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o CLASSIFICAÇÃO DE BALTIMORE:
I DNA ds Herpesvírus
II DNA ss Paravovírus
III RNAds Reovírus
IV RNAss + Picornavírus
V RNAss - Orthomyxvírus
VI RNAss com intermediário DNA Retrovírus
VII DNAds com fragmento simples na Hepdnavírus
porção terminal
Suscetibilidade: capacidade da célula ser infectada, baseia-se no fato da célula apresentar ou não
receptores para as espículas virais.
Permissividade: capacidade da célula hospedeira apresentar o receptor para as espículas virais e ter a
capacidade de replicar o genoma e produzir proteinas virais. Replicar o genoma não implica,
necessariamente na produção de partículas virais infecciosas. Células não suscetiveis podem replicar o
genoma, desde que o mesmo seja inserido, talvez por bacteriófago ou por mudança no envelope.
Proteínas não estruturais: asseguram a replicação do genoma, promovem a regulação gênica. São as
primeiras proteínas a serem traduzidas.
Proteínas estruturais: são responsáveis pelo empacotamento do genoma viral.
Núcleocapsídeo: capsídeo + ácidos nucléicos.
O ciclo de replicação viral:
Adsorção: espículas virais se ligam a glicoproteínas das células hospedeiras que funcionam como receptores
virais, essa ligação está baseada no tropismo viral e na suscetibilidade das células hospedeiras. As estruturas
virais são alvo para a ação de anticorpos. Mutações no hospedeiro podem causar maior ou menor
suscetibilidade, como mutações nos receptores de HIV que causam resistência. A espícula viral é o que está
em maior evidência, sendo alvo do sistema imune e reconhecida como non-self recaindo sobre elas a ação
de anticorpos neutralizantes. Nos vírus não envelopados os receptores se ligam diretamente ao capsídeo.
Podem existir receptores específicos, onde os vírus se ligam a determinados receptores e infectam
determinado tipo celular. Há também os receptores alternativos, onde os vírus não apresentam tropismo,
atingindo vários tipos celulares, isso confere maior espectro de ação, sendo vantagem evolutiva.
Penetração:
o Vírus não envelopados: são endocitados por caveolina ou clatrina, ou tendo seu material genético
diretamente injetado sem requerer endocitose de toda partícula viral.
o Envelopados:
Fusão direta: há a aproximação entre o envelope viral e a membrana plasmática da célula
hospedeira, havendo fusão e entrada do núcleocapsídeo.
Fusão após endocitose: a partícula viral envelopada tem seu envelope fundindo com a
membrana do endossomo com posterior liberação do núcleo capsídeo.
Desnudamento: é a separação do genoma das estruturas do virion, com desorganização do capsídeo, com
perda da infectividade inicial. Para os vírus não envelopados, no endossoma há a alteração das proteínas do
capsídeo promovendo o desnudamento. O desnudamento ocorre em função de mudanças físicas e
químicas, como alteração de pH e da conformação estrutural das proteínas do capsídeo,
Replicação: os vírus RNA se replicam no citoplasma, enquanto que os vírus de DNA se replicam no núcleo.
As enzimas que são necessárias à replicação viral, mas que não estão presentes na célula hospedeira devem
ser codificadas ou estarem empacotadas na partícula viral.
o Transporte citoplasmático: acontece quando os vírus endocitados são encaminhados através de
vesículas até o local, ou quando os injetados diretamente são associados a proteínas
transportadoras até o local de replicação.
o Transporte nuclear: os vírus pequenos penetram no núcleo sem alteração do capsídeo, já os
maiores necessitam que o capsídeo interaja com as proteínas do poro nuclear a fim de liberar
apenas o genoma.
o Os genomas menores requerem uma maior utilização da maquinaria celular, uma vez que o genoma
não codifica todas as proteínas necessárias. Exemplos são as famílias Polyomaviridae,
Papylomaviridae e Parvoviridae.
o Já os genomas maiores apresentam as próprias polimerases ou possuem fatores de transcrição e
outras enzimas que recrutam as polimerases, diferentemente dos genomas menores que esperam a
célula hospedeira entrar em divisão celular para poderem replicar. Exemplos são as famílias
Adenoviridae e Herpesviridae.
o Vírus DNA
o Vírus RNA:
Vírus RNAss polaridade +: já está pronto para ser traduzido, não necessita que o vírus possua
empacotado replicases.
Vírus RNAss polaridade - : a partícula viral precisa apresentar replicases empacotadas a fim
de possibilitar a transcrição do RNAm.
Vírus RNAds: um exemplo é o Rotavírus Esse processo acontece no citoplasma
antes do desnudamento.
Replicase
RNAds RNAm proteínas estruturais e não estruturais.
Retrovírus:
Liberação: os vírus já saem montados do citoplasma. A saída dos vírus da célula hospedeira acontece
devido a excesso de partículas virais ou por regulação da expressão do vírus. Pode acontecer por lise da
membrana celular ou por exocitose.
o Vírus envelopados: apresentam maturação intracitoplasmática e podem ser liberados por
exocitose, onde a membrana do endossoma irá formar o envelope. Podem sair também por
brotamento da membrana plasmática, onde a capacidade infecciosa só se desenvolverá com a saída
da célula.
