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RESUMO
multiprofissional por meio de grupo operativo semanal com as mulheres que faziam
saúde. A psicóloga e o educador físico coordenavam o grupo e as atividades eram planejadas com
Compreendeu-se este último como aspecto importante para o aumento da adesão ao Programa de
Prática de Exercícios e a viabilização de um espaço em que pudessem falar sobre as dificuldades nas
ABSTRACT
The present study is an experience report about the multiprofessional intervention through a weekly
operative group with the women who followed up with physical exercise practice in an Ambulatory
of secondary health care. The psychologist and the physical educator coordinated the group and the
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UMA INTERVENÇÃO EM GRUPO DE MULHERES NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À
SAÚDE
Jamille Julia Lucri, J. J.; Cordeiro, S.N.
activities were planned with the purpose of offering a listening space and implicating them in the
proposed treatment. It was observed, after 23 meetings, the increase of patients' adherence and the
triggering of discussions about self-image and self-knowledge, health-related styles and quality of
life, temporalities of life linked to health perception, interpersonal relationships and bond
development. The latter was understood as an important aspect to increase adherence to the Exercise
Practice Program and to enable a space in which they could talk about difficulties in the experiences
involved in the process of illness, and the multiprofessional work capable of promoting a more of the
patients.
RESUMEN
El presente trabajo se configura como un relato de experiencia acerca de la intervención
multiprofesional por medio de grupo operativo semanal con las mujeres que realizaban
salud. La psicóloga y el educador físico coordinaban el grupo y las actividades se planeaban con el
comprendió este último como un aspecto importante para el aumento de la adhesión al Programa de
Práctica de Ejercicios y la viabilidad de un espacio en que pudieran hablar sobre las dificultades en
Introdução
O trabalho em equipe multiprofissional tornou-se um dos principais instrumentos de
intervenção em saúde desde o ano 2000. Esse tipo de intervenção vem sendo impulsionado como uma
conformidade com os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS). Esses dizem respeito
participação social (Ministério da Saúde, 2006). Favorecidas por um olhar mais integral do sujeito,
as propostas nesse sistema de intervenções buscam promover a atenção às usuárias visando ações de
saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e que tenham como objetivo
adequado são aspectos fundamentais neste trabalho, o qual se destina à totalidade da mulher em seu
ciclo vital por inteiro (Ferreira, Varga & Silva, 2009). Essa perspectiva se sobressai à visão
predominante até as primeiras décadas do século XX, em que a assistência à mulher era relacionada
processo do adoecimento, conforme apontam Xavier, Reis e Frassão (2016). Considerar tal
perspectiva no âmbito do SUS implica o reconhecimento dos processos de subjetivação dados num
plano coletivo (Benevides, 2005) e, portanto, de heterogeneidades, ao passo que tal cenário é também
marcado pela vigência de uma visão biologicista, de instituições regidas por protocolos. Nesse mesmo
tanto entre a equipe e o paciente como entre os profissionais do próprio grupo de trabalho em questão,
visando fornecer suporte para relações interpessoais, conforme apontam Xavier, Reis e Frassão
(2016).
melhor comunicação entre os profissionais e os pacientes, mas, ao mesmo tempo, proporciona suporte
para as relações interpessoais inclusive dentro da própria equipe. Conforme apontam Cordeiro, Reis,
aos demais membros da equipe, a fim de favorecer aos profissionais a reflexão acerca de suas próprias
práticas, bem como dos elementos subjetivos dos pacientes. A partir disso, podem entrar em contato
com as dificuldades de sua atuação e limitações (Xavier, Reis & Frassão, 2016), haja vista que,
confundimos o que são nossos objetivos e limitações com os do outro que nos pede ajuda” (Borges,
1991, p. 286).
