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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016

Revista como Portfólio: Processo de Criação da Revista Sacada1

Júlio Silva RODRIGUES2


Tarcísio Bezerra MARTINS FILHO3
Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE

RESUMO

O presente trabalho constitui-se na análise da segunda edição da Revista Sacada, portfólio


do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade de Fortaleza. Tendo como objetivo
principal, exibir os melhores trabalhos do Curso de Publicidade e Propaganda, o projeto foi
realizado pelo Labotipo – Laboratório de Estudos Tipográficos da mesma IES. O processo
seguiu todas as etapas metodológicas para esse tipo de produto: projeto editorial, projeto
gráfico, produção de conteúdo e diagramação. Ao final, observou-se que a Revista Sacada
contribui no mercado publicitário cearense no sentido em que seleciona os melhores
trabalhos do curso em uma instituição de ensino.

PALAVRAS-CHAVE: Revista-Portfólio. Revista Customizada. Sacada. Publicidade e


Propaganda. Design Editorial.

INTRODUÇÃO

A Revista Sacada é um produto institucional do Curso de Publicidade e Propaganda


da Universidade de Fortaleza. O curso, pioneiro no estado, foi fundado em 1997 e desde
então forma a cada semestre cerca de cinquenta novos profissionais do mercado
publicitário. O programa se destaca por um currículo que valoriza o espaço prático como
experiência de aprendizado, tendo em vista o desenvolvimento científico aliado ao fazer
publicitário.
O produto foi desenvolvido pelos integrantes do Labotipo, projeto de pesquisa e
extensão vinculado às disciplinas de Comunicação Visual I e Comunicação Visual II. O
projeto visa ao estudo do design em suas diversas facetas, em especial àqueles ligados à
tipografia e ao design editorial. A iniciativa une teoria e prática, buscando promover o

1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Interfaces Comunicacionais, da Intercom Júnior – XII Jornada de Iniciação
Científica em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
2 Estudante do 8º. Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda da Unifor e Bolsista do Labotipo – Laboratório de

Estudos Tipográficos da Universidade de Fortaleza, email: juliorrodriguesp@gmail.com.


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Orientador do trabalho. Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, professor da disciplina de Comunicação Visual II
da Universidade de Fortaleza. Email: tarcisiobmf@gmail.com.

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pensamento científico voltado a questões que possam ser encontrados na prática do


profissional de design e propaganda.
O briefing da revista foi repassado pela Coordenação do Curso de Publicidade e
tinha como objetivo principal exibir os trabalhos realizados no decorrer do ano de 2015,
marco inicial da nova coordenação. Segundo a coordenadora Alessandra Oliveira, a ideia de
montar uma revista surgiu da inquietação de mostrar os trabalhos realizados nas disciplinas
do curso e que não são mostrados para o mercado.
O objetivo geral foi criar um portfólio do Curso de Publicidade e Propaganda da
Universidade de Fortaleza por meio de uma revista, tornando-a elemento de mostra das
produções realizadas nas disciplinas e projetos de extensão.
A iniciativa teve como objetivos específicos documentar os trabalhos realizados no
curso, bem como produzir um produto que possa ser reapropriado nos semestres seguintes,
também aproximar o mercado de trabalho do que acontece no meio acadêmico, por meio de
uma revista que funciona como portfólio de alunos, além de exibir para as agências de
publicidade e escritórios de design o que está saindo de novo na Universidade. Os alunos
envolvidos participaram do processo de criação de um projeto gráfico, bem como das fases
seguintes: produção de conteúdo e diagramação.

REVISTA COMO PORTFÓLIO

Considerando que o produto desenvolvido foi uma revista-portfólio, faz-se


necessário caracterizar as revistas-portfólios das demais. O portfólio é considerado uma
organização da coletânea de evidências que documentam habilidades e competências do
indivíduo e deve ser transmitida uma mensagem objetiva que possa ser visibilizada durante
a exibição. Para Linton apud Hetzel (2010, p. 35), o portfólio:

ressalta características como clareza e objetividade, enfatizando que o


portfólio deve ser autoexplicativo e responder às questões dos leitores
antes que elas surjam, além de expor rapidamente o que o empregador está
procurando em um empregado em potencial ou num estudante. Além
disso, em um portfólio, as imagens devem se encarregar de transmitir a
mensagem, utilizando um mínimo possível de palas, e em uma sequência
lógica. A sequência define quantas páginas destinadas a cada projeto, a
sua ordem e as transcrições entre eles.

