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Vírus

Vírus não são células; eles não possuem capacidade


de replicação independente; não sintetizam nem sua própria
energia nem suas próprias proteínas, e são muito pequenos
para serem vistos em microscópios ópticos. Lembrando que
eles são parasitas intracelulares obrigatórios
 Estrutura
Inicialmente deve-se saber que a forma das partículas
virais é determinada pelo arranjo de subunidades repetitivas
que formam a cobertura proteica (capsídeo) do vírus.

Ácidos nucleicos virais


É válido ressaltar que o ácido nucleico (genoma) é
localizado internamente e pode ser tanto DNA de fita
simples ou dupla quanto RNA de fita simples ou dupla,
deve-se saber que pode ser DNA ou RNA, mas nunca
ambos. Quase todos os vírus possuem uma cópia única de
seu genoma (são haploides).

Capsídeo viral e simetria


Vírus
O ácido nucleico é cercado por uma cobertura proteica, As proteínas virais possuem funções importantes. As
denominada capsídeo, composta por subunidades proteínas do capsídeo protegem o genoma de DNA ou
denominadas capsômeros (compostos por uma ou várias RNA de degradação por nucleases. As proteínas na
proteínas). superfície do vírus medeiam a ligação deles a receptores
específicos presentes na superfície da célula hospedeira.
A estrutura composta pelo genoma de ácido nucleico e
Proteínas virais externas são também antígenos
pelas proteínas do capsídeo é denominada nucleocapsídeo,
importantes que induzem anticorpos e ativam células T
que podem possuir duas formas de simetria (icosaédrica e
citotóxicas para matar as células infectadas, e são alvos
helicoidal). Sendo importante, porque todos os vírus
desses anticorpos que se ligam as proteínas e impedem a
humanos que possuem nucleocapsídeo helicoidal são
entrada em novas células e sua replicação.
recobertos por uma membrana externa chamada
envelope; já os que possuem nucleocapsídeo icosaedrico O termo “Sorotipo” é usado para descrever uma
pode ser envelopado ou não. subcategoria do vírus com base em seus antígenos de
superfície. P.ex. o vírus do sarampo possui 1 sorotipo, os
poliovírus possuem 3 sorotipos e os rinovírus possuem 100
sorotipos. Isso ocorre porque todos os vírus do sarampo
possuem apenas um determinante antigênico na sua proteína
de superfície que induz anticorpos neutralizantes capazes de
prevenir infecções. Em contrapartida, os poliovírus possuem
três diferentes determinantes antigênicos em suas proteínas
de superfície, ou seja, o poliovírus tipo 1 possui um
determinante antigênico, o poliovírus tipo 2 possui um
determinante antigênico diferente, e o poliovírus tipo 3 possui
um determinante antigênico diferente dos tipos 1 e 2 e, por
isso, os poliovírus possuem três sorotipos.
Existem duas importantes implicações médicas para
Proteínas virais isso.
Vírus
 Primeira: Consiste no fato de que a pessoa pode Envelope Viral
ser imune (possuir anticorpos) contra o Além do capsídeo e das proteínas internas, existem
poliovírus 1 e ainda assim contrair a doença outros dois tipos de proteínas, ambas associadas ao
(poliomielite) por causa dos poliovírus 2 e 3. envelope. O envelope é uma membrana lipoproteica
 Segunda: A vacina contra poliomielite deve composta por lipídeos derivados da membrana celular do
conter todos os três sorotipos para poder ser hospedeiro e por proteínas que são vírus-específicas.
completamente protetora. Além disso, muitas vezes há glicoproteínas na forma de
Algumas das proteínas virais são estruturais, enquanto projeções similares a espículas na superfície, que se ligam a
outras são enzimas. Se um vírus possui envelope, então uma receptores da célula hospedeira durante a entrada do
proteína de matriz que medeia a interação entre as proteínas vírus na célula.
do capsídeo e as proteínas do envelope está presente. O envelope viral é adquirido enquanto o vírus sai da
Alguns vírus ainda produzem proteínas que atuam célula por meio de um processo denominado “brotamento”.
como “Superantígenos” similares em ação a superantígenos Em geral a presença de um envelope confere instabilidade
produzidos por bactérias, como a toxina da síndrome do ao vírus. Sendo estes vírus mais sensíveis ao calor,
choque toxico de staphylococcus aureus. Dentre estas estão dessecamento, detergentes e solventes lipídicos, como
inclusos dois membros da família dos herpes-vírus (vírus álcool e éter, do que vírus com nucleocapsídeo não
Epstein-Barr e citomegalovírus), e o retrovírus de tumor envelopado, que são compostos apenas por ácido nucleico e
mamário em camundongos. proteínas do capsídeo.
Alguns vírus ainda contêm proteínas reguladoras no Os vírus envelopados são mais comumente
virion em uma estrutura denominada tegumento, que se transmitidos por contato direto, como pele e sangue ou
localiza entre o nucleocapsídeo e o envelope. Essas transmissão sexual. Necessitando da transmissão de pessoa
proteínas reguladoras incluem os fatores de transcrição e por pessoa em sua maioria.
tradução que controlam tanto processos virais quanto Agentes atípicos semelhantes a vírus
celulares.
1- Vírus defectivos: compostos por ácido nucleicos
virais e proteínas, incapazes de se repicar na
Vírus
ausência de um vírus auxiliar, que fornece as por hipoclorito (usado para esterilizar equipamentos
funções faltantes. Geralmente, esses vírus cirúrgicos), NaOH e autoclavação.
possuem uma falta de parte do material As proteínas do príon são codificadas por um gene
genético. Durante o crescimento da maior parte celular. Quando estas proteínas estão na configuração α-
dos vírus de humanos, é produzida uma maior helicoidal normal, elas são não patogênicas, mas quando
quantidade de partículas defectivas do que de sua configuração muda para folha β-pregueada, elas
partículas virais infecciosas. agregam-se em filamentos que perturbam a função
2- Pseudovirions: contêm DNA da célula neuronal e resultam nos sintomas da doença. E por serem
hospedeira no lugar do DNA viral do capsídeo. proteínas humanas normais, eles não geram resposta
São formadas durante infecções por certos inflamatória nem resposta por anticorpos em humanos
vírus quando o DNA da célula hospedeira é
fragmentado e pedaços dele são incorporados
no interior do capsídeo proteico. Esses
Pseudovirions podem infectar células, mas não
se replicam. Característica Príons Vírus convencionais
3- Viroides: consistem apenas em uma molécula de Contém ácido nucleico Não Sim
RNA circular sem capa proteica nem envelope.
Contém proteína Sim, codificados por Sim, codificados por
Possuem capacidade de replicação e estão
genes celulares genes virais
associados a doenças em vegetais, mas não em
humanos. Inativação por luz UV Não Sim
4- Príons: são partículas infecciosas compostas ou calor
puramente por proteínas (sem ácido nucleico). Aparência em Bacilos filamentosos Simetria icosaédrica
Estão associados a causa de certas doenças microscópio eletrônico ou helicoidal
“lentas” chamadas de encefalopatias espongiformes
transmissíveis. Vale lembrar que príons são Infecções induzem Não Sim
muito mais resistentes a inativação por luz anticorpos
ultravioleta e calor do que vírus. São inativados Infecções induzem Não Sim
Vírus
inflamação

