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12/11/2015

UFJF - Faculdade de Engenharia


Dep. de Construção Civil

Disciplina Construção Sustentável


Prof. Pedro Kopschitz Xavier Bastos

2º semestre letivo 2015


Objetivos do curso

• Conscientização acerca do panorama mundial e brasileiro da


sustentabilidade no setor de construção civil.
• Formar engenheiros capazes de agir em favor do meio ambiente
em suas obras e projetos, por meio de conhecimento, cálculos,
ferramentas e adoção de boas práticas.
• Formar profissionais com visão crítica moderna do setor de
construção civil e seus aspectos ligados ao meio ambiente, assim
como formar disseminadores dos conhecimentos adquiridos.
• Contribuir para a preservação do planeta.

Programa
1. Noções gerais - Introdução/ Importância da indústria da 2 aulas
construção para a economia e o meio ambiente/
Sustentabilidade - aspectos econômico, social e ambiental /
Construção sustentável / Certificações e selos.
2. Meio ambiente e impacto ambiental - Leis e normas 1 aula
vigentes / Tipos de impacto (emissão de gases, geração de
resíduos, consumo de energia e outros).

3. Impacto ambiental dos materiais e dos edifícios - Principais 1 aula


impactos no Brasil e no mundo e suas consequências /
Propriedades dos materiais relacionadas com impactos
ambientais.

4. Ciclo de vida dos materiais e dos edifícios - Conceitos 2 aulas


(Energia cinza, energia renovável, energia não renovável e
outros) / Análise do Ciclo de Vida (ACV) / Bases de dados /
Ferramentas de ACV / Reuso e reciclagem de materiais e
resíduos - possibilidades e exemplos.

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5. Decisões de projeto para a construção sustentável - 2 aulas


Arquitetura bioclimática / Especificações de materiais /
Partes específicas da obra - aquecimento solar, água de
chuva, águas cinzas e outras.
6. Decisões em obra para a construção sustentável - Melhores 1 aula
técnicas e práticas / Perdas na construção de edifícios/
Gestão de resíduos no canteiro e nas cidades.

7. Estudo de casos - Cálculos de impactos durante o ciclo de 2 aulas


vida dos materiais e dos edifícios - exemplos.

11 aulas - Pedro
2 aulas - trabalhos
2 aulas - leituras

Total :15

UFJF - Faculdade de Engenharia


Dep. de Construção Civil

Disciplina Construção Sustentável


Prof. Pedro Kopschitz Xavier Bastos

1. Noções gerais
Introdução
Importância da indústria da construção para a economia e o
meio ambiente
Sustentabilidade - aspectos econômicos, sociais e ambientais
Construção sustentável
Certificações e selos

2 aulas

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Um engenheiro que não possui consciência sobre a


necessidade de preservação do meio ambiente pode ser
mais nocivo ao planeta do que se não fosse engenheiro.

Pedro Kopschitz

Pressupondo que todos os engenheiros têm a mesma


capacidade de adquirir conhecimento e de realizar obras,
onde está o diferencial?
Está nas ações em favor do meio ambiente para as
gerações futuras.

Pedro Kopschitz

Introdução

A razão nos difere de outros animais.

Com ela, conseguimos:


"Perpetuidade" da espécie
Habilidade para nos proteger das intempéries
Domínio do fogo, roda, roupas...

O ponto central de toda a discussão ambiental está nos excessos por nós
praticados para evoluir.

É importante que cada um de nós passe a opinar sobre nosso futuro comum.

"Créditos de Carbono e Sustentabilidade: Os caminhos do novo capitalismo" - Antônio Lombardi.


São Paulo, Ed. Lazuli/ Companhia Editora Nacional, 2008.

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Assembleia da ONU, 23ª edição, 1972, Estocolmo:

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, proposta através do


Conselho de Econômico e Social.

Ritmo de crescimento das sociedades poderia conduzir à exaustão dos


recursos naturais.

Marco inicial da moderna preocupação política e pública com o meio


ambiente.

Criação do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

"Créditos de Carbono e Sustentabilidade: Os caminhos do novo capitalismo" - Antônio Lombardi.


São Paulo, Ed. Lazuli/ Companhia Editora Nacional, 2008.

Brasil em 1972:
Regime militar pós anos JK
Economia estável
Crescimento econômico
Violência política - ditadura, AI-5.
Transamazônica
Futebol - Tricampeonato mundial - 1970m (Pelé, Tostão, Rivelino...)
90 milhões de habitantes

Mundo em 1972:
Guerra fria
Duas Alemanhas
Apolo 11 na Lua! (1969)
Europa e Japão dos pós-guerra queriam ser como os EUA e se tornaram
grandes poluidores.