Por possibilitar a segmentação do público a quem se deseja atingir, consolidar-se em


nichos específicos e por se adaptar ao meio digital, o portfólio foi desenvolvido em formato

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de revista e tem caráter institucional, pois objetiva-se a promover os projetos desenvolvidos


pelos alunos durante o semestre.

Hetzel (2010, p. 36) ainda observa:

Este modelo integra, basicamente, as principais características das revistas


- formato, como a seleção criteriosa dos trabalhos apresentados. Desta
forma, a revista-portfólio torna-se um veículo capaz de estabelecer uma
comunicação com o público em um formato já conhecido - revista - porém
utilizando uma linguagem mais profissional e valorizando os projetos
expostos.

A revista-portfólio é fator incentivador na produção dos projetos, no sentido que os


alunos passam a almejar o ingresso na mesma. O mercado de trabalho exige cada vez mais
que os egressos possuam uma familiarização com as atividades realizadas no ambiente de
trabalho. É nesse sentido que a revista atua como um intermédio entre o aluno e o mercado.

O portfólio tem seus primórdios pedagógicos a partir da Bauhaus, escola alemã de


arte e arquitetura, da primeira metade do século XX. Os professores estimulavam os alunos
a produção dessas coletâneas que seriam avaliadas ao final do semestre ou ano letivo,
seguidos de comentários críticos e construtivos.

Sobre essa questão, Zanellato (2008, p. 33) aponta:

Na escola Bauhaus, as disciplinas ligadas ao desenvolvimento de projetos,


muitas vezes davam preferência ao ensino através do fazer prático em
detrimento de uma possível contribuição teórica; isso é paradoxal, pois
parece, inconcebível a existência de uma produção prática dissociada de
uma sustentação teórica; toda a prática deveria ser seguida e/ou precedida
de uma reflexão; desse processo os novos conhecimentos, lembrando que
o design, por mais pragmático que possa parecer, é e continuará sendo
uma atividade com consequência de algum tipo de reflexão; é na sua
relação com a tecnologia que isso se apresenta de forma bastante clara,
Enquanto a tecnologia pode ser entendida como “a maneira de se fazer as
coisas”, o design, é nesta relação, “a maneira de se pensar estas coisas”.

Para o autor “o programa proposto pela Bauhaus visava libertar as forças


expressivas e criadoras do indivíduo através da prática manual e artística” (p. 33), era por
meio dos trabalhos práticos que o aluno desenvolvia a personalidade ativa, espontânea, sem
inibições e geravam conhecimentos exercitando seus sentidos.
A Revista Sacada é uma publicação impressa. O meio impresso foi escolhido por
facilitar a exibição dos projetos e ser um objeto colecionável, além de servir como fonte de

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referência e inspirações. As publicações impressas podem ser lidas em qualquer lugar e


podem ser publicadas também por meio digital.
Em relação ao meio digital, de acordo com o Portal Brasil Alemanha News, as
revistas digitais ganham a preferência de leitores, “segundo um estudo conduzido nos
Estados Unidos pela Gfk MRI, subsidiária da empresa alemã de pesquisa de mercado Gfk,
67% dos usuários de tablets entrevistados preferem ler a versão eletrônica de uma revista
em vez da impressa” (SAES, 2015). A leitura de revistas que antes só era obtida por meios
impressos, estão cada vez mais acessíveis. As informações se expandem digitalmente, por
isso a leitura digital é um aspecto a ser observado. Sobre tal, Moraes e Arena (2013)
concluem:

A leitura digital é cada vez mais aceita como uma prática extremamente
útil, haja vista que sua natureza imaterial permite que seja realizada em
qualquer parte do planeta, a qualquer hora do dia e por mais de um leitor
simultaneamente. É um contato com o mundo virtual rápido, prático e
liberal que abarca cada vez mais navegadores. (MORAES; ARENA, 2013,
p.237)

As autoras pontuam que a leitura digital traz praticidade na captação da mensagem


pelo leitor, tendo em vista que cada vez menos as pessoas estão tendo tempo para ler meios
impressos.