 Replicação

Curva de crescimento viral

Quando um vírus infecta uma célula ele pode replicar-


se em aproximadamente 10 horas, gerando centenas de
virions (partícula viral) no interior dessa célula. O tempo
necessário para os ciclos de crescimento variam do tipo
de vírus.
O primeiro evento após adentrar a célula é o
“desaparecimento” do vírus, momento em que ele deixa
de estar presente, mas o seu ácido nucleico viral
continua a funcionar e começa a se acumular no interior
da célula, esse período é conhecido como período de
eclipse, sendo ele encerrado pelo reaparecimento do vírus. O Eventos específicos durante o ciclo de crescimento
período de latência, em contrapartida, é definido pelo tempo
do início da infecção até o aparecimento do vírus A partícula viral infectante parental liga-se à
extracelularmente (fora da célula inicial). membrana celular e então penetra na célula hospedeira.
Alterações da morfologia celular acompanhadas O genoma viral é “desnudado” pela remoção das
por pronunciadas perturbações de funções celulares proteínas do capsídeo, deixando o genoma livre para
começam perto do fim do período de latência. Este efeito funcionar. São sintetizados o RNA mensageiro e as
citopático (ECP) culmina na lise e morte das células. proteínas precoces; as proteínas precoces são enzimas
usadas para replicar o genoma viral. RNA mensageiro
tardio e proteínas são, então, sintetizados. Essas
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proteínas tardias são proteínas estruturais do capsídeo. Adsorção, penetração e desnudamento
Os virions da progênie são montados a partir do material As proteínas da superfície do virions ligam-se a
genético replicado e das proteínas do capsídeo recém- receptores proteicos específicos na superfície da célula
produzidas, e são, então, liberados da célula. por meio de ligações fracas não covalentes (adsorção). A
especificidade dessa ligação determina o espectro do
Os eventos acontecem da seguinte forma: hospedeiro do vírus. Alguns vírus possuem amplo espectro e
1- Eventos precoces (adsorção, penetração e outros espectros limitados. A especificidade de órgãos de um
desnudamento) vírus também é derivada da interação com receptores.
2- Eventos intermediários (expressão gênica e
replicação do genoma) Em vírus não envelopado a partícula viral penetra
3- Eventos tardios (montagem e liberação) por meio de seu engolfamento por uma vesícula
pinocitótica (Penetração por endocitose) ou por
viropexia, processo assimilação da partícula viral inteira
pela membrana celular (inoculação direta do genoma viral
em uma célula, sem internalização do capsídeo), dentro da
qual o processo de desnudamento inicia.
Já em moléculas envelopadas a entrada se dá pela
fusão de suas membranas com as membranas celulares
para liberar o nucleocapsídeo ou o genoma diretamente
dentro do citoplasma (processo determinado pelo pH,
neutro = penetração na superfície; ácido = vírus
internalizado por endocitose e fusão por endossomo).
Uma vez internalizado, o nucleocapsídeo deve ser
transferido para o sítio de replicação dentro da célula e o
capsídeo ou o envelope, removido. O processo de
desencapsidação ou desnudamento, pode ser iniciado por
Vírus
uma fixação ao receptor ou promovido por ambiente ácido ou
por proteases encontradas em um endossomo ou lisossomo
O pH baixo no interior da vesícula favorece o
desnudamento e o rompimento da vesícula ou a fusão da
camada externa do vírus com a membrana da vesícula
deposita o cerne do vírus no citoplasma.
OBS: Os receptores para vírus na superfície celular
são proteínas que possuem outras funções na vida da
célula. P. ex. a proteína CD4 que funciona como receptor do
HIV, possui a função normal de se ligar a proteínas do MHC
de classe 2 envolvidas na ativação de linfócitos T auxiliares.
Vírus tem acesso ao RNA-polimerase da célula hospedeira,
portanto, eles carregam sua própria polimerase dentro da
partícula viral. O genoma de todos os vírus de DNA
consiste em DNA de fita dupla, exceto para os parvovírus,
que possuem um genoma de DNA de fita simples.
A maior parte dos vírus de RNA realiza seu ciclo
replicante inteiramente no citoplasma, logo, devem
prover essas funções ou uma alternativa. As duas
principais exceções são os retrovírus e os influenzavírus, que
possuem um passo replicativo importante no núcleo.
O genoma de todos os vírus de RNA consiste em
RNA de fita simples, exceto para os membros da família
dos reovírus, que possuem um genoma de RNA de fita
dupla.
Os vírus de RNA dividem-se em quatro grupos com
estratégias diferentes para sintetizar mRNA.

