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RESUMO DE VIROLOGIA

I. PROPRIEDADES GERAIS DOS VÍRUS


Os virus são menores que bactérias, não podendo ser visualizados por microscopia óptica, sendo filtráveis em filtros
de 22mm.
Não podem ser cultivados em meio artificial, pois requerem metabolismo celular ativos. Apresentam DNA ou RNA,
proteínas, glicoproteínas e podem apresentar ou não envelope lipídico.
A replicação acontece em escala logarítimica de base 10 e não acontece fora das células do hospedeiro (eucarioto
ou procarioto).
São definidos como um arranjo molecular composto por proteínas e ácidos nucléicos e, eventualmente, apresentam
envelope lipídico, cuja função deste aparato é levar a informação genética a salvo para a próxima célula.
Estrutura viral:
 Core: consiste em ácido nucléico + proteínas envolvidos na replicação viral.
 Capsídeo: consiste em capa proteica que reveste o core.
 Capsômeros: são protuberâncias visualizáveis em vírus não envelopados. Suas proteínas formam o capsídeo.
 Envelope: bicamada lipídica proveniente de membrana do hospedeiro (plasmática, nuclear, de organelas,
etc) que envolve o capsídeo, estabilizando-o. Nem todas as espécies são envelopadas. Se um vírus
envelopado perde o envelope, esse deixa de ser ativo. Qualquer mecanismo que lise as células do
hospedeiro é capaz de lisar o envelope. Não deve ser comparado com a cápsula bacteriana, uma vez que os
envelopados são mais sensíveis a lise que os não envelopados. O envelope não, necessariamente, apresenta
a mesma fora que o capsídeo. Entre o envelope e o capsídeo há uma matriz proteica.
E adquirido por brotamento das membranas do hospedeiro, requerendo o endereçamento de proteínas
virais para a membrana celular do hospedeiro. Essas proteinas endereçadas sao proteínas de interação do
capsídeo com DNA/RNA, glicoproteínas. São endereçadas a fim de que a montagem da partícula viral
aconteça próxima a membrana do hospedeiro a fim de que haja a interação entre as proteínas endereçadas
e as ancoradas na membrana. A afinidade dessa interação aumenta conforme acontece o brotamento,
culminando no desligamento da membrana do hospedeiro e formando o envelope. Cada espécie viral utiliza
uma membrana específica.
Dependendo do genoma, o virus pode se replicar no citoplasma, no núcleo ou em alguma organela, com
isso o genoma determina quais proteinas devem ser endereçadas para próximo da membrana escolhida,
mas isso não implica que a replicação viral aconteca perto das membranas. A composição do envelope é
determinada pela membrana de origem.
 Espículas virais: são estruturas que se ligam ao hopsedeiro para causar infecção. Estão presentes nos vírus
envelopados e nos não envelopados, onde nos primeiros estão presentes no envelope e nos segundo no
capsídeo.
 Simetria: a arquitetura do capsídeo depende da interação dos capsômeros com o DNA ou RNA e, com isso
há diferentes simetrias:
o Icosaédrica: é o tipo de simetria mais comum, gastando menos energia para ser formada, além de
apresentar maior área interna.
o Helicoidal: capsômero e DNA/RNA interagem equivalentemente, é menos comum que a simetria
icosaédrica.
o Complexa: pode abrangir a simetria icosaédria e a helicoidal. Um exemplo é o Poxvírus e
bacteriófagos (fago λ), o qual apresenta cabeça icosaédrica e pescoço helicoidal.
 Matriz e unidades proteicas: Facilitam a transferência do DNA/RNA para o hospedeiro, protegendo o
genoma de nucleases, permitindo a fixação a celula hospedeira susceptível e apresenta características
antigênicas.
 Ácidos nucléicos: a maioria dos vírus é haplóide, exceto o HIV que é diplóide. Apresentam DNA ou RNA.
o Vírus DNA:
a. Fita dupla linear (Pox, Herpes, Hepadna),
b. circular (Polyoma e Papylomavírus),
c. fita simples linear (Parvovírus),
d. circular (Anelo, Circo).
o Virus RNA:
a. Fita dupla linear e segmentada (Reovírus e Birnavírus),
b. Fita simples polaridade + linear (Picornaviridae, Flaviviridade, Togaviridae, Astroviridae,
Coronaviridae, Retrovírus) – já é o próprio RNAm, onde a maquinaria celular da célula
hospedeira reconhece como RNAm e inicia a síntese proteica,
c. Fita simples polaridade – , é transcrito em RNAc e este sim é o RNAm, pode ser linear
segmentado (Orthomyxviridae e Buniavírus) , linear não segmentado (Paramyxoviridae,
Filoviridae, Rhabdovírus e Bornaviridae) ou circular (Deltavírus). Esse tipo de RNA com
polaridade -, pode ser degradado no citoplasma da célula hospedeira caso não apresente
enzima viral que o transcreva.

o CLASSIFICAÇÃO DE BALTIMORE:

I DNA ds Herpesvírus
II DNA ss Paravovírus
III RNAds Reovírus
IV RNAss + Picornavírus
V RNAss - Orthomyxvírus
VI RNAss com intermediário DNA Retrovírus
VII DNAds com fragmento simples na Hepdnavírus
porção terminal

 Suscetibilidade: capacidade da célula ser infectada, baseia-se no fato da célula apresentar ou não
receptores para as espículas virais.
 Permissividade: capacidade da célula hospedeira apresentar o receptor para as espículas virais e ter a
capacidade de replicar o genoma e produzir proteinas virais. Replicar o genoma não implica,
necessariamente na produção de partículas virais infecciosas. Células não suscetiveis podem replicar o
genoma, desde que o mesmo seja inserido, talvez por bacteriófago ou por mudança no envelope.
 Proteínas não estruturais: asseguram a replicação do genoma, promovem a regulação gênica. São as
primeiras proteínas a serem traduzidas.
 Proteínas estruturais: são responsáveis pelo empacotamento do genoma viral.
 Núcleocapsídeo: capsídeo + ácidos nucléicos.
O ciclo de replicação viral:

 Adsorção: espículas virais se ligam a glicoproteínas das células hospedeiras que funcionam como receptores
virais, essa ligação está baseada no tropismo viral e na suscetibilidade das células hospedeiras. As estruturas
virais são alvo para a ação de anticorpos. Mutações no hospedeiro podem causar maior ou menor
suscetibilidade, como mutações nos receptores de HIV que causam resistência. A espícula viral é o que está
em maior evidência, sendo alvo do sistema imune e reconhecida como non-self recaindo sobre elas a ação
de anticorpos neutralizantes. Nos vírus não envelopados os receptores se ligam diretamente ao capsídeo.
Podem existir receptores específicos, onde os vírus se ligam a determinados receptores e infectam
determinado tipo celular. Há também os receptores alternativos, onde os vírus não apresentam tropismo,
atingindo vários tipos celulares, isso confere maior espectro de ação, sendo vantagem evolutiva.

 Penetração:
o Vírus não envelopados: são endocitados por caveolina ou clatrina, ou tendo seu material genético
diretamente injetado sem requerer endocitose de toda partícula viral.
o Envelopados:
 Fusão direta: há a aproximação entre o envelope viral e a membrana plasmática da célula
hospedeira, havendo fusão e entrada do núcleocapsídeo.
 Fusão após endocitose: a partícula viral envelopada tem seu envelope fundindo com a
membrana do endossomo com posterior liberação do núcleo capsídeo.

