Este documento resume os capítulos I, II e V do livro "Para Compreender a Ontologia de Lukács" de Sergio Lessa. O autor usa a história de Ikursk para apresentar as três esferas ontológicas de Lukács e os saltos ontológicos. O capítulo II discute o trabalho humano e a exteriorização através da transformação da natureza. O capítulo V aborda a totalidade e individualidade social na perspectiva de Lukács.
Este documento resume os capítulos I, II e V do livro "Para Compreender a Ontologia de Lukács" de Sergio Lessa. O autor usa a história de Ikursk para apresentar as três esferas ontológicas de Lukács e os saltos ontológicos. O capítulo II discute o trabalho humano e a exteriorização através da transformação da natureza. O capítulo V aborda a totalidade e individualidade social na perspectiva de Lukács.
Este documento resume os capítulos I, II e V do livro "Para Compreender a Ontologia de Lukács" de Sergio Lessa. O autor usa a história de Ikursk para apresentar as três esferas ontológicas de Lukács e os saltos ontológicos. O capítulo II discute o trabalho humano e a exteriorização através da transformação da natureza. O capítulo V aborda a totalidade e individualidade social na perspectiva de Lukács.
O presente documento trata-se de um componente avaliativo para a
obtenção da primeira nota da disciplina de Saúde Mental e Trabalho, ministrada pela
professora Elvia Nascimento. Corresponde a uma síntese do conteúdo apresentado e trabalhado em aula, mais especificamente, ocupa-se de apresentar um resumo crítico sobre os capítulos I, II e V da obra Para Compreender a Ontologia de Lukács, escrita pelo professor Sergio Lessa (2016) no intuito introduzir o conhecimento das concepções de George Lukács, o grande filósofo marxista do século XX.
Logo no início do primeiro capitulo Lessa apresenta um conto titulado Um
resultado inesperado, cujo denota-se um pouco da história do personagem Ikursk, um medroso guerreiro de uma tribo, que ao defrontar-se com a ideia de ter que matar um grande tigre, que aterrorizava a região, e que por vez já havia ceifado a vida de inúmeros outros guerreiros, busca estratégias para sabotar tal responsabilidade, decidindo construir um descomunal e inadequado machado, na tentativa de isentar-se do perigo que seria enfrentar a temida fera, que com êxito é desobrigado de sua função mas ocasionalmente acaba por se deparar com o felino, involuntariamente matando o animal.
O autor usa da referida narrativa para apresentar as três esferas ontológicas
de Lukács, a esfera inorgânica, equivalente as rochas, a água, os minerais, dentre outros, a esfera orgânica que corresponde as plantas e aos animais e por último o ser social, representado pelos seres humanos, dotados de inteligência. Ikursk é utilizado como uma ferramenta para explicar as categorias do ser social, atravessado por essas três esferas indissociáveis.
Para além disso, é necessário destacar os saltos ontológicos como parte
fundamental para compreender este ser social, entendendo esses saltos como rupturas que emergem a continuidade para algo novo, exemplificando que a vida é resultado da matéria inorgânica que em saltos ontológicos impulsionaram o surgimento dos primeiros seres vivos e posteriormente a existência da vida humana, que por vez é inerente a uma coletividade. Conforme destacado pelo autor (LESSA, 2016, pág. 23) em referência a obra de Lukács
“todo salto implica numa mudança qualitativa e estrutural do ser, na qual
a fase inicial contém certamente em si determinadas premissas e possibilidades das fases sucessivas e superiores, mas estas não podem se desenvolver daquelas a partir de uma simples e retilínea continuidade. A essência do salto é constituída por essa ruptura com a continuidade normal do desenvolvimento e não pelo nascimento repentino ou gradual, ao longo do tempo, da nova forma de ser.” Em outras palavras, o salto corresponde ao momento negativo de ruptura, negação, da esfera ontológica anterior; é este momento negativo que compõe a essência do salto. Todavia, a explicitação categorial do novo ser não se esgota no salto.
