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ECONOMIA POLÍTICA II

2022.2
Unidade I

O processo de circulação e reprodução


do capital

Os ciclos do Capital: K dinheiro, K


produtivo e K mercadoria.
Rotação do capital.
Reprodução do capital.
História do Pensamento Econômico. Stanley L. Brue
Revisão
• Qual o objeto de estudo da economia
política?
• Qual o método utilizado?

?
Mercadoria
Valor de uso
Valor de troca
Dinheiro
Capital
Fetiche da M e do D
Os ciclos do K

A circulação das M e a circulação do K


A forma M do produto do trabalho
A circulação das M como ponto de partida da circulação do K
M–D–M e D–M–D

- As condições históricas do aparecimento do K


. Acumulação primitiva
. Separação: produtores diretos dos meios de produção
. Força de trabalho como M
. Capitalistas x assalariados

Consequência: K como D que produz D

O movimento cíclico do K e suas metamorfoses

Hipóteses simplificadoras:
1 – as M vendem-se pelo seu valor; V = P
2 – Não há entraves à venda das M; O = D
3 – Não há variação de valor no processo cíclico
4 – Não há comerciantes nem banqueiros;
5 – D só é meio de compra e não meio de pagamento; não há dinheiro simbólico ou crédito;
D é dinheiro metálico
6 – O KC transfere-se totalmente para o produto em cada ciclo.
7 – Existe apenas o K industrial
As formas do K

O ciclo do K é representado pela fórmula:


Ft Ft
D–M ... P ... M’- D’ – M ... P ... M’(``) – D’ (``) – etc.
Mp Mp

Ft
KD D–M ... P ... M’- D’
Mp

Ft
KP P ... M’- D’ – M ... P’
Mp

Ft
KM M’- D’ – M ... P(’) ... M’(``)
Mp
Qual a diferença entre D e K?

?
Fluxo geral do capital - David Harvey
Livro: A loucura da razão econômica

D’

D
Características comuns dos 3 ciclos:
. A forma inicial é igual a forma final
. Fazem parte a produção e a circulação
. Está implícita a necessidade de valorização do capital
. D, M e P são diferentes formas do VK
. Todos são formados pelo mesmo movimento: D – M
P
M’ – D’
O ciclo do KD

D – M (Mp + Ft) ... P ... M’ - D’

1. estágio: D – M D converte-se em M

► Análise quantitativa:
Na transformação D – M, deve existir uma proporção ótima desembolsada em D para
adquirir Ft e Mp. Composição técnica de K adequada.
D – M pressupõe a existência de trabalhadores livres.

► Análise qualitativa: M = Ft + Mp
D – Ft é compra e venda (condições objetivas e subjetivas, p. 26)
Possibilita a transformação do KD em KP e depois em KM

D – Mp é necessário para corporificar a massa de trabalho;


Relaciona 2 capitalistas: um vendedor e um comprador;
Após a compra os Mp transformam-se em KP latente.
Depois ocorre transformação de KD em KP.
► Análise qualitativa: M = Ft + Mp
D – Ft => é compra e venda (condições objetivas e subjetivas)
Possibilita a transformação do KD em KP e depois em KM

• Condições objetivas:
- Compradores e vendedores
- Relação legal de trabalho; contrato; acordo...
- Fenômeno novo: plataformização do trabalho

• Condições subjetivas:
- Trabalhadores livres para vender força de trabalho
- Trabalho assalariado (os que vivem do trabalho)
- O produto integral do trabalho não lhe pertence
- Consequências da plataformização do trabalho
Salário: tempo de trabalho que
pertence ao trabalhador.
Mais-valia: tempo de trabalho
que pertence ao capitalista.

Jornada de trabalho (12 hs)

Salário Mais-valia
Trabalho vivo Tempo de Trabalho Tempo de Trabalho
Necessário Excedente
Trabalho morto +
Trabalho vivo
M’ = c + v + m Valor novo criado
Valor transferido
PNAD Contínua
Taxa média de desemprego cai a 9,3% em
2022, menor patamar desde 2015
Número de empregados sem carteira atinge patamar recorde em 2022