Expressão gênica e replicação do genoma


O primeiro passo na expressão gênica viral é a
síntese do mRNA (RNA mensageiro).
Os vírus de DNA, com uma exceção, replicam-se no
núcleo e usam a RNA-polimerase dependente de DNA do
hospedeiro para sintetizar seu próprio mRNA. Os poxvírus
são a exceção porque se replicam no citoplasma, onde não
Vírus paramixovírus]) e os que possuem múltiplos
segmentos de RNA (p. ex., o influenzavírus [um
mixovírus]).
3- O terceiro grupo possui RNA de fita dupla como
material genético. Como a célula não possui
enzimas capazes de transcrever esse RNA em
mRNA, o vírus carrega sua própria polimerase.
4- O quarto grupo, possui RNA de fita simples de
polaridade positiva transcrito em DNA de fita dupla
pela DNA-polimerase dependente de RNA
carregada pelo vírus. Essa cópia de DNA é, então
1- A estratégia mais simples é ilustrada pelos transcrita em mRNA viral pela RNA-polimerase
poliovírus, que possuem RNA de fita simples com comum da célula hospedeira (retrovírus).
polaridade positiva (RNA com a mesma sequência Essas diferenças explicam o porquê alguns vírus
de bases do mRNA) como seu material genético. produzem ácido nucleico infeccioso enquanto outros não
Esses vírus usam seu genoma de RNA diretamente o fazem. Vírus que não necessitam de uma polimerase no
como mRNA. virion podem produzir DNA ou RNA infeccioso. Em
2- O segundo possui RNA de fita simples com contrapartida, vírus como os poxvírus, os vírus de RNA
polaridade negativa como material genético. Um senso-negativo, os vírus de RNA de dupla fita, e os retrovírus,
mRNA precisa ser transcrito pelo uso da fita que requerem uma polimerase do virion, não podem gerar
negativa como molde. Como a célula não possui ácido nucleico infeccioso
uma RNA-polimerase capaz de usar RNA como
Observa-se que duas famílias de vírus utilizam uma
molde, o vírus carrega sua própria RNA-
transcriptase reversa (uma DNA-polimerase dependente de
polimerase dependente de RNA. Existem duas
RNA) durante seu ciclo replicativo, mas o objetivo da enzima
subcategorias de vírus de RNA com polaridade
durante os ciclos é diferente. Os retrovírus, como o HIV, usam
negativa: os que possuem apenas um único
seu genoma de RNA como molde para sintetizar um DNA
segmento de RNA (p. ex., vírus do sarampo [um
intermediário no início de seu ciclo replicativo. Entretanto, os
Vírus
hepadnavírus, como o vírus da hepatite B (HBV), usam um reside no RNA e nas proteínas, e a ação de enzimas e o
RNA intermediário como molde para produzir seu genoma de gasto de energia não são necessários.
DNA nas etapas finais de seu ciclo replicativo. Existem dois processos pelo quais as partículas virais
Depois que o mRNA dos vírus de DNA ou RNA é são liberadas das células:
sintetizado, ele é traduzido pelos ribossomos da célula 1- Ruptura da membrana celular e liberação das
hospedeira em proteínas virais, sendo algumas proteínas partículas maduras (geralmente ocorre com vírus
precoces (i.e., enzimas necessárias para a replicação do não envelopado).
genoma viral) e outras proteínas tardias (i.e., proteínas 2- Liberação do vírus por brotamento através da
estruturais) da progênie viral. Das proteínas precoces, a membrana celular externa (vírus envelopado).
mais importante para os vírus de RNA é a polimerase que
sintetizará muitas cópias do material genético viral para as O processo de brotamento inicia quando proteínas
partículas da progênie viral. (glicoproteínas recém-sintetizadas) específicas virais se
inserem (são transferidas) na membrana celular em sítios
Alguns mRNAs virais são traduzidos em polipeptídeos específicos. O nucleocapsídeo viral então interage com
precursores que precisam ser clivados por proteases para esses sítios específicos (contendo glicoproteínas) na
produzir as proteínas estruturais funcionais, enquanto outros membrana por meio da proteína de matriz. A membrana
mRNAs são traduzidos diretamente em proteínas estruturais. celular evagina nesse local, e a partícula envelopada
A replicação do genoma viral é controlada pelo brota da membrana. O brotamento geralmente não
princípio da complementaridade, que requer a síntese de uma danifica a célula, e, em certos casos, a célula sobrevive
fita com sequência de bases complementares; essa fita serve, enquanto produz grandes números de partículas virais
então, de molde para a síntese do verdadeiro genoma viral. por brotamento.

Montagem e liberação
As partículas da progênie são montadas pelo
empacotamento do ácido nucleico viral dentro das
proteínas do capsídeo. A especificidade para a interação
Vírus

Lisogenia
O ciclo de replicação típico descrito anteriormente
Os vírus podem ser liberados das células após a ocorre na maioria das vezes em que o vírus infecta uma
lise celular, por exocitose ou pelo brotamento da célula. Entretanto, alguns vírus podem usar uma via
membrana plasmática. Os vírus de capsídeo descoberto são alternativa, chamada de ciclo lisogênico, na qual o DNA
geralmente liberados depois da lise celular. A liberação de viral se torna integrado no cromossomo da célula
muitos vírus envelopados acontece após o brotamento da hospedeira e nenhuma partícula viral da progênie é
membrana plasmática, sem matar a célula. produzida nesse momento.
Os vírus que brotam ou adquirem sua membrana no Uma das mais importantes funções da lisogenia do
citoplasma (p. ex., flavivírus, poxvírus) permanecem ponto de vista médico é a síntese de várias exotoxinas em
associados com a célula e são liberados por exocitose ou lise bactérias, como diftérica, botulínica, colérica e toxinas
celular. eritrogênicas, codificadas por genes de um bacteriófago
integrado (prófago). Conversão lisogênica é o termo
Vírus
aplicado para as novas propriedades que uma bactéria
adquire como resultado da expressão dos genes de um
prófago integrado. A conversão lisogênica é mediada pela
transdução de genes bacterianos de uma bactéria
doadora para uma bactéria receptora por bacteriófagos.
Transdução é o termo para descrever a transferência de
genes de uma bactéria para outra por vírus.
Infecções iniciam com a injeção do genoma de DNA
de fita dupla linear por meio da cauda do fago para o interior
da célula. O DNA linear torna-se circular quando suas
regiões de fita simples nas suas extremidades pareiam com
suas bases complementares. Uma enzima de ligação faz uma
ligação covalente em cada fita para fechar o círculo. A
circularização é importante porque é a forma circular que
integra no DNA da célula hospedeira.
OBS: ALGUNS VÍRUS ALTERNAM DE CICLO
LISOGÊNICO PARA O LÍTICO E VICE-VERSE

