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Você sabe o que é o FUNDO DE RESERVA do seu condomínio?

Este assunto tem grande relevância para o Direito Condominial ou dos Condomínios.

Primeiramente, importante deixar claro que, para que seja instituído, o FUNDO DE
RESERVA deve estar prevista na Convenção de Condomínio do edifício.

Em segundo plano, devemos analisar o conceito do que venha a ser o FUNDO DE


RESERVA e quais são os objetivos de sua instituição.

Sem muitos floreios, o FUNDO DE RESERVA vem a ser um fundo, que se destina a
atender necessidade momentâneas, que fogem à normalidade das contas do
condomínio, gastos urgentes, imprevisíveis e, ante a sua necessidade, inadiáveis,
conferindo segurança financeira ao condomínio em caso de surgir algum imprevisto ou
obrigação urgente.

Está previsto na Lei nº 4.591 de 1964 (conhecida como “Lei do Condomínio Edilício e
Incorporações Imobiliárias”), em seu art. 9º, §3º, alínea “j”.

Quanto à instituição do FUNDO DE RESERVA, dar-se-á da seguinte forma: é estipulado


um percentual que é cobrado a cada mês juntamente com a taxa condominial. Esse
percentual é votado em Assembleia e deverá ser aprovado por 2/3 (dois terços) das
frações ideias (caso seja na assembleia de constituição da Convenção de Condomínio)
ou 2/3 (dois terços) dos condôminos-proprietários (caso a Convenção já tenha sido
criada e o fundo seja instituído posteriormente).

Com o passar dos anos, as denominadas chamadas extraordinárias, realizadas quando


da necessidade de se buscar valores para solucionar situações imperiosas, sujeitas à
votação deliberada dos proprietários e necessária à aprovação de 2/3 (dois terços)
daqueles, passaram a se tornar obsoletas e pouco utilizadas após os condomínios
utilizarem, proeminentemente, o FUNDO DE RESERVA para custeio das causas
inadiáveis e urgentes.

Vale ressaltar que o estabelecimento do FUNDO DE RESERVA NÃO É OBRIGATÓRIO!


Caberá aos condôminos (moradores), facultativamente, quererem instituí-lo, ou não,
através de votação e aprovação, como acima informado.

O montante que forma o FUNDO DE RESERVA ingressa no patrimônio do condomínio e


deve estar anexado a uma conta bancária diferente da conta vinculada às demais taxas,
pois sua natureza é diferente das taxas ordinárias e extraordinárias do condomínio, bem
como de suas destinações.

Uma vez o morador arcando com as taxas percentuais do FUNDO DE RESERVA, não
poderá requerer sua restituição, mesmo que saia do edifício/se mude, pois aquele
ingressa ao patrimônio do condomínio.
Caso o FUNDO DE RESERVA tenha alcançado um valor elevado e estejam as contas do
condomínio organizadas, em dia, sem necessitar de gastos urgentes, os moradores
podem, em votação de Assembleia-Geral Extraordinária, prover outra destinação do
montante, como, por exemplo, modificar a fachada do prédio, instalar novas
aparelhagens e mais modernas, etc.

Interessante notar que o FUNDO DE RESERVA evita que o condomínio tenha de contrair
empréstimos ou tenha de transferir algum saldo negativo para outro mês.
Entretanto, as contas do condomínio, todas as taxas e percentuais pagos pelos
condôminos, deverão ser devidamente comprovados em Assembleia anual realizada
para prestação de contas pelo Síndico, devendo serem tomadas as providências em caso
de divergência dos dados apresentados.

Autor: Pérecles Ribeiro Reges, é especialista em Processo Civil pela Faculdade de Direito
de Vitória (FDV), ênfase em Prática Cível pelo Centro de Ensino Renato Saraiva (CERS),
advogado da BRFT Sociedade de Advogados, inscrito nos quadros da OAB/ES sob o nº
25.458 e atuante na área do Direito Imobiliário na Comarca da Grande Vitória/ES.

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