Você está na página 1de 8

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL – UNINTER

Faculdade de Educação -Segunda Licenciatura em História

Produção Conceitual – Relatório de Estágio


GESTÃO EDUCACIONAL

Paulo Gustavo Sarges da Silva – RU3904967

Poços de Caldas – Minas Gerais


2023
Sumário:

3 - Introdução

4 - Desenvolvimento

15 – Considerações finais

16 – Referências
Introdução.

A educação é, em sua própria teoria, seu maior campo prático, porque não
prescinde do exercício com o outro para ocorrer. É fundamental que exista troca,
relação, e que estas sejam completas. Não existe educação que ocorra de si para si.
Isso é apenas auto regulação, algo que é possível encontrar em abundância de
exemplos na natureza. O educar, posto assim como verbo, ato, acontece, como dito,
entre pessoas que compartilham significados comuns, representações de um
mesmo mundo concreto que tanto podem ser de um como do outro, compreendidas
e instrumentalizadas para as resoluções das questões práticas do cotidiano segundo
sua própria subjetividade.

Da sua grandeza, a educação é complexa. Composta de diversos locais,


saberes e fazeres, esta produção conceitual se atém a uma de suas dimensões
mais importantes para o curso do processo docente: a formação inicial. Desta, o
Estágio em unidades de ensino, comumente separado entre práticas de observação
e regência, é um dos seus momentos mais importantes. Considerado como campo
do conhecimento, devemos atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supere a
prática instrumental (LIMA, PIMENTA, 2018), e desta forma, produzir este relatório
descritivo objetiva partilhar impressões, compreensões e somar contribuições às
discussões no campo de estudos da Pedagogia, bem como àquilo que é pertinente
ao universo escolar.

Desta forma, o presente relatório, produzido após o cumprimento das práticas


de estágio requeridas para o curso da graduação em História, modalidade de
Segunda Licenciatura, apresenta observações de um docente em formação sobre os
processos de ensino em uma escola de educação básica, presencialmente, cuja
participação junto às rotinas da gestão educacional permitiu compreender as
articulações e o funcionamento, in loco, da supervisão em suas nuances,
características e emergências. Estruturado na observação e leitura das atividades da
coordenação da unidade, e do fichamento destas, o estágio cumpriu-se em uma
unidade municipal que oferta os cursos do 6º ao 9º ano, no período matutino.
Considera-se ressaltar e reconhecer a pronta aquiescência da equipe gestora da
unidade, que ofereceu todo suporte para a realização do estágio, em total
consonância com sua proposta política pedagógica, desenvolvida e implementada
para formação cidadã, crítica e democrática da comunidade onde está inserida.

Desenvolvimento.

Inicia-se em 01 de maio de 2022 as práticas para o cumprimento do estágio


concernente à segunda etapa do ensino fundamental, compreendida entre turmas
de 6º ao 9º ano, com alunos de faixa etária entre 10 e 15 anos, homens e mulheres,
em uma unidade municipal de ensino regular, de uma cidade de 150 mil habitantes
na região sudeste do Brasil.

Considerado o recorte demográfico, objetivou-se o ensino do componente


curricular História, a fim de viabilizar a compreensão e a problematização dos
valores, dos saberes e dos fazeres de pessoas, em variadas espacialidades e
temporalidades, em dimensões individual e coletiva (BRASIL, 2015, p. 240).
Paralelamente, o docente objetivou, subjetivamente, apresentar aos seus alunos a
necessidade de compreender e problematizar saberes de diversas espacialidades,
demonstrando que o ensino da história pode abordar outros mundos, além do
europeu, sem silenciar seus processos, mas retirando-o de um centro que
desvaloriza ou ignora outras culturas (DA SILVA JUNIOR, 2016).

Destarte, seguiu-se a proposição metodológica proposta pelo curso de


graduação e iniciou-se a preparação com a análise e fichamento de material
audiovisual, compreendidos neste como documentários, entrevistas, reportagens,
filmes de longa e curta metragens, e séries televisivas. A partir das obras
observadas, procurou-se estabelecer, prioritariamente, a relação da narrativa
apresentada com o componente curricular e sua aplicação em plano de aula, bem
como sua linguagem escrita, áudio e videográfica, devendo estas estarem em
acordo com o respeito e a preservação da integridade moral do aluno, não
permitindo sob nenhuma hipótese a exposição de violência gráfica, linguagem
obscena ou pornográfica, apologia ou incitação ao crime, discurso de ódio ou
desinformação científica.

As obras analisadas nesta etapa foram: A proclamação da república, vídeo


publicado na plataforma Youtube, através do canal Nerdologia, sob responsabilidade
do professor Felipe Figueiredo. Neste, através da exposição de infográficos, são
apresentados os contextos sociais, políticos e econômicos anteriores ao evento da
proclamação, sua ocorrência e seus desdobramentos imediatos. Para a exposição,
utilizou como referencial teórico as obras História Concisa do Brasil, de Boris Fausto,
Formação das Almas, de José Murilo de Carvalho, Os Bestializados, de José Murilo
de Carvalho, entre outras; Histórias do Brasil – A proclamação da República, parte
da série de vídeos Histórias do Brasil, produzido e veiculado pela TV Senado em
sua exibição de canal aberto e seu canal na plataforma Youtube. Através de
ilustrações da época e animações, o vídeo apresenta o conflito entre a igreja,
fazendeiros e militares, pela descentralização do poder, e o posterior levante militar
e deposição do imperador Dom Pedro II, instituindo, assim, a república como a nova
forma de governo do Brasil; Proclamação da República, produzido e apresentado
pelo jornalista e autor Eduardo Bueno, parte integrante da série Não vai cair no
Enem, onde os eventos da Proclamação da República são contados a partir da ótica
das relações da pessoas, e todo o contexto de subjetividades que os influenciaram.