Tipos de transmissão:
Horizontal:
o Contato:
Direto: contato direto da pele lesionada com coisas infectadas, beijo, sexo, saliva, etc.
Indireto: requer um intermediário, como a inalação de perdigotos, através de fômites
(talheres, copos, canudos, alicates, etc que tiveram contato com o indivíduo infectado e podem
transmitir a indivíduos susceptíveis) e de superfícies contaminadas.
Vertical: ocorre na gestação ou durante o parto, enquanto que a transmissão que acontece logo após o
parto, como durante o aleitamento e contato materno é chamada de transmissão perinatal, pois neste tipo
de transmissão não se garante que a contaminação foi feita pela mãe.
As portas de entrada dos vírus em organismos susceptíveis variam conforme o tropismo do vírus, pois
após a entrada há a necessidade de uma replicação inicial. A replicação viral pode ficar restrita a porta de
entrada, mas também pode acontecer disseminação.
Mucosas: são a principal porta de entrada de vírus no organismo, e por isso estão muito bem protegidas
através de barreiras físicas e químicas. A maioria dos vírus adentra pela mucosa do trato respiratório.
o Trato respiratório: apresenta como barreira cílios e muco, mas como as partículas virais são muito
pequenas, chegam facilmente aos alvéolos, onde os macrófagos alveolares atuam, mas muitas
vezes esses vírus se replicam dentro dos macrófagos.
o TGI: alguns vírus ficam restritos a orofaringe, pois a deglutição pode levar ao estômago e ao
intestino, locais que apresenta o pH como importante barreira física, principalmente para vírus
envelopados, mas os não envelopados conseguem resistir a essa barreira.
o Urogenital: a agressão tecidual em função do ato sexual facilita a entrada de vírus.
o Conjuntiva: a lisozima e a lágrima são defesas importantes, mas em alguns casos pode acontecer a
infecção viral.
Pele: a pele intacta não apresenta entrada de vírus, mas se a mesma se encontra lesionada, com alguma
descontinuidade há a possibilidade da entrada de vírus. As lesões podem variar desde picadas, pequenas
abrasões, mordidas ou por via iatrogênica (piercings e tatoos).
Placenta: a maioria das gestantes infectadas durante a gravidez raramente apresentam vírus que
atravessam a placenta, exceto o vírus da rubéola e o citomegalovírus.
Disseminação:
As células da porta de entrada devem ser susceptíveis, apresentando os receptores para as estruturas
virais a fim de que possa acontecer a adsorção. A fim de que vírus se replique é importante que haja a
permissividade das células da porta de entrada, esse fator determinada se o vírus fica restrito a porta de entrada
ou se dissemina. Para que haja a disseminação é importante que haja aumento da carga viral. A disseminação
acontece conforme o tropismo do vírus, um vírus pantrópico é aquele que possui tropismo para vários vírus.
Disseminação pelo epitélio: é uma disseminação mais localizada, uma vez que acontece célula a célula, mas
isso não significa uma menor gravidade da doença, pois esta depende da extensão da lesão. Acontece
principalmente nas viroses respiratórias e entéricas.
Disseminação pelos nervos periféricos: a porta de entrada é a pele, onde acontece replicação e acesso as
terminações nervosas do SNP, o qual permite a chegada ao SNC. Essa disseminação é uma via de mão dupla
(SNP – SNC é um movimento retrógrado ou centrípeto; SNC – SNP é um movimento antriretrógado ou
centrífugo). Esse tipo de disseminação acontece no Herpes e na Raiva. No caso do Herpes o vírus se camufla
na raiz do gânglio dorsal, enquanto não está causando doença, reativando mediante a queda de imunidade.
Disseminação linfática: geralmente mucosa é porta de entrada e através de transcitose (atravessa a célula)
pelas células M os vírus chegam ao tecido linfóide subjacente. No tecido linfóide há contato com linfócitos,
macrófagos e DC, os quais apresentarão a replicação do vírus em função dos mecanismos de evasão dos
mesmos. Essas células infectadas são carreadas para os linfonodos mais próximos, onde há mais replicação
viral e posterior entrada na circulação sanguínea. Os linfonodos apresentam reação contra a replicação viral
e muitas vezes isso desencadeia linfoadenopatia.
Disseminação pelo sangue (viremia): uma vez no sangue a disseminação pode ser sistêmica, dependo
apenas do tropismo do vírus.
o Viremia primária: os vírus chegam ao sangue oriundo dos linfonodos, a carga viral é pequena e o
indivíduo, geralmente, está assintomático.
o Viremia secundária: os vírus retornam ao sangue após a disseminação sistêmica, a carga viral é
maior. Nesse período há maior infectividade, maior resposta do sistema imune e aparecimento de
manifestações clínicas.
Abortiva: a célula hospedeira não é permissiva, com isso não replicação, havendo a consequente
destruição do vírus, com sobrevivência da célula. Mesmo se a célula não for permissiva, há possibilidade
de replicação, desde que o genoma seja injetado na célula hospedeira, mas se a inserção do genoma
acontecer em região do genoma da célula que codifica produtos importantes haverá a morte celular.