 Desnudamento: é a separação do genoma das estruturas do virion, com desorganização do capsídeo, com
perda da infectividade inicial. Para os vírus não envelopados, no endossoma há a alteração das proteínas do
capsídeo promovendo o desnudamento. O desnudamento ocorre em função de mudanças físicas e
químicas, como alteração de pH e da conformação estrutural das proteínas do capsídeo,
 Replicação: os vírus RNA se replicam no citoplasma, enquanto que os vírus de DNA se replicam no núcleo.
As enzimas que são necessárias à replicação viral, mas que não estão presentes na célula hospedeira devem
ser codificadas ou estarem empacotadas na partícula viral.
o Transporte citoplasmático: acontece quando os vírus endocitados são encaminhados através de
vesículas até o local, ou quando os injetados diretamente são associados a proteínas
transportadoras até o local de replicação.
o Transporte nuclear: os vírus pequenos penetram no núcleo sem alteração do capsídeo, já os
maiores necessitam que o capsídeo interaja com as proteínas do poro nuclear a fim de liberar
apenas o genoma.
o Os genomas menores requerem uma maior utilização da maquinaria celular, uma vez que o genoma
não codifica todas as proteínas necessárias. Exemplos são as famílias Polyomaviridae,
Papylomaviridae e Parvoviridae.
o Já os genomas maiores apresentam as próprias polimerases ou possuem fatores de transcrição e
outras enzimas que recrutam as polimerases, diferentemente dos genomas menores que esperam a
célula hospedeira entrar em divisão celular para poderem replicar. Exemplos são as famílias
Adenoviridae e Herpesviridae.
o Vírus DNA

o Vírus RNA:
 Vírus RNAss polaridade +: já está pronto para ser traduzido, não necessita que o vírus possua
empacotado replicases.

 Vírus RNAss polaridade - : a partícula viral precisa apresentar replicases empacotadas a fim
de possibilitar a transcrição do RNAm.
 Vírus RNAds: um exemplo é o Rotavírus Esse processo acontece no citoplasma
antes do desnudamento.
Replicase
RNAds RNAm proteínas estruturais e não estruturais.

 Retrovírus:

 Morfogênese e maturação: a morfogênese consiste na montagem ao final da biossíntese viral, e a


maturação a aquisição da capacidade infectiva a fim de formar o virion. A maturação pode ser um processo
ineficaz devido a algum excesso de partículas virais na célula, gerando vírus defectivos.

 Liberação: os vírus já saem montados do citoplasma. A saída dos vírus da célula hospedeira acontece
devido a excesso de partículas virais ou por regulação da expressão do vírus. Pode acontecer por lise da
membrana celular ou por exocitose.
o Vírus envelopados: apresentam maturação intracitoplasmática e podem ser liberados por
exocitose, onde a membrana do endossoma irá formar o envelope. Podem sair também por
brotamento da membrana plasmática, onde a capacidade infecciosa só se desenvolverá com a saída
da célula.

II. MECANISMOS DE PATOGENICIDADE VIRAL

O primeiro passo da patogênese é a transmissão de hospedeiros infectados para os hospedeiros


susceptíveis, sendo a transmissão fundamental devido ao fato dos vírus serem parasitas intracelulares
obrigatórios, devendo ser transmitidos a fim de fugirem do sistema imune.

Tipos de transmissão:
 Horizontal:
o Contato:
 Direto: contato direto da pele lesionada com coisas infectadas, beijo, sexo, saliva, etc.
 Indireto: requer um intermediário, como a inalação de perdigotos, através de fômites
(talheres, copos, canudos, alicates, etc que tiveram contato com o indivíduo infectado e podem
transmitir a indivíduos susceptíveis) e de superfícies contaminadas.

o Veículo: o veículo transporta o agente infeccioso de um local a outro. Alimentos e água


contaminados são exemplos de veículos, mas nestes o vírus não está sendo replicado. Em geral
vírus transmitidos por veículo apresentam baixa dose infectante, o que significa que são mais
infecciosos. Como os vírus, nesse caso, ficam no ambiente, os mesmos devem ser mais resistentes
às variações ambientais, sendo em geral, não envelopados.

o Vetor: a transmissão se dá pelo contato com o animal.


 Vertebrados: neste caso transmitem o vírus por agressões (como no caso da raiva), mas há
também outras formas como o contato com secreções (urina, fezes, aerossóis) do vetor, como
acontece com os Arenavírus.
 Invertebrados: principalmente arbovírus.
 Biológico: inseto pica o hospedeiro contaminado, realiza a replicação do vírus e o transmite
e hospedeiros susceptíveis como acontece com a dengue. No caso do vetor há a replicação
extrínseca e no hospedeiro a replicação intrínseca do vírus.
 Mecânico: não apresentam a replicação extrínseca do vírus, como acontece nas viroses
entéricas transmitidas por moscas e baratas, as quais entram em contato com o material
contaminado e, através de seu corpo contaminam hospedeiros susceptíveis quando
pousam nestes.

 Vertical: ocorre na gestação ou durante o parto, enquanto que a transmissão que acontece logo após o
parto, como durante o aleitamento e contato materno é chamada de transmissão perinatal, pois neste tipo
de transmissão não se garante que a contaminação foi feita pela mãe.

As portas de entrada dos vírus em organismos susceptíveis variam conforme o tropismo do vírus, pois
após a entrada há a necessidade de uma replicação inicial. A replicação viral pode ficar restrita a porta de
entrada, mas também pode acontecer disseminação.

 Mucosas: são a principal porta de entrada de vírus no organismo, e por isso estão muito bem protegidas
através de barreiras físicas e químicas. A maioria dos vírus adentra pela mucosa do trato respiratório.
o Trato respiratório: apresenta como barreira cílios e muco, mas como as partículas virais são muito
pequenas, chegam facilmente aos alvéolos, onde os macrófagos alveolares atuam, mas muitas
vezes esses vírus se replicam dentro dos macrófagos.
o TGI: alguns vírus ficam restritos a orofaringe, pois a deglutição pode levar ao estômago e ao
intestino, locais que apresenta o pH como importante barreira física, principalmente para vírus
envelopados, mas os não envelopados conseguem resistir a essa barreira.
o Urogenital: a agressão tecidual em função do ato sexual facilita a entrada de vírus.
o Conjuntiva: a lisozima e a lágrima são defesas importantes, mas em alguns casos pode acontecer a
infecção viral.
 Pele: a pele intacta não apresenta entrada de vírus, mas se a mesma se encontra lesionada, com alguma
descontinuidade há a possibilidade da entrada de vírus. As lesões podem variar desde picadas, pequenas
abrasões, mordidas ou por via iatrogênica (piercings e tatoos).

 Placenta: a maioria das gestantes infectadas durante a gravidez raramente apresentam vírus que
atravessam a placenta, exceto o vírus da rubéola e o citomegalovírus.

Disseminação:

As células da porta de entrada devem ser susceptíveis, apresentando os receptores para as estruturas
virais a fim de que possa acontecer a adsorção. A fim de que vírus se replique é importante que haja a
permissividade das células da porta de entrada, esse fator determinada se o vírus fica restrito a porta de entrada
ou se dissemina. Para que haja a disseminação é importante que haja aumento da carga viral. A disseminação
acontece conforme o tropismo do vírus, um vírus pantrópico é aquele que possui tropismo para vários vírus.

 Disseminação pelo epitélio: é uma disseminação mais localizada, uma vez que acontece célula a célula, mas
isso não significa uma menor gravidade da doença, pois esta depende da extensão da lesão. Acontece
principalmente nas viroses respiratórias e entéricas.

 Disseminação pelos nervos periféricos: a porta de entrada é a pele, onde acontece replicação e acesso as
terminações nervosas do SNP, o qual permite a chegada ao SNC. Essa disseminação é uma via de mão dupla
(SNP – SNC é um movimento retrógrado ou centrípeto; SNC – SNP é um movimento antriretrógado ou
centrífugo). Esse tipo de disseminação acontece no Herpes e na Raiva. No caso do Herpes o vírus se camufla
na raiz do gânglio dorsal, enquanto não está causando doença, reativando mediante a queda de imunidade.

 Disseminação linfática: geralmente mucosa é porta de entrada e através de transcitose (atravessa a célula)
pelas células M os vírus chegam ao tecido linfóide subjacente. No tecido linfóide há contato com linfócitos,
macrófagos e DC, os quais apresentarão a replicação do vírus em função dos mecanismos de evasão dos
mesmos. Essas células infectadas são carreadas para os linfonodos mais próximos, onde há mais replicação
viral e posterior entrada na circulação sanguínea. Os linfonodos apresentam reação contra a replicação viral
e muitas vezes isso desencadeia linfoadenopatia.