Ainda, Lima e Santos (2012) apontam a habilidade de negociação como aspecto importante
demonstrado por psicólogos neste contexto, agindo como potencial para que os outros profissionais
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possam ser sensibilizados em relação ao cuidado dos pacientes que podem estar em sofrimento
propõe então atentar-se aos aspectos subjetivos das pacientes, ao passo em que também considera sua
totalidade.
de atenção à saúde, nos diferentes níveis. Este estudo refere-se à atuação de psicólogos em um
Hospital Universitário (AEHU), foram identificados fatores que revelavam algumas das dificuldades
vivenciadas por pacientes em tratamento, mas que não necessariamente se tratavam de questões
complexidades apontadas por Xavier, Reis e Frassão (2016) nos demais contextos de saúde, fatores
dos serviços ofertados pela instituição de saúde são aspectos também observados no AMASM.
adoecimento de sujeitos usuários dos serviços de saúde, expondo também limitações da atuação de
Esses fatores, no âmbito da saúde, encontram-se articulados ao valor acentuado que muitas
vezes se dá à nomeação de uma doença, quando o paciente é diagnosticado sob tal perspectiva
biomédica. Ainda que haja importâncias no reconhecimento desse diagnóstico, há ao mesmo tempo
a exclusão do sujeito desta nomeação (Santiago, 2009), sendo a atuação com a psicologia responsável
inserido em um contexto que por vezes segmenta o paciente a doenças, e indicar possíveis
dispositivos para cada caso a partir de uma prática dialógica, que visa perspectiva integral do paciente,
característica das funções normalmente atribuídas ao psicólogo. Ao ofertar uma escuta clínica e
atrelados ao sujeito.
Dentro desta perspectiva de atendimento integral à saúde, no AMASM, a psicologia atua por
a qual é também composta por profissionais da nutrição, farmácia e educação física. O atendimento
no AMASM se inicia pela consulta compartilhada, atendimento que é feito por pelo menos dois
profissionais de áreas diferentes. A partir da consulta e da discussão da equipe sobre o caso, é feito o
dessas pacientes para avaliação individual com o psicólogo. Neste caso, fazem-se entrevistas
preliminares para investigar se há demanda para um trabalho analítico. Caso seja considerado tal
Entretanto, observa-se que a própria estrutura do serviço é um dificultador para que esse
processo se estabeleça. Por conta deste obstáculo, observou-se a possibilidade da criação de grupos
de apoio psicológico com espaço de escuta. São encaminhadas para esses grupos pacientes que não
apresentaram demandas específicas para um trabalho clínico individual e que poderiam se beneficiar
operativo atividades em direção à tarefa previamente reconhecida pelo grupo, o que permite também
a possibilidade de se obter benefícios psicoterápicos, sendo muitas vezes utilizado nos dispositivos
Seguindo nessa direção, um dos grupos operativos do AMASM está vinculado ao projeto
Academia Saúde da Mulher. Fazem parte deste projeto mulheres que estão em acompanhamento pela
participação. Este grupo aconteceu semanalmente sob coordenação da psicóloga em conjunto com o
educador físico; após a prática de exercício físico, são propostas dinâmicas que têm como objetivo
facilitar a expressão das dificuldades que estas mulheres vivenciam frente aos seus sintomas.
educação física, buscou-se projetar um atendimento integral a pacientes que relatavam dificuldades
em lidar com as questões relativas ao processo do adoecimento, rompendo com propostas que
mantivessem postura dualista, que encara mente e corpo como independentes (Sebastiani & Maia,
Desta forma, objetiva-se com o presente artigo relatar as experiências derivadas do estágio na
acompanhadas pela equipe. O grupo, sucedendo a prática de exercícios físicos, visava propor
atividades planejadas em conjunto com os residentes profissionais de educação física que pudessem
Metodologia
Saúde da Mulher (AMASM). Partindo da identificação de demandas das pacientes atendidas pelo
AMASM, propôs-se como intervenção a formação do grupo operativo com espaço de escuta às
pacientes que já faziam parte do projeto Academia Saúde da Mulher, realizado pela Residência
Participaram do grupo mulheres que passaram por consulta compartilhada, realizada por
profissionais de quatro áreas: farmácia, nutrição, educação física e psicologia. A consulta teve como
objetivo identificar a queixa e a demanda apresentada. Após a consulta e discussão em equipe, essas
mulheres foram encaminhadas para o projeto Academia Saúde da Mulher. O critério para participar
do projeto foram: serem fisicamente independentes e estar em condições de saúde para praticar
atividade física. Em média, 16 mulheres participaram do projeto da academia, cuja faixa etária se deu
entre 38 a 70 anos. Essas mulheres apresentavam diferentes diagnósticos clínicos, entre eles:
obesidade.
