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As discussões sobre a diversidade sexual e de género vêm se tornando cada vez mais
preocupação em diferentes áreas, desde a política, aos direitos humanos, religião, ciência, entre
outros. Embora as questões sejam tratadas de maneira ampla, é certo que as informações ainda
não têm chegado de maneira satisfatória a toda a população, pois ainda há muitos relatos de
preconceito, violência, discriminação e ostracismo social que cercam esse campo, afetando
sobremaneira o bem-estar psicológico e não raramente causam ansiedade e depressão nas
pessoas homossexuais.
O presente trabalho ocupou-se da disforia de género, o que foi feito a partir de uma
identificação das características diagnósticas em homossexuais, de modo a saber se estão ou
não bem definidos com a sua identidade de género. Para isso, fez-se uma investigação
quantitativa, que segundo Vaz-Freixo (2012, p.171) «constitui um processo sistemático de
colheita de dados observáveis». Foi feito também um estudo exploratório e descritivo sobre o
tema proposto.
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Como somente algumas pessoas homossexuais experimentam a disforia de género em
algum momento das suas vidas. Logo, em função do verificado, cria-nos então a curiosidade
em saber:
Qual é o estado da disforia de género em homossexuais no município de Viana distrito
do Zango?
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OBJECTIVOS
Objectivo geral
Objectivos específicos
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
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DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
a) Género
Jesus (2012, p.13) enfatiza que género «é a classificação pessoal e social das pessoas
como homens ou mulheres. Orienta papéis e expressões de género. Independente do sexo».
b) Identidade de género
Para Macedo (218, p.19), «identidade de género corresponde ao género com o qual a
pessoa se identifica e através do qual se expressa na sua vida diária».
c) Transgénero
Segundo Sadock, Sadock e Ruiz (2017, p.600), «transgénero é um termo geral usado em
referência àqueles que se identificam com um género diferente daquele com o qual nasceram
(às vezes chamado de género designado)».
d) Disforia de género
Para Associação Americana de Psiquiatria [APA] (2014, p.452), « disforia de género é a
incongruência acentuada entre o género experimentado/expresso e o género designado de uma
pessoa, com duração de pelo menos seis meses».
e) Homossexualidade
Segundo Dover (1982) citado por Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS [ABIA]
(2004, p.17), «homossexualidade é a tendência de buscar prazer sexual mediante contactos
físicos com pessoas do mesmo sexo (...)».
f) Transexualidade
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CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
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1.1. NOÇÃO DE DISFORIA DE GÉNERO
A disforia de género (DG) é uma designação que outrora foi chamado no DSM-IV-TR,
como Transtorno de Identidade de Género (TIG). Mas devido associação do termo a uma
patologia o novo manual DSM-5, passou a usar a designação disforia de género denominação
comumente empregada, para a expressão popularmente conhecida como “Transexualismo”.
Blanchard et al. (1987) citado por Saadeh (2004, p.92) relatam que «o transexualismo
pode ser definido como uma disforia de género extrema que persiste pelo menos por um ou
dois anos, sem flutuação».
Depreende-se que o transexualismo pode se revelar como uma DG muito intenso que dura
sem variação por muitos anos. Apesar da relação entre os dois termos, o transexualismo é
comumente empregue quando há presença ou desejo de um tratamento.
Esta explanação dos autores só confirma o comentário anterior, mas realçam uma
particularidade de quase todos os transexuais que é a cirurgia de redesignação sexual (CRS).
No entanto, este método cirúrgico para a mudança do sexo biológico também é designado
por processo de redesignação sexual (PRS).
Para CID-10 (2003) citado por Cordeiro (2012, p.08) transexualismo refere-se ao:
Desejo de viver e ser aceite como pessoa do sexo oposto. Acompanhado em geral de um
sentimento de mal-estar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e
do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a tratamento hormonal a fim de
tomar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado.
Entendemos com está afirmação que a pessoa transexual apresenta uma forte aspiração
de viver e ser aceite pela sociedade como pessoa do sexo oposto. Assemelhando-se fisicamente
ao sexo desejado por intervenção cirúrgica e tratamento hormonal. Portanto, este
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acompanhamento do sentimento de mal-estar ou inadaptação que estas pessoas experienciam
referente a seu próprio sexo, é o que se designa por “disforia de género”.
