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Florence Haret
Doutora USP
XI CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Planejar
• Planejar é projetar, abstratamente, formas de
incidência tributária, buscando modos de
economia fiscal;
• Plano anterior a quaisquer incidências
tributária;
• Elisão x Evasão
XI CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Arrendamento rural
• Art. 95 da Lei n.º 4.504/64 (Estatuto da Terra)
• o valor do aluguel previsto pelo contrato de
arrendamento não poderá ser superior a 15% do
valor do imóvel, permitido, no caso de glebas de
terra selecionadas para uso intensivo, que esse
limite seja de até 30% do seu valor.
• Característica : certeza do quantum da
remuneração
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Tributação do arrendamento
• Tratado pela Lei e pelo Fisco como uma
espécie de “aluguel de terras”: não é
atividade rural.
• Para o arrendatário, a despesa do “aluguel” é
despesa da atividade rural.
• Tributação varia conforme seja o proprietário
da terra pessoa física (IRPF) ou pessoa jurídica
(IRPJ) e conforme a natureza jurídica do
arrendatário.
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Tributação do arrendamento
Arrendador-proprietário Arrendatário-locador
• Pessoa física:
– Lucro real
– Lucro presumido
• Pessoa física
ou ou
Arrendamento rural
Para o arrendador:
- Não se considera atividade rural;
- Indedutíveis
- Recebimento de retribuição certa (pré-determinada);
- Tributação equiparada ao aluguel: Carnê-leão ou Retenção na
fonte na PF ou receita segregada à atividade rural na PJ;
Para o arrendatário:
- Considera atividade rural;
- Dedutível integralmente como despesa da atividade rural
- Explora a terra de terceiro;
- Pagamento do valor pré-determinado;
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Tributação do arrendamento
• Retenção na fonte pelo arrendatário pessoa jurídica: Para a pessoa
jurídica-arrendatária, os valores retidos configuram despesas
dedutíveis em sua apuração do lucro real, na forma do art. 229 e
717 RIR/99: Arrendatário como substituto tributário;
• Ajustes pelo arrendador-PF em sua declaração anual (DCTF);
• omissão é sancionada pelo Fisco com imposição de multa de 75 a
150% do valor do imposto e juros conforme taxa SELIC. Art. 717.
• RIR/99, Art. 229. Para efeito de pagamento, a pessoa jurídica
poderá deduzir do imposto apurado no mês, o imposto pago ou
retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo,
(...)
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Arrendamento rural
• Recebimento em valor ou em produto;
• Regime de caixa: o contribuinte que receber em
produtos o valor correspondente ao
arrendamento deverá converter o valor dos
produtos em moeda pelo preço corrente de
mercado, no mês do recebimento, nunca inferior
ao preço mínimo oficial, devendo ser incluído
como rendimento mensal sujeito ao carnê-leão
ou fonte, conforme se tratar de arrendamento
pago por pessoa física ou jurídica.(RIR/94, art.
1025; e Decreto nº 59.566/66, arts. 16, 18 e 19)
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Tributação do arrendamento
• Não incide CSLL
• Não incide INSS: art. 631 do RIR/99.
• Não incide ICMS: ocorrendo apenas sobre as
vendas dos produtos (mercadorias) frutos do
arrendamento e não sobre o arrendamento
em si.
• Sendo arrendador-PF: não ocorrerá a
incidência do PIS/Pasep e da COFINS.
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Arrendatário-PJ:
Creditamento de PIS/COFINS
• No Lucro Real, a PJ-arrendatária pode se creditar
pelo PIS e Cofins embutido no preço de matérias-
primas e alguns outros insumos, como energia e
aluguel pago a pessoas jurídicas, inclusive
despesas com arrendamento de terras.
• De acordo com o Acórdão nº 3402002.396 de
12/08/14, o CARF admitiu o creditamento de PIS
e COFINS sobre transportes, aquisições de
camisas, peças, máquinas e serviços, incluindo as
despesas com o arrendamento das terras
utilizadas no processo produtivo da sociedade a
uma Usina de açúcar e álcool.
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Arrendamento rural:
casos de uso de terra de 3º
Considera-se resultado da atividade rural o valor recebido em produtos por
proprietário de terra cedida a usina de açúcar quando esta assume os custos no
plantio e colheita da produção? Não, trata-se de arrendamento sujeito à retenção
na fonte (IN-RF n° 125/92, art 2°)
Cessão de terra
$
Valor recebido em produção Custos de
(sem riscos) produção pagos
pela
DEDUÇÃO RETENÇÃO Agroindústria
NA DCTF DO IRRF- NA FONTE
retido
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Parceria rural
• Também chamada de parceria agrícola, pecuária,
agro-industrial e extrativa
• Não cria nova personalidade jurídica: cada
parceiro apura seus ganhos ou perdas (Lei n°
8023/90; IN-RF n° 125/92, art 2°)
• Ambos os parceiros são considerados produtores
rurais e suas atividades de natureza rural
• Característica: assunção de riscos inerentes à
exploração da respectiva atividade pelos
parceiros
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Tributação da parceria
• Segregação de contas: cada parceiro apropriará as despesas de
custeio e investimentos correspondentes à sua parte, e considerará
as receitas nos meses em que alienar a produção que lhe couber
• Sujeito passivo de obrigações próprias: pagarão o imposto,
separadamente, na proporção dos rendimentos que couberem a
cada um (Lei n º 8.023, de 1990, art. 13).