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Para começar:

Nossos recursos são finitos (água, minérios...)

Economia x Meio ambiente x Desenvolvimento

Ex: Redução da população de abelhas*

• Indústria do mel movimenta bilhões em todo o mundo


• Frutas: dependem da polinização das abelhas
• Menos laranjas > alta de preços > menos empregos.

* Causada por inseticida nas lavouras!!

A natureza não existe com o único propósito de ser explorada.


Precisamos definir como explorá-la.

Importância da indústria da construção para a economia


e o meio ambiente
PIB
Empregos
Déficit habitacional
Resíduos
Recursos naturais
Energia
GEE

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Setor de construção é um dos primeiros relacionados ao


desenvolvimento sustentável:

Emissão de GEE
Esgotamento de recursos naturais
Geração de resíduos
Impactos econômicos e sociais

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COMPOSIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO


POR PARTICIPAÇÃO (%) NO PIB TOTAL DA CADEIA

Construção
64,7%

Indústria de materiais
16,8%

Serviços
6,5%

Outros fornecedores Comércio de materiais


2,3% 8,0%

Máquinas e
equipamentos
1,6%
Fonte: "Perfil da Cadeia Produtiva da Construção e da Indústria de Materiais e Equipamentos - 2012". ABRAMAT e FGV Projetos.
Elaboração: Banco de Dados - CBIC

PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO


NA POPULAÇÃO OCUPADA

Pessoas Ocupadas ¹ Participação Relativa da


Ano Construção Civil na
Brasil Construção Civil População Ocupada Total (%)
2000 77.946,314 5.579,533 7,16
2001 78.568,898 5.603,994 7,13
2002 81.628,779 5.851,946 7,17
2003 82.965,817 5.652,633 6,81
2004 87.080,317 5.862,069 6,73
2005 89.659,878 6.135,556 6,84
2006 92.191,234 6.201,572 6,73
2007 93.732,291 6.514,359 6,95
2008 94.902,552 6.833,562 7,20
2009 95.758,123 7.229,909 7,55
2010 98.116,218 7.844,451 8,00
2011 99.560,157 8.099,182 8,13
F o nt e : IB G E , D iret o ria de P esquisa s, C o o rde na çã o de C o nt as N ac io nais .
E labo raç ão : B anco de D ado s- C B IC .
(1) Em mil P esso as.