Segundo a APA (2014) citado por Nunes (2016, p.07), «disforia de género se reflete num
mal-estar perante a não correspondência entre o género experimentado ou expresso e o género
atribuído no momento do nascimento».
De acordo com a explanação do autor podemos compreender que a DG recai sobre o mal-
estar diante da divergência entre o género expresso e o género designado desde o nascimento.
Percebe-se que a DG tem a ver com a angústia na discordância entre os órgãos genitais
(pênis para machos e vagina para fêmeas) e a forma em que a pessoa se encara ou se identifica
(homem ou mulher).
Sá (2017, p.01) chega a ser mais abrangente enfatizando que disforia de género:
É um diagnóstico psiquiátrico atribuído quando existe sofrimento significativo causado por
uma incongruência entre o sexo experimentado e o sexo designado de uma pessoa. É
evidenciado por uma identificação com o sexo oposto e por um desconforto persistente
com o próprio sexo.
Como podemos perceber, independentemente dos vários conceitos de DG, em todos eles
encontramos um denominador comum que é a incongruência entre o sexo e a identidade de
género. O que significa dizer, que sem está discordância que é acompanhada por um certo grau
de sofrimento, a DG é injustificável.
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1.2. EPIDEMIOLOGIA
Segundo o APA (2014) citado por Sá (2017, p.03), «a prevalência da DG é mais comum
em indivíduos do sexo masculino ao nascimento, com taxas entre 0.005 a 0.014%, em
comparação com indivíduos do sexo feminino ao nascimento, com taxas entre 0.002 a 0.003%».
De acordo com a explanação, vê-se que a DG aparece com maior frequência em pessoas
do sexo masculino ao nascimento, em relação ao sexo feminino. O que implica dizer que tanto
transexual e homossexual, em sua maioria, são homens.
Para Hales, Yudofsky, Gabbard e Glen (2012, p.766), «os transexuais masculinos são de
forma predominante de orientação homossexual, mas em torno de 25% são sexualmente
atraídos por mulheres. Alguns desses transexuais “heterossexuais” envolvem-se em
relacionamentos “lésbicos” após serem reatribuídos como mulheres».
Pressupõem dizer que a atração erótica dos transexuais masculinos são dominantemente
por pessoas do mesmo sexo (homossexual), mas dos poucos transexuais de orientação
heterossexual, após sofrerem a transição somática como mulher continuam a envolver-se com
mulheres.
Podemos perceber com este relato que muitas pessoas com DG sentem-se transgénero
desde cedo, e à medida que forem crescendo este sentimento de inadaptação ao próprio género
vai se tornando cada vez mais intenso. Portanto, a literatura demostra que a crescente incidência
desta entidade é cada vez maior.
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1.3. ETIOLOGIA
Veremos a seguir uma apreciação teórica das principais perspectivas sobre a DG que
auxiliam na compreensão dos factores que podem ocasionar esta problemática:
Esta ideia permite-nos entender que pessoas com DG possuem nesta “região do
hipotálamo” características estruturais e funcionais semelhantes e compatíveis com o sexo por
eles desejado. Portanto, a diferenciação do cérebro e dos genitais corre em direções opostas e
para alguns autores indica a base neurobiologica da DG.
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Para Ward, Ward, Denning, Hendricks e French (2002), Savic, Garcia-Falgueras e Swaab
(2010) citado por Muller (2016, p.15):
A diferenciação cerebral vai ocorrer depois, na segunda metade da gestação, e também
depende do factor hormonal. Tal diferença na época de formação destes dois factores
possibilita que eles sejam afetados de forma independente, o que pode ocasionar a
transexualidade.
Uma outra linha de pesquisa que também vem sendo desenvolvido é a que busca a
alteração genética ou cromossómica como determinantes da DG. Mas como Saadeh (2004,
p.54), «existem poucos relatos científicos descrevendo anormalidades cromossómicas em
transexuais». Pelo que se percebe ainda não foi encontrado genes candidatos para este estudo.
Sendo assim, Soll (2016, p.16) enfatiza «qualquer factor que desconecte esses processos
maturativos, tornando-os incongruentes, poderia representar uma importante variável na
etiologia da DG».
O que significa dizer que tudo aquilo que intervém no desenvolvimento cerebral,
tornando-o desproporcional, concorre para explicar a causa da disforia de género.
