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Contratos minerários

Vamos falar aqui sobre uma questão que não é tão conhecida por profissionais
que atuam no setor mineral.
Como sabemos, a atividade de mineração é peculiar e cada situação faz o
instrumento necessário.
Os ajustes feitos entre mineradoras, entre mineradoras e compradoras de
minério, entre mineradoras e prestadores de serviços, assim como a relação que
conversamos com os superficiários são modificáveis, desde que não sejam
contrários ao que dispõe legislação mineral.

Arrendamento de direito minerário

O Código de Mineração e o seu Regulamento são silentes em relação ao


arrendamento de direitos minerários. Por sua vez, a Portaria DNPM n. 155/2016
é que disciplina a questão, permitindo o negócio para concessões de lavra e
manifestos de mina. Inclusive, a norma apresenta o conceito de arrendamento
de direito minerário:

(...) considera-se arrendamento todo e qualquer contrato que


tenha por objeto a exploração da jazida sem a transferência de
titularidade da concessão de lavra ou do manifesto de mina,
admitida, como forma de pagamento, a transferência, no todo
ou em parte, do produto da lavra, pactuada ou não a preferência
de compra do produto mineral pelo titular. 1

Desta feita, o ajuste celebrado entre o arrendante e o arrendatário, da


mesma forma que a cessão de direitos, necessita ser submetido à registro, análise
e averbação perante o DNPM. Assim, é possível realizar duas modalidades de
arrendamento: (i) parcial, no qual parte da jazida é arrendada e, por isto, é
necessário apresentar documentos específicos que comprovem qual porção
arrendada, o dimensionamento das reservas minerais em quantidade e teor, bem

1 Art. 130, §2º, da Portaria DNPM n. 155/2016.


como a planta de situação e memoriais que instruam o pedido; (ii) total, quando
a totalidade da concessão ou manifesto de mina é arrendado.
Para ambas as modalidades de arrendamento, é fundamental que o
arrendatário comprove a capacidade econômico-financeira para a execução do
plano de aproveitamento econômico e das operações de mina, apresente novo
plano de aproveitamento econômico ou declare que seguirá o plano aprovado.

Importante que o Contrato siga instruções básicas, como a necessidade


de anuência prévia perante a ANM. Sendo assim, enquanto não é aprovada e
publicada no Diário Oficial da União a anuência do arrendamento, não é possível
o seu início.

Outra situação é que apenas concessões de lavra ou manifestos de mina


podem ser objeto de arrendamento de direito minerário.

Além disso, interessante lembrar que a pessoa jurídica arrendatária


precisa assumir todas as obrigações de minerador perante a ANM e órgãos
ambientais, assim como outros entes que deem anuência ao empreendimento.
Sendo assim é necessário que o arrendamento seja levado a conhecimento das
autoridades, para fins de transmissão de titularidade de licenças e autorizações.

Ressalta-se que o Contrato de Arrendamento de direito minerário não diz


respeito à propriedade rural em que se encontra a concessão de lavra. Sendo
assim, é essencial que o candidato a arrendatário verifique as questões fundiárias
relacionadas ao imóvel rural que se encontra a mina e suas estruturas acessórias,
assim como remunerações de royalties e obrigações diversas.

Exatamente por assumir todas as obrigações, a arrendatária necessita ser


pessoa jurídica com o objeto social correspondente à atividade de extração
mineral da substância constante na concessão. Isto porque será necessário, após
a anuência da averbação do contrato junto à ANM, emitir notas fiscais, recolher
CFEM, além de todas as obrigações de minerador.

Cessão de direito minerário

A cessão de direitos minerários é garantida pela Constituição Federal,


desde que exista prévia anuência do Poder Concedente, nos termos do art. 176,
§3º da CF:

§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo


determinado, e as autorizações e concessões previstas neste
artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

Retornamos, portanto, ao art. 55, parágrafo segundo do Código de Mineração,


que aponta:
§2º - A concessão de lavra somente é transmissível a quem for
capaz de exercê-la de acordo com as disposições deste Código.

Exemplificando a atuação no minerador perante a ANM, é essencial que a cessão


de direito minerário seja submetida à ANM para fins de processamento e
anuência. Diante disso, apresentamos aqui um modelo de Contrato de Cessão
total de direito minerário, a ser usado pelo titular como referência, para direitos
minerários em qualquer fase.

INSTRUMENTO PARTICULAR DE CESSÃO TOTAL DE DIREITO MINERÁRIO

Qualificação: Razão Social, sociedade empresária _____________, inscrita no CNPJ sob


o nº _______________, com sede na _______________, representada, neste ato, na
forma de seu contrato social, aqui denominada “CEDENTE”; e
Qualificação: Razão Social, sociedade empresária _____________, inscrita no CNPJ sob
o nº _______________, com sede na _______________, representada, neste ato, na
forma de seu contrato social, neste ato denominada, “CESSIONÁRIA”;
firmam, de boa fé e em caráter irrevogável e irretratável, o presente instrumento
particular, nos termos e condições seguintes:
firmam, de boa fé e em caráter irrevogável e irretratável, o presente instrumento
particular, nos termos e condições seguintes:

CLÁUSULA PRIMEIRA – DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES


1.1 Declara a CEDENTE ser titular do __________ (DIREITO MINERÁRIO),
referente ao Processo ANM n.º __________/____;

1.2 Declaram CEDENTE e CESSIONÁRIA que estão livres e desimpedidos para


firmar a presente negociação, obrigando-se a apresentar, sempre que for
solicitada, a documentação necessária para o andamento do negócio
entre as partes Contratantes;
CLÁUSULA SEGUNDA – DO OBJETO:
2.1 A CEDENTE é titular do __________ (DIREITO MINERÁRIO),
referente ao Processo ANM n.º __________/____, para extração da
substância ____________ em uma área de _________ ha (___________
hectares) e, neste ato, cede e transfere totalmente à CESSIONÁRIA os
direitos, obrigações, limitações e efeitos decorrentes, em caráter
irrevogável e irretratável;
CLÁUSULA TERCEIRA – DO PREÇO E DA FORMA DE PAGAMENTO
3.1 A CESSIONÁRIA pagará à CEDENTE o valor de R$_____________
(________ reais), a ser pago no ato de assinatura do presente
Instrumento.
3.2 Após a assinatura do presente Instrumento, a CEDENTE fornece à
CESSIONÁRIA plena, geral, rasa e irrestrita quitação ao objeto desta
Cessão.
CLÁUSULA QUARTA – DAS OBRIGAÇÕES DAS PARTES
4.1 Caberá à CEDENTE:
(i) Entregar todos os documentos relevantes sobre o Requerimento de Lavra cedido,
além de assinar todo e qualquer documento público ou particular para que se proceda
à completa transmissão do objeto deste Instrumento para a CESSIONÁRIA;
(ii) Responsabilizar-se civil, administrativamente e criminalmente por toda e qualquer
denúncia, auto de infração, multa, indenização, inadimplemento de taxas, débitos
relativos à Compensação Financeira sobre a exploração de Recursos Minerais (CFEM),
dentre outros relacionados a este Processo Administrativo Minerário e suas licenças
para operação, ocorridos antes da efetiva transferência de titularidade, a ser procedida
mediante a inscrição no Livro de Averbações para a transferência de direitos minerários,
nos termos do art. 256 da Portaria DNPM n.º 155/2016.
4.2 Caberá à CESSIONÁRIA:
(i) Assinar e receber todos os documentos relevantes sobre Requerimento de Lavra
mineral cedido além de assinar todo e qualquer documento público ou particular para
que se proceda à completa transmissão do objeto deste Instrumento;

(ii) Pagar todos os emolumentos, custas administrativas e/ou taxas decorrentes da


presente Cessão, inclusive protocolizar e responder às eventuais exigências relativas a
este Instrumento.

CLÁUSULA QUINTA – DAS PENALIDADES


5.1 Fica estabelecida que a violação das obrigações contratuais ora
pactuadas, ressalvadas aquelas específicas e decorrentes da rescisão
obrigam a parte infratora a arcar com a multa contratual equivalente a
20% (vinte por cento) sobre o valor total deste Instrumento em favor da
parte prejudicada, independentemente das indenizações pelos danos
materiais e morais e lucros cessantes que tal violação acarretar.

CLÁUSULA SEXTA – DOS HERDEIROS E SUCESSORES


6.1 As Partes, por si, seus herdeiros e sucessores, obrigam-se a fazer
respeitado, firme e valioso este Instrumento.

6.2 Em caso de morte de uma das Partes, os herdeiros e sucessores, bem


como a meeira se obrigam a reconhecer o presente Instrumento, seja por
habilitação em inventário ou por outorga definitiva da escritura, realizado
após o inventário, desde que cumpridas as obrigações pactuadas.
CLÁUSULA SÉTIMA – DA IRREVOGABILIDADE E IRRETRATABILIDADE
7.1 CEDENTE e CESSIONÁRIA declaram não possuírem, em tempo algum,
nada a reclamar de quem que seja vinculado a este contrato, salvo se por
inobservância do que foi aqui estabelecido, estão de pleno acordo com o
preço e as demais condições deste contrato, sendo o presente
Instrumento firmado em caráter irrevogável e irretratável, não admitindo
arrependimento das partes que, neste ato, renunciam expressamente às
faculdades conferidas pelo artigo 417 e seguintes do Código Civil no que
diz respeito a tais matérias.
CLÁSULA OITAVA – DA EVICÇÃO DE DIREITO:
8.1 CEDENTE e CESSIONÁRIA se comprometem a fazer esta venda sempre
boa, firme e valiosa, em qualquer tempo ou lugar, bem como responder
pela evicção de direito de acordo com a cláusula constitutiva por si e seus
herdeiros e sucessores.
CLÁUSULA NONA – DO FORO
9.1 As Partes elegem o foro da Comarca de _________, ___________, Brasil,
para dirimir quaisquer litígios oriundos deste acordo.
E, por estarem justas e contratadas, as Partes firmam o presente acordo em 02 (duas)
vias de igual teor, na presença de duas testemunhas abaixo assinadas.

______________, __________, ____ de ____________ de __________

CEDENTE

CESSIONÁRIA

Testemunhas:

________________________________ ___________________________________
Nome: Nome:
ID: ID:
CPF: CPF:

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