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DÉFICIT HABITACIONAL TOTAL, RELATIVO E POR COMPONENTES


BRASIL, GRANDES REGIÕES, UF E REGIÕES METROPOLITANAS
2012

Déficit Habitacional
Componentes
Especificação
Total absoluto Total relativo Habitação Ônus excessivo Adens.
Coabit. Familiar
precária aluguel excessivo
Região Norte 564.620 12,3 120.766 266.646 131.873 45.335
Rondônia 37.174 7,0 4.923 10.583 19.699 1.969
Acre 28.695 14,0 4.471 14.910 6.709 2.605
Amazonas 158.369 16,7 17.032 84.124 37.801 19.412
Roraima 16.092 12,0 2.076 7.961 4.844 1.211
Pará 256.212 11,9 76.959 120.846 43.386 15.021
RM Belém 62.059 10,0 1.537 39.579 16.138 4.805
Amapá 17.172 9,0 2.701 8.586 3.680 2.205
Tocantins 50.906 11,4 12.604 19.636 15.754 2.912
Região Nordeste 1.777.212 10,6 536.662 627.700 536.364 76.486
Maranhão 407.626 22,0 272.502 86.591 38.076 10.457
Piauí 100.105 10,8 30.368 57.925 10.126 1.686
Ceará 246.274 9,5 54.503 90.605 83.596 17.570
RM Fortaleza 123.361 10,9 6.704 48.268 58.331 10.058
Rio Grande do Norte 120.271 12,0 7.400 62.909 45.643 4.319
Paraíba 113.302 9,5 16.626 49.262 41.873 5.541
Pernambuco 240.850 8,5 36.583 66.498 121.127 16.642
RM Recife 103.861 8,5 7.324 32.967 58.339 5.231
Alagoas 92.212 9,8 24.709 35.562 25.915 6.026
Sergipe 77.412 11,7 6.880 37.847 30.277 2.408
Bahia 379.160 8,0 87.091 140.501 139.731 11.837
RM Salvador 107.647 8,3 3.432 40.875 58.348 4.992
Região Sudeste 2.108.602 7,6 89.785 656.714 1.161.923 200.180
Minas Gerais 482.949 7,3 17.958 179.791 265.106 20.094
RM Belo Horizonte 136.641 8,2 794 60.374 70.308 5.165
Espírito Santo 77.033 6,2 1.092 26.227 48.074 1.640
Rio de Janeiro 397.357 7,1 14.492 139.608 206.697 36.560
RM Rio de Janeiro 291.682 7,0 11.490 106.588 144.246 29.358
São Paulo 1.151.263 8,0 56.243 311.088 642.046 141.886
RM São Paulo 582.129 8,4 44.699 129.839 324.580 83.011
Região Sul 550.726 5,7 99.515 177.294 252.258 21.659
Paraná 226.336 6,2 49.338 58.895 106.844 11.259
RM Curitib a 71.822 6,5 19.542 14.549 34.095 3.636
Santa Catarina 133.201 6,0 20.120 44.398 63.135 5.548
Rio Grande do Sul 191.189 4,9 30.057 74.001 82.279 4.852
RM Porto Alegre 77.378 5,3 10.286 30.390 33.895 2.807
Região Centro-Oeste 429.402 8,9 37.049 137.103 228.224 27.026
Mato Grosso do Sul 65.024 7,4 7.133 22.231 32.304 3.356
Mato Grosso 78.959 7,9 6.991 29.606 35.780 6.582
Goiás 164.689 7,8 10.347 45.516 96.415 12.411
Distrito Federal 120.730 14,1 12.578 39.750 63.725 4.677
BRASIL 5.430.562 8,5 883.777 1.865.457 2.310.642 370.686
Total das RMs 1.556.580 8,0 105.808 503.429 798.280 149.063
Demais áreas 3.873.982 8,8 777.969 1.362.028 1.512.362 221.623
F o nt e : D a do s bá sic o s: Inst it ut o B ra sile iro de G eo graf ia e E s t a t í st ic a ( IB G E ) , P es quis a N a c io na l po r A mo s t ra de D o mic í lio s ( P N A D ) , v .32 , 20 12 .
E labo ra çã o : F unda çã o J o ã o P inhe iro ( F J P ) , C e nt ro de E s t a t í s t ica e Inf o rma çõ e s ( C E I)
Nota: No cálculo do déficit habitacio nal o co mpo nente co abitação familiar inclui apenas as famílias co nviventes que
declararam intenção de co nstituir no vo domicílio .

O Globo, 28/08/2015

Construção civil deve perder meio milhão de


empregos em 2015
Setor encolheu 8,2% no segundo trimestre

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/construcao-civil-deve-perder-meio-milhao-de-empregos-este-


ano-17333588#ixzz3qWFsexcQ
Acessado em 04/11/2015

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São Paulo: 144 mil m3/mês de entulho

500 casas de 100m² cheias de entulho até o teto por mês!

65%: argamassa, cerâmica e concreto. 17

20 caçambas de 4 m3 por hora!

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Estimativas de geração de RCC:

0,5 t/hab.ano

0,15 t/m2

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1. LIMPEZA DO TERRENO
2. INSTALAÇÃO E LOCAÇÃO DA OBRA
3. SERVIÇOS EM TERRA E ROCHA
4. FUNDAÇÃO
5. ESTRUTURA
Geram mais resíduos

6. ALVENARIA
7. COBERTURA
8. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ESGOTO SANITÁRIO
9. APARELHOS E METAIS SANITÁRIOS
10. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
11. SERRALHEIRIA
12. MARCENARIA
13. REVESTIMENTO DE PAREDES
14. REVESTIMENTO DE PISOS
15. FERRAGENS
16. VIDROS
17. PINTURA
18. ACABAMENTO
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19. LIMPEZA

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No setor do ambiente construído e da construção civil, o consumo

de energia acontece em quatro principais áreas:

1. extração, fabricação, produção e transporte de materiais de construção;


2. construção, energia no canteiro de obras;
3. operação de edificações e o ambiente urbano; e
4. demolição e fim de vida.

Aspectos da Construção Sustentável no Brasil e Promoção de Políticas Públicas


CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
Ministério do Meio Ambiente
PNUMA
Versão 2, Novembro 2014.