• O ano de 2022 também registrou aumento no número de empregados


com carteira de trabalho assinada. O empego com carteira subiu 9,2% e
chegou a 35,9 milhões de pessoas, consolidando a reversão da tendência
iniciada em 2021. “Embora venha crescendo nos últimos dois anos, o
índice ainda não é o suficiente para atingir o patamar de 2014, o maior da
série”, lembra Beringuy. Em 2014, a estimativa média anual chegou a 37,6
milhões de empregados com carteira de trabalho no setor privado.
• Já a média anual de empregados sem carteira assinada também
aumentou de 2021 para 2022: 14,9%, passando de 11,2 milhões para 12,9
milhões de pessoas, atingindo seu maior patamar da série histórica. “Nos
últimos dois anos, é possível visualizar um crescimento tanto do emprego
com carteira quanto do emprego sem carteira. Porém, é nítido que o ritmo
de crescimento é maior entre os sem carteira assinada’.
• O número de trabalhadores domésticos subiu 12,2% em 2022, alcançando
5,8 milhões de pessoas, enquanto o de empregadores atingiu o
contingente de 4,2 milhões, também um crescimento de 12,2% em relação
a 2021. Já os trabalhadores por conta própria totalizaram 25,5 milhões,
alta de 2,6% na passagem de 2021 para 2022.
Em 2022, rendimento médio recua e taxa de informalidade
cresce

• O ano de 2022 fechou com o valor médio anual do rendimento


real habitual estimado em R$ 2.715, o que representa 1% a
menos que 2021, perda de R$ 28. Já a média anual da massa de
rendimento chegou a R$ 261,3 bilhões e atingiu o maior patamar
da série, com alta de 6,9% (mais R$ 16,9 bilhões) em relação a
2021.
• A PNAD Contínua também registrou queda na taxa média anual
da informalidade, que saiu de 40,1% em 2021 para 39,6% em
2022. “Apesar da redução, a taxa ainda supera o início da série
em 2016 (38,6%) e 2020 (38,3%).
• Fechando o ano com média de 20,8%, a taxa composta de
subutilização teve redução de 6,4 p.p. em relação a 2021
(27,2%), enquanto a média anual da população subutilizada (24,1
milhões de pessoas em 2022) recuou 23,2% frente a 2021.
2 estágio: Função do KP

(D – M) ... P ... Interrupção do processo de circulação para continuar na


produção

D – M antes da compra:
Para os vendedores = Mp é KM
Ft é M

Para os compradores = Mp é M
Ft é M
D – M depois da compra:
Para o comprador = Mp constitui os elementos materiais
1 – capital produtivo latente e,
2 – capital produtivo.

Ft é KP (elemento subjetivo).
Circulação percorrida pelo trabalhador

Força de Trabalho Salário Bens de Subsistência

M D M
3 estágio: M’- D’

M’ Forma de existência do VK já acrescido de mais-valia. É KM.

M’ – D’ = (M + m) – (D + d), com M = P = D

Ft
D–M ... P ... (M + m) – (D + d)
Mp

O ato M’ – D’ realiza simultaneamente o VK avançado e a mv.

• A diferença quantitativa entre D e D’, também mostra a diferença qualitativa


entre D e K.
• O KD e o KM são apenas diferentes no que diz respeito à forma, visto que
expressam, em termos de conteúdo, a mesma realidade: o resultado do
processo de valorização do capital.
- KD é D que gera D, que produz mais-valia
- O incremento do valor é o objetivo do processo
- O ciclo é um processo acabado de que resulta mais D.
O ciclo do KP
Ft
P ... M’ – D’ – M ... P
Mp
♦P–P circulação completa do VK
♦ Produção de VU e produção continuada de mais-valia
♦ O P interrompe o ciclo do KD

1º estágio: P ... M’
KP transforma-se em KM

2º estágio:
Ft
M’ – D’ – M
Mp
Ato completo de C, semelhante a C simples M – D - M
Em M’- D’ → primeira metamorfose do KM. Realiza-se o VK e a mv.
Em P ... P’ é possível se perceber o destino do D’(D + d). Reprodução Simples
ou ampliada.
A reprodução

Ft
M D–M ... P
Consumo P ... M’ - D’ Mp
Produtivo
m d m1

m2 (onde m2  m1)
Consumo
Individual

Reprodução Simples

A mv é integralmente destinada ao consumo individual do capitalista


Dois ciclos:
M–D–M conversão de KM em KP
m–d–m consumo individual da mv.
A 1a fase se inclui na circulação do K.
A 2a (d – m) processa-se fora desse ciclo.
Reprodução ampliada

d total ou parcialmente empregado em mp e ft


Ft
P ... M’ – D’ – M ... P’
Mp

P’ expressa capitalização de mv produzida.


mv em estado de tesouro
CAPITAL PRODUTIVO:
O caso da indústria têxtil

➢Mudanças na distribuição entre Capital


Constante (fixo e circulante) e Capital
Variável (força de trabalho)
➢Avanços tecnológicos (robotização)
➢Concepção de indústria 4.0
➢Produtividade do trabalho
➢Desafios diante da concorrência
O ciclo do KM

Ft
M’ – D’ – M ... P ... M’(``) C ... P ... M’(``)
Mp

♦ Segundo o valor, M’ é igual ao VKP, aumentado pela sua própria ação.