• Limitações legais quanto à participação nos frutos: A participação
dos frutos da parceria do proprietário é limitada por quota
conforme o grau de envolvimento (Estatuto da Terra, Art 96)
• Regime de caixa: considerará as receitas nos meses em que alienar
a produção que lhe couber
• Carga tributária que depende da natureza jurídica dos agentes que
estão na relação
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Tributação da parceria
• Para os produtores rurais pessoas físicas, inexiste
incidência de CSLL, contribuição para o PIS/Pasep,
COFINS.
• Não incide ICMS: ocorrendo apenas sobre as
vendas dos produtos (mercadorias) frutos da
parceria e não sobre a parceria em si.
• Para a Pessoa Jurídica, incidirá:
– PIS/COFINS
– CSLL
– INSS-PATRONAL (CPP)
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Tributação da parceria
• Na parceria, além da redução da carga
tributária, outra vantagem é o recolhimento
diferido, só ocorrendo ao fim do exercício do
IR, sendo anual para os produtores que
exercem o negócio no CPF (cédula rural da
DIRPF).
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Parcerias inadmitidas
pelo Fisco
• o regime de tributação aplicado independe do nome
do contrato mas, sim e principalmente, da essência da
relação jurídica estabelecida entre as partes.
• Inexistindo riscos assumidos e remuneração variável,
não há parceria rural e, logo, é inaplicável o regime
tributário mais benéfico.
• Enquadramentos forçados de relações outras no
âmbito da normativa da parceria têm sido objeto de
desconsideração do negócio jurídico pela Autoridade
Administrativa com base no parágrafo único do art. 116
do CTN.
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Parcerias x Arrendamento
• A simulação consiste na falsa compensação de prejuízos, mediante
dedução pela pessoa jurídica parceira sobre seus resultados de
rendimentos atribuídos a falsos parceiros pessoas físicas.
• A glosa recai sobre essa redução, sendo reclassificados tais
rendimentos de despesas para receitas da pessoa jurídica,
somando-se correção monetária, juros e multas.
• “A simulação consistiu na atribuição de receitas a supostos
parceiros pessoas físicas com o único intuito de reduzir o resultado
tributável na pessoa jurídica. (...) Se a fiscalização reclassificou os
rendimentos atribuídos aos falsos parceiros pessoas físicas para
receitas da pessoa jurídica, devem ser levados em conta, na
apuração do montante lançado de ofício, os valores pagos em
nome das pessoas físicas. ” (CARF, Acórdão nº 107-08064)
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Parcerias inadmitidas
pelo Fisco
• Consequências da desconsideração da
parceria:
– Arbitramento dos lucros;
– multa de ofício, qualificada pelo evidente intuito
de fraude, o percentual aplicável é de 150%;
– juros calculados com base na taxa SELIC.
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Integração: casos
IRPF: Como proceder em relação a adiantamentos recebidos para aquisição de bens da
atividade rural com pagamento posterior em produtos rurais? Os bens serão considerados
investimentos no mês da aquisição e serão considerados como receita na entrega dos
produtos (IN-RF n° 125/92, art 26)
CONTABILIZADOS
Receita na entrega
dos produtos Pagamento em produtos rurais
PRODUTORES
INTEGRADORES AGROINDÚSTRIA
Produção Adiantamento para
aquisição de bens para
DEDUTÍVEL produção
Investimento no mês de
aquisição dos bens
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Conclusões
• Não há dúvidas de que a tributação da parceria e dos novos
contratos de integração são mais vantajosos em termos fiscais
comparativamente à incidência no arrendamento rurícola.
• Contudo nem sempre essa modalidade contratual pode ser
aplicada: necessidade de observar a específica regulação de direito
comercial, que muitas vezes apresentam como norma cogente
institutiva da própria natureza jurídica dessas modalidades
contratuais.
• O Fisco não tem admitido um contrato pelo outro: desconsideração,
arbitramento e multas de ofício
• Em termos de planejamento tributário, é preciso considerar as
cargas tributárias sem deixar de levar em conta as implicações de
ordem contratual, especialmente nos vínculos ora mais estreitos
ora menos entre as partes signatárias.
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FIM
Dúvidas?
florenceharet@hotmail.com