ANÁLISE DO BRIEFING

Diante do exposto e após o recebimento do briefing, a equipe seguiu alguns passos


para a realização do projeto. Por ser uma revista voltada ao público da área da publicidade,
o conceito elaborado para ser abordado consistiu em processos de criação. Para
Burtenshaw, Mahon e Barfoot (2010, p. 98) “o segredo para ter uma grande ideia é a
preparação realizada nas primeiras fases do processo”. A criatividade, termo bastante
conhecido entre publicitários, é – segundo Pilla (1999, p.1) – “sinônimo de solução de
problemas. Ela só existe, ela só se exprime, em face de um problema real, como aplicação
para um problema real”. Para o autor, o processo criativo acontece em quatro maneiras
distintas: preparação, incubação, iluminação e verificação.
Ainda segundo o autor, a preparação é a fase de levantamento de dados. É onde se
deve ler, analisar, e cultivar a atenção para o assunto. A incubação é a fase do processo em
que o criativo se desliga do problema, mantendo uma luz acesa. Iluminação é o momento
em que as soluções aparecem repentinamente. Momento em que se visualiza a solução do

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problema. Verificação é quando se deve verificar o funcionamento da ideia por meio de


críticas e sugestões. O autor ainda pontua:

Ter ideias é descobrir relações novas entre coisas conhecidas. É por isto
que dizemos que as ideias mais simples são as melhores, normalmente as
pessoas tentam complicar o simples e em cem por cento dos casos elas
devem rever suas soluções. A simplicidade faz parte da criatividade e
muitas vezes a solução por ser tão óbvia nós não a vemos com tanta
facilidade. (PILLA, 1992, p.3)

Ao pensar sobre tal, a equipe do projeto reuniu-se em brainstorms4 para a


elaboração do conceito da revista. Ao final, escolheu-se o conceito “Modos de fazer: tudo é
bom quando acaba em pizza” para expressar a identidade visual do projeto. O prato é
bastante característico no meio publicitário por ser um dos pedidos mais frequentes para os
criativos nos processos das agências de publicidade. Contudo, o que se quer transmitir por
meio da pizza não é o resultado em si, mas o próprio processo de preparo como elemento
importante no desenvolvimento.
Para a equipe de criação da Sacada, um projeto dessa dimensão é importante para
qualquer estudante de Comunicação. Ao unir conceitos teóricos e práticos, a pedagogia
criada na Bauhaus sobrevive ao tempo e consegue influenciar alunos e professores a utilizar
tanto seu método de ensino como a adoção de portfólio como objeto de mostra para a
academia e o mercado de trabalho.

PROCESSO DE CRIAÇÃO

O processo de criação dividiu-se em quatro fases: projeto editorial, projeto gráfico,


produção de conteúdo e diagramação.
A revista relata os acontecimentos do Curso de Publicidade e Propaganda, e é
destinada tanto para o público da Universidade, interessado nessa discussão, quanto àqueles
do mercado, que têm, a partir desse projeto, acesso à produção discente. Seu projeto
editorial dividiu-se internamente em três editorias temáticas: 1) “Receita”, 2) “Mão na
Massa” e 3) “Bon Appétit!”. A editoria “Receita” aborda o conteúdo institucional do curso,
é onde os alunos tomam conhecimento das novidades, dos projetos de extensão, o que o
curso está preparando. “Mão na Massa” é a coluna onde são exibidos os melhores trabalhos
realizados no decorrer das diversas disciplinas do curso. A coluna “Bon appétit” é onde o
mercado ganha voz e alunos e integrantes do mercado publicitário abordam temas

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Em tradução livre significa chuva de ideias. É a reunião onde surgem ideias para a criação do produto.

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relevantes para o público alvo da revista. Além dessas três divisões, a revista conta ainda
com um texto editoria, sumário e expediente.
Internamente, as editorias foram separadas por cores, elementos importantes no
layout de qualquer produto. Segundo Samara (2010, p. 61) “as distinções de cor podem
realçar a percepção de profundidade espacial e forçar uma maior separação entre os níveis
hierárquicos”. Por se tratar de uma revista-portfólio, preferiu-se utilizar o mínimo de cores
nos elementos de apoio, priorizando as imagens de projetos e casos especiais, como
sumário e editorial. Hetzel (2010, p. 133) diz que “desta forma, os trabalhos expostos se
sobressairão na página e serão valorizados, colaborando para o cumprimento do objetivo da
publicação”. A Figura 1 abaixo ilustra a paleta de cores utilizada.

Figura 1. Paleta de cores utilizadas no projeto gráfico. Foto nossa.

As famílias tipográficas utilizadas apresentam contraste e hierarquia visual. Os


critérios de escolha adotados foram as contraposições de pesos e de estilo. Samara (2011b,
p. 34) diz que “escolher uma fonte serifada clássica em estilo antigo, em contraste com uma
contemporânea sem serifa5, pode transmitir uma ideia de credibilidade e confiabilidade, ou
ainda noções de tradição ou significação histórica”. É a composição que faz valer essa
característica apontada pelo autor: a utilização de mais de um estilo garante não só
personalidade à publicação, mas ajuda no processo de hierarquização e design da
informação.