OBS: BACTERIÓFAGO SÃO VIRUS QUE


APRESENTAM A CAPACIDADE DE INFECTAR
BACTÉRIAS, AS QUAIS SÃO UTILIZADAS PARA O
PROCESSO DE REPLICAÇÃO VIRAL
Vírus
A escolha entre o caminho que leva à lisogenia ou mas alguns, como o fago Mu (ou mutador), podem integrar
à replicação completa é realizada quando a síntese das seu DNA em muitos sítios, e outros fagos, como o fago P1, na
proteínas precoces começa. De forma simples, a escolha verdade nunca integram, mas permanecem em um estado
depende do balanço entre duas proteínas, o repressor “temperado” extracromossomicamente, similar a um
produzido pelo gene c-I e o antagonista do repressor plasmídeo.
produzido pelo gene cro. Se o repressor predomina, a Uma vez que o DNA viral integrado se replica junto
transcrição de outros genes precoces é interrompida e a do DNA celular, cada célula-filha herda uma cópia.
lisogenia prossegue. Entretanto, o prófago não fica permanentemente
A transcrição é inibida pela ligação do repressor integrado. Ele pode ser induzido a retomar seu ciclo
em dois sítios operadores que controlam a síntese de replicativo pela ação de luz UV e de certas substâncias
proteínas precoces. Se o produto gênico do gene cro químicas que danificam o DNA. A luz UV induz a síntese
(antagonista) impedir a síntese de repressores de uma protease, que cliva o repressor. Os genes
suficientemente, o resultado é replicação e lise da célula. precoces passam a funcionar, incluindo os genes que
Um correlato do estado lisogênico é que o repressor pode codificam para as enzimas que excisam o prófago do
também impedir a replicação de fagos lambda adicionais que DNA celular. O vírus então completa seu ciclo replicativo,
infectarem posteriormente. Isso é chamado “imunidade” e é levando à produção de progênie viral e lise da célula.
especificamente dirigido contra fagos lambda porque o
repressor se liga apenas aos sítios operadores do DNA do
fago lambda; outros fagos não são afetados.
O próximo passo no ciclo lisogênico é a integração do
DNA viral no DNA da célula. Isso ocorre pela
correspondência de um sítio de ligação específico no
DNA do fago lambda a um sítio homologo no DNA da E.
coli, e a integração dos dois DNAs é mediada por uma
enzima de recombinação codificada pelo fago. O DNA
viral integrado é chamado de prófago. A maior parte dos
fagos lisogênicos integra em um ou poucos sítios específicos,
Vírus
Relação entre lisogenia em bactérias e latência em
células humanas
Membros da família dos herpes-vírus, como o herpes-
vírus humano (HHV), vírus da varicela-zóster, citomegalovírus
(CMV) e vírus Epstein-Barr, exibem latência – o fenômeno
no qual nenhum ou muito poucos vírus são produzidos
depois da infecção inicial, mas que em algum ponto
posterior ocorre a reativação e produção viral completa.
O paralelo com a lisogenia de bacteriófagos é claro.
O que é conhecido sobre como os herpes-vírus iniciam
e mantêm o estado latente? Logo após a infecção de
neurônios por HHV, um conjunto de “transcritos Mutações
associados à latência” (LATSs) é sintetizado. Eles são Mutações no DNA ou RNA viral ocorrem pelos
RNAs regulador não codificadores que inibem a mesmos processos de substituição de bases, deleções e
replicação viral. O mecanismo exato pelo qual eles o fazem mudança na fase de leitura. Provavelmente o uso prático
ainda não é claro. A reativação da replicação viral em um mais importante das mutações é a produção de vacinas
momento posterior ocorre quando os genes que contendo vírus vivos atenuados (que perderam sua
codificam LATSs são excisados (cortados ou extraidos). patogenicidade, mas mantem sua antigenicidade).
O CMV emprega mecanismos diferentes. O genoma Existem dois outros tipos de mutantes de interesse:
do CMV codifica microRNAs que inibem a tradução de
 Variantes antigênicos como os que ocorrem
mRNAs necessários para a replicação viral. Além disso, o
frequentemente com os influenzavírus, que
genoma do CMV codifica tanto uma proteína quanto um
possuem uma proteína de superfície alterada e,
RNA que inibe apoptose em células infectadas. Isso
portanto, não são mais inibidos pelos
permite que a célula infectada sobreviva.
anticorpos preexistentes de uma pessoa. Há
Vírus
casos em que a variante causa a doença, mas a interferentes podem contribuir para a recuperação de
original não. infecções virais; elas interferem na produção da progênie
 Mutantes resistentes a fármacos, que são viral, limitando, assim, a disseminação do vírus para outras
insensíveis a um fármaco antiviral porque seu células.
alvo, geralmente uma enzima viral, foi
modificado.
Interações entre vírus
Mutações letais condicionais são extremamente
valiosas para determinar a função de genes virais. Essas Quando dois vírus geneticamente distintos infectam
mutações funcionam normalmente em condições permissivas, uma célula, três fenômenos diferentes podem acontecer.
mas falham em replicar ou expressar o gene mutante em 1- Recombinação: Troca de genes entre dois
condições restritivas. cromossomos baseada no Crossing over entre
Observa-se que mutantes sensíveis à temperatura regiões de homologia significativa na sequência de
já foram introduzidos na prática clínica. Mutantes bases nucleotídicas.
sensíveis à temperatura do influenzavírus estão sendo 2- Complementação: Ocorre quando ambos os
agora usados para produção de vacinas, porque esses vírus que infectam uma célula possuem uma
vírus irão crescer nas vias aéreas superiores mais frias, mutação que resulta em uma proteína não
onde causam poucos sintomas e induzem anticorpos, funcional. O vírus não mutado “complementa” o
mas não crescerão nas vias aéreas inferiores mais mutado, produzindo proteínas funcionais que
quentes, onde podem causar pneumonia. servem para ambos os vírus. A complementação
é um método importante pelo qual um vírus auxiliar
Alguns mutantes deletérios possuem a permite a replicação de um vírus defectivo.
característica incomum de serem partículas defectivas 3- Mistura fenotípica: Ocorre quando o genoma de
interferentes. Eles são defectivos porque não podem um vírus tipo A acaba sendo coberto com
replicar a não ser que a função deletada seja fornecida por proteínas de superfície de um vírus tipo B.
um vírus “auxiliar”. Eles também interferem no crescimento Esses vírus fenotipicamente mistos podem
do vírus normal, pois se infectam primeiro e antecipam as infectar células conforme determinado pela sua
funções celulares necessárias. Partículas defectivas capa proteica do tipo B. Contudo, a progênie
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viral da infecção possuirá uma capa do tipo A; Partículas virais contendo o gene humano são
ela é codificada pelo seu material genético do tipo produzidas dentro de “células auxiliares” que contêm os
A. genes virais deletados e que, portanto, podem fornecer, por
complementação, as proteínas virais faltantes necessárias
para que o vírus replique. Os retrovírus produzidos pelas
Terapia gênica e vacinas recombinante células auxiliares podem infectar células de pacientes e
Vírus estão sendo usados como vetores genéticos de introduzir o gene humano nas células, mas não podem
duas formas inéditas: replicar porque não possuem vários genes virais. A
incapacidade de esses vírus replicarem é uma vantagem
1- Entregar novos genes funcionais em pacientes com
importante para a terapia gênica humana.
doenças genéticas;
2- Produzir novas vacinas virais que contêm vírus Vacinas recombinantes
