárias, acidez no
rígida à entrada dos vírus. Como ação de defesa
estômago e alcalinidade nos intestinos e os
tem os melanócitos e as células de Langerhans
movimentos peristáltico
• Derme – camada muito vascularizada, rica em
fibroblastos e células dendríticas. Fácil
VÍRUS ENTÉRICOS
disseminação viral através de corte ou lesão
Infeções localizadas: Rotavírus, Calicivírus;
mais profunda
Coronavírus e alguns Adenovírus
– Pequenas lesões: HPV, HSV
Infeções sistémicas
– Iatrogénica (intervenção humana): HBV, HCV,
- Enterovírus – Poliomielite e VHA
HIV
- Reovírus – infeções respiratórias e entéricas
- Adenovírus – infeções respiratórias, entéricas
VIA TRANSCUTÂNEA e renais
Muitos vírus infetam o hospedeiro através de
vetores: Os sais biliares são responsáveis pela destruição
• Vírus da Raiva – morcegos do invólucro, no entanto a cápside de alguns
• Arboviroses – artrópodes (ex. Dengue) vírus é resistente.
HBV, HCV e HIV - agulhas e outros materiais
perfuro-cortantes VIA GENITOURINÁRIA
Barreiras protetoras: micção, muco e pH ácido
MUCOSAS • A mucosa genital apresenta maior
1. Via Respiratória vulnerabilidade à infeção face ao trato urinário
Barreiras do trato respiratório pela atividade sexual e pelo menor número de
• Mecanismos mecânicos - epitélio ciliado e mecanismos de limpeza
secreção de muco As infeções por via sexual ex.: HSV, HPV e HIV
• Mecanismos imunológicos – IgA, linfócitos,
macrófagos e outras células fagocíticas VIA CONJUNTIVA
• Mecanismos físicos – a temperatura de 33ºC Barreiras protetoras: secreção e batimento das
inibe a replicação da maioria dos vírus pálpebras contínuo. A infeção viral pode ocorrer
por águas contaminadas e traumatismo através
Denominam-se vírus respiratórios se:
de práticas oftamológicas
• A mucosa do trato respiratório for a via de
• Adenovírus tipo 3, 7, 8, 19 e 37 – conjuntivite
entrada
(infeção localizada)
• Se ocorre replicação nas células do trato
• Enterovírus 70 – infeção sistémica afetando o
respiratório
SNC após conjuntivite hemorrágica aguda
• Provocam sintomatologia específica do trato
• Vírus sarampo e outros adenovírus só infetam
respiratório
a conjuntiva depois de se terem disseminado
pelo organismo
Infeções respiratórias localizadas:
OUTRAS VIAS
– Transplantes: CMV, EBV.
– Transmissão vertical (in útero): Rubéola, CMV, –
HIV, ZikaVírus

Virémia primária – a partir dos vasos linfáticos


os vírus têm acesso à corrente sanguínea

Acesso a outros órgãos/ tecidos que possuem


as células suscetíveis e permissivas à infeção

Virémia secundária – a replicação nestes


órgãos/ tecidos pode provocar a libertação de
novas partículas virais na corrente sanguínea

Disseminação pelo tecido nervoso


Alguns vírus têm propagação a partir de
terminações nervosas do local de infeção
primária (ex. vírus raiva, HSV)

A) Se a libertação das partículas virais ocorrer


pela face apical da célula infetada, a transmissão
do vírus é limitada às células vizinhas – Infeção
Localizada
B) Se a libertação das partículas virais ocorrer
pela face basolateral da célula infetada as
partículas virais atingem os vasos linfáticos
aferentes, vasos sanguíneos ou neurónios –
Infeção Disseminada
• Persistência do agente no hospedeiro por
longos períodos, muitas vezes pelo resto da vida
• Hospedeiro: sistema Imune incapaz de
1. INFEÇÃO PRODUTIVA - a penetração do vírus erradicar o vírus agente: persistência por
na célula vai conduzir à formação e libertação estratégias evolutivas
de novas partículas virais, com consequente lise • Os níveis de replicação e excreção viral nas
celular (ex. Herpes oral/genital provocada pelo infeções crónicas são muito mais baixos do que
HSV) nas infeções agudas (deteção)
• Células suscetíveis e permissivas
2. INFEÇÃO ABORTIVA - ocorre infeção viral,
mas sem completar o ciclo de replicação, não A infeção primária não é eliminada eficazmente
havendo produção de novas partículas virais. pela resposta imune adaptativa e prolonga-se
• Células não permissivas ou células permissivas por longos períodos. O vírus permanece no
infetadas por vírus defetivos (ex.: HDV-HBV) indivíduo infetado de forma contínua
• A ligação vírus-hospedeiro não progrediu, ou • Infeção Latente
por ausência de recetores adequados ou porque • Infeção Progressiva (lenta)
foram bloqueados • Infeção Crónica
3. INFEÇÃO PERSISTENTE - ocorre infeção viral
e o vírus persiste, por períodos mais ou menos Infeção latente
longos, provocando alterações nas células O vírus mantém-se nos indivíduos infetados
infetadas ou transformando-as (ex. • Tem ciclos com sintomas e ciclos sem
mononucleose infeciosa provocada pelo EBV) sintomas
• Células permissivas • A sua reativação pode ser em intervalos
• Em alguns casos o genoma viral pode integrar- periódicos (recorrente)
se no genoma da célula e promove a • O vírus pode ser integrado no genoma do
transformação celular hospedeiro ou não (epissoma) - ex. Herpesvírus