Citolítica: a célula hospedeira é susceptível e permissiva, o vírus consegue adentrar, apresenta rápida
replicação e sai por lise celular. Acontece, em geral, com vírus RNA.
Resistente: o vírus realiza sua replicação de forma prolongada causando infecções persistentes.
o Infecções produtivas: há a replicação viral durante muito tempo e a célula hospedeira morre de
morte natural. Há a produção de vírus durante a vida toda, mas sem causar, necessariamente,
infecção, mas apresentando transmissão. É o que acontece nas hepatites.
o Infecções latentes: o vírus oculta seu genoma, não produz partículas virais, evadindo a resposta
imune. Se há alguma baixa de imunidade, o vírus reativa e inicia a replicação. Durante a fase em
que não há replicação não há transmissão. É o que acontece no Herpes.
Imunopatologia
o Reações de hipersensibilidade: a doença é desencadeada por resposta exagerada do sistema imune.
o Imunossupressão: os vírus imunossuprimem o hospedeiro, o que favorece as infecções
oportunistas.
o Autoimunidade: é uma teoria baseada no fato de que alguns epítopos virais são semelhantes aos
antígenos próprios do hospedeiro, causando autoimunidade.
Padrões de infecção:
Infecção aguda: o hospedeiro entra em contato com o vírus e no ápice da replicação viral há a doença
propriamente dita causada ou por dano tecidual ou por ação do sistema imune. Após o pico de replicação
viral há o desenvolvimento da resposta imune e a infecção é debelada. A evolução é rápida e intensa, e em
alguns casos pode levar a morte rapidamente. Exemplos de doenças com infecção aguda são Sarampo,
Gripe, Pólio, etc.
Infecção persistente: o hospedeiro entra em contato com o vírus e o porta durante toda a vida.
o Infecção crônica: o vírus adentra as células hospedeiras, replica na porta de entrada se
disseminando ou não, há o desenvolvimento da resposta imune, mas o vírus não é eliminado,
evadindo a resposta imune e apresentando replicação basal. Um exemplo é a hepatite crônica.
o Infecção lenta: o vírus adentra as células hospedeiras, replica na porta de entrada se disseminando
ou não, há o desenvolvimento da resposta imune, mas o vírus não é eliminado, persistindo com
baixíssima carga viral e padrão de replicação lenta, porém progressiva, culminando em uma
síndrome fatal. Exemplos são a AIDS, a PML, a panencefalite derivada de sarampo.
o Infecção latente: vírus adentra as células hospedeiras, replica na porta de entrada se disseminando
ou não, há o desenvolvimento da resposta imune e o genoma viral é ocultado, se mantendo latente.
Mediante a baixa de imunidade há a reativação do vírus, podendo ou não ser assintomática, mas há
significativa carga viral e, portanto, há transmissão.
Fases da infecção:
Período de incubação: abrange o período entre o contato com o vírus e o aparecimento de sintomas
específicos.
Período prodômico: período em que há o aparecimento de sintomas inespecíficos.
Período de doença: período em que há o desenvolvimento de sintomas específicos.
Período de infectividade: coexiste com o período de doença, mas o tempo de sua permanência depende do
vírus e do tipo de infecção. Se for um vírus que apresenta infecção aguda, esse período é apenas na fase
aguda, se for uma infecção crônica, acontecerá por toda a vida. Há doenças como a hepatite A, em que a
carga viral é eliminada anteriormente ao aparecimento dos sintomas, reduzindo-os.
Período de convalescência: período de cura dos sintomas, por eliminação do vírus e decaimento da
resposta imune.
A. POLIOMIELITE
O Poliovírus pertence à família Picornaviridae e ao gênero Enterovírus, apresentando RNAss polaridade
+. Apresenta 3 sorotipos os Poliovírus 1,2 e 3, os quais são distintos mas causam os mesmos sintomas sem
causar imunidade cruzada.
O Poliovírus é amplamente disseminado na população, mas há regiões controladas contrastando com
regiões endêmicas. Sua transmissão é fecal – oral e por aerossóis, se multiplicando na orofaringe. A infecção é
agida e evolui para a cura, sequelas ou morte. O período de incubação é de 7 a 14 dias.
2. Manifestações clínicas e consequências: 90% dos casos são assintomáticos, onde o vírus é
eliminado pelas viremias primária e secundária, com imunidade permanente, mas não cruzada. 10%
dos casos evoluem para a pólio abortiva após a viremia secundária, apresentando sintomas
semelhantes a resfriado e se recuperam. Desses 10% que apresentam a pólio abortiva, 1 a 2% não
se recuperam e apresentam pólio não paralítica caracterizada por meningite asséptica. Desses 1 a
2% alguns apresentam a pólio paralítica, a qual induz sequelas permanentes ou morte. Os que não
apresentam sequelas podem apresentar a síndrome pós-pólio.
