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Recursos expressivos:
“como panela sem asa” - deixa de ser útil - comparação
“Todas folgam, e eu não,/ todas vêm e todas vão” – anáfora - repetição no início
dos versos
“Hui!” – desespero - interjeição
“E que pecado é o meu, ou que dor de coração?” - o que fiz eu de mal? - Pergunta
retórica
“Sam eu coruja ou corujo,/ou sam algum caramujo” - molusco Marinho – metáfora -
Inês compara-se a uma coruja ou a um caramujo, para realçar que se sente presa,
não podendo sair.
“E quando me dão algum dia/ licença, como a bugia” – espécie de macaco -
comparação
“Logo eu adivinhei/lá na missa onde eu estava,/como a minha Inês lavrava/a tarefa
que lhe eu dei...” – ironia
Excerto 2
1. Sintetiza a história narrada.
Lianor Vaz conta que foi atacada por um clérigo, enumerando as razões pelas quais não
se pôde defender, como o facto de estar rouca e não poder gritar por ajuda.
2. Descreve a reação da mãe à narrativa de alcoviteira, fundamentando a tua resposta
com a transcrição de passagens ilustrativas.
A mãe de Inês fica desconfiada. Lianor diz que vem “amarela”, ou seja, pálida; mas ela
responde-lhe, dizendo que ela vem corada, “Mais ruiva que uma panela!”, insinuando a
sua excitação. Nos versos 136 e 137, a mãe volta a dizer-lhe que ela não tem
ferimentos, pois, segundo a alcoviteira, o ataque teria sido violento. No entanto, Lianor
defende-se, afirmando que tinha as unhas cortadas e que tinha sido ajudada por um
almocreve. Nos versos 160 e 161, a mãe de Inês sugere que ela deveria ter batido no
clérigo que a atacou, mas Lianor diz-lhe que tinha medo de ser excomungada e que, por
ser meiga, não o conseguiria fazer.
3. Explicita o objetivo da visita de Lianor Vaz e o modo como ela o apresenta às outras
personagens.
O objetivo da visita de Lianor Vaz é apresentar a Inês e a sua mãe uma proposta de
casamento (v. 176). Primeiro pergunta a Inês se ela está comprometida para casar com
alguém (vv. 172- 173 e 175). Depois elogia o pretendente, dizendo que ele é “um bom
marido,/rico, honrado, conhecido”, para despertar o interesse da mãe e da filha.
4. Interpreta a pergunta de Inês nos versos 251- 252, considerando o seu conceito de
marido ideal e o retrato de Pêro Marques, antecipado a partir da carta.
Inês questiona se há necessidade de cerimónias com um homem que considera um
“vilãozinho” (v. 255), tendo em conta a carta que ele mandou (com linguagem simples e
pouco elaborada); utiliza a ironia quando diz que ele vem a pentear-se com um ancinho
(vv. 256-257), para o criticar e querendo caracterizá-lo como sendo rústico e rude. O
retrato de Pêro Marques nada tem a ver com o seu ideal de marido (vv.182- 184).
Caderno de atividades – página 16
1. No início do excerto, Lianor anuncia a Inês Pereira: “eu vos trago um casamento. /
(…) Eu vos trago um bom marido.” (vv5-10). Compara o ideal de marido de Lianor e
de Inês.
Para Lianor, o marido ideal deve ter o que é preciso – dinheiro (v.58), deve ser “rico,
honrado, conhecido” e deve amar a sua mulher (vv. 65,66). Já Inês sonha com um
homem sabido, “discreto em falar”, sendo que a riqueza/pobreza lhe é indiferente (v 8)
2. Apresenta uma explicação para o recurso a provérbios por parte das personagens.
Nos versos 56 a 58 e 63 a 66, Lianor cita provérbios populares. Também a mãe, nos
versos 61 e 62, o faz. Os provérbios, normalmente, são ditos por pessoas mais velhas, com
experiência; porque os provérbios referem conhecimentos antigos e ensinamentos
importantes para quem os diz; neste caso os provérbios ditos pelas personagens
contribuem para contrapor a experiência à imaturidade de Inês.
3. Justifica a utilização de parênteses em algumas das falas de Inês durante o diálogo com
Pêro Marques.
Essas falas são apartes de Inês, que mostram que ela não gostava de Pêro Marques, porque não
tinha as características do marido ideal para ela.
Quando Pêro Marques refere que tenho “mor gado”, referindo-se à grande quantidade de gado
que possui, a mãe de Inês entende que ele é “Morgado” e, por isso, herdeiro de uma grande
fortuna.
5. Esclarece o papel da mãe no diálogo com a filha após a saída de Pêro Marques.
A mãe pergunta-lhe como é que ela vai ter de comer se o seu marido só “tanger”. Com esta
pergunta a mãe mostra a sua preocupação e alerta Inês para a necessidade de ela se casar com
alguém que lhe garanta segurança económica.
Latão e Vidal, os judeus casamenteiros, começam por mostrar que foi muito difícil encontrar
um pretendente que tivesse as características do marido ideal para Inês. Entretanto depois de
várias tentativas frustradas, encontraram um escudeiro que cumpria os requisitos exigidos pela
jovem.
Excerto 4
1. Confronta o modo como o escudeiro antecipa o retrato de Inês com a forma como a jovem
caracterizou Pêro Marques antes de o conhecer.
Brás da Mata troça da moça antes de a conhecer, caracterizando-a da mesma forma com
que Inês caracterizou Pêro Marques.
Inês fica calada (vv. 558-560), parecendo satisfeita por não ter de se queixar, uma vez que o
escudeiro corresponde àquilo que ela desejava.
3. Explicita a função dos diálogos entre o escudeiro e o moço (vv. 508-533 e 570-609).
O escudeiro alerta o moço para se comportar como deve ser e, se ele mentir, o moço deve ficar
calado e não o denunciar, ou seja, ele deve comportar-se para manter as aparências e
impressionar Inês. Estes versos servem para caracterizar Brás da Mata e para mostrar as suas
verdadeiras intenções. Ele é um homem arrogante, mentiroso, autoritário e interesseiro (v.
518), promete ao moço que lhe vai pagar o que lhe deve, mas sabe que não vai poder cumprir o
prometido (vv. 530-531). O moço mostra-se crítico e irónico nos apartes que vai fazendo, para
denunciar o seu amo e a sua falsidade. É também sensato, quando não parece acreditar nas
promessas do escudeiro. (v. 532-533).