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MTST

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto foi fundado em 1997,


como uma versão urbana do MST. O Movimento declara que seu
objetivo central é a luta pelo respeito ao direito constitucional de
moradia. A década de 90 foi marcada pelo surgimento de grupos
de trabalho sem teto que, a exemplo dos sem-terra, buscam nas
ocupações uma forma de pressionar o governo para promover a
reforma urbana.
O movimento atua nas grandes capitais do país, onde organiza
trabalhadores urbanos na luta por teto. As ações do MTST
consistem em ocupar imóveis que se encontram em situação de
irregularidade, com o intuito de mobilizar e pressionar as
autoridades pela desapropriação desses imóveis
(a desapropriação ocorre quando a justiça pública considera que
uma propriedade de terra está irregular e, por isso, o
proprietário perde a o direito de propriedade sobre a terra).
De acordo com o Movimento, mais de 55 mil famílias passaram
pelas ocupações em 20 anos. Guilherme Boulos, atual presidente
do MTST, explica que o movimento é majoritariamente formado
por pessoas que não conseguiram pagar os altos preços dos
aluguéis nas grandes capitais, pessoas que moravam em áreas de
risco ou que foram despejadas.
Guajuviras
A ocupação do Guajuviras começou em 17/04/1987. Em um contexto de
grande repressão pela ditadura militar, ação corajosa das pessoas que
adentraram e ocuparam o complexo habitacional em construção Ildo
Menegheti. Com a crise financeira e muita moradia desocupada, foi a
única alternativa para muitas famílias. Foi o maior movimento de
ocupação do RS, um fato histórico.
Durante quase dois anos a comissão por moradia e a associação de
moradores negociavam junto a Cohab as condições para aquisição das
casas com valores de acordo com as possibilidades de cada morador,
sendo eleito um líder por quadra, que participava das reuniões com a
responsabilidade de informar os demais moradores de sua quadra. É em
1989 que foram assinados os contratos junto a COHAB, quando todos os
moradores, independente de idade ou renda, inclusive os desempregados
poderão garantir sua moradia, seguindo na luta por infraestrutura,
caminhões-pipa para o abastecimento de água. “A luz veio mais tarde,
eram as velas que nos iluminavam, e uma bica de água nos abastecia e
possibilitava que lavássemos as roupas”, nos presenteia Cida com suas
histórias de luta.
O bairro, que nasceu dessa ocupação, foi considerado na época o maior
aglomerado de habitações populares do Rio Grande do Sul. O período,
conforme historiadores, foi marcado pela luta pela moradia na Região
Metropolitana de Porto Alegre, e no Estado. Originalmente, o bairro
possuía 5.974 unidades habitacionais.
Em 1979, foi aprovado um projeto para construção de casas populares na
área, era o início da construção do Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti.
As obras iniciaram , sendo construídas em setores, por empresas
diferentes, empreiteiras como Marajá, Coenco, Esusa e Protécnica. Em
meados da década de 80 ocorreram problemas econômicos devido as
mudanças nos planos financeiros. O caos se instalou, crise, troca da
moeda, aumento da infração, surgindo reclamações de reajustes nos
contratos das empreiteiras. Como não foram atendidas, as obras foram
paradas para pressionar uma solução, que não ocorreu. Diante do
impasse, e pela frustração causada nos inscritos das moradias, um
movimento, apoiado pelo sindicato dos metalúrgicos e associações deu
início a uma das maiores ocupações do município. Planejada para o início
do feriado da Páscoa, na manhã do dia 17 de Abril de 1987, milhares de
pessoas iniciaram a entrada nos prédios que em grande parte já estavam
construídos e abandonados a quase uma década. Iniciou-se ali uma
história de luta, de sobrevivência, de união, do povo, aonde sem um
mínimo de estruturas, contribuíram para a construção de um bairro.
Quase três décadas e meia se passaram, a árvore virou fazenda, que virou
conjunto habitacional, que virou bairro, que virou território da paz, que
virou o sonho da casa própria realizado.

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