meio de entrevistas individuais, que acontecerem em três encontros. Considerando os dados obtidos,
a formação do grupo de mulheres foi uma proposta de intervenção com destino à população de
a fim de propor atividades e dinâmicas que pudessem facilitar a expressão das dificuldades que essas
mulheres vivenciavam frente aos seus sintomas. Os 23 encontros aconteceram uma vez por semana,
A escolha das temáticas a serem abordadas deu-se inicialmente a partir das demandas
apresentadas pelas mulheres nas entrevistas; entretanto, novos temas foram surgindo durante os
encontros. Para a abordagem de tais temas, visando também propor um espaço de escuta, foram
os profissionais de educação física. Buscou-se que tais propostas atuassem como meio facilitador
para o acesso a conteúdos individuais e coletivos, bem como para o relacionamento interpessoal e
formação de vínculo. Ao final da intervenção, as participantes relataram suas percepções acerca dos
estados de saúde, dos processos individuais de evolução, do trabalho multiprofissional e das propostas
e ações do grupo.
Resultados e discussão
Ao longo dos 23 encontros realizados, descritos na tabela abaixo, foram trabalhadas temáticas
levantadas a partir da escuta individualizada das integrantes, bem como de conteúdos suscitados ao
Encontro Tema
1º Apresentação e caminhada pelos arredores da academia
2º Falar sobre si: minhas qualidades e o que não sabem sobre mim
3º Integração em café-da-manhã
4º Linha do tempo: caminhos percorridos com a prática de exercícios e
perspectivas futuras; Transição de equipe de educação física
5º Imagem corporal e desenhos de si mesma
6º Discussão com a nutricionista: alimentação mais saudável
7º Atividade de ritmos e dança circular: percepção corporal,
autoconhecimento e vínculo grupal
8º Confecção de diário para o período de recesso
9º Discussão sobre diário e bilhete a si mesma
10º Reflexão sobre mudanças e passagem do tempo em atividade com música
11º Atividade de relaxamento e dinâmica de integração grupal
12º Confecção de vaso de plantas
13º Plantação de mudas e sementes de ervas e outras plantas e discussão com
a nutricionista sobre seus benefícios
14º Discussão sobre transição da equipe de educação física
A fim de analisá-los, os principais temas discutidos nos encontros foram reunidos em quatro
eixos principais. Cabe apontar que a divisão foi proposta como alternativa de integração dos os
resultados obtidos, mas as atividades não necessariamente visavam enquadrar-se desde o princípio
em um eixo.
corpo e de perceber a si mesmo. Por exemplo, pacientes relataram não se sentirem bem em seu corpo
desde que tiveram aumento de peso, enquanto outras disseram ter removido espelhos de casa,
acerca da própria imagem, houve desenhos que priorizavam símbolos para características de ordem
subjetiva, por exemplo, ter um “coração grande e amoroso”, como relatou uma das participantes.
A autoimagem é considerada a partir da interação do sujeito com seu contexto social e, portanto,
com a cultura em que se insere. Diz respeito não só às relações que um indivíduo estabelece consigo
mesmo, mas também àquelas constituídas com os outros (Mosquera & Stobäus, 2006). Desta forma,
compreende-se a sensação de sentir-se confortável no próprio corpo como relativa àquela imagem de
corpo construída socialmente como padrão na respectiva cultura, condição problematizada no grupo
sujeito no que se refere à forma como compõe seu corpo, sua aparência e seu funcionamento (Chaim,
Izzo, & Sera, 2009), a autoimagem é cada vez mais apontada na literatura em associação com atividades
físicas, haja vista que, cada vez mais, se afirma a interligação entre as dimensões social, psicológica e
autoimagem (Guedes, Guedes, & Almeida, 2011). Por sua vez, estudos apontam que as intervenções
compreende por bem-estar e qualidade de vida, tratando-se de dados relevantes para atendimentos
em dispositivos de nível secundário de atenção à saúde. Relatos das participantes do grupo indicavam
que estavam se “sentindo bem depois de estar com esse corpo, fazendo exercícios com frequência”,
e sentindo-se “mais bonita desde que o exercício físico ajudou no problema de postura”, o qual tinha
Nesse cenário, o senso de bem-estar psicológico também é influenciado pelo modo como o
sujeito organiza aquilo que conhece sobre si e suas formas de resposta às demandas em relações
sociais e interpessoais. O autoconhecimento, então, seria uma forma de utilizar o conhecimento sobre
si e a forma como discrimina e reage a sentimentos e emoções, mesmo no que se refere às vivências
mesmas, sendo mais fácil apontar algo relativo ao outro do que a si própria. Falavam, entretanto, que
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não imaginavam as situações que as outras mulheres vivenciavam, considerando importante pensar
sobre diferentes formas de mostrar-se nos meios sociais conforme o que pensam sobre si. Relataram
sinceridade. Apontaram aspectos que achavam que outros não imaginariam sobre si, relataram
vivências que consideraram fases conflituosas da vida e que foram capazes de solucionar,
prosseguindo-se falas no grupo sobre a importância de ações passadas para o momento que viviam.
