MRS.
DALLOWAY E A REDOMA DE VIDRO: O TEMA DA DEPRESSÃO E
DO SUICÍDIO NO ROMANCE MODERNO.
Isabela Vogliotti Limonte, Márcio Scheel. Câmpus de São José do Rio Preto, Instituto de Biociência,
Letras e Ciências Exatas. Curso de Licenciatura em Letras. E-mail: isa.vogliotti@hotmail.com.
Bolsista PIBIC/Reitoria.
Palavras Chave: suicídio, depressão, romance moderno.
Introdução
A presente pesquisa investiga a representação da
melancolia na mulher moderna dos romances Mrs.
Dalloway, de Virgínia Woolf¹, e A redoma de vidro,
de Sylvia Plath², ambos publicados na primeira
metade do século XX. Propõe relacionar a
influência da modernidade tanto nas vidas quanto
nas obras, todas assombradas pelo suicídio e pela
depressão, das autoras escolhidas, estimulando
ainda uma comparação sistemática entre ambas.
Objetivo
Objetivo Geral: Estudar a temática da depressão e
do suicídio sob o ponto de vista dos romances
modernos Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf, e A
redoma de vidro, de Sylvia Plath.
Objetivos Específicos: (I) analisar elementos da
modernidade presentes nos romances; (II)
comparar a melancolia das protagonistas de cada
obra, a semelhança biográfica entre as duas
autoras, e estabelecer relações de projeção; (III)
analisar as crises de consciência das protagonistas
e as razões que as levam à melancolia.
Material e Métodos
Material: Tudo o que é sólido desmancha no ar,
obra de Marshall Berman³, O romance está
morrendo, de Ferenc Fehér4, Teoria do romance, de
Donald Schüler5, A tinta da melancolia, de Jean
Starobinski6, O demônio do meio-dia - Uma
anatomia da depressão, de Andrew Solomon7. E
uma fortuna crítica sobre as obras de Woof e Plath.
Metodologia: leitura e fichamento de textos
relacionados à teoria do romance, além da leitura
interpretativa dos romances Mrs. Dalloway e A
redoma de vidro; e análise destes, considerando o
contexto de vida Moderna das duas autoras em
diferentes momentos do século XX.
Resultados e Discussão
Em Mrs. Dalloway, a protagonista Clarissa expressa
fluxos de consciência reprimidos e confusos da
mesma forma que Septimus, outro personagem
relevante do romance, que sofre de traumatismo
pós guerra. Para ela, os conflitos internos são
carregados de ansiedade que comprovam de
XXXI Congresso de Iniciação Científica
maneira sutil sua crise interior; já para ele, os
pensamentos depressivos, alucinógenos e suicidas
são tão mais claros que até mesmo se concretizam
ao fim, quando tira sua vida de fato. A voz de Woolf
no romance é clara e pessoal e intercala entre
ambos, visto que a própria autora sofria de crises
constantes que a levaram também ao suicídio.
Plath se conecta com Woolf pela supressão da
fama poética em vida, pela crise existencial e pelo
suicídio, assim como a primeira se relaciona com
Esther, protagonista em A redoma de vidro. Esther
é praticamente uma das identidades fictícias de
Plath, criada pouco antes de sua morte. Ambas
carentes de pai, depressivas, escritoras, carregadas
de tentativas de suicídio, etc.
Isto posto, é possível identificar a temática da
depressão e do suicídio de forma clara nos
romances e na vida das autoras, influenciadas pela
modernidade da época em que viveram e pela crise
do homem moderno.
Conclusões
As duplicidades suicidas são várias e as
características melancólicas se comprovam por
Starobinski e Solomon. Entretanto, tudo se permeia
sob influência do mundo moderno, caótico, que
instiga o indivíduo a submergir-se em sua
consciência em conflito consigo e com o todo
social, como se comprova nos romances estudados.
Agradecimentos
Agradeço à Reitoria pela bolsa PIBIC concedida.
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1
WOOLF, Virgínia. Mrs. Dalloway. Tradução de Denise Bottmann.
Porto Alegre, RS: L&PM, 2013.
2
PLATH, Sylvia. A redoma de vidro. Tradução de Chico Mattoso.
São Paulo: Biblioteca Azul, 2014.
3
BERMAN, M. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura
da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L.
Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
4
FEHER, F. O romance está morrendo?. Tradução Eduardo
Lima. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.
5
SCHÜLER, Donaldo. Teoria do Romance. São Paulo: Ática,
1989.
6
STAROBINSKI, Jean. A tinta da melancolia: Uma história
cultural da tristeza. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo:
Companhia das Letras, 2016.
7
SOLOMON, Andrew. O demônio do meio-dia: uma anatomia
da depressão. 2ª. ed. Tradução de Myriam Campello. São Paulo:
Companhia das Letras, 2014.