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É possível encontrar microscópios mais baratos quando se pesquisa aqueles fabricados na China ou
na Índia, mas somando os preços destes equipamentos ao preço do frete e ao valor provável da taxa
alfandegária, chega-se outra vez aos R$ 12.000,00 ou R$ 14.000,00, ainda mais em tempos de dólar
caríssimo.
Um detalhe importante é que para alguns modelos de microscópios petrográficos da Índia, por
exemplo, há reclamações sérias sobre sua qualidade: nicóis não cruzam exatamente a 90º, impossível fazer
foco com a objetiva de 40x, impossível conseguir figura de interferência, etc.
Tivemos na Universidade um caso em que microscópios petrográficos novos e caros, de marca
conhecida, de Luz Transmitida e Luz Refletida, apresentam cores de interferência fracas anômalas quando
se trabalha com Luz Transmitida e Nicóis Descruzados. Portanto o preço não garante a qualidade do
microscópio, é necessário testar o equipamento antes da compra para não experimentar dissabores.
Microscópios do tipo
“Ensino de Ciências”.
Não compre um desses microscópios digitais com aumentos de até 1000x. O problema desses
microscópios é que suas câmeras não conseguem administrar a grande variação de luminosidade entre
pontos claros (luminosos) e pontos escuros (pretos ou quase pretos) de uma lâmina delgada. Por exemplo: a
Nicóis Descruzados, um quartzo (incolor, muito luminoso) ao lado de uma biotita (marrom escura, pouco
luminosa). Ocorre um excesso de contraste entre pontos claros e escuros que não permite uma visualização
correta das lâminas delgadas. O problema se repete em webcams e em muitos aparelhos celulares, onde as
fotos e principalmente os vídeos obtidas de lâminas delgadas ao microscópio ficam de baixa qualidade pelo
mesmo motivo. Já tentamos todas essas alternativas para trabalhar com lâminas delgadas e não funcionou.
Microscópios usados que são encontrados pesquisando por “microscópio + usado + antigo”.
Aspecto da película
polarizadora.
Possui dois plásticos de
proteção, um de cada lado.
Para a instalação do polarizador móvel compramos, em uma ferragem, uma arruela de vedação de
borracha de ralo de pia (de cozinha ou banheiro). Custa ao redor de R$ 4,00 e pode vir em cor vermelha, azul
ou preta, tanto faz. Depois de várias experiências com vários tipos de anéis, arruelas e outros, recortados de
diferentes materiais ou adquiridos prontos, este se mostrou o mais prático. Provavelmente há opções
melhores e/ou mais bonitas. Na realidade, serve qualquer coisa do tamanho do mini-abajur (que usaremos
como fonte de luz) e com um buraco no meio.
Recortamos um pedaço adequado da película polarizadora e colamos com fita adesiva sobre o anel
de vedação, como na imagem abaixo. Também pode ser grampeada, com 4 grampos.
À esquerda, a arruela de
vedação assim como é
comprado.
À direita, a arruela com a
película polarizadora
instalada. É possível
grampear a película à
borracha com 4 grampos.
8) Instale a nova iluminação.
A nova fonte de iluminação do microscópio precisa ser bem avaliada e há várias opções.
É possível testar as opções abaixo (headlights, smartphone ou mini-abajur) deixando no microscópio
o conjunto de peças abaixo da platina ou tirando esse conjunto. Trata-se de condensador e diafragma, com
ou sem filtro azul ou branco fosco. Para tirar esse conjunto geralmente é necessário apenas soltar um
parafuso (com a mão mesmo, não é necessário chave de fenda) e puxar o conjunto para baixo, para sair do
suporte.
O condensador não será necessário porque no microscópio adaptado não será possível trabalhar
com Luz Convergente mesmo. Lembro que nos microscópios de boa qualidade o condensador sempre é
móvel: você tira ele do caminho de luz quando trabalha com Nicóis Descruzados e com Nicóis Cruzados e
você coloca ele no caminho da luz apenas quando trabalha com Luz Convergente. Em alguns microscópios
é interessante tirar (rosquear fora) o condensador e deixar apenas a lente grande que há sobre o diafragma.
A luz fica mais intensa, mas não ofuscante.
Trabalhando com luz LED o diafragma não fará muita falta nem diferença. Então testamos a
iluminação também simplesmente tirando (basta soltar um parafuso) este conjunto de peças abaixo da platina.
8.3 Mini-abajures.
É possível adquirir no Mercado Livre (geralmente mais barato) ou em lojas especializadas (de
lâmpadas, lustres, materiais elétricos, etc.) e mesmo em supermercados os chamados “mini-abajures”, que
são luminárias com 6,5 cm de diâmetro com 3 luzes LED e que funcionam com três pilhas palito. A luz destes
mini-abajures é mais do que suficiente para o microscópio. Aliás, é muito forte.
Uma desvantagem é o espaçamento entre os 3 LED´s, pois torna necessário reposicionar o mini-
abajur para obter a melhor iluminação. Quanto mais perto uma das outras as três luzes LED estiverem,
melhor. O preço fica, incluindo frete, em menos de R$ 20,00 cada unidade. Nas lojas estes mini-abajures
estão à venda por preços na faixa de R$ 20,00 – 25,00. Nos supermercados um conjunto de 3 destas
luminárias custa ao redor de R$ 35,00. Em alguns destes mini-abajures, o mecanismo de prender a tampa do
compartimento das pilhas é muito ruim, é necessário prender a tampa adicionalmente com uma fita adesiva.
