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Diálogos, Português, 9.

º ano (adaptado)

Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente: quadro geral de análise das cenas.
Símbolos
Argumentos
Grupo cénicos Tipos de cómico
Caracterização da Intenção crítica /
Personagens-tipo social e vícios,
personagem Sentença
defeitos de defesa de acusação
associados
Deixou alguém a rezar
Nobreza. Pajem, por ele na terra e era Viveu uma vida de Tirano, altivo vaidoso, Através do Fidalgo, é VV.16 Cómico de linguagem
cadeira de nobre de linhagem. prazeres; deve seguir infiel, arrogante, feita uma crítica à
espaldas, destino do pai, que também foi soberbo, exibicionista VV 29-30 - Cómico de
nobreza e à tirania, Situação
manto. condenado ao Inferno; é tirano, exuberante.
vaidade e presunção
vaidoso e despreza os mais VV. 43-49 - Cómico de
fracos. dos nobres.
situação
Fidalgo Barca do Inverno VV80-81-Cómico de
Caracter

Burguesia Bolsão. Afirma que o bolsão roubou, cobrando juros elevados; Pecador ladrão, Através do Onzeneiro, é VV 230 - 233) Cómico de
. está vazio e quer voltar tinha o coração cheio de pecados ambicioso maldoso feita uma crítica à linguagem
à terra para ir buscar (ambição e maldade). ganancioso e ganância na sociedade V 220; V 242 -249) Cómico
dinheiro para pagar a avarento daquela época de situação
Onzeneiro passagem. (nomeadamente,
através da crítica aos
empréstimos a juros -
"onzena.
Barca do Inverno
Povo. O Parvo não É inimputável (não pode Nenhuma. Inconsciente, O Parvo funciona como Cómico de linguagem
traz consigo ser acusado ou simples, humilde, tolo, uma espécie de
nenhum responsabilidade pelas ingénuo, engraçado. comentador:
adereço, o suas ações, pecou por provocando o riso, põe
que mostra a não ter discernimento. a descoberto os vícios e
Parvo sua o ridículo das outras
simplicidade. personagens,
contribuindo assim para
a sua crítica. Barca da
Glória
Povo Avental e Faleceu comungado Roubou e enganou o povo, Malcriado ladrão, Através do Sapateiro, é Cómico de linguagem
Sapateiro formas. confessado ouviu desonesto falso religioso pois não mentiroso, malcriado, criticada a
muitas missas deu mola acreditava. hipócrita. desonestidade de todos
à igreja e assistiu á hora aqueles que enganam e
dos finados. roubam (servindo-se da
sua profissão) e de
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Diálogos, Português, 9.º ano (adaptado)
todos aqueles que
professam uma falsa
moral religiosa. Barca
do Inverno
Clero Capelo O facto de ser Frade O Frade era acusado de ser inconsciente dos Crítica ao Clero que Cómicos:
(capuz), Ter feito um acordo com mundano (dado aos prazeres do seus atos, de não seguia as regras de - De linguagem (“Ó padre
escudo, Deus e ser merecedor mundo); de saber cantar, dançar devoção religiosa conduta da classe Frei Capacete!/ Cuidei que
espada e de um lugar no paraíso e de adorar mulheres de duvidosa, infiel a (castidade e tínheis barrete!”;
capacete. Ter rezado muito desrespeitar os votos de Deus, cortesão, comportamento moral “Devoto padre marido”);
Moça. Desfecho da Cena castidade e de pobreza. leviano, bailarino, exemplar); Denúncia - De situação (o vestuário,
O Frade, esgrimista, folgazão, da falta de vocação dos entrada em cena com a
consequentemente, alegre, bem-disposto, seus membros e da moça, o baile e a lição
acaba por embarcar na convencido, vaidoso, contradição entre os de esgrima);
Frade Barca do Inferno. exibicionista e comportamentos e os - De carácter (imoralidade e
namoradeiro. Aceita a valores morais leviandade, pensando que a
condenação sem Barca do Inverno relação com a
protesto. moça seria perdoada pelas
muitas rezas e tem-se a si
mesmo em alta consideração
Ex. o - “Som cortesão.”;
“Sabe que fui da pessoa!”)