 Disseminação pelo sangue (viremia): uma vez no sangue a disseminação pode ser sistêmica, dependo
apenas do tropismo do vírus.
o Viremia primária: os vírus chegam ao sangue oriundo dos linfonodos, a carga viral é pequena e o
indivíduo, geralmente, está assintomático.
o Viremia secundária: os vírus retornam ao sangue após a disseminação sistêmica, a carga viral é
maior. Nesse período há maior infectividade, maior resposta do sistema imune e aparecimento de
manifestações clínicas.

Interações vírus – células:

 Abortiva: a célula hospedeira não é permissiva, com isso não replicação, havendo a consequente
destruição do vírus, com sobrevivência da célula. Mesmo se a célula não for permissiva, há possibilidade
de replicação, desde que o genoma seja injetado na célula hospedeira, mas se a inserção do genoma
acontecer em região do genoma da célula que codifica produtos importantes haverá a morte celular.
 Citolítica: a célula hospedeira é susceptível e permissiva, o vírus consegue adentrar, apresenta rápida
replicação e sai por lise celular. Acontece, em geral, com vírus RNA.

 Resistente: o vírus realiza sua replicação de forma prolongada causando infecções persistentes.
o Infecções produtivas: há a replicação viral durante muito tempo e a célula hospedeira morre de
morte natural. Há a produção de vírus durante a vida toda, mas sem causar, necessariamente,
infecção, mas apresentando transmissão. É o que acontece nas hepatites.
o Infecções latentes: o vírus oculta seu genoma, não produz partículas virais, evadindo a resposta
imune. Se há alguma baixa de imunidade, o vírus reativa e inicia a replicação. Durante a fase em
que não há replicação não há transmissão. É o que acontece no Herpes.

 Transformação: os oncovírus imortalizam as células hospedeiras promovendo a formação de tumor,


levando a alteração da expressão gênica, aumentando a síntese proteica, o que aumenta a replicação viral.

Danos teciduais induzidos por vírus:

 Danos por vírus citolíticos:


o Apoptose;
o Inibição da síntese proteica para favorecer a biossíntese viral;
o Inibição da síntese de ácidos nucléicos para favorecer a biossíntese viral;
o Dando ao DNA celular;
o Interrupção do transporte de moléculas na célula para favorecem o direcionamento das proteínas
virais para a montagem;
o Alteração da permeabilidade celular para a formação das espículas viral dos vírus envelopados.

 Imunopatologia
o Reações de hipersensibilidade: a doença é desencadeada por resposta exagerada do sistema imune.
o Imunossupressão: os vírus imunossuprimem o hospedeiro, o que favorece as infecções
oportunistas.
o Autoimunidade: é uma teoria baseada no fato de que alguns epítopos virais são semelhantes aos
antígenos próprios do hospedeiro, causando autoimunidade.

Padrões de infecção:

 Infecção aguda: o hospedeiro entra em contato com o vírus e no ápice da replicação viral há a doença
propriamente dita causada ou por dano tecidual ou por ação do sistema imune. Após o pico de replicação
viral há o desenvolvimento da resposta imune e a infecção é debelada. A evolução é rápida e intensa, e em
alguns casos pode levar a morte rapidamente. Exemplos de doenças com infecção aguda são Sarampo,
Gripe, Pólio, etc.

 Infecção persistente: o hospedeiro entra em contato com o vírus e o porta durante toda a vida.
o Infecção crônica: o vírus adentra as células hospedeiras, replica na porta de entrada se
disseminando ou não, há o desenvolvimento da resposta imune, mas o vírus não é eliminado,
evadindo a resposta imune e apresentando replicação basal. Um exemplo é a hepatite crônica.

o Infecção lenta: o vírus adentra as células hospedeiras, replica na porta de entrada se disseminando
ou não, há o desenvolvimento da resposta imune, mas o vírus não é eliminado, persistindo com
baixíssima carga viral e padrão de replicação lenta, porém progressiva, culminando em uma
síndrome fatal. Exemplos são a AIDS, a PML, a panencefalite derivada de sarampo.

o Infecção latente: vírus adentra as células hospedeiras, replica na porta de entrada se disseminando
ou não, há o desenvolvimento da resposta imune e o genoma viral é ocultado, se mantendo latente.
Mediante a baixa de imunidade há a reativação do vírus, podendo ou não ser assintomática, mas há
significativa carga viral e, portanto, há transmissão.

Fases da infecção:

 Período de incubação: abrange o período entre o contato com o vírus e o aparecimento de sintomas
específicos.
 Período prodômico: período em que há o aparecimento de sintomas inespecíficos.
 Período de doença: período em que há o desenvolvimento de sintomas específicos.
 Período de infectividade: coexiste com o período de doença, mas o tempo de sua permanência depende do
vírus e do tipo de infecção. Se for um vírus que apresenta infecção aguda, esse período é apenas na fase
aguda, se for uma infecção crônica, acontecerá por toda a vida. Há doenças como a hepatite A, em que a
carga viral é eliminada anteriormente ao aparecimento dos sintomas, reduzindo-os.
 Período de convalescência: período de cura dos sintomas, por eliminação do vírus e decaimento da
resposta imune.

Excreção dos vírus do organismo:


Na maioria das vezes, a excreção dos vírus coincide com a porta de entrada, podendo ser
excretado por várias vias, conforme a fisiopatologia da doença.
No caso de doenças em que apresentem verrugas, as mesmas são sacos de vírus, onde os
mesmos estão sendo excretados. Isso se explica pela replicação desses vírus na pele. Um caso totalmente
diferente é o caso dos exantemas, onde há replicação viral no endotélio e as manchas na pele não
apresentam os vírus.
A excreção pelo mesmo local da porta de entrada favorece a retroalimentação da infecção,
prolongando o quadro.

III. POLIOMIELITE E RAIVA

A. POLIOMIELITE
O Poliovírus pertence à família Picornaviridae e ao gênero Enterovírus, apresentando RNAss polaridade
+. Apresenta 3 sorotipos os Poliovírus 1,2 e 3, os quais são distintos mas causam os mesmos sintomas sem
causar imunidade cruzada.
O Poliovírus é amplamente disseminado na população, mas há regiões controladas contrastando com
regiões endêmicas. Sua transmissão é fecal – oral e por aerossóis, se multiplicando na orofaringe. A infecção é
agida e evolui para a cura, sequelas ou morte. O período de incubação é de 7 a 14 dias.

1. Biossíntese viral e Patogênese: após o contágio há a replicação na mucosa da orofaringe e no TGI


(placas de Peyer), seguida de disseminação linfática, chegando aos linfonodos cervicais/
mesentéricos com posterior replicação e circulação na linfa. Há entrada na circulação sanguínea
caracterizando a viremia primária. Nesta etapa 90% dos vírus é eliminado e há imunidade para o
resto da vida. Se não for eliminado há disseminação para o Sistema Retículo Endotelial (SRE) e
linfático. Há a viremia secundária, com aumento da carga viral e aparecimento dos sintomas clínicos
discretos. Dos 10% que evoluíram 90% apresentam eliminação dos vírus. Destes 10% que não
eliminaram, o que corresponde a 1% do número inicial apresentam a infecção do SNC e o
desenvolvimento de sequelas.

2. Manifestações clínicas e consequências: 90% dos casos são assintomáticos, onde o vírus é
eliminado pelas viremias primária e secundária, com imunidade permanente, mas não cruzada. 10%
dos casos evoluem para a pólio abortiva após a viremia secundária, apresentando sintomas
semelhantes a resfriado e se recuperam. Desses 10% que apresentam a pólio abortiva, 1 a 2% não
se recuperam e apresentam pólio não paralítica caracterizada por meningite asséptica. Desses 1 a
2% alguns apresentam a pólio paralítica, a qual induz sequelas permanentes ou morte. Os que não
apresentam sequelas podem apresentar a síndrome pós-pólio.

 Pólio abortiva: apresenta febre, cansaço, resfriado, cefaleia, náuseas, inflamação de garganta e
prisão de ventre. Em 98% dos casos há recuperação em 3 a 4 dias. Como são sintomas
inespecíficos, em áreas não endêmicas não há diagnóstico correto.