Cuidado com mini-abajures de formato triangular, porque não são tão adequadas para nossa finalidade.
Para trabalhar com Nicóis Descruzados ligamos o mini-abajur, colocamos abaixo da platina e o
posicionamos até a luz se espalhar uniformemente pelo campo de visão. Como a luz LED é muito forte, é
necessário cobrir o mini-abajur com um filtro branco (pode ser isopor de base de bolo, pode ser papel
higiênico, pode ser papel manteiga, pode ser papel ofício) para suavizar a luz. Podemos colocar dois ou três
filtros empilhados, até que a luz se torna confortável. Depende um pouco da marca do microscópio, da
distância entre mini-abajur e platina, etc. É necessário experimentar um pouco.
Para trabalhar com Nicóis Cruzados simplesmente colocamos o anel de borracha com a película
polarizadora sobre o mini-abajur, como na imagem abaixo à direita. Olhando pela ocular, giramos o conjunto
(mini-abajur+polarizador) até que as cores de interferência dos minerais estejam corretas. É muito simples e
fácil de aprender. Em alguns microscópio a luz melhora aproximando o mini-abajur mais da platina, por
exemplo, levantando ele, colocando em cima de alguma coisa (potinho de iogurte!).
À esquerda, arruela original, com furo de 15 mm. À direita, arruela cujo furo foi ampliado para 20 mm.
Em alguns microscópios, de mesa (platina) pequena, esta arruela não cabe porque é grande demais.
Neste caso é possível recortar um disco de uma chapa de alumínio de 2 mm. Não é um material fácil de
trabalhar e geralmente o disco não fica perfeitamente esférico, mas é uma opção de trabalho. A chapa de
alumínio é possível adquirir no Mercado Livre ou em uma funilaria. É muito trabalhoso e não fica perfeito, por
isso é melhor comprar algo pronto.
Rolamento de mesa
do tipo “lazy susan”.
2) A segunda opção é aparafusar na parte de trás da platina uma barrinha de alumínio da mesma
espessura da platina. Geralmente um torneiro pode providenciar uma barrinha dessas. Trata-se de uma barra
de alumínio de 1 cm de espessura, entre 1 e 1,5 cm de largura e em torno de 10 cm de comprimento. Essa
barra precisa ser furada (furadeira doméstica!), assim como a mesa do microscópio também precisa ser
furada. Pelos furos aparafusamos a barra na mesa, obtendo o espaço necessário. E em cima da barra
prendemos o chariot, havendo agora o espaço necessário para acomodar o rolamento mais tarde.
Ao invés da barra, estou usando ultimamente cantoneiras de alumínio com 1,0 ou 1,5 cm de largura
de abas. São mais fáceis de recortar, furar e trabalhar. Retalhos de cantoneira se encontra em lojas de
esquadrias de alumínio.
Neste microscópio, um
Olympus pequeno, foi
necessária a instalação da
barra de alumínio para
aumentar o tamanho da mesa,
recuar o chariot e obter espaço
para a platina giratória.
Uma vez terminada a etapa da tornearia, cole com silicone (“adesivo de silicone incolor”, a frio mesmo)
o rolamento sobre a arruela, centralizando cuidadosamente. Depois que a cola secou, cole o rolamento sobre
a placa de alumínio que está no microscópio. Não é necessária uma precisão absoluta, porque a centralização
da imagem junto às objetivas será realizada usando os parafusos de movimentação do carrinho (“chariot”) do
microscópio.
A grande vantagem de usar silicone é que silicone é fácil de abrir se alguma coisa deu errado. Com
uma faca pequena ou chave de fenda é fácil desmontar tudo, remontar, etc. É possível usar cola do tipo
“Superbonder”, mas com este tipo de cola eventuais consertos serão muito mais difíceis.
A centragem da imagem não será feita através dos parafusos de centragem (que aqui não haverá),
mas movimentando a placa de alumínio com a platina giratória através dos parafusos “x” e “y” que se
destinavam originalmente a movimentar a lâmina horizontalmente sobre a platina.
Como funciona a centralização da imagem?
Escolhemos um mineral bem conspícuo (bem óbvio) e deixamos ele exatamente no meio da imagem,
observando pela ocular e usando a objetiva de menor aumento. Continuamos a observar e giramos a platina
180º. Se o mineral no centro da imagem girar exatamente sobre si mesmo, a imagem está centralizada e não
é necessário fazer nada. Se o mineral fizer um movimento de translação (sai “viajando” pela imagem,
afastando-se do centro, pode inclusive sair do campo de visão), a centralização é necessária: após girar a
platina em 180º, estimamos a distância entre o centro da imagem e a nova posição do mineral e deslocamos
a imagem, usando os parafusos do chariot (“pinça”, “palco móvel”, “carrinho”), metade do caminho em direção
à nova posição do mineral. Em outras palavras, o mineral volta em direção ao centro da imagem, mas apenas
metade do caminho que se afastou ao giro de 180º. Por exemplo: se o mineral deslocou-se 1 cm para
nordeste, voltamos ele 0,5 cm em direção ao centro da imagem, usando os parafusos do chariot. Depois
colocamos o mineral novamente exatamente no centro da imagem e giramos a platina mais uma vez 180º
para verificar se o mineral agora está centralizado. Se não estiver, basta repetir o procedimento. Lembre-se
que o rolamento da platina tem uma pequena folga, não tem a precisão de uma platina petrográfica oficial.
Microscópios
adaptados prontos
para uso. Da
esquerda para a
direita: Olympus,
Zeiss, PZO e Zeiss.