♦ Na aparência é um processo de C simples; na essência é C de K.

♦ O objetivo é o consumo produtivo e não o consumo pessoal do Klista.

♦ ... P ... é transformação das M compradas em KP e processo de P.

♦ O VK passa da forma P para a forma M’. M’ é K não pela sua forma, mas
pelo seu conteúdo.
Características:

1.
M
M’ M’ – D’ D’ – M D - Mp
m D – Ft

2. Consumo total, pessoal ou produtivo

Ft
1ª hipót. D–M ... P ... M’ (RS)
Mp
M d-m
M’ - D’
m
D Ft
2ª hipót. M(’) ... P ... M’’ (RA)
d Mp
Ft
D–M ... P3 ... M’3 Bens de
III M’3 - D’3 Mp subsistência

d m3
m4
Ft
D–M ... P1 ... M’’1 Bens de
I M’1 - D’1 Mp produção
d m3
m4

Ft
Bens de
D–M ... P4 ... M’4 luxo
IV M’4 - D’4 Mp
d m3 Ft
m4
D–M ... P2 ... M’2
M’2 - D’2 Mp
II
Bens de
d m3 produção
m4
Os 3 ciclos do capital em conjunto

Ft
KD D–M ... P ... M’ - D’
Mp

Ft
KP P ... M’- D’ - M ... P’
Mp

Ft
KM M’- D’ - M ... P(’) ... M’(``)
Mp

KD Mostra a produção da mais valia.


KP Mostra a capitalização (acumulação) da mais valia.
KM Mostra o consumo de mais valia, seja ele pessoal ou produtivo.

KD É a forma usada pelos mercantilistas.


KP É a forma usada pela economia clássica.
KM Serve de base ao Quadro Econômico de Quesnay.
A rotação do Capital
A rotação do Capital

Chama-se rotação do capital o seu ciclo, definido não como rotação


isolada, mas como processo periódico.

O tempo de rotação, ou seja, a duração do ciclo, define-se como o


intervalo de tempo que separa dois movimentos consecutivos em que o
capital assume a mesma forma funcional.
Sendo r o tempo de rotação e R a unidade de tempo (ano), o número de
rotações anuais n é dado pela expressão:

n = R/r

Exemplo:
Para um capital que durante um ano gira 4 vezes, qual o tempo de
rotação (r)?

4 = 12/r → r = 3 meses
Diferenças na rotação do capital fixo e na do capital circulante

1. Quanto ao modo de circulação do valor


2. Diferenças qualitativas entre a rotação do capital fixo e a do capital
circulante.
3. Diferença quantitativa

♦ Cálculo do número de rotações do capital:

a) em termos globais, abstraindo da fração do valor do produto anual


que corresponde à mais valia.

n = P/C P produto anual menos a mais valia


C capital adiantado
n número de rotações anuais

Exemplo:
Para um capital que durante um ano gira 4 vezes, com capital adiantado de 100,
qual o Produto Anual (P)?

4 = P/100 → P = 400
O capital fixo

O tempo de rotação do capital fixo é determinado tecnologicamente, coincidindo


com a duração média do meio de trabalho em que se materializa.
♦ Substituição em virtude do desgaste natural (amortização).
♦ Substituição pelo desgaste moral das máquinas

O tempo de rotação do capital circulante

Identifica-se com o movimento cíclico de reprodução do capital. Devido à sua


variedade, não apresenta um desgaste homogêneo.

Pode ser decomposto nas várias etapas que integram o ciclo do capital:
♦ duração do processo de trabalho
♦ duração do processo de produção
♦ duração do processo de circulação (tempo de venda e tempo de compra)
Quanto ao tempo de venda implica reconhecer:
1. Flutuações do mercado
2. tempo de transporte
3. Volume de “crédito ao cliente”
4. quantidade vendida
O tempo de compra depende, principalmente, do tempo de escoamento dos
estoques da indústria.
Rotação e adiantamento do capital

Supondo invariáveis os métodos e a escala de produção, a dimensão do


capital adiantado necessária à continuidade do processo produtivo
depende mais do tempo de rotação do capital circulante.