 Pólio não paralítica: apresenta os sintomas da pólio abortiva acrescidos do quadro de


meningite, sendo difícil o diagnóstico diferencial de um quadro de meningite por outros vírus.
Em geral a recuperação acontece em 2 a 10 dias, sem danos neuronais significativos.

 Pólio paralítica: surge de 4 a 10 dias do início da pólio abortiva. A paralisia é diferente


conforme a região atingida do SNC. Se atingir a medula há a pólio espinhal, se atingir a massa
cinzenta há a pólio bulbar, e se atingir os dois locais há a pólio bulboespinhal. A pólio espinhal
apresenta melhor prognóstico que a bulbar, onde a primeira pode apresentar completa
recuperação após algum tempo. Já a pólio bulbar é mais grave, caso não haja morte há
sequelas.
o Pólio espinhal: a paralisia geralmente acontece da cintura para baixo, sendo flácida e
de controle parcial. Com tratamento após 6 meses há recuperação total ou parcial dos
movimentos.

o Pólio bulbar: afeta os centros respiratório e vasomotor, promovendo a perda do


controle dos músculos respiratórios, necessitando de respiração mecânica para o resto
da vida. Há também hipovolemia a todo o tempo. Em aproximadamente 2 anos, a
maioria evolui para o óbito.

o Síndrome pós-pólio: não há presença do vírus, uma vez que a infecção é aguda. A
inervação muscular é destruída pela multiplicação viral. O organismo forma brotos
axonais, e se os quais forem bem refeitos há recuperação dos movimentos, mas como
tais brotos não são muito resistentes em 30 a 40 anos após a infecção primária há
atrofia muscular, problemas de respiração e deglutição.
3. Diagnóstico: o isolamento por cultura de células é usado com posterior confirmação por teste de
sorologia de neutralização a fim de identificar os sorotipos. A identificação se o vírus é selvagem ou
vacinal se dá por sequenciamento, hibridização e RT-PCR.

4. Prevenção:
 Vacina Salk: é uma vacina inativada, não apresentando replicação viral e, consequentemente o
vírus não é eliminado no ambiente. Apresenta o ácido nucléico viral e os 3 antígenos. São
utilizadas 4 doses de IM, não gerando anticorpos de mucosa. Não há quadro paralítico, pois o
vírus não replica. A imunidade é mais baixa e não muito sustentada, requerendo reforço a cada
5 anos. É usada em imunodeprimidos

 Vacina Sabin: é uma vacina atenuada, onde se usa um vírus mutante sem a capacidade de
entrar no SNC e contém os 3 sorotipos. São aplicadas 3 doses orais a partir de 2 meses com
reforço aos 15 meses. A primeira dose pode causar reação e o vírus chegar ao SNC, uma vez
que o neonato não apresenta imunidade. A vacina é aplicada até os 5 anos a fim de garantir a
cobertura vacinal da população. Como a vacina é atenuada há replicação nas mucosas
causando imunidade direta e altos títulos de anticorpos, promovendo imunidade permanente.
A vacina causa barreira indireta na população, pois como o vírus é eliminado na saliva e fezes é
potencial contaminante do ambiente. Vacina indiretamente os indivíduos não vacinados, o que
não acontece com a vacina Salk.
Como é um vírus RNA, que muta muito frequentemente, o vírus vacinal pode mutar e
readquirir a neurovirulência, podendo chegar ao SNC nas primeira e segunda doses. Deve ser
estocada a frio para não inativar as partículas.
O novo esquema de vacinação combina as duas vacinas, onde nas duas primeiras doses
se administra a vacina Salk e nas duas ultimas a Sabin. Administrando a Salk primeiro evita a
reversão e a Sabin evita que caso tenha a reversão, impede o desenvolvimento da doença, uma
vez que já terá anticorpo.

B. RAIVA
O vírus da raiva pertence à família Rhabdoviridae e ao gênero Lyssavirus. É um vírus envelopado.
Qualquer mamífero infectado apresenta a doença, mas não se conhece o reservatório natural. O vírus é
eliminado na saliva do animal, sendo transmitido por mordida, arranhadura, lambedura de mucosas, além do
contato com superfícies contaminadas e aerossóis por morcegos em cavernas. Quanto maior a inervação da
porta de entrada, maior será a gravidade. O período de incubação pode levar até 2 anos.

1. Biossíntese viral e Patogênese: após o inóculo viral em pele e mucosas há replicação intensa na
porta de entrada, uma vez que necessita de alta dose infectante para chegar ao SNP e SNC. Se o
inóculo viral é grande menor será o tempo de replicação na porta de entrada e vice-versa. Um
prognóstico favorável é um tempo maior na porta de entrada a fim de que o tratamento seja eficaz.
A recomendação pós – mordida é a lavagem exaustiva com água e sabão, pois o vírus é envelopado
e estes são mais sensíveis, além de álcool iodado. Esses procedimentos reduzem a carga viral na
lesão. Após a replicação na porta de entrada há a migração passiva do SNP para o SNC, atingindo a
raiz do gânglio dorsal e medula, onde é replicado. Pode ocorrer a infecção com replicação no
cérebro devido ao tropismo do vírus, o qual retorna a porta de entrada pelos nervos periféricos, se
tornando pantrópico.
Uma vez atingindo o SNC o indivíduo ou morre ou tem sequelas graves. O importante é
barrar a replicação na porta de entrada com neutralização via anticorpos (vacina e soro no local).
Quando o vírus chega aos SNC o vírus está protegido da resposta imune, se tornando possível de
encontrar quando se torna pantrópico.

2. Manifestações clínicas: o período de incubação é de 10 a 60 dias, podendo levar até 2 anos e sua
duração depende da concentração de partículas virais inoculadas, do tipo, extensão, profundidade
do ferimento e a distância entre o local do ferimento e o SNC, onde uma maior inervação do local
do ferimento promove um menor período de incubação.
Passado o período de incubação há o quadro prodômico, podendo apresentar paralisia.
Até 2 -10 dias de infecção é possível o tratamento. Após esse período a doença evolui para a fase
raivosa, apresentando os sintomas específicos de hipertensão, arritmia, tremores, fraqueza,
alternância de fúria e prostração, apoplexia (perda de reflexos), convulsões e morte. Antes desses
sintomas há espasmos de laringe que levam a hidrofobia, o qual é sintoma patognomônico. A
alternância de fúria e prostração se justifica pelo ataque ao sistema límbico.
O homem é o hospedeiro terminal, apresentando a doença, mas sem transmiti-la.

3. Diagnóstico: o diagnóstico não é feito por suspeita, devendo iniciar o tratamento imediatamente.
Se o paciente chega com encefalite se usa saliva, tecido de córnea, pele da região occipital, sangue
e LCR. O isolamento acontece em camundongos e em cultura de fibroblastos, com posterior
pesquisa de antígenos por IF.
Se o paciente chega morto, retira-se o tecido cerebral e realiza-se Histopatologia a fim
de verificar a presença de corpúsculos de inclusão (agregados de proteínas virais) nos neurônios.
Esses corpúsculos de inclusão são chamados corpúsculos de Negri, mas como é uma técnica de
baixa sensibilidade, deve-se realizar IF.
Realiza-se pesquisa de anticorpos para controle sorológico após vacinação, pois a
imunidade vacinal decresce e se verifica se o nível de anticorpos está suficiente para promover
proteção.