As obras cinematográficas: A Guerra de Canudos, filme de 1997, dirigido por


Sérgio Rezende, cuja narrativa apresenta o contexto da guerra em arraial de
Canudos através de um drama familiar. A obra se destaca por apresentar opiniões
contrastantes sobre o conflito; Besouro, filme de 2009, dirigido por João Daniel
Tikhomiroff. Baseado em fatos, o filme conta a história do órfão Manuel Henrique
Pereira, um dos grandes mestres da capoeira, disciplina criada por escravos
africanos que eram proibidos de utilizar armas; Cafundó, filme de 2005, dirigido por
Clóvis Bueno e Paulo Betti, sobre a história de João Camargo, ex-escravo que inicia
um jornada de autoconhecimento e revelação exotérica que, no contexto da época,
pode ser entendida como um dos mitos de fundação da Umbanda, teoria sincrética
religiosa que amalgama saberes tradicionais dos povos originários e escravizados
com a cultura cristã do início do século 20.

Adicionalmente, o documentário História do Brasil: República Velha,


produzido pelo MEC e apresentado por Boris Fausto, foi utilizado como acervo foto e
videográfico para exposição em sala de aula, através do uso de projetor. Além das
exposições do historiador e de animações, a obra apresenta dramatizações que
facilitam o entendimento dos contextos da época, que por historicamente distantes,
por vezes carecem de fontes primárias como as apresentadas pelo mesmo.
A escolha destas obras seguiu concordância com os planos de aula
apresentados pelo titular do componente, de tal forma a serem utilizadas pelo
estagiando como forma de situar-se e apropriar-se dos conhecimentos propostos
pelo docente titular, mas também como maneira de contribuir com as discussões em
sala, quando da observância, a fim de acrescentar ao repertório cultural dos alunos
das turmas.

Para a elaboração do plano de ação, apresentado à unidade como proposição


de estágio, utilizou-se como referencial teórico os marcos legais Base Nacional
Comum Curricular – BNCC (2015), consideradas todas as competências,
habilidades, atitudes e valores que esta orienta ao desenvolvimento integral do
educando. Segundo orientações da unidade, também foram utilizados o Currículo de
Referência de Minas Gerais, componente curricular História (2018), as Diretrizes
Curriculares de Poços de Caldas (2021), e o Projeto Político Pedagógico da
unidade. Consideram-se as sugestões oferecidas pelo docente titular da unidade
quanto a bibliografia utilizada pelo mesmo para a elaboração dos seus planos de
aula, para a prática letiva e sequente avaliação. Desta forma, o estagiando optou por
utilizar a mesma para a elaboração dos seus próprios planos de aula. São as obras:
1889, do jornalista Laurentino Gomes, publicada em 2013 pela Editora Globo
Livros; o já citado História Concisa do Brasil, de Boris Fausto, publicado em 1999
pela Edusp; Uma breve História do Brasil, de Mary Del Priori, publicada em 2016
pela editora Crítica.

Todas estas obram compreendem, em algum grau de proximidade, o mesmo


período histórico através de recortes diferentes. Objetivou-se através da leitura
destas a produção de planos de aula que abarcassem, dentro daquilo que fosse
possível segundo as subjetividades de cada turma, aspectos além da narrativa dos
grandes feitos e “heróis nacionais”, como afeito à historiografia tradicional, por vezes
ainda praticada dentro do ambiente escolar. Como exposto, uma das preocupações
do estagiando é escapar da leitura eurocêntrica muitas vezes enraizada nos livros
didáticos e mesmo no repertório que cada educando traz dos seus cotidianos.
Assim, houve a preocupação em observar as aulas e leciona-las posteriormente
atendendo aquilo que é solicitado pelos marcos legais, como também garantindo
que as culturas dos povos originários e escravizados sejam apresentadas pelas
lentes de sua própria visão de mundo, o mais próximo que um docente na
atualidade, inserido em outros contextos culturais, consiga alcançar, como preceitua
a Lei nº 11.645, de 10 março de 2008, que torna obrigatório o estudo da história e
cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e
médio.

Referências:
BESOURO. Direção de João Daniel Tikhomiroff. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2009. 1 DVD (195
min.).
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2015.

CAFUNDÓ. Direção de Clóvis Bueno e Paulo Betti. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2005. 1 DVD (105
min.).

DA SILVA JÚNIOR, Astrogildo Fernandes. BNCC, componentes curriculares de história: perspectivas


de superação do eurocentrismo. EccoS–Revista Científica, n. 41, p. 91-106, 2016.

GOMES, Laurentino. 1889. Globo Livros, 2013.

GUERRA de Canudos. Direção de Sérgio Rezende. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 1997. 1 DVD (130
min.).

HISTÓRIAS DO BRASIL – A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. Histórias do Brasil. TV Senado.


2019. 1 vídeo (3 min 33 seg). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T2gMKpADSQU.
Acesso em: 02 maio 2022.

HISTÓRIA DO BRASIL: REPÚBLICA VELHA. Cine Escola. MEC. 2012. 1 vídeo (28 min 02 seg).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fYP9vbXSWek. Acesso em: 03 maio 2022.

LIMA, Maria Socorro Lucena; PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência. Cortez Editora, 2018.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. Apresentado por Felipe Figueiredo. 2016. 1 vídeo (9 min 20 seg).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4xSQkZ8jzeM. Acesso em: 02 maio 2022.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. Não vai cair no Enem. Apresentado por Eduardo Bueno. 2017. 1
vídeo (7 min 50 seg). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8JcbiCwfO1E. Acesso em:
03 maio 2022.

Você também pode gostar