Pólio abortiva: apresenta febre, cansaço, resfriado, cefaleia, náuseas, inflamação de garganta e
prisão de ventre. Em 98% dos casos há recuperação em 3 a 4 dias. Como são sintomas
inespecíficos, em áreas não endêmicas não há diagnóstico correto.
o Síndrome pós-pólio: não há presença do vírus, uma vez que a infecção é aguda. A
inervação muscular é destruída pela multiplicação viral. O organismo forma brotos
axonais, e se os quais forem bem refeitos há recuperação dos movimentos, mas como
tais brotos não são muito resistentes em 30 a 40 anos após a infecção primária há
atrofia muscular, problemas de respiração e deglutição.
3. Diagnóstico: o isolamento por cultura de células é usado com posterior confirmação por teste de
sorologia de neutralização a fim de identificar os sorotipos. A identificação se o vírus é selvagem ou
vacinal se dá por sequenciamento, hibridização e RT-PCR.
4. Prevenção:
Vacina Salk: é uma vacina inativada, não apresentando replicação viral e, consequentemente o
vírus não é eliminado no ambiente. Apresenta o ácido nucléico viral e os 3 antígenos. São
utilizadas 4 doses de IM, não gerando anticorpos de mucosa. Não há quadro paralítico, pois o
vírus não replica. A imunidade é mais baixa e não muito sustentada, requerendo reforço a cada
5 anos. É usada em imunodeprimidos
Vacina Sabin: é uma vacina atenuada, onde se usa um vírus mutante sem a capacidade de
entrar no SNC e contém os 3 sorotipos. São aplicadas 3 doses orais a partir de 2 meses com
reforço aos 15 meses. A primeira dose pode causar reação e o vírus chegar ao SNC, uma vez
que o neonato não apresenta imunidade. A vacina é aplicada até os 5 anos a fim de garantir a
cobertura vacinal da população. Como a vacina é atenuada há replicação nas mucosas
causando imunidade direta e altos títulos de anticorpos, promovendo imunidade permanente.
A vacina causa barreira indireta na população, pois como o vírus é eliminado na saliva e fezes é
potencial contaminante do ambiente. Vacina indiretamente os indivíduos não vacinados, o que
não acontece com a vacina Salk.
Como é um vírus RNA, que muta muito frequentemente, o vírus vacinal pode mutar e
readquirir a neurovirulência, podendo chegar ao SNC nas primeira e segunda doses. Deve ser
estocada a frio para não inativar as partículas.
O novo esquema de vacinação combina as duas vacinas, onde nas duas primeiras doses
se administra a vacina Salk e nas duas ultimas a Sabin. Administrando a Salk primeiro evita a
reversão e a Sabin evita que caso tenha a reversão, impede o desenvolvimento da doença, uma
vez que já terá anticorpo.
B. RAIVA
O vírus da raiva pertence à família Rhabdoviridae e ao gênero Lyssavirus. É um vírus envelopado.
Qualquer mamífero infectado apresenta a doença, mas não se conhece o reservatório natural. O vírus é
eliminado na saliva do animal, sendo transmitido por mordida, arranhadura, lambedura de mucosas, além do
contato com superfícies contaminadas e aerossóis por morcegos em cavernas. Quanto maior a inervação da
porta de entrada, maior será a gravidade. O período de incubação pode levar até 2 anos.
1. Biossíntese viral e Patogênese: após o inóculo viral em pele e mucosas há replicação intensa na
porta de entrada, uma vez que necessita de alta dose infectante para chegar ao SNP e SNC. Se o
inóculo viral é grande menor será o tempo de replicação na porta de entrada e vice-versa. Um
prognóstico favorável é um tempo maior na porta de entrada a fim de que o tratamento seja eficaz.
A recomendação pós – mordida é a lavagem exaustiva com água e sabão, pois o vírus é envelopado
e estes são mais sensíveis, além de álcool iodado. Esses procedimentos reduzem a carga viral na
lesão. Após a replicação na porta de entrada há a migração passiva do SNP para o SNC, atingindo a
raiz do gânglio dorsal e medula, onde é replicado. Pode ocorrer a infecção com replicação no
cérebro devido ao tropismo do vírus, o qual retorna a porta de entrada pelos nervos periféricos, se
tornando pantrópico.
Uma vez atingindo o SNC o indivíduo ou morre ou tem sequelas graves. O importante é
barrar a replicação na porta de entrada com neutralização via anticorpos (vacina e soro no local).
Quando o vírus chega aos SNC o vírus está protegido da resposta imune, se tornando possível de
encontrar quando se torna pantrópico.
2. Manifestações clínicas: o período de incubação é de 10 a 60 dias, podendo levar até 2 anos e sua
duração depende da concentração de partículas virais inoculadas, do tipo, extensão, profundidade
do ferimento e a distância entre o local do ferimento e o SNC, onde uma maior inervação do local
do ferimento promove um menor período de incubação.
Passado o período de incubação há o quadro prodômico, podendo apresentar paralisia.