4. Prevenção e controle: a vacina é administrada por IM no deltoide, barriga e coxa, mas nunca nas
nádegas, pois ai há redução da eficiência. O soro não é administrado em qualquer situação, pois
pode causar anafilaxia. Se o indivíduo já foi vacinado não se deve usar o soro, apenas em um
contato primário e de alto risco.
 Soro heterólogo: soro de cavalo apresenta grandes efeitos adversos.
 Soro homólogo: é um soro humano hiperimune. Recomendado para imunossuprimidos e
em pacientes com quadro de anafilaxia.
 A prevenção se dá com o monitoramento da circulação do vírus com bloqueio de foco,
vacinação dos animais domésticos e do gado, captura e esterilização de animais de rua,
controle e captura de morcegos.
 A terapia preventiva contém em lavagem exaustiva de água, sabão e antissépticos,
aplicação de antitetânica e antibióticos. Há a vacinação preventiva (3 doses) e aplicação IM
de soroantirábico. Se o ferimento foi realizado por animal doméstico vacinado, pode-se
tomar ou não o soro, mas se o ferimento foi feito por animal silvestre é sempre necessário
à administração do soro. Não se deve injetar a vacina e o soro no mesmo local.
IV. VIROSES RESPIRATÓRIAS
A família Orthomyxoviridae apresenta o vírus
Influenza e seus sorotipos A, B e C, sendo C
Influenza RNAss – Helicoidal
menos circulante. A e B estão presentes na
Orthomyxoviridae Segmentado Envelopado
Parainfluenza RNAss – Helicoidal vacina. Cada segmento do RNA está
Paramyxoviridae Não segmentado Envelopado relacionado com uma proteína específica,
Adenovírus DNAds Icosaédrico com função estrutural ou funcional,
Adenoviridae Não segmentado Não envelopado associados ao complexo da RNA polimerase. A
Coronaviridae RNAss + Helicoidal proteína M1 envolve o capsídeo, conferindo
Não segmentado Envelopado
rigidez à estrutura viral.
Rinovírus RNAss + Icosaédrico
Picornaviridae Não Segmentado Não envelopado O envelope apresenta Hemaglutinina (H)
Bocavírus DNAss Icosaédrico
Neuroaminidase (N) e M2 (canal de H+). A
Paravoviridae Não segmentado Não envelopado
Reovírus RNAds Icosaédrico Hemaglutinina e a Neuroaminidase são
Reoviridae segmentado Não envelopado responsáveis pela tipagem do Influenza,
Polyomavírus DNAds Icosaédrico existindo 18 tipos de H e 11 de N,
Polyomaviridae Não segmentado Não envelopado classificando os sorotipos de Influenza A.

Os segmentos do RNA do Influenza codificam proteínas como a NEP e a NS1, onde a primeira é
responsável pela montagem do capsídeo e a segunda realiza a regulação da síntese de RNA viral.
1. Biossíntese Viral:

Ácido siálico

Galactose

2. Patogênese
3. Diagnóstico: coleta de material de swab de oro e nasofaringe para realização de IF, ELISA e
imunocromatografia, sendo a primeira mais comumente realizada. Pode acontecer isolamento em
sistema hospedeiro nos laboratórios de referência para pesquisa, mas como é infecção aguda não é
muito conveniente. Realização de sorologia para busca de IgM e IgG.

4. Prevenção e Tratamento: Vacina anti-Influenza, a qual é produzida a contendo os sorotipos que


mais circularam no ano anterior. O tratamento é realizado com antivirais como Adamantanas,
Tamiflu, Relenza e Ribavarina. Adamantanas impede a ação de M2, Ribavarina impede a ação da
RNA polimerase, Tamiflu e Relenza são análogos de ácido siálico.

V. FAMÍLIA HERPESVIRIDAE Nesta família há a infecção permanente, uma vez que


Herpes Simplex Tipos 1 e 2 Família α os vírus ficam latentes, sem necessariamente
Herpesviridae apresentar manifestações clínicas. Esta família
Varicela Zoster Tipo 3 Família α apresenta DNAds linear com capsídeo icosaédrico.
Herpesviridae Entre o núcleocapsídeo e o envelope há o tegumento,
Epstein - Barr Tipo 4 Família γ Herpesviridae onde há diversas proteínas. A família apresenta 11
Citomegalovírus Tipo 5 Família β Herpesviridae espiculas virais.

A. HERPES SIMPLEX 1 E 2 (HSV):


O HSV 1 afeta da cintura para cima, enquanto que o HSV 2 afeta da cintura para baixo.

1. Biossíntese viral: a adsorção acontece com o reconhecimento entre a glicoptn C (gC) do vírus e
o heparan sulfato da célula hospedeira. No entanto, a interação entre gC e heparan sulfato é
instável requerendo a ligação de gB ao heparan sulfato, mas a interação continua instável. É a
gD que confere a estabilidade a interação com a ligação ao heparan sulfato. Com a ligação de gD
há mudança conformacional, que promove a exposição do heterodímero gH/gL, onde este se
liga a gD, se tornando exposto os aas hidrofóbicos que permitem a interação entre membrana e
envelope.
A penetração acontece após a fusão do envelope com a membrana da célula
hospedeira, com a entrada do núcleocapsídeo e das proteínas do tegumento. Entre as proteínas
do tegumento temos VHS (stop a síntese de macromoléculas da célula hospedeira, através da
degradação de RNAm) e α-TIF ( interage com OCT-1, onde OCT-1 ativa a transcrição de DNA da
célula). α-TIF se complexa com OCT-1, mas a interação é instável, requerendo HCF (da célula
hospedeira) para que haja estabilidade.
Replicação acontece com o genoma dos HPS que é dividido em 3 genes α, β e γ, o qual
após a entrada do núcleo capsídeo na célula é encaminhado ao núcleo, capsídeo se liga ao poro
nuclear e, então a proteína do tegumento VP1-2 é clivada por serino-cisteíno proteases
permitindo a liberação do DNA viral no núcleo adentrando juntamente com o complexo α-
TIF/OCT-1. O complexo α-TIF/OCT-1 ativa a transcrição dos genes α, onde o RNAmα vai para o
citoplasma, sendo traduzido em proteínas α, as quais são regulatórias da transcrição. As
proteínas α vão para o núcleo e atuam sobre os genes β estimulando a transcrição do RNAmβ, o
qual vai para o citoplasma onde há a tradução das proteínas β, as quais são enzimas como a
DNA polimerase cinase, que atuam na replicação. As proteínas β se direcionam ao núcleo e
estimulam os genes γ a transcreverem o RNAmγ, o qual vai para o citoplasma sendo traduzido
em proteínas estruturais.
Há o controle da expressão dos genes α a fim de regular negativamente os genes β e
positivamente os genes γ. As proteínas β são importantes para a regulação de genes como o da
DNA polimerase timidino-cinase e do complexo da helicase –primase. O pico da expressão dos
genes γ acontece após a replicação do DNA viral, a qual só acontece quando se atinge um
determinado número de proteínas β. A expressão de proteínas β se reduz ou para logo após o
início da replicação. Após essa etapa de transcrição e tradução há a replicação do DNA viral,
através do círculo rolante. O círculo rolante faz com que várias cópias em sequencia do DNA
viral sejam sintetizadas com posterior clivagem nas sequencias individuais.
A montagem consiste nas proteínas do capsídeo englobando os fragmentos do DNA
genômico recém-sintetizado a fim de formar o núcleo capsídeo.
A liberação acontece com o direcionamento do núcleocapsídeo para a lamela interna do
núcleo, onde adquire as espículas e sai por brotamento da lamela externa, onde há a formação
de vesícula que encaminha o virion até a membrana plasmática, por onde sai por exocitose.
Outra forma de liberação é a formação do envelope na lamela interna, com posterior perda do
envelope a fim de atravessar o RE, onde adquire as proteínas do tegumento, e readquire o
envelope por brotamento da membrana plasmática.
Um efeito citopático (CPE) da família Herpesviridae é as células infectadas funcionarem
como um sincício. Antes que as proteínas estruturais sejam sintetizadas o DNA viral é replicado.
O DNA viral circulariza, logo ao inicio da infecção na ausência de síntese de proteínas virais.
gK não é incorporada à partícula viral, mas está envolvida no transporte do virion
através do citoplasma, participando também do processo de envelopamento.