O grupo teve uma interrupção de três semanas em função das férias da psicóloga. Foi proposto
que elas fizessem um diário para relatarem livremente as vivências desse período.
No retorno das férias, elas puderam manifestar a importância do grupo operativo e dos
exercícios físicos por serem “o único espaço que é meu, mesmo, durante a semana, e onde dedico
tempo para mim”. Podemos inferir a partir desta fala que, para esta mulher, este era o único momento
Com vistas à oferta de um espaço para que pacientes pudessem lidar com as possíveis
vida. Propôs-se, então, discutir diferentes estratégias de cuidado da saúde. Apresentada a partir de
saúde trata de um conceito multidimensional, o qual “... envolve aspectos físicos, psicológicos e
sociais relacionados à saúde. Refere-se ao bem-estar total de um indivíduo.” (Portes, 2011, p. 8).
influenciada pelos estilos de vida, descritos pela Organização Mundial da Saúde como “o conjunto
de hábitos e costumes que são influenciados, modificados, encorajados ou inibidos pelo prolongado
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processo de socialização” (World Health Organization, 2004, p. 37, tradução nossa), entre os quais
alimentação.
observados durante os encontros como possíveis demandas para intervenções dos demais
profissionais nos encontros. Entre eles, após um café-da-manhã em que as pacientes levaram
alimentos pouco nutritivos, a nutricionista promoveu um novo encontro para discutir possíveis
substituições de opções mais saudáveis em todas as refeições. Para debater demais temáticas
em diferentes encontros. Ainda com a nutricionista, foi proposta uma oficina de sucos, em que,
surpreenderam com algumas das combinações consideradas por elas inusitadas, mas relataram que
intencionavam aderi-las aos hábitos diários. Da mesma forma, em um debate sobre alimentação
quantidades pelas pacientes, mas que possuíam baixo valor nutricional. Aliando informações sobre
integração, confeccionaram vasos com materiais recicláveis com posterior plantação de sementes e
mudas. Já com a presença da farmacêutica, dúvidas sobre câncer de mama, indicações de posições
para autoexame e informação acerca da importância de fazê-lo com frequência propiciaram uma
discussão relevante à população, considerando também a idade das participantes como fator de risco.
física, atuando em aspectos que vão desde flexibilidade, disposições física e mental e postura, a
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atenção, linguagem, expressão e socialização (Fleury & Gontijo, 2006). Partindo dessas assertivas, a
oficina de danças e dança circular viabilizou a apresentação de uma atividade que corrobora as falas
das integrantes do grupo operativo, que indicaram essa como a atividade mais proveitosa e dinâmica,
fácil de ser adaptada às atividades diárias. Ainda relataram ter sido importante para descontração das
cobranças diárias e sentirem-se animadas, sendo apontado por uma das pacientes que “fez até
esquecer a dor”. Fleury e Gontijo (2006) indicam que a dança circular, além dos benefícios citados
confiança e apoio.
movimentos usuais da infância, como a formação de uma ciranda, e sendo capaz de “fazer a cabeça
ficar em outro lugar, longe das preocupações”, revelando convergência com o exposto na literatura.
Resultado semelhante foi apresentado com a proposta de relaxamento guiado, que influenciou o
estado caracterizado pelas pacientes como de “ser calmante”, haja vista que essa atividade propõe
a experiência seja antes compreendida e descrita, conforme aponta Afonso (2006). Para elaborar a
narrativa que diz respeito à experiência, parte-se das relações transferenciais desenvolvidas em um
grupo. A autora aponta que, mediante a prática comunicativa, o sujeito narra a congruência entre
vivências do passado, do presente e daquilo que se planeja para o futuro, indicando-se as perspectivas
componente inaugural desse processo. Para tanto, um trabalho em contexto grupal “... necessita de
esclarecimento e sistematização dos participantes, sobre suas experiências, isto é, de uma expressão,
elucidação e reconstrução da narrativa que tecem entre o vivido e o pensado” (Afonso, 2006, p. 55).