recombinantes carregando os genes de vários vírus Vacinas virais recombinantes contêm vírus que foram
diferentes, introduzindo, assim, imunidade para modificados geneticamente para carregar genes de outros
várias doenças com uma imunização. vírus. Vírus com genomas grandes (p. ex., vírus da vaccínia)
Terapia gênica são excelentes candidatos para esse propósito. Para construir
os vírus recombinantes, qualquer gene do vírus da vaccínia
Os retrovírus estão sendo usados atualmente como
que não for essencial para replicação viral é removido, e um
vetores do gene que codifica a adenosina desaminase de
gene de outro vírus que codifica para um antígeno que gera
(ADA) em pacientes com imunodeficiências resultantes de um
anticorpos neutralizantes é introduzido.
gene de ADA defectivo. Os retrovírus são excelentes vetores
porque uma cópia de DNA do seu genoma de RNA é
integrada de forma estável no DNA da célula hospedeira e os Classificação dos vírus de importância médica.
genes integrados são expressos de maneira eficiente. Vetores
A classificação dos vírus é baseada em critérios
retrovirais são construídos pela remoção de genes
químicos e morfológicos. Os dois principais componentes dos
codificadores de várias proteínas virais do vírus e pela sua
vírus usados para classificação são:
substituição pelo gene humano de interesse (p. ex., o gene de
ADA). 1- Ácido nucleico (peso e estrutura)
Vírus
2- Capsídeo (tamanho, simetria e se ele é envelopado  Hepdnavírus: são vírus com duplo envoltório
ou não) composto por um capsídeo icosaedrico e coberto
por um envelope. O DNA é de fita dupla circular,
sendo o mais conhecido o vírus da Hepatite B.
Vírus de DNA  Herpes-vírus: são vírus envelopados com um
 Parvovírus: são vírus icosaédricos muito pequenos, nucleocapsídeo icosaedrico e DNA de fita dupla
com DNA linear de fita simples. Existem ainda dois linear. São mais conhecidos por causarem
tipos de parvovírus: Defectivo (necessitam de um infecções latentes. Os cinco mais conhecidos
vírus auxiliar para replicação) e não defectivo. Os patógenos humanos são os herpes-vírus humano 1
parvovírus não defectivos são mais bem ilustrados e 2, vírus da varicela-zoster, citomegalovírus e vírus
pelo vírus B19, que está associado a crises Epstein-Barr.
aplásticas em pacientes com anemia falciforme e  Poxvírus: são os maiores vírus cujos hospedeiros
com eritema infeccioso – uma doença inofensiva principais são vertebrados, apresenta um envelope
infantil caracterizada por manchas avermelhadas na e um capsídeo. São nomeados pelas lesões de pele
pele que se assemelham a “bofetadas” que causam. O vírus da varíola e o vírus do
 Poliomavírus: são vírus icosaédricos com fita de molusco contagioso são dessa família.
DNA dupla circular superenovelado.
 Papilomavírus: são vírus icosaédricos com DNA fita Vírus de RNA
dupla superenovelado. O mais conhecido é o HPV
(papiloma vírus humano). Ele causa papilomas  Picornavírus: são os menores vírus de RNA,
(verrugas) em vários locais do corpo, e algumas possuem RNA de fita simples, linear e não
linhagens causam carcinoma cervical. segmentado com capsídeo icosaedrico. Existem
 Adenovírus: são vírus icosaédricos com DNA de fita dois tipos de patógenos humanos: enterovírus
dupla linear. Eles causam faringites, doenças do (poliovírus, ecovírus, vírus da Hepatite A).
trato respiratório superior e inferior e uma variedade  Hepevírus: são vírus com nucleocapsídeo
de outras infecções menos comuns. icosaedrico. Possuem RNA de fita simples, linear e
Vírus
não segmentado. O principal patógeno humano é o  Ortomixovírus: são vírus envelopados, com um
vírus da Hepatite E. capsídeo helicoidal e oito segmentos de RNA fita
 Calicivírus: são vírus com capsídeo icosaedrico. simples, linear. O principal patógeno é o
Possuem RNA de fita simples, linear e não influenzavírus.
segmentado. O principal patógeno humano é o  Paramixovírus: são vírus envelopados com um
vírus Norwalk (norovírus). capsídeo helicoidal e RNA de fita simples, não
 Reovírus: são vírus com dois capsídeos segmentado e linear. Sendo os principais
icosaédricos. Possuem 10 ou 11 segmentos de patógenos Sarampo, Caxumba, parainfluenza e
RNA de fita dupla lineares. O principal patógeno é o sincicial respiratório.
rotavírus, que causa diarreia, principalmente em  Rabdovírus: são vírus envelopados em forma de
crianças. bala com nucleocapsídeo helicoidal e RNA de fita
 Flavivírus: são vírus envelopados com um capsídeo simples, não segmentado e linear. O vírus da raiva
icosaedrico e RNA fita simples, linear e não é o único patógeno humano importante.
segmentado. Incluem os vírus da Hepatite C, febre  Filovírus: são vírus envelopados com
amarela, vírus da dengue, vírus do oeste do Nilo, e nucleocapsídeo helicoidal e RNA fita simples, não
os vírus Saint Louis e da encefalite japonesa. segmentado e linear. Os dois patógenos humanos
 Togavírus: são vírus com um capsídeo icosaedrico são o ebolavírus e o vírus Marburg.
e RNA de fita simples, linear e não segmentado. Os  Coronavírus: são vírus envelopados com um
principais patógenos humanos são os alfavírus nucleocapsídeo helicoidal e um RNA de fita
(encefalite oriental e ocidental) e os rubivírus simples, não segmentado e linear. Responsáveis
(rubéola). por infecções no trato respiratório, como resfriados
 Retrovírus: são vírus envelopados com um comuns e a síndrome respiratória aguda.
capsídeo icosaedrico e duas fitas idênticas de RNA  Arenavírus: são vírus envelopados com um
fita simples, linear. Os principais grupos nucleocapsídeo helicoidal e um RNA de fita
patogênicos são os oncovírus (sarcoma e leucemia) simples, circular, dividido em dois segmentos. Os
e os lentivírus (HIV). principais patógenos dessa família são o
Vírus
coriomeningite linfocitária e o vírus da fere do A célula infectada
Lassa. Existem quatro principais efeitos de uma infecção viral
 Buniavírus: são vírus envelopados com um em uma célula: (1) morte, (2) fusão das células para formar
nucleocapsídeo helicoidal e RNA fita simples, uma célula multinucleada, (3) transformação maligna, e
circular, dividido em três segmentos. Esses vírus (4) nenhuma mudança morfológica ou funcional aparente.
causam encefalite e várias febres, como a febre
hemorrágica da Coreia. Os hantavírus e o vírus Sin A morte da célula provavelmente ocorre devido à
Nombre são dessa família. inibição da síntese de macromoléculas. A inibição da síntese
 Deltavírus: O vírus da hepatite delta (HDV) é o de proteínas celulares do hospedeiro frequentemente ocorre
único membro desse gênero. Ele é um vírus primeiro e é provavelmente o efeito mais importante. A
envelopado com um genoma de RNA inibição da síntese de DNA e RNA pode ser um efeito
covalentemente fechado em círculo que é fita secundário. É importante observar que a síntese de
simples. Ele é um vírus defectivo porque não possui proteínas celulares é inibida, mas a síntese de proteínas
a habilidade de se multiplicar, a não ser que o vírus virais ainda ocorre.
da hepatite B (HBV) esteja presente dentro da Uma característica de infecções virais em uma célula é
mesma célula. O HBV é necessário porque ele o efeito citopático (ECP). Essa mudança na aparência da
codifica o antígeno de superfície da hepatite B célula infectada normalmente começa com arredondamento e
(HBsAg), que é parte do envoltório externo do HDV. escurecimento da célula e culmina em lise (desintegração) ou
formação de células gigantes.