2. Patogênese: na infecção latente o DNA viral é levado ao núcleo dos neurônios, sendo
circularizado por enzimas de reparo do DNA circular que atuam nas sequencias α. Nas infecções
latentes não há ação de VHS, havendo manutenção do funcionamento normal da célula. A
infecção latente se dá após a infecção lítica na porta de entrada, com penetração do HSV nas
terminações nervosas, sendo transportado em sentido retrógrado para os gânglios sensoriais.
Dentro de alguns após a infecção lítica não há detecção de partículas virais e o estabelecimento
da latência. Nesse período de latência alguns RNA associados à latência (LAT) são transcritos e
sua transcrição caracteriza a latência. Esses LATs estão relacionados com o estabelecimento,
manutenção e reativação, onde sua expressão facilita a reativação da infecção.
A infecção produtiva primária e a reativada acontecem nas células epiteliais e o DNA
viral permanece linear através da ação das proteínas ICPO que inibe o mecanismo de reparo de
DNA circular, ocorrendo à infecção lítica com a expressão dos genes do HSV. Nesse tipo de
infecção o VHS interfere na transcrição de RNA celular e o complexo α-TIF/OCT-1/HCF migra
para o domínio do genoma celular o PODs=ND10, ativando os genes α.
A reativação após o período de latência é desencadeada por estimulo local como injúria,
ou sistêmico como estresse, mas também por exposição ao U.V, menstruação, etc. Para que a
reativação tenha sucesso é necessário que a célula infectada permita alguma replicação viral e
que o hospedeiro apresente algum grau de imunocomprometimento.
A infecção primária é mais invasiva que a recorrente, pois não há imunidade do
hospedeiro.
As alterações celulares induzidas pelo vírus incluem mudança da cromatina, duplicação
e dobramento das membranas intracelulares, alteração do metabolismo macromolecular da
célula infectada.
3. Transmissão: acontece por contato íntimo como pele e mucosa lesionada, com fluidos corporais
como saliva, sêmen e liquido das vesículas. Durante a latência não há transmissão, mas algumas
vezes as partículas virais reativam e não há aparecimento de sintomas, podendo ocorrer
transmissão a pessoas susceptíveis.

4. Diagnóstico: isolamento em animais de laboratório e ovos embrionados, pesquisa de antígenos


presentes nos líquidos das vesículas através de IF. Pesquisa de anticorpos por Western Blot e de
antígenos como gC por ELISA, diferenciando HSV 1 e HSV 2. O teste de Tzanck consiste na
escarificação da lesão, adição à lâmina e visualização ao MO a fim de verificar a formação e
corpúsculos de inclusão.

5. Tratamento: análogos de nucleosídeos como Aciclovir, Valciclovir e Fanciclovir.

B. VARICELA ZOSTER (VZV):


A infecção primária é a catapora, quando há a reativação tempos o Herpes Zoster.

1. Biossíntese: O receptor para VZV é a enzima degradadora de insulina e que se liga a gE. gII e gV
são homólogos de gB e gC e se ligam ao heparan sulfato, gIII e gI são responsáveis pela fusão do
envelope com a membrana plasmática.

2. Patogênese: a infecção primária acontece com a replicação nas mucosas do trato respiratório
superior, com posterior replicação para os linfonodos regionais onde há replicação. Após a
replicação nos linfonodos há a viremia primária levando o vírus para fígado, pele e sistema
retículo endotelial (SRE), com replicação do vírus em linfócitos e monócitos. Há então a viremia
secundária (4-5 dias após a infecção), onde o vírus pode ser detectado na forma livre ou
associado a leucócitos, com disseminação para o tecido epitelial, células T e raiz do gânglio
dorsal, desencadeando lesões retrogradas, principalmente no tronco.
O período de incubação é de 10 a 21 dias e no período prodômico há lesões da
epiderme, febre, mal estar, cefaleia e dor abdominal.
O VZV é um vírus linfotrópico, tendo tropismo principalmente pelos LTCD4+, onde ativa
o antígeno linfocitário cutâneo e CXCR4. A replicação na pele é fundamental para a produção de
partículas virais infecciosas e contribui para a disseminação.
Na latência os vírus livres ganham as terminações nervosas e chegam à raiz do gânglio
dorsal. Após a infecção primária pelo VZV, este ascende para o núcleo dos gânglios sensoriais e
fica em forma latente. A sua reativação apresenta-se na forma erupções vesiculares do tipo
dermatoma em único feixe axonal de gânglio sensorial. O dermatoma é unilateral
acompanhando o feixe nervoso. O vírus é transportado até a epiderme através de múltiplos
axônios. A replicação na epiderme é acompanhada de viremia. Acontece principalmente em
imunodeprimidos. Acredita-se que ocorrem reativações periódicas, mas que são debeladas pelo
sistema imune competente, de forma mais eficiente do que nas infecções pelo HSV.
A primeira alteração histopatológica decorrente do VZV na epiderme é a presença de
células epiteliais gigantes com inclusões nucleares de caráter eosinofílico, mas há também
vasculite de vaso que irrigam a pele.

3. Transmissão: ocorre de 24 a 48 horas antes do aparecimento das lesões cutâneas, em


decorrente do contato com aerossóis, de modo distinto dos demais HSV.
4. Prevenção e tratamento: como prevenção há a vacina atenuada para varicela a tetravalente,
que confere imunidade celular e humoral. Como tratamento temos o Fanciclovir, Valciclovir e
Aciclovir, usados nessa ordem de prioridade. Se a infecção resistir usa-se interferon.

C. EPSTEIN – BARR (EBV):


Apresenta genoma com DNAds linear, capsídeo icosaédrico, envelopado com dois sorotipos
principais EBV 1 e EBV2.

1. Biossíntese: a espícula viral gp350 se liga ao receptor CD21 de LB, os quais são as células
permissivas, fazendo com que CD21 fique recoberto por uma capa, o que promove a endocitose
do EBV. Gp85 é responsável pela fusão da membrana do endossoma com o envelope viral,
liberando o núcleocapsídeo no citoplasma. Suspeita-se que a chegada ao núcleo está relacionada
a transporte executado por microtúbulos e proteínas carreadoras. O DNA viral se circulariza no
núcleo formando o epissoma (apresenta ligação covalente estável entre as bases do DNA), onde
a replicação desse DNA circular é autônoma. O epissoma torna a célula imortal, apresentando
replicação infinita. Uma vez que o EBV se estabelece no núcleo na forma de epissoma há o
estabelecimento de infecção latente. A saída do vírus da célula se dá com a formação do
envelope a partir da membrana plasmática.

2. Transmissão: acontece pela saliva, onde 80 a 95% da população já entrou em contato com o
vírus, e formas menos comuns são por transplantes e transfusões de sangue. O que ameniza o
fato do transplantado receber órgão contaminado com EBV é o fato de já ter tido contato
prévio, mas com a imunossupressão para evitar a rejeição, pode acontecer reativação do vírus.

3. Patogênese: a porta de entrada é a mucosa da orofaringe, onde as células epiteliais da


orofaringe e os LB são as células permissivas. Há replicação na orofaringe, podendo acontecer
excreção do vírus na saliva, com posterior invasão de LB, onde os mesmos se transformam em
plasmócitos realizando a secreção de anticorpos heterofilos, os quais aglutinam hemácias, mas
não são específicos para EBV, mas ainda assim são bons biomarcadores para diagnóstico, pois há
outras espécies virais que produzem mononucleose, mas que não produzem anticorpos
heterofilos. A partir do momento que os LB são transformados em plasmócitos há o inicio da
resposta imune mediada por CTL e o estabelecimento do estado de latência dentro dos LB de
memória. Quando acontece a reativação da replicação viral o epitélio da orofaringe é atingido. A
reativação é promovida por baixa no sistema imune.
Enquanto o EBV não está reativado há a produção de filamentos de RNA, antígenos
nucleares e produtos latentes de membrana (LMP), os quais não são infecciosos nem são
atingidos pela resposta imune. Quando produzem a proteína transativadora do EBV (ZEBRA) há a
indução da reativação. Durante a latência o DNA viral está no núcleo da celula infectada, mas
sem a expressão gênica.
4. Evasão da resposta imune:

5. Manifestações Clínicas: Mononucleose infecciosa apresenta como faixa de risco indivíduos na


faixa de 15 a 35 anos, onde o contato com saliva contaminada nessa fase, provavelmente
causará doença. A MI pode se dar de modo assintomático. Apresenta período de incubação de
30 a 50 dias, com duração total da infecção de 4 a 5 semanas. No período prodômico há dor de
cabeça, mal estar e fadiga com duração de 3 a 5 dias. A tríade da MI é linfoadenopatia cervical,
febre e faringite, podendo apresentar também fadiga, petéquias no palato, amidalite, espleno e
hepatomegalia. Como complicações temos obstrução da laringe devido ao edema e a
linfoadenopatia, exantema devido à administração de ampicilina, uma vez que pode acontecer
desenvolvimento de infecção bacteriana secundária. Na reativação temos a doença crônica com
a presença de febrícula, dor de cabeça, dor de garganta. Se na reativação há infecção de LT e NK
a sobrevida é de aproximadamente 5 anos. Nos imunodeprimidos há a leucoplasia pilosa oral,
que é uma faixa branca na lateral da língua e pneumonite intersticial linfóide.