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL, 1970–2013

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PREVISÕES DE AUMENTO DE CONSUMO DE ENERGIA EM EDIFICAÇÕES

FONTE: CBCS, com dados do EPE (2014a; 2014b)

De toda energia elétrica consumida no Brasil, 42% é


utilizada em edificações residenciais, comerciais e públicas
(Lamberts, 1997), seja na operação e manutenção dos edifícios,
como também nos sistemas artificiais (iluminação, climatização e
aquecimento de água). A melhora da eficiência energética das
edificações e dos equipamentos nela utilizados torna-se essencial
para uma redução do consumo no setor.

LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano e PEREIRA, Fernando. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ARQUITETURA. Editora PW - São Paulo, 1997

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Fonte: Brasil. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2013 – Ano base 2012:
Relatório Síntese. Rio de Janeiro: EPE, 2013.
https://ben.epe.gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20Final_2013_Web.pdf

CONSUMOS ENERGÉTICOS EM EDIFICAÇÕES POR USO FINAL

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BENEFÍCIOS DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

carbono-sao-insuficientes-dizem-especialistas-17389515
http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/planos-internacionais-de-contencao-de-emissao-de-
CONSUMO DE ENERGIA => EMISSÃO DE CO2
FONTE: IEA
Aspectos da Construção Sustentável no Brasil e Promoção de Políticas Públicas
CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
Ministério do Meio Ambiente
PNUMA
Versão 2, Novembro 2014.

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Setor de energia quadruplica níveis de gases do efeito


estufa entre 1970 e 2013 no Brasil
O Globo - 12/08/2015

http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/setor-de-energia-quadruplica-niveis-de-gases-do-efeito-estufa-entre-1970-
2013-no-brasil-17162047#ixzz3ki7K0sti

O país está na contramão da recomendação da ciência de declínio das


emissões para evitar os piores efeitos do aquecimento global.

“A expansão se deve à queda da participação do etanol, ao aumento do


consumo de gasolina e diesel, além do incremento de geração termelétrica no
Brasil”.

1º lugar: desmatamento (35% do total dos GEE do Brasil em 2013).


2º lugar: setor de energia (29%).
3º lugar: agropecuária (27%).

Processos industriais: 6% (siderurgia + cimento = 52%)


http://seeg.eco.br/

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FATORES MÉDIOS DE EMISSÃO DE CO2 COM GERAÇÃO ELÉTRICA NO SISTEMA


INTERLIGADO NACIONAL (SIN) DO BRASIL, MENSAIS DE 2009-2014

Oscilações e aumentos:

Aumento da população
Atividade econômica
Escassez de chuvas - necessidade de utilização constante de centrais
térmicas
Politização do setor

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Fim da 1ª aula

2ª aula

1. Noções gerais - Introdução/ Importância da indústria da 2 aulas


construção para a economia e o meio ambiente/
Sustentabilidade - aspectos econômico, social e ambiental /
Construção sustentável / Certificações e selos.

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Sustentabilidade - aspectos econômicos, sociais e ambientais


Conceito de desenvolvimento sustentável

Relatório Brundtland, 1987, ONU.

"Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem


comprometer a capacidade de gerações futuras de atender às suas necessidades".

***

St. Exupéry (autor de O Pequeno Príncipe):

"O planeta não nos pertence,


nós o tomamos emprestado de nossas crianças."

Qualquer empreendimento humano, para


ser sustentável, deve atender, de modo
equilibrado, a quatro requisitos básicos:

Adequação ambiental
Viabilidade econômica
Justiça social
Aceitação cultural

Guia de Sustentabilidade na Construção FIEMG

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Construção sustentável é obter um produto (obra,


edifício) que inclua:

• Respeito às leis;
• Análise dos impactos econômicos, sociais e ambientais, com especial
atenção à fase de projeto;
• Exploração de técnicas/arquitetura bioclimáticas;
• Visão/análise do ciclo de vida dos materiais e dos edifícios;

Recolher água de chuva, aquecimento solar... Isso é tudo?

Análise dos impactos econômicos, sociais e


ambientais.
Impactos econômicos:
a) Obra correta é obra legal - formalidade da empresa gera empregos
formais, impostos e respeito às leis do país.

Emprego formal (carteira assinada) - cidadania, autoestima, acesso a


serviços de saúde, aposentadoria, ...

Impostos: aumentam os recursos do estado para investimentos em


infraestrutura, saúde, educação, etc.

Compras formais (com nota fiscal): redução do desmatamento, garantias


de qualidade dos produtos, cadeia formal gera empregos formais,
combate à pirataria (pirataria, tráfico de drogas, tráfico de animais,
trabalho escravo, etc., andam todos no mesmo barco).