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Dias (2012, p.16) descreve que:
A relação parental, dinâmica familiar, expectativas sociais e comportamentos aprendidos
têm impacto na criança, sobretudo nos primeiros 3 anos de vida. Um exemplo é a existência
de uma proximidade emocional e física entre mãe e filho que poderá levar, a que o filho se
identifique com o género da mãe. Uma mãe depressiva, ansiosa ou com algum tipo de
psicopatologia, separa-se emocionalmente do filho, o que leva a que a criança adquira um
comportamento maternal para compensar esta falta.
Com base neste conceito, a criança nos primeiros três anos de vida é fortemente
influenciado pela relação parental e dinâmica familiar. A associação íntima entre mãe-filho
levará o filho a se identificar com o género da mãe, porém, esta ideia é mais acentuado quando
existe ausência relativo do pai durante os primeiros anos.
Implica dizer que a ausência de uma entidade paternal é um factor decisivo para o
desenvolvimento da identidade de género do menino, pois para o menino o pai serve como um
reforço para identificação do modelo do seu sexo. O mesmo acontece com as meninas em
relação a mãe.
(...) As fêmeas que mais tarde desenvolveram esse transtorno têm mães que, aparentemente,
não estavam disponíveis para elas em uma idade muito precoce, psicologicamente ou
fisicamente, devido a doença ou abandono; A menina parece fazer uma identificação
compensatória com o pai, o que leva à adoção de uma identidade de género masculina
Esta ideia permite-nos entender que as meninas que desenvolvem a DG, aparentemente
tiveram mães ausentes, devido a doença ou abandono. E por compensação da falta de entidade
maternal, as meninas se identificam com o pai adotando uma identidade de género masculino.
Nesta senda de ideias, nota-se que tanto o pai quanto a mãe são importantes nos primeiros
anos, e sua presença auxilia no processo de separação-individuação, isto é, na quebra da união
íntima entre pais-filho tornando o filho progressivamente mais distinta e independente.
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1.4. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
SBP (2017, p.04) destaca que «o diagnóstico de disforia de género é delicado, devendo
ser realizado por uma equipe interdisciplinar».
Com base nesta ideia, não apenas um e sim diversos profissionais devem estabelecer
relações na avaliação e acompanhamento destes pacientes.
Percebe-se pela explanação dos autores, que crianças com DG assumem papéis de outro
género, dando primazia a comportamentos estereotípico do género desejado. Entretanto, para o
diagnóstico apenas estas características não são suficientes, é necessário que elas sejam
seguidos por outros sinais como o desejo de pertencer a outro género e repulsão a própria
anatomia sexual.
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Para APA (2014, p.454), «em adolescentes jovens com disforia de género, as
características clínicas podem se assemelhar às de crianças ou de adultos com a mesma
condição, dependendo do nível de desenvolvimento».
Implica dizer que dependendo do grau de crescimento, tanto crianças quanto adolescentes
e adultos com DG apresentam características clínicas semelhantes.
Segundo Whitbourne e Halgin (2015, p.279), «o sentimento de estar “no corpo errado”
causa desconforto e um senso de inadequação em relação a seu género atribuído. Essas duas
condições devem estar presentes para que se estabeleça o diagnóstico».
Cohen-kettenis e Gooren (1999) citado por Saadeh (2004 p.100) propõem que:
[...] O diagnóstico seja realizado em duas etapas. A primeira consiste em fazer o diagnóstico
baseado em critérios formais psiquiátrico (DSM-IV ou CID-10). Na segunda, é testada a
capacidade de um indivíduo que solicite a cirurgia em viver no papel de género desejado e
a real força de vontade para a cirurgia de redesignação sexual, face ao desapontamento
enquanto vive no papel de gênero.
Pressupõem dizer que para além de realizar o diagnóstico baseando-se nos critérios
formais psiquiátrico norteados pela atual DSM-5. É importante também testificar a capacidade
do solicitante em viver no papel de género desejado, de modo a avaliar sua determinação.
Portanto, os critérios diagnósticos para a DG do DSM-5 encontram-se descritos na tabela 1.
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4. Forte preferência por brinquedos, jogos ou atividades tipicamente usados ou
preferidos pelo outro género.