Patogênese
A capacidade dos vírus de causar doença pode ser O paciente infectado
analisada sob dois níveis distintos: (1) as mudanças que A patogênese no paciente infectado envolve (1)
ocorrem no interior de células individuais, e (2) o transmissão do vírus e sua entrada no hospedeiro; (2)
processo que ocorre no paciente infectado. replicação do vírus e danos às células; (3) disseminação
do vírus para outras células e órgãos; (4) a resposta
imune, tanto como uma defesa do hospedeiro quanto
Vírus
como uma causa que contribui para certas doenças; e (5) respiratórios superiores e inferiores. Os vírus
persistência do vírus em algumas situações. respiratórios possuem um período de incubação curto
porque se replicam diretamente na mucosa, mas
Os estágios da infecção viral são o período de
infecções sistêmicas como poliomielite e sarampo
incubação, período prodrômico, período específico da
possuem períodos de incubação longos porque há
doença, período de recuperação.
necessidade de viremia e sítios secundários de
Transmissão e porta de entrada replicação.
Os vírus são transmitidos para um indivíduo por várias
rotas diferentes, e suas portas de entrada são variadas.
Na maioria dos casos a transmissão destes vírus
ocorrem por:
 Trato respiratório: aerossóis respiratórios ou saliva
 Trato gastrointestinal: via fecal-oral por meio de
alimentos ou água contaminada
 Pele
 Trato genital
 Sangue
 Transplacentário
 Hora do nascimento
 Amamentação
As infecções virais podem ser localizadas na porta
de entrada ou disseminada sistematicamente pelo corpo.
P. ex. o resfriado comum causado por rinovírus, que
envolve apenas o trato respiratório superior.
Influenzavírus está localizado principalmente nos tratos
Vírus pela inibição da síntese macromolecular induzida por
vírus. A morte das células infectadas por vírus resulta em
perda de função e nos sintomas da doença.
Entretanto, existem algumas doenças que não são
ocasionadas pelos danos ou pela destruição causados
pelo vírus em células infectadas. Por exemplo, a diarreia
induzida por rotavírus é causada principalmente pela
estimulação do sistema nervoso entérico. Acredita-se que
enterócitos infectados por rotavírus produzam citocinas que
estimulam os neurônios entéricos, resultando em excesso de
fluido e secreção eletrolítica no lúmen do intestino.
Existem outras doenças nas quais a morte celular por
ataque imunológico possui um papel importante na
patogênese. Tanto células T citotóxicas quanto anticorpos
possuem um papel considerável na imunopatogênese.
Seja destruindo diretamente a célula ou por
imunocomplexos.