6. EBV e oncogênese: LMP 1 modula o crescimento e diferenciação, bloqueia a apoptose mediada


por p53 e redução da resposta celular. Esse processo de oncogênese há a imortalização de LB e
LT, com perda da resposta de CTL e uma possível explicação é a translocação da parte distal do
cromossomo 8 para o 2, 14 ou 22, o que ativa cmyc que é um oncogene. Cmyc está presente no
desenvolvimento do carcinoma de nasofaringe, nos linfomas Hodgkin e não Hodgkin e no de
Burkitt (tumor de LB facial).

7. Tratamento e prevenção: não há antiviral para a mononucleose, recomenda-se repouso,


hidratação, antitérmico para febre e antibióticos para conter infecções bacterianas secundarias.
Como prevenção não se pode falar em vacina, mas pode-se testar o sangue para transfusão e os
órgãos para transplante, e evitar o contato com saliva contaminada.

8. Diagnóstico: leucograma apresenta linfocitose, há presença de células de Downey, que são LT


ativados. Reação de Paul e Bunnell para detecção de anticorpos heterofilos. Pesquisa de IgM e
IgG por ELISA e IF. Detecção do DNA viral por PCR e hibridização.

D. CITOMEGALOVÍRUS (HCMV):
É um vírus pantrópico, com transmissão pela saliva, lagrima, secreção vaginal, sangue, etc.
1. Patogênese: HCMV replica na porta de entrada que é a mucosa da orofaringe, com posterior
migração para linfonodo cervical, infectando LT e macrófagos, atingindo a circulação sanguínea
promovendo a viremia primária com disseminação para os demais tecidos.

2. Evasão do sistema imune: induzem a redução da atividade das NK, expressam gp 34 e gp 68 que
funcionam como receptor para a fração FC das Ig. Replicam-se em tecidos, após a disseminação,
com baixa vigilância imunológica. Reduzem a expressão de MHC de classe I e II.

3. Manifestações clínicas:

Indivíduos Quadro clínico


Imunocompetentes Assintomático
Mononucleose like, mas sem anticorpos heterófilos.
HCMV Feto Doença de inclusão citomegálica
Imunodeprimido Doença disseminada

Nos indivíduos imunocompetentes há um quadro de mononucleose mais branda. Nos indivíduos


imunodeprimidos há pneumonia, esofagite, encefalite, hepatite, pancreatite, colite, retinite e enterite. A
doença de inclusão citomegálica consiste em surdez, cegueira, retardo mental e de crescimento,
problemas respiratórios, petéquias, hemorragia e hepatoesplenomegalia.
Se a gestante adquiriu a infecção primária na gravides há a transmissão para o feto, e a mesma
também ocorre com a reativação durante a gravidez. Quando a gestante apresentar o HCMV no cérvix
uterino há a contaminação durante o parto. O HCMV também pode ser transmitido ao neonato através
do leite materno.

4. Diagnóstico: Histopatologia, com coloração HE a fim de observar o CPE com forma de olhos de
coruja. Pesquisa da fosfoptn pp65 que é marcadora de infecção ativa por IF. Pesquisa de IgM e
IgG por ELISA.

5. Tratamento e prevenção: tratamento com Ganciclovir, Valganciclovir, Formivirsen, os quais


apresentam grande toxicidade, sendo utilizados apenas em imuno deprimidos, pois em
imunocompetentes a doença é autolimitante. Não há vacina para prevenção, mas pode-se
realizar o pré-natal a fim de controlar e identificar a doença de inclusão citomegálica, evitar
contaminação perinatal, sexual ou salivar.

VI. SARAMPO E CAXUMBA

A. SARAMPO:
Pertence a família Paramyxoviridae, possui genoma de RNAss polaridade negativa e é
envelopado. A transmissão acontece homem a homem, não existindo reservatório da doença, sendo a
mesma estritamente humana. Apresenta 1 sorotipo circulante e com vacina eficiente. É uma das metas do
milênio, devendo ser erradicado até 2025.
Apesar de ser um vírus de RNA não apresenta muitas mutações, sendo vírus estáveis e com
pequenas variações nos epítopos, mas que não interferem na eficácia da vacina.
Como a transmissão é por secreções respiratórias através de aerossóis e contatos com
superfícies contaminadas faz com que a contaminação seja fácil. Pode acontecer de haver transmissão pela
urina, o que é problemático em creches e em locais de pouca higiene. As crianças são mais susceptíveis.
É um vírus pantrópico, com a porta de entrada sendo o trato respiratório superior, onde
apresenta replicação, disseminação linfática, viremia e disseminação para tecidos não linfóides.

1. Patogênese: contato com aerossóis/ superfícies contaminadas levam o vírus até a mucosa do
trato respiratório superior com replicação na porta de entrada. De 1 a 2 dias há a disseminação
para linfonodos cervicais, onde há replicação e os vírus são carreados via macrófagos e DC.
Nesse momento há o desenvolvimento de linfoadenopatia e viremia primária 3 a 4 dias após o
contágio. Na viremia primária há carga viral baixa, sendo uma fase assintomática, uma vez que
os vírus estão protegidos dentro dos leucócitos. Com a viremia há a disseminação para outros
tecidos, como o SRE, onde há replicação com posterior viremia secundária, onde há aumento da
carga viral e desencadeamento de resposta imune específica. Os vírus replicam no endotélio,
epitélio, linfócitos, monócitos e macrófagos. A replicação dos vírus no endotélio leva a ativação
da resposta inflamatória e as citocinas produzidas levam a aumento da permeabilidade vascular,
causando o extravasamento que caracteriza o exantema (hipersensibilidade do tipo II).
O exantema do sarampo só acontece em indivíduos imunocompetentes, pois é
decorrente da resposta imune, não estando presente em imunossuprimidos, os quais irão
apresentar replicação disseminada, podendo chegar ao SNC levando a morte.