Em relação aos títulos, Hetzel (2010, p.61) diz que “em peças editoriais, os títulos e
subtítulos são importantes, pois servem como elementos de localização para o leitor, além
de chamar atenção para o conteúdo, convidando-o a ler”, diante disso foi adotada a família
Quadon, um tipo serifado. Para todo o restante da revista foi adotada a família tipográfica
Museo Sans, uma fonte sem serifa. As duas famílias apresentam diversas variações de peso
que também são utilizadas no projeto. A Figura 2, abaixo, ilustra as fontes tipográficas
utilizadas.

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São pequenos traços e prolongamentos em alguns caracteres.

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Figura 2. Mapa de caracteres das famílias tipográficas Quadon e Museo Sans. Fotos nossas.

Para a composição de um projeto gráfico-editorial, faz-se necessário a utilização de


um grid, uma ferramenta utilizada para transmitir clareza, eficiência, economia e
identidade. Segundo Hurlburt (1999, p. 44) quando o grid funciona, “permite ao designer
criar diferentes layouts contendo uma variedade de elementos, sem, todavia, fugir da
estrutura predeterminada”.

O projeto contou com dois tipos de grids: para os conteúdos textuais, adotou-se o
grid em cinco colunas, criando uma mancha gráfica equilibrada. É importante salientar que
se criou uma regra para a utilização do texto no grid em colunas. A mesma era: deve-se
ocupar duas ou mais colunas a fim de evitar uma quebra da ordem de leitura na página. Para
o portfólio, foi utilizado um grid modular, que segundo Samara (2001a), pode ser
identificado por um grid de guias com um grande número de linhas horizontais que se
subdividem, formando as células chamadas de módulos. As imagens no portfólio
precisavam de destaque, por ser o foco da revista, com base nisso:

As imagens terão principalmente a função de chamar atenção do leitor,


visto que serão o veículo principal de exposição dos projetos. Por isto, a
seleção das imagens é ainda mais importante que em um periódico
comum, pois elas representarão os trabalhos como um todo e precisam
mostrá-lo da melhor forma possível, valorizando-os. (HETZEL, 2010,
p.63)

A Figura 3, abaixo, ilustra tanto a utilização do grid em colunas de textos quanto o


grid modular para o portfólio.

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Figura 3. Grid colunado e grid modular. Fotos nossas.

Ainda de acordo com Samara (2001a), o grid modular ficou associado a ideias
sociais e políticas, tendo suas raízes originadas do pensamento racionalista da Bauhaus e do
Estilo Internacional Suíço, que celebram a objetividade, a ordem e a clareza. Após a
elaboração do projeto editorial e gráfico, o próximo passo a ser seguido foi a produção do
conteúdo interno e a diagramação da revista, questões que abordaremos a seguir.

RESULTADO

A Revista Sacada está caracterizada no segmento das revistas customizadas e tem


uma periodicidade anual. Hetzel (2010, p.38) diz que “o formato influencia no custo e no
impacto ambiental: os produtos não proporcionam um bom aproveitamento de papel
desperdiçam matéria prima, e tornam os produtos mais caros e poluindo o meio-ambiente”.
Com base na autora citada, a revista foi desenvolvida no formato de 22cmx31cm fechada e
22x44cm aberta, e revista totalizou 80 páginas divididas em editorial, sumário e três
editorias temáticas.

Figura 4. – Capa da Revista

Todas as decisões sobre conteúdo e formato da revista foram realizadas pela equipe,
mas seu projeto gráfico foi realizado por um integrante para garantir a unidade do projeto.

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A capa da revista trouxe o processo de produção da massa de uma pizza, e o