Virulência
Linhagens de vírus variam muito na sua
capacidade de causar doença. Por exemplo, existem
linhagens de poliovírus que mutaram suficientemente
Patogênese e imunidade para terem perdido a capacidade de causar pólio em
indivíduos imunocompetentes (i.e., elas são atenuadas).
Os sinais e sintomas da maioria das doenças virais Essas linhagens são usadas nas vacinas. Os genes virais que
indubitavelmente são o resultado da morte de células
Vírus
controlam a virulência desses vírus são pouco caracterizados, outros (p. ex., herpes-vírus humano) inibem o
e o processo de virulência é pouco conhecido. complemento.
Vários vírus (HIV, vírus Epstein-Barr e adenovírus)
sintetizam RNAs que bloqueiam a fosforilação de um fator de
Evasão das defesas do hospedeiro
iniciação (eIF-2), o que reduz a capacidade de os interferons
Os vírus possuem várias formas pelas quais evadem bloquearem a replicação viral. Os citomegalovírus (CMVs)
as defesas do hospedeiro. Esses processos são normalmente codificam um microRNA que se liga ao mRNA de um ligante
denominados imunoevasão. Alguns vírus codificam de superfície celular para células natural killer. A ligação do
receptores para vários mediadores de imunidade como microRNA evita a síntese do ligante, o que impede a morte de
interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral (TNF). Por células infectadas com CMV por células natural killer.
exemplo, o vírus vaccínia codifica uma proteína que se liga à (COLETIVAMENTE ESSES FATORES VIRAIS SÃO
IL-1, e o vírus fibroma codifica uma proteína que se liga ao CHAMADOS DE VIROCINAS).
TNF. Quando liberadas da célula infectada por vírus,
Uma terceira forma importante pela qual os vírus
essas proteínas ligam-se aos mediadores imunes e
evadem as defesas do hospedeiro é pela exibição de tipos
bloqueiam sua capacidade de interagir com receptores
antigênicos múltiplos, o que aumenta a capacidade de
em seus alvos corretos, as células imunes que medeiam
contaminação devido a especificidade do sorotipo, ou
as defesas do hospedeiro contra infecções virais.
seja, um paciente que gerou anticorpos contra o sorotipo 1
Reduzindo as defesas do hospedeiro, a virulência do
ainda pode ser infectado e contrair a doença se não tiver
vírus é aumentada. Essas proteínas codificadas por vírus
anticorpos do sorotipo 2.
que bloqueiam mediadores imunes do hospedeiro são
geralmente chamadas de receptores isca.
Além disso, alguns vírus (p. ex., HIV e herpes-vírus, Infecções virais persistentes
como o herpes-vírus humano e citomegalovírus) conseguem Os mecanismos que podem contribuir para a
reduzir a expressão de proteínas de MHC de classe I, persistência dos vírus incluem (1) integração de um DNA
dessa forma reduzindo a capacidade de células T pró-viral no DNA da célula hospedeira, como ocorre com
citotóxicas em matar células infectadas por vírus, e os retrovírus; (2) imunotolerância, porque anticorpos
Vírus
neutralizantes não são formados; (3) formação de  Apresenta um período prolongado entre a
complexos vírus-anticorpos, que permanecem infecção inicial e o início da doença, que é
infecciosos; (4) localização dentro de um “santuário” normalmente medido em anos. Em situações em
protegido imunologicamente (p. ex., o encéfalo); (5) que a causa foi identificada, o vírus mostrou ter um
variação antigênica rápida; (6) disseminação célula a ciclo de crescimento normal, e não prolongado. Não
célula sem uma fase extracelular, de forma que o vírus significa, portanto, que o crescimento do vírus seja
não é exposto a anticorpos; e (7) imunossupressão, como lento, mas sim, que o período de incubação e a
na Aids. progressão da doença são prolongados (infecção
Existem ainda infecções persistentes em que: por vírus lentos).