2. Manifestações clínicas: as infecções primárias resultam em manifestações clínicas aparentes. O


período de incubação do sarampo típico é de 10 a 21 dias. Na fase prodômica há mal estar,
febre, anorexia, coriza, tosse, conjuntivite, uma vez que há replicação dos vírus nas mucosas
respiratória e ocular. Os sintomas específicos são manchas de Koplik (patognomônicas),
linfoadenopatia, esplenomegalia, e exantema. Estes últimos três sintomas não são específicos do
sarampo, estando presentes em diversas doenças exantemáticas. As manchas de Koplik são
causadas por destruição tecidual em função da replicação viral. Tais manchas se caracterizam
por borda avermelhada e interior branco, com duração de 1 a 2 dias. Essas manchas e o
exantema não transmitem o vírus. Quando chegam à fase de exantema todos os sintomas
aumentam, mas regridem em poucos dias.
Como complicações temos pneumonia, laringotraqueobronquite, otite média,
estomatite, ulcerações na boca, diarreia, ceratoconjuntivite, ulceração de córnea, xeroftalmia e
cegueira. Esses sintomas são encontrados, principalmente, em indivíduos desnutridos, onde a
otite média pode levar a surdez, e até a ulceração de córnea há reversibilidade com a utilização
da vitamina A. A pneumonia é o sintoma mais perigoso, podendo ser decorrente de infecções
bacterianas secundárias, ou pneumonite decorrente da replicação viral.
As complicações neurológicas são encefalite aguda pós – sarampo/encefalite aguda
disseminada, que se desenvolve em no máximo 1 semana após o contágio. Apresenta
mortalidade de 10%, e dos que se recuperam de 20 a 40% apresentam sequelas. Outra
complicação é a panencefalite esclerosante subaguda, a qual apresenta persistência no vírus no
tecido neuronal em 6 a 8 anos após a infecção primária. Há degeneração da capacidade mental,
ataxia progressiva e discinesina, com morte em de 1 a 3 anos após o início do sintoma. Não
existem marcadores para o diagnóstico precoce. No tecido neuronal é possível encontrar o
genoma, mas sem a demonstração da replicação viral, uma vez que há pequena carga viral no
cérebro.
O sarampo atenuado acomete indivíduos parcialmente imunizados ou que foram
vacinados, mas ou a resposta vacinal decaiu com o tempo ou a resposta foi ineficiente. A
resposta ineficiente pode ser justificada pelo fato de que sendo uma vacina atenuada, necessita
de boa refrigeração para que possa funcionar corretamente. Filhos de mães imunizadas
recebem IgG materna. Indivíduos que não foram imunizados e que não tiveram a doença, ao
entrar em contato com a doença devem tomar a IgG anti-sarampo, e essa imunidade passiva
dura até 90 dias, se após esse período entra em contato com o vírus há o sarampo atenuado.
O sarampo atenuado é um problema de saúde pública, pois a doença é atenuada ou
assintomática, sendo, muitas vezes, não diagnosticada, transmitindo a doença na comunidade.
Já os indivíduos imunossuprimidos apresentam pneumonia de Hecht, conhecida como
pneumonia de células gigantes, pois há formação de sincício. Pacientes HIV+ e oncológicos que
foram vacinados na infância apresentam algum exantema se entrarem em contato com o vírus,
mas os não vacinados não apresentam exantema, apresentando replicação disseminada. A
pneumonia pode evoluir para a encefalite subaguda ou encefalite com corpúsculo de inclusão
causada pelo sarampo, onde este quadro não acontece em imunocompetentes. Há também
quadros de convulsão, hemiplegia e óbito. 85% dos pacientes se recuperam, mas com sequelas.

3. Diagnóstico: o diagnóstico clínico é baseado na detecção das manchas de Koplik, enquanto que
o laboratorial consiste no isolamento, mas o mesmo é inviável já que a infecção é aguda,
Histopatologia, com detecção das células gigantes, pesquisa de antígenos por IF e sorologia por
ELISA.

4. Tratamento: não há tratamento específico, tratando apenas os sintomas com repouso,


hidratação, antitérmicos e antibióticos para evitar infecções bacterianas secundárias, além de
vitamina À para recuperação das mucosas.

5. Prevenção: administração de Ig a bebês de mães que tiveram sarampo na gravidez,


imunodeprimidos e gestantes; vacina monovalente, tríplice e tetravalente, onde a tetravalente
não pode ser administrada em imunodeprimidos, pois contém varicela.

B. CAXUMBA:
Pertence a família Paramyxoviridae, é um vírus RNAss polaridade negativa, envelopado,
apresenta 1 sorotipo e há vacina.

1. Patogênese: é um vírus pantrópico, com transmissão por secreções respiratórias e pela urina.
Como é pantrópico pode causar orqueíte (inflamação testículos), ooforite (inflamação ovários)
e mastite, mas atua principalmente causando parotidite. A replicação acontece nas mucosas do
trato respiratório superior, com posterior replicação nos linfonodos cervicais, a disseminação
linfática promove a viremia primária, a qual leva o vírus para vários tecidos, principalmente as
glândulas salivares. A disseminação para outros tecidos depende apenas da velocidade da
resposta imune.

2. Manifestação clínica: o período de incubação leva de 14 a 28 dias. Na fase prodômica há mal


estar, febrícula, anorexia, cefaleia e dor de ouvido. Os sintomas específicos envolvem o
enfartamento das glândulas salivares, principalmente da parótida, que pode ser unilateral ou
bilateral. Assim como o sarampo há imunidade natural permanente.
A parotidite pode ser causada por diversos fatores, sendo recorrente, enquanto que a
caxumba não é, portanto, a parotidite não é um sintoma patognomônicos. Para os
imunossuprimidos não há parotidite, e sim encefalite.
A orqueíte acontece em 10 a 50% dos casos, sendo reversível e não apresenta
impotência como consequência. Um sintoma é a dor lancinante nos testículos, sendo
recomendado o uso de analgésicos opiáceos e gelo, onde o gelo é empregado para evitar o
superaquecimento, o qual se acontecer pode levar a infertilidade. A Ooforite é mais rara e mais
discreta que a orqueíte, mas não há risco de infertilidade. A pancreatite é o quadro mais grave,
pois é fulminante.

3. Diagnóstico: o isolamento é inviável, pois é uma infecção aguda. Pesquisa de IgM e IgG anti-
caxumba. Pesquisa de RNA viral por RT-PCR, principalmente nos casos de encefalite.

4. Tratamento e prevenção: não há antiviral, o tratamento se realiza com hidratação,


analgésicos, antitérmicos, Ig para imunocomprometidos e adultos jovens do sexo masculino, a
fim de reduzir o risco de orqueíte. A prevenção se baseia nas vacinas monovalente, tríplice e
tetravalente, onde a ultima não é recomendada para gestantes e imunossuprimidos.

VII. RUBÉOLA
Pertence a família Parvoviridae e ao gênero Rubivírus, seu genoma é RNAss polaridade positiva, sendo
envelopado e com capsídeo icosaédrico. Suas espículas virais são E1 e E2.

1. Patogênese:
 Rubéola pós-natal: a transmissão acontece por contato direto com perdigotos e indireto
com objetos contaminados com perdigotos, sangue e urina (mais raro). O período de
incubação é de 14 dias. Há replicação inicial no trato respiratório superior, com
posterior replicação nos linfonodos cervicais, com viremia primária que pode levar o
vírus para a epiderme ou para a placenta no caso de gestantes. A replicação na pele
promove o exantema devido à formação de complexos antígeno-anticorpos. Para
mulheres vacinadas não há risco de desenvolvimento de viremia durante a gravidez.

 Rubéola congênita: quando a infecção primária acontece na gravidez e principalmente


no primeiro trimestre há maior gravidade, a qual reduz com o prosseguimento da
gravidez, diferente da infecção pelo HCMV, que é perigosa durante toda a gestação.
Quando acontece no primeiro trimestre há sequelas graves para o feto ou o aborto. O
vírus promove inibição do crescimento, divisão celular e apoptose, logo se não há o
aborto há sérios comprometimentos da organogênese.
2. Manifestações clínicas: exantema macular, causado por deposição de complexos antígenos –
anticorpos, linfoadenopatia retroauricular, occipital e cervical, artrite e poliartralgia transitória.
Não há sintomas patognomônicos. Para a síndrome da rubéola congênita há catarata, glaucoma,
cardiopatia congênita, surdez (sintoma tardio), microcefalia e retardo mental, e os sintomas
transitórios como miocardite, linfoadenopatia, hepatite, icterícia, púrpura trombocitopênica,
hepatoesplenomegalia e anemia hemolítica.

3. Diagnóstico: HI, ELISA, isolamento em cultura de células por interferência viral. A interferência
viral consiste em utilização de cultura de células, na qual é inoculado um vírus conhecido que
cause CPE rapidamente e posterior inoculação do vírus da rubéola, o qual é forte indutor da
produção de IFNα. Se, após a inoculação do material do paciente, houver CPE é que o material
não continha o vírus da rubéola, mas se não ocorrer CPE é sinal de que o vírus da rubéola
interferiu o desenvolvimento do CPE pelo outro vírus. Essa técnica requer a comprovação por
identificação viral por HI, IF e ELISA.

 Rubéola pós-natal
 SRC

4. Prevenção: vacina tríplice ou tetravalente, a qual é atenuada e não teratogênica, mas ainda assim
não é indicada a gestantes e imunossuprimidos.

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