Já no capítulo II apresenta-se a categoria do trabalho, sendo esta entendida
como a atividade primeira da vida humana, dado que tudo que temos hodiernamente ao nosso redor é fruto da atividade humana, mediante sua relação com a natureza, para a construção de novas coisas. Na categoria do trabalho é de suma importância considerar a consciência, visto que suas ideações e pensamentos embasam a execução de suas ações, ou seja, pensar sobre algo torna-se uma pré-condição para criar determinada coisa, assim, ressalta a importância da teleologia (o estudo dos fins) e da casualidade, que ressonam características do ser social.
Diferentemente dos animais que respondem exclusivamente a extintos, os
seres humanos são também impulsionados pela inteligência, ao passo que na medida que transformam a natureza e objetificam suas ideias acabam por também progredir um processo de exteriorização entre objetos e indivíduos, premissas que denotam semelhanças com o conto já supracitado, tendo em vista que validando-se do fato do personagem ser um guerreiro medroso, o mesmo encontra como alternativa a construção do machado para contrariar uma expectativa coletiva depositada sobre si, em relação a enfrentar o tigre.
Neste limiar, percebe-se que a exteriorização decorrente do trabalho tem em
sua gênese uma determinada finalidade, que de maneira análoga a tal premissa torna-se plausível trazer a obra para os dias atuais. Logo, nessa perspectiva é possível correlacionar de maneira explicita o apego e a grande valia por acessórios e roupas de grife, produções humanas que espelham a necessidade aquisitiva de parte da sociedade para cumprir uma determinada finalidade, neste caso cumprir o propósito de transformar uma realidade idealizada ou assim como Ikursk fugir de um determinado medo ou mera insegurança. Nas palavras de Lessa (2016, pág. 38) “As finalidades são, sempre, socialmente construídas. A necessidade de um machado é puramente social o que significa afirmar que nenhuma processualidade natural poderia produzir a necessidade de um machado.” bem como nenhuma processualidade natural poderia justificar a necessidade de uma bolsa ou um sapato de grife.
Em conclusão, o capítulo V da obra analisada em questão concentra-se em
expor a conectividade ontológica pontuadas por Lukács, sobre a totalidade e individualidade social, ao considerar o ciclo reprodutivo das formações sociais.
Ao considerarmos a indissociável interação entre o gênero humano (em sua
totalidade) e a individualidade humana, é imprescindível atentarmos as problemáticas emergentes do assunto, dado que atualmente o capitalismo por vezes acaba por impulsionar o interesse de algumas classes em detrimento dos interesses de uma totalidade, dando renitência a inúmeros entraves sociais e tensões que ressonam a delimitação entre grupos e polarização de interesses.
Os receios de Ikursk resultaram em um machado descomunal e inadequado,
e mesmo que sabotando seu machado inicial, o seu projeto final cumpria a necessidade de proteger sua reputação perante os outros membros da aldeia tanto quanto se proteger da possibilidade de ser demandado a enfrentar a grande fera. Do mesmo modo percebe-se parte da sociedade atual, que utiliza da exibição de caros supérfluos como seu próprio machado, muitas vezes na intenção de fortalecer o vínculo dentro de um determinado grupo ou por simplesmente esconder seus medos e inseguranças individuais. Nesse sentido Bauman analisa que o fortalecimento da individualidade e a buscar por identidade é o que vai instigar o sentimento de proteção e segurança, ao mesmo tempo que administrará o surgimento de comunidades cabides, que em suas palavras pontua: “a vulnerabilidade das identidades individuais e a precariedade da solitária construção da identidade levam os construtores da identidade a procurar cabides em que possam, em conjunto, pendurar seus medos e ansiedades individualmente experimentados” (BAUMAN, 2003, p. 21).
REFERÊNCIAS
LESSA, Sérgio. Para compreender a ontologia de Lukács. Maceió: Coletivo
Veredas, 2016. BAUMAN, Z. Comunidade: A busca por segurança no mundo atual. Tradução de Plínio Dentzien. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.