Até 2 -10 dias de infecção é possível o tratamento. Após esse período a doença evolui para a fase
raivosa, apresentando os sintomas específicos de hipertensão, arritmia, tremores, fraqueza,
alternância de fúria e prostração, apoplexia (perda de reflexos), convulsões e morte. Antes desses
sintomas há espasmos de laringe que levam a hidrofobia, o qual é sintoma patognomônico. A
alternância de fúria e prostração se justifica pelo ataque ao sistema límbico.
O homem é o hospedeiro terminal, apresentando a doença, mas sem transmiti-la.
3. Diagnóstico: o diagnóstico não é feito por suspeita, devendo iniciar o tratamento imediatamente.
Se o paciente chega com encefalite se usa saliva, tecido de córnea, pele da região occipital, sangue
e LCR. O isolamento acontece em camundongos e em cultura de fibroblastos, com posterior
pesquisa de antígenos por IF.
Se o paciente chega morto, retira-se o tecido cerebral e realiza-se Histopatologia a fim
de verificar a presença de corpúsculos de inclusão (agregados de proteínas virais) nos neurônios.
Esses corpúsculos de inclusão são chamados corpúsculos de Negri, mas como é uma técnica de
baixa sensibilidade, deve-se realizar IF.
Realiza-se pesquisa de anticorpos para controle sorológico após vacinação, pois a
imunidade vacinal decresce e se verifica se o nível de anticorpos está suficiente para promover
proteção.
4. Prevenção e controle: a vacina é administrada por IM no deltoide, barriga e coxa, mas nunca nas
nádegas, pois ai há redução da eficiência. O soro não é administrado em qualquer situação, pois
pode causar anafilaxia. Se o indivíduo já foi vacinado não se deve usar o soro, apenas em um
contato primário e de alto risco.
Soro heterólogo: soro de cavalo apresenta grandes efeitos adversos.
Soro homólogo: é um soro humano hiperimune. Recomendado para imunossuprimidos e
em pacientes com quadro de anafilaxia.
A prevenção se dá com o monitoramento da circulação do vírus com bloqueio de foco,
vacinação dos animais domésticos e do gado, captura e esterilização de animais de rua,
controle e captura de morcegos.
A terapia preventiva contém em lavagem exaustiva de água, sabão e antissépticos,
aplicação de antitetânica e antibióticos. Há a vacinação preventiva (3 doses) e aplicação IM
de soroantirábico. Se o ferimento foi realizado por animal doméstico vacinado, pode-se
tomar ou não o soro, mas se o ferimento foi feito por animal silvestre é sempre necessário
à administração do soro. Não se deve injetar a vacina e o soro no mesmo local.
IV. VIROSES RESPIRATÓRIAS
A família Orthomyxoviridae apresenta o vírus
Influenza e seus sorotipos A, B e C, sendo C
Influenza RNAss – Helicoidal
menos circulante. A e B estão presentes na
Orthomyxoviridae Segmentado Envelopado
Parainfluenza RNAss – Helicoidal vacina. Cada segmento do RNA está
Paramyxoviridae Não segmentado Envelopado relacionado com uma proteína específica,
Adenovírus DNAds Icosaédrico com função estrutural ou funcional,
Adenoviridae Não segmentado Não envelopado associados ao complexo da RNA polimerase. A
Coronaviridae RNAss + Helicoidal proteína M1 envolve o capsídeo, conferindo
Não segmentado Envelopado
rigidez à estrutura viral.
Rinovírus RNAss + Icosaédrico
Picornaviridae Não Segmentado Não envelopado O envelope apresenta Hemaglutinina (H)
Bocavírus DNAss Icosaédrico
Neuroaminidase (N) e M2 (canal de H+). A
Paravoviridae Não segmentado Não envelopado
Reovírus RNAds Icosaédrico Hemaglutinina e a Neuroaminidase são
Reoviridae segmentado Não envelopado responsáveis pela tipagem do Influenza,
Polyomavírus DNAds Icosaédrico existindo 18 tipos de H e 11 de N,
Polyomaviridae Não segmentado Não envelopado classificando os sorotipos de Influenza A.
Os segmentos do RNA do Influenza codificam proteínas como a NEP e a NS1, onde a primeira é
responsável pela montagem do capsídeo e a segunda realiza a regulação da síntese de RNA viral.
1. Biossíntese Viral:
Ácido siálico
Galactose
2. Patogênese
3. Diagnóstico: coleta de material de swab de oro e nasofaringe para realização de IF, ELISA e
imunocromatografia, sendo a primeira mais comumente realizada. Pode acontecer isolamento em
sistema hospedeiro nos laboratórios de referência para pesquisa, mas como é infecção aguda não é
muito conveniente. Realização de sorologia para busca de IgM e IgG.
1. Biossíntese viral: a adsorção acontece com o reconhecimento entre a glicoptn C (gC) do vírus e
o heparan sulfato da célula hospedeira. No entanto, a interação entre gC e heparan sulfato é
instável requerendo a ligação de gB ao heparan sulfato, mas a interação continua instável. É a
gD que confere a estabilidade a interação com a ligação ao heparan sulfato. Com a ligação de gD
há mudança conformacional, que promove a exposição do heterodímero gH/gL, onde este se
liga a gD, se tornando exposto os aas hidrofóbicos que permitem a interação entre membrana e
envelope.