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b) Outros impactos econômicos:

Todo empreendimento tem o potencial de gerar emprego, renda


e movimentar a economia local.

Mas tem também o potencial de gerar dívidas impagáveis para o


estado (obra pública), dívidas do próprio empreendimento
(ex: INSS),superfaturamentos e embróglios judiciais sem fim,
que custam dinheiro para todos os envolvidos.

Os impactos econômicos não se retingem apenas à fase de obra,


mas podem durar anos e décadas.

Impactos sociais e culturais:

É preciso haver respeito à história local -


A demolição de um edifício histórico e a instalação de um prédio novo traz
algum benefício à cidade, além do benefício (lucro) do empreendedor?
A análise do valor histórico de uma edificação deve passar por especialistas
(arquitetos) e seguir a legislação.

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Caso do Colégio Stella Matutina em Juiz de Fora, MG

Em 1902, as Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo fundaram em Juiz de


Fora a primeira casa da Congregação no país: o Colégio Stella Matutina.

8 de setembro de 1917 - o prédio na Avenida Independência é inaugurado.

Arquiteto francês reverendo Arthur Hoyer - era uma


réplica exata da casa central da Ordem, originária da
Alemanha e com sede na Holanda.

O prédio tinha detalhes arquitetônicos de requinte, como os


portais de madeira entalhada. A capela foi construída em 1926,
também em gótico, estilo medieval que predominou na Europa
do século XII ao XVI.

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Considerado um dos marcos da educação em Juiz de


Fora, o colégio enfrentou problemas, especialmente
a partir da década de 60, quando teve parte de seu
terreno desapropriado para a abertura da Avenida
Independência,
Independência a medida fez com que a Avenida
cortasse o Colégio ao meio, passando no meio do
pátio. O colégio também teve dificuldades de
adaptação às mudanças no sistema de ensino e à
infraestrutura exigida pelo Ministério da Educação
(praça de esporte, laboratórios).

Fonte: http://www.jfminas.com.br

Sem condições financeiras para reformar o prédio,


as freiras encerraram o internato e resolvem
vender o colégio e a capela para construir um
novo prédio na parte do terreno que havia
sobrado na Independência ("Stelinha").
O antigo prédio do colégio foi vendido em 1972 a
um empresário de uma rede de lojas de calçados,
para fins imobiliários, sua demolição aconteceu
em 1978,
1978 em meio à discussão sobre a
autenticidade do valor arquitetônico de uma
imitação do gótico e da importância histórica do
prédio para a cidade.

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Em seu lugar foi erguido um edifício de salas e escritórios, o


Stella Central.

A capela foi vendida em 1976 a um empresário do ramo


de vidraçaria, que a transformou em galeria de arte, onde
eram promovidas exposições e cursos. No subsolo, onde
antes funcionou o salão paroquial, instalou uma vidraçaria
e uma fábrica de molduras. Funcionou assim por 10 anos
até que foi vendida e demolida no início de 1986.

Anos 80

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Hoje...

Impactos ambientais
Um edifício alto em um local onde só há casas traz mais benefícios ou mais
incômodo (sombra, ruído, trânsito, calor, impacto visual, etc.) ao bairro e à rua?

A compra (segundo especificações de projeto!) de materiais que percorrem longas


distâncias (ex: mármores importados) é sustentável? Há outros produtos do
mesmo padrão mais próximos na indústria local?

Materiais pouco duráveis (e baratos) serão substituídos em pouco tempo - o


construtor passa a "bomba" para o usuário e o meio ambiente.

Qual o destino dos materiais no dia em que o prédio for demolido?

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Os impactos ambientais podem ser medidos, principalmente, em energia


(kwh) e emissões de gases do efeito estufa (GEE), em toneladas de CO2,
durante o ciclo de vida do edifício. Podem ser também medidos em
geração de resíduos, consumo de água e outros impactos.

A fase do empreendimento que determina a grande maioria dos impactos


ambientais dos edifícios é a de projeto.

Como e quando podemos influenciar?