Ainda, possibilita que sejam examinadas as identificações ocorrentes entre participantes ou seus
Considerando que a escolha dos temas a serem explorados é importante ao auxiliar essa
favorecer tal elaboração das narrativas de experiências. Uma linha do tempo foi construída pelas
integrantes de todo o grupo em iminência da troca de profissional da educação física, com quem se
grupo elencados pela autora supracitada, essa atividade se demonstrou relevante para que fosse elaborada
sobrepeso, até a projeção do que esperavam do trabalho do próximo residente profissional de educação
física que assumiria esse papel. As manifestações verbais se iniciavam ao passo em que se identificavam
e a expressão da percepção de saúde nessas situações a escrita de uma carta a si mesma do passado
ou do futuro, a discussão acerca da música “Como Uma Onda”, composta por Nelson Motta e Lulu
que as participantes falavam sobre pontos importantes trabalhados no grupo que lhes beneficiaram de
alguma forma. Entre os tópicos levantados, teceram reflexões acerca do processo de adoecimento e
fator importante para o desenvolvimento das atividades do grupo, sendo possível a influência desse
desde o início dos encontros. Pressupondo a formação de uma relação de confiança que é capaz
estimular a autonomia e o autocuidado de pacientes, Brunello et al. (2006) apontam que o vínculo
pode contribuir para a adesão terapêutica, bem como para propiciar uma prática em que a equipe
reconheça a sua responsabilização pelo cuidado integral à saúde dos indivíduos. Assim, facilita-se
pela área externa ao espaço físico da academia e de cafés-da-manhã se configurou como momentos
vivências e percepções acerca das demais participantes. A massagem em duplas revelou-se não
apenas como um exercício de relaxamento, mas sobretudo viabilizou situações de interação mais
profundas e íntimas com as demais integrantes. Ainda, a realização de um amigo secreto ao final do
grupo, no dia de confraternização de fim de ano, processo que consistiu na preparação de recados,
trocas interpessoais.
ocasiões que desestabilizavam de alguma forma uma paciente. Por exemplo, uma das integrantes
relatou ter sido de grande importância o apoio oferecido pelo grupo e pelas integrantes no momento
ser uma construção importante também nos períodos de troca de profissionais e de equipes, haja vista
que a rotatividade dos residentes é alta e, entre as integrantes, a relação estabelecia um elo que
resultados físicos e subjetivos foram alcançados, seja com a melhora de disposição, perda de peso e
Considerações finais
Diante das preconizações para o trabalho no SUS, a atuação articulada de uma equipe
sujeitos usuários de serviços em nível secundário de atenção à saúde. Nesse contexto, a psicologia se
intervenções capazes de promover esse olhar integral a pacientes que convivem com dificuldades
implicadas no processo de adoecimento, ou que, a partir dessa proposta, consigam tecer reflexões
acerca de outras vivências adversas e mesmo conflitivas que não sejam circunscritas apenas à doença.
Com base no relato das pacientes atendidas, foi possível observar que o grupo iniciou
discussões acerca de temáticas relevantes ao se pensar nas relações das integrantes, atentando-se para
no próprio corpo. Ainda, a importância de conhecer a si mesmo e pensar sobre experiências vividas
grupo.
se apresentaram como fatores significativos para a adesão das participantes tanto ao projeto de
exercício físico quanto ao grupo operativo que o seguia, sendo ambos favorecidos por atividades
por essas relações não apenas facilitaram a expressão de conteúdos importantes e do suporte pelas
vivências das pacientes que convivem com dificuldades relacionadas ao adoecimento, a despeito de
fatores dificultadores, como a ausência de uma estrutura fixa para as reuniões e a rápida rotação da
equipe. Considera-se, para futuros projetos de intervenção, também, a maior integração das demais
áreas que compõem um quadro multiprofissional além da educação física para elaboração de
empatia, manejo de grupos e adaptação ao contexto, características necessárias para a atuação na área
da saúde. As atividades realizadas propiciaram um olhar mais efetivo sobre as reais possibilidades de
articulação entre aspectos práticos e recursos teóricos para a formação profissional. Assim, foi
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