A penetração acontece após a fusão do envelope com a membrana da célula
hospedeira, com a entrada do núcleocapsídeo e das proteínas do tegumento. Entre as proteínas
do tegumento temos VHS (stop a síntese de macromoléculas da célula hospedeira, através da
degradação de RNAm) e α-TIF ( interage com OCT-1, onde OCT-1 ativa a transcrição de DNA da
célula). α-TIF se complexa com OCT-1, mas a interação é instável, requerendo HCF (da célula
hospedeira) para que haja estabilidade.
Replicação acontece com o genoma dos HPS que é dividido em 3 genes α, β e γ, o qual
após a entrada do núcleo capsídeo na célula é encaminhado ao núcleo, capsídeo se liga ao poro
nuclear e, então a proteína do tegumento VP1-2 é clivada por serino-cisteíno proteases
permitindo a liberação do DNA viral no núcleo adentrando juntamente com o complexo α-
TIF/OCT-1. O complexo α-TIF/OCT-1 ativa a transcrição dos genes α, onde o RNAmα vai para o
citoplasma, sendo traduzido em proteínas α, as quais são regulatórias da transcrição. As
proteínas α vão para o núcleo e atuam sobre os genes β estimulando a transcrição do RNAmβ, o
qual vai para o citoplasma onde há a tradução das proteínas β, as quais são enzimas como a
DNA polimerase cinase, que atuam na replicação. As proteínas β se direcionam ao núcleo e
estimulam os genes γ a transcreverem o RNAmγ, o qual vai para o citoplasma sendo traduzido
em proteínas estruturais.
Há o controle da expressão dos genes α a fim de regular negativamente os genes β e
positivamente os genes γ. As proteínas β são importantes para a regulação de genes como o da
DNA polimerase timidino-cinase e do complexo da helicase –primase. O pico da expressão dos
genes γ acontece após a replicação do DNA viral, a qual só acontece quando se atinge um
determinado número de proteínas β. A expressão de proteínas β se reduz ou para logo após o
início da replicação. Após essa etapa de transcrição e tradução há a replicação do DNA viral,
através do círculo rolante. O círculo rolante faz com que várias cópias em sequencia do DNA
viral sejam sintetizadas com posterior clivagem nas sequencias individuais.
A montagem consiste nas proteínas do capsídeo englobando os fragmentos do DNA
genômico recém-sintetizado a fim de formar o núcleo capsídeo.
A liberação acontece com o direcionamento do núcleocapsídeo para a lamela interna do
núcleo, onde adquire as espículas e sai por brotamento da lamela externa, onde há a formação
de vesícula que encaminha o virion até a membrana plasmática, por onde sai por exocitose.
Outra forma de liberação é a formação do envelope na lamela interna, com posterior perda do
envelope a fim de atravessar o RE, onde adquire as proteínas do tegumento, e readquire o
envelope por brotamento da membrana plasmática.
Um efeito citopático (CPE) da família Herpesviridae é as células infectadas funcionarem
como um sincício. Antes que as proteínas estruturais sejam sintetizadas o DNA viral é replicado.
O DNA viral circulariza, logo ao inicio da infecção na ausência de síntese de proteínas virais.
gK não é incorporada à partícula viral, mas está envolvida no transporte do virion
através do citoplasma, participando também do processo de envelopamento.
2. Patogênese: na infecção latente o DNA viral é levado ao núcleo dos neurônios, sendo
circularizado por enzimas de reparo do DNA circular que atuam nas sequencias α. Nas infecções
latentes não há ação de VHS, havendo manutenção do funcionamento normal da célula. A
infecção latente se dá após a infecção lítica na porta de entrada, com penetração do HSV nas
terminações nervosas, sendo transportado em sentido retrógrado para os gânglios sensoriais.
Dentro de alguns após a infecção lítica não há detecção de partículas virais e o estabelecimento
da latência. Nesse período de latência alguns RNA associados à latência (LAT) são transcritos e
sua transcrição caracteriza a latência. Esses LATs estão relacionados com o estabelecimento,
manutenção e reativação, onde sua expressão facilita a reativação da infecção.
A infecção produtiva primária e a reativada acontecem nas células epiteliais e o DNA
viral permanece linear através da ação das proteínas ICPO que inibe o mecanismo de reparo de
DNA circular, ocorrendo à infecção lítica com a expressão dos genes do HSV. Nesse tipo de
infecção o VHS interfere na transcrição de RNA celular e o complexo α-TIF/OCT-1/HCF migra
para o domínio do genoma celular o PODs=ND10, ativando os genes α.
A reativação após o período de latência é desencadeada por estimulo local como injúria,
ou sistêmico como estresse, mas também por exposição ao U.V, menstruação, etc. Para que a
reativação tenha sucesso é necessário que a célula infectada permita alguma replicação viral e
que o hospedeiro apresente algum grau de imunocomprometimento.
A infecção primária é mais invasiva que a recorrente, pois não há imunidade do
hospedeiro.