logotipo em forma de lettering6, tendo todo o processo ocorrido de forma manual. A
segunda e terceira, as últimas folhas trazem preparativos e encerramento, respectivamente.
O leitor é recepcionado ao preparar a massa, e recebe um volte sempre para continuar sendo
um freguês frequente.
A primeira seção trouxe o processo de criação da nova matriz curricular do Curso de
Publicidade e Propaganda que entrou em vigor em janeiro de 2016. Essa grade do curso foi
realizada a partir de uma pesquisa realizada pelos próprios alunos graduandos uma como
atividade avaliativa para a disciplina de Pesquisa em Publicidade e Propaganda. Após a
pesquisa, foi elaborado um conselho docente para estruturação do novo currículo do curso.
Com o projeto finalizado, a diagramação ocorreu de forma rápida, pois como citado,
o grid modular permite a criação de layouts diferentes numa mesma estrutura. A coluna
“Receita” dividiu-se em 10 páginas, tendo o texto distribuído em duas colunas, sempre
alinhado à esquerda. Foi analisado que os textos não precisariam de capitulares, utilizou-se
somente um destaque na primeira frase de cada texto. A coluna “Mão na massa”, que é
onde localiza-se o portfólio, abrangeu cerca de 40 páginas com os diversos trabalhos das
disciplinas práticas do curso. A coluna “Bon Apettit!” evidenciou um bate-papo com o
Redator Publicitário e ex-aluno Kenzo Kimura. Ao final, uma mini editoria nomeada de
“Fala, Professor!” trouxe dicas de livros por parte dos professores da Universidade.

CONSIDERAÇÕES

Ao participar de um projeto dessa dimensão, foi possível observar as diversas etapas


para a elaboração de uma revista, desde o projeto editorial até a diagramação. Esse projeto,
cujo desenvolvimento foi realizado por uma atividade de extensão, foi incentivado pela
necessidade de exibir as produções do Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade
de Fortaleza para o mercado, visto que não existia um material palpável desse tipo.
Para a realização de um produto que contribuísse na prática, a equipe reuniu
informações teóricas para a criação de um projeto gráfico de uma revista semestral que teve
sua linguagem determinada a partir dos conceitos estudados sobre layout, design editorial,
cores e tipografia durante os encontros do Labotipo.
Essas definições nortearam a criação do projeto gráfico onde além da linguagem,
foram definidos o conteúdo, a forma de seleção dos projetos publicados e as especificações

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É conhecido como a arte de desenhar letras.

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técnicas, incluindo formato e meio de circulação, em que consistiu no projeto gráfico e


diagramação, bem como a criação de conteúdo da revista.
Como resultado, a revista foi impressa e distribuída para alunos e professores da IES
e para agências de publicidade, um dos objetivos principais abordados no briefing
repassado pela Coordenação do Curso de Publicidade e Propaganda. Um adicional foi a
hospedagem na plataforma digital Issuu7, que simula o ato de folhear de páginas. Como
sugestões para trabalhos futuros, pode-se citar o desenvolvimento de outras plataformas que
possam contribuir com o desenvolvimento da revista, como criação de website e página no
Facebook.
Este projeto, de todos que foram propostos ao Labotipo, foi o mais desafiador, pois
a equipe aplicou os conceitos estudados em sala de aula, além das temáticas abordadas no
Laboratório de Extensão. O resultado final também foi de extrema importância para a
criação do portfólio dos alunos, pois além de atingir o reconhecimento positivo por parte
dos colegas e professores, permitiu aos membros da equipe superar desafios dentro da
criação e produção de material editorial, capacitando-os para futuras produções e
aproximando-os da realidade mercadológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HETZEL, A. D. A revista como portfolio: periódico dos cursos de design - UFRGS. 2010,
220p. Monografia: Design Visual. Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Rio Grande do Sul.

HURKBURT, A. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 1999.

LINTON, H. Portfolio Design. New York: W. W. Norton & Company. 2000.

SAES, K. Revistas digitais ganham preferência de leitores. Brasil Alemanha News, São
Paulo, 20 de Abril de 2012. Disponível em: . Acesso em: 23 de Maio de 2015.

SAMARA, T. Elementos do design: guia de estilo gráfico. Porto Alegre: Bookman, 2010.

SAMARA, T. Guia de design editorial: manual prático para o design de publicações.


Porto Alegre: Bookman, 2011a.

SAMARA, T. Guia de Tipografia: manual prático para o uso de tipos no design gráfico.
Porto Alegre: Bookman, 2011b.

WHEELER, A. Design de identidade da marca: guia essencial para toda a equipe de


gestão de marcas. Porto Alegre: Bookman, 2012.

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Pode ser visto em: https://issuu.com/juliorodrigues50/docs/sacada_tarcisio_julio

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ZANELLATO, J. R. Portfólio como instrumento em avaliação no ensino de graduação


em Artes Visuais. 2008, 124p. Dissertação de Mestrado em Educação. Pontifícia
Universidade Católica, Campinas.

MORAES. L. A. O; ARENA. A. P. B. Novas práticas de leitura: implicações no


comportamento do aluno-leitor. Revista ETD. São Paulo. n.2. v.15. p230-249. Agosto de
2013.

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