Ocorrência repentina dos sintomas e rápida


resolução, com ou sem sequelas Infeção crónica
• A maioria são resolvidas rapidamente O vírus responsável está sempre presente e
• Limitadas à via de entrada, pelas respostas detetado no hospedeiro (ex.: HBV crónica)
imunes - macrófagos, células NK, células
Infeção crónica progressiva
polimorfonucleares, complemento
O vírus replica-se após o primeiro episódio
• A resposta imune adaptativa possui memória
agudo ao longo de vários anos
para infeção subsequente ex. Influenza, Rotavirus
• Tem ciclos em que o vírus se encontra ativo
e inativo, de evolução fatal (ex.: HIV)
• Tem picos de sintomas iniciais, ficando longo
períodos assintomáticos, e no fim volta a
evidenciar sintomatologia grave
Fatores que contribuem para a patogénese da
infeção:
• Vírus ex. replicação viral
• Hospedeiro ex. resposta imunitária

❑Mecanismos muito diversos


❑ Interação microrganismo / Hospedeiro
❑Múltiplos fatores envolvidos:
▪ Tropismo viral – tipo de células/ orgãos /
tecido
1. Período de incubação: com sintomatologia ▪ As consequências dessa infeção – morte,
subclínica ou assintomático. Corresponde ao transformação
tempo que medeia o início da infeção e o ▪ A forma como essa infeção se manifesta-
aparecimento de sintomas específico da aguda, persistente, crónica
patologia ▪ Reação do hospedeiro à infeção
- curto vs longo
Como os vírus podem provocar doença?
2. Período prodrómico: sintomas clínicos 1. Lise das células que infeta
generalizados e inespecíficos e antecede os 2. Indução de imunopatologia e imunossupressão
sintomas característicos (febre, mal-estar, dor de 3. Transformação celular – cancro
cabeça, . .)
3. Período da doença: apresenta sintomas –
característicos associados à patologia
Vírus
4. Período de infeciosidade: o indivíduo Condições para iniciar infeção viral:
infetado excreta partículas virais (pelas 1. Tipo de Vírus
secreções respiratórias, fezes, urina, pele, 2. Estirpe Viral
sangue ou leite materno) e pode transmitir o 3. Inóculo viral suficiente
vírus a novos indivíduos 4. Grau de Virulência
5. Período de convalescência: período em 5. Células do local inicial de infeção serem
que o indivíduo se encontra a recuperar o seu acessíveis, suscetíveis e permissivas
estado de saúde
✓Virulência – capacidade de produzir estado
patológico no hospedeiro; depende do vírus,
inóculo viral, da via de inoculação e do
hospedeiro
Fatores de virulência
a) genes cujos produtos afetam a capacidade
replicativa do vírus.
b) produtos génicos que atuam na
disseminação no hospedeiro.
c) produtos virais que afetam a resposta
imune.
d) produtos virais tóxicos para a célula e/ou
hospedeiro.
❑Muito virulentos – provocam patologia grave
❑Pouco virulentos – patologia benigna
❑Avirulentos- não causam alterações
patológicas significativas
As propriedades dos vírus não determinam por
si a via de transmissão da infeção Por exemplo
São necessárias 3 condições para um vírus ser
Adenovírus pode produzir:
capaz de persistir ao longo do tempo na célula
1. Infeção trato respiratório (aerossol)
hospedeira
2. Infeção da conjuntiva (águas de recreio –
1. Restrição do efeito citolítico viral
piscinas, termas, jacuzzi)
2. Mecanismos de Manutenção do Genoma Viral
3. Infeção intestinal (alimentos – mãos
3. Evasão ao Sistema Imunitário do Hospedeiro
contaminados)
Restrição do efeito citolítico viral
Tropismo Ser capaz de infetar a célula hospedeira sem
Afinidade do vírus para infetar determinada provocar a sua lise ex. Papilomavírus – nas
célula. Determina que células irão ser infetadas células da camada basal da pele
no decurso de uma infeção viral. Esta afinidade Mecanismos de manutenção do genoma viral
do vírus depende de:
Deve ter mecanismos que mantenham por
1. Recetores celulares específicos para os vírus
longo tempo o genoma viral na célula
2. Proteínas virais de ligação específicas para o
hospedeira
recetor celular
Retrovírus – integração genoma
3. Outros determinantes do tropismo tais como:
Papilomavírus – genoma na forma epissomal
• Barreiras anatómicas/fisiológicas não integrado no genoma da célula
(neurotropismo – capacidade de atravessar a
barreira hematoencefálica; enterotropismo – Evasão ao sistema imunitário do hospedeiro
capacidade de resistir a pH ácido, às enzimas Infeção em locais anatómicos imunologicamente
proteolíticas digestivas e aos sais biliares) privilegiados – a infeção de células presentes
• Proteases celulares essenciais na clivagem em locais anatómicos pouco acessíveis ao
proteolítica nas glicoproteínas de superfície do sistema imunológico permite ao vírus manter-se
vírus – ex.: HIV, vírus da Dengue, Vírus influenza nessas células sem ser destruído (ex: HSV e
• Temperatura de replicação – ex. Rinovírus VZV)
replicam a 33ºC, logo têm tropismo limitado às Modulação da expressão celular importante na
células epiteliais da nasofaringe resposta imunológica – supressão da expressão
de moléculas na membrana dos linfócitos e
Hospedeiro monócitos (ex.: ICAM-1, MHC I) necessárias para
❑ Fatores do hospedeiro (ex. idade, fatores de o reconhecimento das células T
risco)
❑ via de infeção
❑ imunidade do hospedeiro
❑ importância de barreiras que impeçam o
estabelecimento de infeção:
• Superfícies intatas da pele e mucosas -
evitam difusão da infeção a tecidos contíguos
• Células ciliadas do trato respiratório - função
de limpeza
• Muco - os vírus são deglutidos ou
neutralizados por IgAs
• Suco gástrico e bílis - inativa o vírus com
invólucro

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