As alterações celulares induzidas pelo vírus incluem mudança da cromatina, duplicação
e dobramento das membranas intracelulares, alteração do metabolismo macromolecular da
célula infectada.
3. Transmissão: acontece por contato íntimo como pele e mucosa lesionada, com fluidos corporais
como saliva, sêmen e liquido das vesículas. Durante a latência não há transmissão, mas algumas
vezes as partículas virais reativam e não há aparecimento de sintomas, podendo ocorrer
transmissão a pessoas susceptíveis.
1. Biossíntese: O receptor para VZV é a enzima degradadora de insulina e que se liga a gE. gII e gV
são homólogos de gB e gC e se ligam ao heparan sulfato, gIII e gI são responsáveis pela fusão do
envelope com a membrana plasmática.
2. Patogênese: a infecção primária acontece com a replicação nas mucosas do trato respiratório
superior, com posterior replicação para os linfonodos regionais onde há replicação. Após a
replicação nos linfonodos há a viremia primária levando o vírus para fígado, pele e sistema
retículo endotelial (SRE), com replicação do vírus em linfócitos e monócitos. Há então a viremia
secundária (4-5 dias após a infecção), onde o vírus pode ser detectado na forma livre ou
associado a leucócitos, com disseminação para o tecido epitelial, células T e raiz do gânglio
dorsal, desencadeando lesões retrogradas, principalmente no tronco.
O período de incubação é de 10 a 21 dias e no período prodômico há lesões da
epiderme, febre, mal estar, cefaleia e dor abdominal.
O VZV é um vírus linfotrópico, tendo tropismo principalmente pelos LTCD4+, onde ativa
o antígeno linfocitário cutâneo e CXCR4. A replicação na pele é fundamental para a produção de
partículas virais infecciosas e contribui para a disseminação.
Na latência os vírus livres ganham as terminações nervosas e chegam à raiz do gânglio
dorsal. Após a infecção primária pelo VZV, este ascende para o núcleo dos gânglios sensoriais e
fica em forma latente. A sua reativação apresenta-se na forma erupções vesiculares do tipo
dermatoma em único feixe axonal de gânglio sensorial. O dermatoma é unilateral
acompanhando o feixe nervoso. O vírus é transportado até a epiderme através de múltiplos
axônios. A replicação na epiderme é acompanhada de viremia. Acontece principalmente em
imunodeprimidos. Acredita-se que ocorrem reativações periódicas, mas que são debeladas pelo
sistema imune competente, de forma mais eficiente do que nas infecções pelo HSV.
A primeira alteração histopatológica decorrente do VZV na epiderme é a presença de
células epiteliais gigantes com inclusões nucleares de caráter eosinofílico, mas há também
vasculite de vaso que irrigam a pele.
1. Biossíntese: a espícula viral gp350 se liga ao receptor CD21 de LB, os quais são as células
permissivas, fazendo com que CD21 fique recoberto por uma capa, o que promove a endocitose
do EBV. Gp85 é responsável pela fusão da membrana do endossoma com o envelope viral,
liberando o núcleocapsídeo no citoplasma. Suspeita-se que a chegada ao núcleo está relacionada
a transporte executado por microtúbulos e proteínas carreadoras. O DNA viral se circulariza no
núcleo formando o epissoma (apresenta ligação covalente estável entre as bases do DNA), onde
a replicação desse DNA circular é autônoma. O epissoma torna a célula imortal, apresentando
replicação infinita. Uma vez que o EBV se estabelece no núcleo na forma de epissoma há o
estabelecimento de infecção latente. A saída do vírus da célula se dá com a formação do
envelope a partir da membrana plasmática.
2. Transmissão: acontece pela saliva, onde 80 a 95% da população já entrou em contato com o
vírus, e formas menos comuns são por transplantes e transfusões de sangue. O que ameniza o
fato do transplantado receber órgão contaminado com EBV é o fato de já ter tido contato
prévio, mas com a imunossupressão para evitar a rejeição, pode acontecer reativação do vírus.
D. CITOMEGALOVÍRUS (HCMV):
É um vírus pantrópico, com transmissão pela saliva, lagrima, secreção vaginal, sangue, etc.
1. Patogênese: HCMV replica na porta de entrada que é a mucosa da orofaringe, com posterior
migração para linfonodo cervical, infectando LT e macrófagos, atingindo a circulação sanguínea
promovendo a viremia primária com disseminação para os demais tecidos.
2. Evasão do sistema imune: induzem a redução da atividade das NK, expressam gp 34 e gp 68 que
funcionam como receptor para a fração FC das Ig. Replicam-se em tecidos, após a disseminação,
com baixa vigilância imunológica. Reduzem a expressão de MHC de classe I e II.
3. Manifestações clínicas:
4. Diagnóstico: Histopatologia, com coloração HE a fim de observar o CPE com forma de olhos de
coruja. Pesquisa da fosfoptn pp65 que é marcadora de infecção ativa por IF. Pesquisa de IgM e
IgG por ELISA.