 Alguns pacientes infectados com certos vírus


continuam produzindo quantidades Defesas do hospedeiro
significativas do vírus por períodos longos. Este As defesas do hospedeiro contra vírus dividem-se em
estado de portador pode se seguir tanto a uma duas grandes categorias: (1) não específicas, das quais as
infecção assintomática como à doença real. O mais importantes são os interferons e as células natural
próprio estado de portador pode tanto ser killer; e (2) específicas, incluindo imunidade humoral e
assintomático quanto resultar em uma doença imunidade mediada por células. Os interferons constituem
crônica (portador crônico) uma precoce primeira linha de defesa, enquanto a imunidade
 Nessas infecções, mais bem ilustradas pelo grupo humoral e a imunidade mediada por células são efetivas
dos herpes- -vírus, o paciente recupera-se de apenas posteriormente, pois são necessários vários dias para
uma infecção inicial e a produção viral cessa. induzir os lados humoral e mediado por células da resposta
Subsequentemente, os sintomas podem imune.
recorrer, acompanhados de produção viral. Em
infecções por herpes-vírus humano, o vírus entra no
estado latente nas células dos gânglios sensoriais Defesas não especificas
(infecções latentes).
 Interferons: são um grupo de glicoproteínas
produzidas por células humanas após infecções
Vírus
virais (ou após exposição a outros indutores). Eles são um tipo de linfócito T, mas não possuem um
inibem o crescimento de vírus pelo bloqueio da receptor para antígenos. Elas reconhecem
tradução de proteínas virais. Os interferons são células infectadas por vírus pela ausência de
divididos em três grupos baseados na célula de proteínas do MHC de classe I na superfície da
origem, que são os leucócitos, fibroblastos e célula infectada por vírus. Elas matam células
linfócitos. Eles também são conhecidos como infectadas por vírus por meio da secreção de
interferons alfa, beta e gama, respectivamente. perforinas e granzimas, que causam apoptose
Interferons alfa e beta são induzidos por vírus, da célula infectada.
enquanto o interferon gama (célula T, imune) é  Fagocitose: os macrófagos, principalmente
induzido por antígenos e é um dos efetores da macrófagos fixos do sistema reticuloendotelial e
imunidade mediada por células. macrófagos alveolares, são os tipos celulares
A indução destes interferons não é importantes na limitação de infecções virais.
específica. Similarmente, sua ação inibidora  Alfa-defensinas: As a-defensinas são uma família
não é específica para nenhum vírus em de peptídeos positivamente carregados com
particular. Entretanto, eles são específicos atividade antiviral. Elas interferem no vírus da
quando se considera a espécie hospedeira em imunodeficiência humana (HIV) ligando-se ao
que funcionam (i.e., interferons produzidos por receptor CXCR4 e bloqueando a entrada do
células humanas são ativos em células humanas, vírus na célula. A produção de a-defensinas pode
mas são muito menos efetivos em células de explicar por que alguns indivíduos infectados com
outras espécies). HIV são “não progressores” em longo prazo.
 Febre: A temperatura elevada do corpo pode ter um
 Células natural killer: são uma parte importante das papel nas defesas do hospedeiro, mas sua
defesas inatas contra células infectadas por vírus. importância ainda é incerta. A febre age de duas
Elas são chamadas de células “natural killer”, pois formas: (1) a temperatura alta do corpo pode
são ativas sem a necessidade de serem diretamente inativar partículas virais, sobretudo
expostas ao vírus previamente e não são os vírus envelopados, que são mais sensíveis
específicas para nenhum vírus. As células NK ao calor do que vírus não envelopados; e (2) a
Vírus
replicação de alguns vírus é reduzida em altas
temperaturas, portanto, a febre pode inibir a
replicação.
 Depuração mucociliar: O mecanismo de
depuração mucociliar do trato respiratório pode Defesas específicas
proteger o hospedeiro. Seu dano resulta em
 Imunidade ativa: A forma de anticorpos e células
uma frequência aumentada de infecções do
T citotóxicas, é muito importante para a
trato respiratório, principalmente por influenza.
prevenção de doenças virais. Ela pode ser gerada
 Circuncisão: Há evidência de que a circuncisão
tanto por exposição ao vírus quanto por imunização
previne infecções por três vírus transmitidos
por uma vacina viral. A duração da imunidade
sexualmente: vírus da imunodeficiência humana
ativa é muito mais longa do que a da imunidade
(HIV), papilomavírus humano (HPV), e herpes-vírus
passiva. A imunidade ativa é medida em anos,
humano do tipo 2.
enquanto a imunidade passiva dura poucas
 Fatores que modificam as defesas do hospedeiro: A
semanas.
idade é uma variável significativa no resultado
 Imunidade passiva: A transferência de soro
de infecções virais. Em geral, infecções são mais
humano contendo os anticorpos apropriados
graves em neonatos e em idosos do que em
fornece imunidade de curta duração para
crianças mais velhas e adultos jovens
indivíduos expostos a certos vírus. Dois tipos de
 Níveis aumentados de corticosteroides predispõem
preparações de imunoglobulinas são usados para
a infecções mais graves por alguns vírus, como o
esse propósito. Um deles possui altos títulos de
vírus da varicela-zóster; o uso tópico de cortisona
anticorpos contra um vírus específico, e o outro
em ceratite herpética pode exacerbar o dano ocular
é uma amostra misturada de doadores de plasma
 A desnutrição leva a infecções virais mais
que contém uma mistura heterogênea de
graves. Má nutrição causa a produção diminuída de
anticorpos com títulos baixos
imunoglobulinas e de atividade de fagócitos, assim
 Imunidade de rebanho: A “imunidade de rebanho”
como integridade reduzida de pele e de membranas
(também conhecida como “imunidade de grupo”) é
mucosas.
a proteção de um indivíduo a uma infecção pelo
Vírus
fato de os outros membros da população (o
“rebanho”) serem incapazes de transmitir o
vírus para aquele indivíduo. A imunidade de
rebanho pode ser obtida pela imunização da
população com uma vacina que interrompe a
transmissão, como a vacina viva atenuada de
pólio, mas não com uma vacina que não
interrompe a transmissão, como a vacina de
pólio inativada.

OBS: Uma infecção é epidêmica quando ocorre em


frequência maior que a habitual em um região x; é pandêmica
quando exibe distribuição mundial (mais que um continente).
Uma infecção endêmica encontra-se constantemente
presente em nível baixo em uma população específica. Um
surto é caracterizado pelo rápido alastramento de uma
doença contagiosa em região específica (restrito, ex: cidades)

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