Povo Moças, virgos Converteu as meninas Roubou mentiu prostitui mulheres Mentirosa, corrupta Através da Alcoviteira, é Cómicos:
postiços, que salvava da pobreza e viveu uma “vida de santa”. oportunista, confiante, feita uma crítica à - De linguagem (discurso de
arcas, e arranjava lhe homens de ma vida usava prostituição e ao defesa junto do Anjo);
armários, que as sustentassem. uma linguagem vulgar lenocínio, assim como à - De situação (descrição da
cofres, joias, Foi castigada, pois cativadora e lisonjeira devassidão e à mercadoria que pretende
guarda-roupa, levou muitos açoites e para convencer o decadência da embarcar
casa suportou tomem-tos; anjo. sociedade daquela e tentativa de influenciar o
movediça, considerava-se época (nomeadamente, Anjo);
estrado de “angelada”, uma mártir, do clero) - De carácter (tentou
cortiça, comparando- -se a um Barca do Inverno defender-se mentindo
Alcoviteira almofadas apóstolo, a um anjo. descaradamente e
(simbolizava Autocondena-se, pois declarando-se uma mártir).
m a sua assume com orgulho
atividade tudo o que fez.
profissional e
os seus
pecados -
imoralidade,
mentira,
roubo).
Burguesia Bode. Nenhum argumento Não era cristão (judeu), praticou Apegado ao dinheiro Através desta Cómico de linguagem
Judeu sacrilégios e subornou (ex.: não e a sua religião personagem, é visível a
respeitou os dias de jejum e teimosa, ladrão, discriminação de que
abstinência e profanou sepulturas teimoso, ganancioso. era vítima este grupo
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na igreja, no dia dos finados) e social naquela época:
roubou o bode, segundo o Parvo). os judeus eram vistos
como fanáticos da sua
religião e muito
apegados ao dinheiro.
Barca do Inverno
Burguesia Corregedor: Corregedor: A mulher é Corregedor: Corrupto, parcial nas Corregedor: Corrupto, Nesta cena, a justiça Cómicos:
Feitos que recebeu o suborno. suas sentenças (pouco aldrabão, cobarde, humana é condenada - De linguagem (sarcasmo
(processos Procurador: Não se profissional), aceitou subornos, vaidoso, altivo e pela justiça divina, da expressão do Diabo:
judiciais) e apercebeu que ia enriqueceu à custa dos lavradores desonesto. sendo os magistrados “Santa descor regedor”, v.
vara (símbolo morrer. Falta de tempo e confessou-se, ocultando os Procurador: criticados pela sua 628; o Parvo usa um latim
Corregedor e
da autoridade para se confessar. seus pecados. Convencido, corrupção, parcialidade macarrónico.);
Procurador
e do poder Procurador: Corrupto, ladrão e presunçoso e e exploração dos - De situação (disputa verbal
judicial). não se confessou antes de corrupto. desprotegidos. Também entre o Diabo e o
Procurador: morrer. a falsa prática religiosa Corregedor, usando o latim.)
Livros volta a ser criticada.
jurídicos. Barca do Inferno
Povo Baraço Considerava que iria Cometeu um crime que o levou a Ingénuo sonhador Nesta cena, é criticada Cómico de linguagem
(corda). para o Paraíso pois prisão e a ser enforcado foi uma influenciável, a tese da salvação da Cómico de Caracter
acreditou que o acusação implícita. criminoso, simples e alma e da purificação
Enforcado Purgatório era o limoeiro usava uma linguagem dos pecados através da
que era bem-aventurado vulgar. morte na forca.
porque morreu Barca do Inferno.
enforcado.
Nobreza. Hábito da Morreram pela pátria e para Não há Corajosos com espírito Louvor pelo Cómico de situação. O
Ordem, cruz espalhar a fé cristã, de cruzada, um pouco desprendimento dos bens Diabo sente-se ignorado,
de cristo, no Norte de África. arrogantes, confiantes, terrenos;  Apologia do desrespeitado, ultrapassado
seguros, desprendidos espírito de Cruzada na luta
espadas e e sente necessidade de se
dos bens materiais, contra os Mouros
escudos. devotos, mártires. Usam Barca da Glória. impor.a sua atitude revela
Quatro Cavaleiros
uma linguagem que surpresa e incompreensão
revela determinação. da situação invulgar.
Personagem coletiva.

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