A. SARAMPO:
Pertence a família Paramyxoviridae, possui genoma de RNAss polaridade negativa e é
envelopado. A transmissão acontece homem a homem, não existindo reservatório da doença, sendo a
mesma estritamente humana. Apresenta 1 sorotipo circulante e com vacina eficiente. É uma das metas do
milênio, devendo ser erradicado até 2025.
Apesar de ser um vírus de RNA não apresenta muitas mutações, sendo vírus estáveis e com
pequenas variações nos epítopos, mas que não interferem na eficácia da vacina.
Como a transmissão é por secreções respiratórias através de aerossóis e contatos com
superfícies contaminadas faz com que a contaminação seja fácil. Pode acontecer de haver transmissão pela
urina, o que é problemático em creches e em locais de pouca higiene. As crianças são mais susceptíveis.
É um vírus pantrópico, com a porta de entrada sendo o trato respiratório superior, onde
apresenta replicação, disseminação linfática, viremia e disseminação para tecidos não linfóides.
1. Patogênese: contato com aerossóis/ superfícies contaminadas levam o vírus até a mucosa do
trato respiratório superior com replicação na porta de entrada. De 1 a 2 dias há a disseminação
para linfonodos cervicais, onde há replicação e os vírus são carreados via macrófagos e DC.
Nesse momento há o desenvolvimento de linfoadenopatia e viremia primária 3 a 4 dias após o
contágio. Na viremia primária há carga viral baixa, sendo uma fase assintomática, uma vez que
os vírus estão protegidos dentro dos leucócitos. Com a viremia há a disseminação para outros
tecidos, como o SRE, onde há replicação com posterior viremia secundária, onde há aumento da
carga viral e desencadeamento de resposta imune específica. Os vírus replicam no endotélio,
epitélio, linfócitos, monócitos e macrófagos. A replicação dos vírus no endotélio leva a ativação
da resposta inflamatória e as citocinas produzidas levam a aumento da permeabilidade vascular,
causando o extravasamento que caracteriza o exantema (hipersensibilidade do tipo II).
O exantema do sarampo só acontece em indivíduos imunocompetentes, pois é
decorrente da resposta imune, não estando presente em imunossuprimidos, os quais irão
apresentar replicação disseminada, podendo chegar ao SNC levando a morte.
3. Diagnóstico: o diagnóstico clínico é baseado na detecção das manchas de Koplik, enquanto que
o laboratorial consiste no isolamento, mas o mesmo é inviável já que a infecção é aguda,
Histopatologia, com detecção das células gigantes, pesquisa de antígenos por IF e sorologia por
ELISA.
B. CAXUMBA:
Pertence a família Paramyxoviridae, é um vírus RNAss polaridade negativa, envelopado,
apresenta 1 sorotipo e há vacina.
1. Patogênese: é um vírus pantrópico, com transmissão por secreções respiratórias e pela urina.
Como é pantrópico pode causar orqueíte (inflamação testículos), ooforite (inflamação ovários)
e mastite, mas atua principalmente causando parotidite. A replicação acontece nas mucosas do
trato respiratório superior, com posterior replicação nos linfonodos cervicais, a disseminação
linfática promove a viremia primária, a qual leva o vírus para vários tecidos, principalmente as
glândulas salivares. A disseminação para outros tecidos depende apenas da velocidade da
resposta imune.
3. Diagnóstico: o isolamento é inviável, pois é uma infecção aguda. Pesquisa de IgM e IgG anti-
caxumba. Pesquisa de RNA viral por RT-PCR, principalmente nos casos de encefalite.
VII. RUBÉOLA
Pertence a família Parvoviridae e ao gênero Rubivírus, seu genoma é RNAss polaridade positiva, sendo
envelopado e com capsídeo icosaédrico. Suas espículas virais são E1 e E2.
1. Patogênese:
Rubéola pós-natal: a transmissão acontece por contato direto com perdigotos e indireto
com objetos contaminados com perdigotos, sangue e urina (mais raro). O período de
incubação é de 14 dias. Há replicação inicial no trato respiratório superior, com
posterior replicação nos linfonodos cervicais, com viremia primária que pode levar o
vírus para a epiderme ou para a placenta no caso de gestantes. A replicação na pele
promove o exantema devido à formação de complexos antígeno-anticorpos. Para
mulheres vacinadas não há risco de desenvolvimento de viremia durante a gravidez.
3. Diagnóstico: HI, ELISA, isolamento em cultura de células por interferência viral. A interferência
viral consiste em utilização de cultura de células, na qual é inoculado um vírus conhecido que
cause CPE rapidamente e posterior inoculação do vírus da rubéola, o qual é forte indutor da
produção de IFNα. Se, após a inoculação do material do paciente, houver CPE é que o material
não continha o vírus da rubéola, mas se não ocorrer CPE é sinal de que o vírus da rubéola
interferiu o desenvolvimento do CPE pelo outro vírus. Essa técnica requer a comprovação por
identificação viral por HI, IF e ELISA.
Rubéola pós-natal
SRC
4. Prevenção: vacina tríplice ou tetravalente, a qual é atenuada e não teratogênica, mas ainda assim
não é indicada a gestantes e imunossuprimidos.