Dois casos devem ser considerados:


♦ quando a diferença dos tempos de rotação deriva da desigualdade,
tecnologicamente determinada, dos tempos de trabalho entre indústrias
diferentes.
♦ quando na mesma seção e na mesma empresa, o tempo de
circulação, em particular, o tempo de venda, se modifica em virtude da
situação do mercado. Possibilidade de libertação de capital.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Tempo de produção Momento de libertação de capital


Taxa de mais valia e rotação do capital

Sendo constante o grau de exploração da força de trabalho, a


rentabilidade do capital, por unidade de tempo (ano), depende do
período de rotação do capital variável.

a) taxa efetiva de mais valia (m’). Exprime o grau de exploração da


força de trabalho.

m’ = m/v M=mxn e V=vxn

(n = número de rotações do capital variável, por ano)

m’ = m/v = m x n / v x n = M/V

b) Taxa anual de mais valia (T). Exprime a rentabilidade do capital


variável, por unidade de tempo (ano).

T = M/v = m x n / v = m/v x n = m’ x n

T = m’ x n
Determinação setorial e determinação empresarial do tempo de
rotação

A empresa deseja reduzir o tempo de rotação de seu capital, a fim


de elevar a taxa anual de mais valia. Assim,

a) procura generalizar a utilização de métodos que levem a maior


produtividade e reduza o tempo de trabalho.
b) Organizar o regime de trabalho, reduzindo as interrupções
c) Procura eliminar o elemento “tempo de venda” do tempo de
circulação
d) Busca minimizar os estoques e o “tempo de compra”
e) Reduzir distâncias e o tempo de circulação das mercadorias.
Reprodução do capital
• Reprodução:
Produção contínua dos meios de subsistência
Produção das condições de produção
Recriação das relações de produção
► Reprodução: Simples e Ampliada

Hipóteses simplificadoras:
▪ só existe o capital industrial
▪ não considera a existência do capital bancário, comercial e de
empréstimo
▪ valor = preço
▪ composição orgânica do capital constante
▪ não há mercado externo
▪ as trocas só ocorrem após terminada a produção
▪ só é considerada a parte do capital fixo que é materialmente reposta no
mesmo período
▪ só existe o MPC puro
▪ só há 2 setores de produção ( I – meios de produção e II – bens de
consumo
► Reprodução simples
Constituição dos setores:
Setor I = Ic + Iv (meios de produção)
Setor II = IIc + IIv (bens de consumo)

Valor da produção:
Setor I = Ic + Iv + Im (meios de produção)
Setor II = IIc + IIv + IIm (bens de consumo)

Procura de meios de produção: Ic + IIc


Procura de bens de consumo: Iv + Im + IIv + IIm

Condições para ocorrer a reprodução simples


O=P

a) Iv + Im = IIc IIc = I (v + m)
b) Ic + Iv + Im = Ic + IIc (Meios de produção)
c) IIc + IIv + IIm = Iv + Im + IIv + IIm (Bens de consumo)
► Reprodução ampliada

● É necessário meios de produção excedentes


● É necessário bens de subsistência excedentes
● É necessário trabalhadores adicionais

Condições para se realizar:


O > P (oferta de MP > procura)

a) Iv + Im > IIc
b) Ic + Iv + Im > Ic + IIc
c) IIc + IIv + IIm > Iv + Im + IIv + IIm
• A mais valia não necessariamente se capitaliza logo
após a sua obtenção. É possível que ocorram vários
ciclos antes de sua capitalização. Pode cumprir a função
de meio de entesouramento.

• Podem ocorrer vendas sem compras (M – D) com a


mais valia entesourada, não causando inconvenientes
para o capital social global, na medida em que realize
sua circulação completa em período seguinte.

• Para haver reprodução ampliada do capital, é preciso


que parte da mais-valia se converta em capital
constante, possibilitando que a nova produção ocorra
numa escala maior.
• A mais valia gerada no processo produtivo, o capitalista não
guarda para si, mas a investe novamente na produção, pois a
concorrência dos demais capitalistas o obriga a modernizar a
produção, produzindo mercadorias em maior quantidade e de
menor valor unitário.

• É no crescimento do capital constante que reside a possibilidade


da reprodução ampliada do capital. Quando realiza sua produção
(ou seja, vende-a no mercado), o capitalista adquire a
capacidade de ampliá-la. Esta capacidade se transforma em
necessidade com o avanço tecnológico e a diminuição do valor
socialmente necessário para a produção de uma unidade de
mercadoria.

• Para que possam competir uns com os outros, os capitalistas


investem na modernização da produção. Aumenta a parte do
capital constante, em detrimento do capital variável e da mais
valia.

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