5. Forte preferência por brincar com pares do outro género.
6. Em meninos (género designado), forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades
tipicamente masculinos e forte evitação de brincadeiras agressivas e competitivas;
em meninas (género designado), forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades
tipicamente femininas.
7. Forte desgosto com a própria anatomia sexual.
8. Desejo intenso por características sexuais primárias e/ou secundárias compatíveis
com o género experimentado.
B. A condição está associada a sofrimento clinicamente significativo ou a prejuízo no
funcionamento social, acadêmico ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Especificar se:
Com um transtorno do desenvolvimento sexual (p. ex., distúrbio adrenogenital
congênito, como 255.2 [E25.0] hiperplasia adrenal congênita ou 259.50 [E34.50]
síndrome de insensibilidade androgênica).
Nota para codificação: Codificar tanto o transtorno do desenvolvimento sexual
como a disforia de género.
Para Landen et al. (1998), Olsson e Moller (2006) citado por Sá (2017, p. 06) o
diagnóstico diferencial da DG com outros distúrbios «(...)é fundamental, de modo a evitar
situações de arrependimento após o PRS».
Quer dizer que o diagnóstico deve ser exato e preciso diferenciando a DG de outras
condições, a fim de evitar lamentações após o PRS que é um procedimento irreversível.
Para APA (2014, p. 459) a DG faz diagnóstico diferencial com outras condições: «Não
conformidade com os papéis de género; Transtorno transvéstico; Transtorno dismórfico
corporal; Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos».
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1.5. TRATAMENTO
«Esse tripé não é necessariamente sequencial; muitas vezes, um recurso soma-se a outro
durante o tratamento, na busca de uma interface mais eficaz» (Cohen-Kettenis & Gooren,
1999; Jurado et al., 2001; citado por Cordeiro, 2012, p. 44).
Significa dizer que não é regra um tratamento conduzir a outra, pois duas podem juntar-
se simultaneamente durante o processo de cura.
1.5.1. Psicoterapia
A psicoterapia que se emana das várias técnicas de tratamento de doenças e problemas
psíquicos, na DG não só confere apoio emocional, como também auxilia na clarificação e
exploração da identidade de género.
Levando-se em conta esse conceito, podemos dizer que a psicoterapia é uma forma de
tratamento, baseado em princípios psicológicos, na qual uma pessoa treinada estabelece
deliberadamente um relacionamento profissional com o paciente ou cliente, a fim de ajudá-lo a
resolver problemas emocionais, cognitivo e comportamentais.
Para a SBP (2017, p.06), «a psicoterapia (individual, casal, família ou grupo) deve ter o
foco na identidade de género, preconceito, apoio social, imagem corporal, promoção da
resiliência e suporte para lidar com os sintomas psíquicos associados ao quadro».
Entende-se que a psicoterapia, seja qual for o modelo, deve prestar atenção a um conjunto
de preocupações associado a natureza social, emocional e físico do paciente.
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a longo prazo na expressão da sua identidade de género, com chances realistas de sucesso nas
relações, educação e trabalho».
A APA (2000) citado por Hales et al. (2012, p.768) declarou que:
Se opõe a qualquer tratamento psiquiátrico, tal como terapia ‘reparadora’ ou de conversão,
que seja baseada na suposição de que a homossexualidade per se é um transtorno mental
ou baseada na suposição a priori de que um paciente deve mudar sua orientação
homossexual.
Implica dizer que, os profissionais estão impedidos de praticar qualquer acção que
favoreça preconceitos, como terapias de conversão, reversão e readequação ou reorientação de
identidade de género.
Segundo o Conselho Federal de Medicina [CFM] (2010) citado por Cordeiro (2012,
p.44), «no caso de tratamento de transexuais, a psicoterapia deve durar pelo menos dois anos
e ser necessariamente conduzida por uma equipe multidisciplinar».
Meyer (1982) citado por Hales et al. (2012, p.768) enfatiza que:
Para transexuais com funcionamento de ego deficiente, a psicanálise não costuma ser
indicada. A psicoterapia psicodinâmica pode ser usada, mas deve envolver parâmetros
aplicados a pacientes borderline (p. ex., terapia estruturada, imposição de limites, suporte
do ego e metas de curto prazo).