Eng. Luiz Ceotto


http://www.cbcs.org.br/sbcs08/slides_pdf/Luiz_Ceotto_SBCS08.pdf

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Edifício
Possibilidade de interferência em favor da redução de custo

Adaptado do Eng. Luiz Ceotto


http://www.cbcs.org.br/sbcs08/slides_pdf/Luiz_Ceotto_SBCS08.pdf 51

Certificações e selos

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Certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental),


do sistema francês HQE (Haute Qualité Environnementale)

A qualidade ambiental do edifício estrutura-se em 14 categorias

• Eco-construção
Categoria 1: Relação do edifício com o seu entorno
Categoria 2: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos
Categoria 3: Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

• Gestão
Categoria 4: Gestão da energia
Categoria 5: Gestão da água
Categoria 6: Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício
Categoria 7: Manutenção - Permanência do desempenho ambiental

• Conforto
Categoria 8: Conforto higrotérmico
Categoria 9: Conforto acústico
Categoria 10: Conforto visual
Categoria 11: Conforto olfativo

• Saúde Representante no Brasil da rede


Categoria 12: Qualidade sanitária dos ambientes de certificação HQE™ e o do
Categoria 13: Qualidade sanitária do ar Processo AQUA
Categoria 14: Qualidade sanitária da água

Referencial técnico de certificação: Edifícios habitacionais –


Fonte: FCAV – FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI.

Processo AQUA. São Paulo: Fundação Vanzolini. Fevereiro 2010


– Versão 1.

Em cada critério, a edificação pode receber as qualificações “Bom”, “Superior”


ou “Excelente”.
A edificação deve ter no mínimo três critérios excelentes e, no máximo, sete
critérios bons.

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Leadership in Energy and Environmental Design

http://www.gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php

143 países

Fonte: http://www.gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php

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- Selo LEED, conferido a empreendimentos que tiveram mais de 40 pontos;


- Selo LEED Silver, para edificações com mais de 50 pontos;
- Selo LEED Gold, para empreendimentos com pontuação superior a 60;
- Selo LEED Platinum, para edificações que conquistaram mais de 80 pontos.

São 53 critérios de avaliação, divididos em 6 categorias:


http://www.caixa.gov.br/sustentabilidade/produtos-servicos/selo-casa-

- Qualidade Urbana
- Projeto e Conforto
- Eficiência Energética
- Conservação de Recursos Materiais
- Gestão da Água
- Práticas Sociais.

Para receber o Selo Casa Azul, o empreendimento deve obedecer a 19


azul/Paginas/default.aspx

critérios obrigatórios e, de acordo com o número de critérios opcionais


atendidos, o projeto ganha o selo nível bronze, prata ou ouro:

Bronze: atende aos 19 itens obrigatórios;


Prata: atende aos 19 itens obrigatórios, mais 6 opcionais;
Ouro: atende aos 19 itens obrigatórios, mais, pelo menos, 12 opcionais.

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JOHN, V. M.; PRADO, R. T. A. BOAS PRÁTICAS


PARA HABITAÇÃO MAIS SUSTENTÁVEL (Selo
Casa Azul) São Paulo: Páginas & Letras –
Editora e Gráfica, 2010. Realização CAIXA.

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http://www.caixa.gov.br/Downloads/selo_azul/Ficha_Selo_Residencial_Bonelli.pdf

http://www.caixa.gov.br/Downloads/selo_azul/Ficha_Selo_Residencial_Parque_Jequitiba.pdf

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Procel Edifica - Eletrobrás


Plano de Ação para Eficiência Energética em Edificações

Objetivos:

Prover informações úteis que


influenciem a decisão de compra dos
consumidores e estimular a
competitividade da indústria.

http://www.procelinfo.com.br/main.asp
30% 30% 40%

O Procel promove a avaliação da eficiência energética de


edificações residenciais, comerciais, de serviços e
públicas, em parceria com o Inmetro, que confere a
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) para
as edificações, a Etiqueta PBE Edifica. Já são mais de 2.100
etiquetas desse tipo concedidas desde 2009.

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Cuidados com selos e certificações de edifícios e materiais:

"Fachada verde" - mera propaganda... Simplesmente recolher


água de chuva não quer dizer que o edifício merece a
classificação de sustentável.
Procurar organismos certificadores sérios.
Reflexão - Certificação está virando um negócio. Isso é bom ou
ruim?
***
O caso da madeira plástica, chamada de "madeira ecológica"!

Referências
EPE. Balanço Energético Nacional 2014: ano-base 2013. Rio de Janeiro: EPE,
2014a.

EPE. Série Estudos da Demanda de Energia. Nota Técnica DEA 13/14: demanda
de energia 2050. Plano Nacional de Energia 2050. Empresa de Pesquisa
Energética: Rio de Janeiro, 2014b.

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Fim da 2ª aula

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