Para Moreno-Perez (2012) e Coleman et al. (2012) citado por Sá (2017, p. 07), «uma vez
estabelecido o diagnóstico de DG, é indicada a adoção de comportamentos e papéis
característicos do género pretendido, durante o maior tempo possível, exceto em situações
claramente difíceis e hostis, processo designado por Experiência de Vida Real».
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Desse modo, entende-se que o paciente deve adotar trajes, adornos, nome e
comportamento típico do outro género, vivendo o maior tempo possível como o género
desejado.
Dias (2012, p.22) acrescenta que essa vivência no papel social e profissional do sexo
desejado, deve durar «o período mínimo de um mês (podendo mesmo chegar a 12-18 meses),
previamente ao início do tratamento hormonal».
O que queira dizer que a sujeição de viver como o género desejado, deve ser antes dos
pacientes serem referenciados para o tratamento de transformação corporal, e claro esta
experiência deve durar um ou dois anos.
Vê-se que a EVR primeiramente testa a firmeza do indivíduo diante das reações do meio
social, avalia a capacidade de agir de acordo com o género desejado, e o impacto da
transformação na sua qualidade de vida.
Para Hembree et al. (2009) e Gooren (2011) citado por Dias (2012, p.22):
Esta fase inicial do tratamento permite nestes pacientes, uma diminuição da disforia de
género e melhoria do funcionamento social. Em relação ao profissional de saúde, esta fase
do tratamento contribui para o diagnóstico e permite-lhe definir os procedimentos
seguintes.
Desse modo, nota-se a importância desta fase de tratamento tanto para o paciente como
para o profissional, permitindo que este último obtenha um diagnóstico rigoroso e eficaz que
vai estabelecer a fase seguinte.
WPATH (2011, p. 09) enfatiza que muitas vezes «com a ajuda da psicoterapia, alguns
indivíduos conseguem integrar seus sentimentos trans no papel de género que lhes foi atribuído
ao nascer e não sentem a necessidade de feminilizar ou masculinizar seu corpo».
Para Pfafflin e Junge (1998), Newfield, Hart, Dibble e Kohler (2006) citado por WPATH
(2011, p. 37):
A terapia hormonal de feminilização/masculinização – que consiste na administração de
agentes endócrinos exógenos para induzir mudanças de masculinização ou feminilização –
é uma intervenção médica necessária para muitas pessoas trans e com variabilidade de
género que se apresentam com desconforto ou mal-estar intenso causado pela disforia de
género.
Este conceito leva-nos ao entendimento de que muitas pessoas trans com DG solicitam o
atendimento endocrinológico para que se induza mudanças corporais de forma a se adequarem,
o mais próximo possível, ao género com o qual se identificam.
Para Moreno-Perez e António (2012), Coleman et al. (2012) citado por Sá (2017 p.08), o
tratamento hormonal «pode acarretar mudanças físicas irreversíveis e, portanto, só deverá ser
disponibilizado a pessoas que sejam legalmente capazes de dar consentimento informado para
cada uma das etapas do tratamento».
A WPATH (2011, p. 38) descreve que os critérios para a terapia hormonal são os
seguintes:
(1) Disforia de género persistente e bem documentada; (2) Capacidade para tomar uma
decisão com pleno conhecimento e para consentir para o tratamento; (3) Maioridade em
um determinado país; (4) Se importantes problemas de saúde física ou mental estão
presentes, eles devem estar razoavelmente bem controlados.
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Nota-se que para a intervenção hormonal ser realizada, obedece alguns critérios, em que
as mais significativas incluem: presença de DG, candidato maior de idade e com condições para
manter o tratamento.
Para Bockting (2008) e CFM (2010) citado por SBP (2017, p.08) o tratamento hormonal
é dividido em duas etapas: «(1) Supressão puberal, e (2) Hormonioterapia para reafirmação
da identidade de género».
Fármaco e Via de
Dose Considerações
administração
Medicamentos usados para supressão puberal
Antiandrogéneos
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Antagonista da aldosterona, anti-
Espironolactona, oral 100-200mg/ dia androgénica, inibidora da 5α-redutase;
absorção variável; possível hipercalemia.
Atividade anti-androgénica e
Acetato de ciproterona,
50-100mg/dia progestativa; possível toxicidade hepática
oral
e efeito sedativo dose-dependente;
Bloqueia a 5α-redutase II; risco de cancro
Finasterida, oral 2,5 – 5mg/ dia
da próstata.
Bloqueia a 5α-redutase I e II; eficácia
Dutasterida, oral 0,5mg/ dia
limitada.
Inibidor competitivo dos androgénios;
Flutamida, oral 750mg/ dia
possível toxicidade hepática.
Agonistas GnRH
Acetato de leuprorrelina
Supressão efetiva da secreção de
ou de triptorrelina, 3,75mg /mês
esteroides sexuais pelos testículos
Subcutâneo (SC).
(testosterona) e pelos ovários
Acetato de goserrelina,
3,6mg / mês (estrógenios).
SC
Hormônios utilizados para reafirmação de género
TFM – Testosterona
Undecanoato de Grande variação dos níveis séricos de
160- 240mg/ dia
testosterona, oral testosterona.
Undecanoato de Níveis de testosterona mais estáveis e dos
1000mg a cada 10-12
testosterona, seus metabolitos estradiol e
semanas
intramuscular (IM). dihidrotestosterona.
100-200mg a cada 2 Níveis suprafisiológicos após a injeção,
Enantato ou cipionato
semanas, ou 50- com declínio significativo alguns dias
de testosterona, IM
100mg/ semana antes da administração seguinte.
Gel testosterona,
25-50mg/ dia
transdérmico
Mimetizam a secreção de testosterona
Emplastro de
fisiológica; fácil aplicação.
testosterona, 2,5-7,5mg/ dia
transdérmico
TMF – Estrogénio
Pouco dispendioso; melhora as
Estradiol, oral 2,0 - 6,0mg/ dia características físicas; maior risco de
tromboembolismo.
Emplastro de estradiol, 0,1 – 0,4mg, duas
transdérmico vezes por semana
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Gel de estradiol Menor risco tromboembólico; níveis
hemihidrato, 0,5 – 1,5mg/ dia plasmáticos mais constantes; possível
transdérmico reação cutânea; início de ação mais lento.
Dose flexível; altos níveis de estrogénio
Valerato de estradiol ou 5 – 20mg a cada duas
circulante; maior tempo para atingir o
cipionato de estradiol, semanas; 2-10
estado estacionário; potencial de abuso ou
IM mg/semana
sobredosagem.
Fonte: Sá (2017, p.11) (adaptação nossa)
Levando em conta esta abordagem, percebe-se que os estrogênios são usados para
desenvolver características feminilizantes como desenvolvimento de mamas, diminuição de
pelos corporais de padrão masculino e repartição da gordura corporal no padrão feminino.
Hales et al. (2012, pp.769-767) realçam que os efeitos colaterais do tratamento com
estrógenio incluem «trombose venosa profunda, doenças tromboembólicas, elevação da
pressão sanguínea, ganho de peso, tolerância à glicose prejudicada, distúrbios hepáticos e
depressão».
«A terapêutica hormonal nos TFM tem como objetivos específicos induzir a virilização,
cessar as menstruações, e produzir um padrão de pilosidade e uma constituição corporal
semelhantes às do sexo masculino» (Levy, Crown, Reid, 2003; Gooren, Giltay, Bunck, 2008 &
Gooren, 2011; citado por Dias, 2012, p.33).
Como podemos perceber, a terapia hormonal nos transexuais feminino para masculino
(TFM) tratados com testosterona, tem o propósito de regredir as características sexuais
femininos, tais como, cessar a menstruação, atrofia das mamas e diminuição da gordura no
quadril; e induzir as características sexuais masculinos, a exemplo, aumento da força, do
clitóris, pelos faciais, voz mais grave, etc.
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Segundo a WPATH (2011, p. 41), «a maioria das mudanças físicas, sejam de
feminilização ou masculinização, ocorrem no curso de dois anos. A quantidade de mudanças
físicas e a linha de tempo exata dos efeitos pode variar bastante».
Quer dizer que, embora as mudanças ocorrem no curso de 24 meses, os efeitos máximo
esperado podem variar por mais de dois ou três anos.
Para Whitbourne e Halgin (2015, p.281), é necessário que «o sujeito receba uma
avaliação psicológica abrangente e um curso de psicoterapia antes de ser aceito para
cirurgia».
Com base nesta ideia, percebe-se que o tratamento cirúrgico traz uma série de condições
rigorosas que além da avalição psicológica, são referenciados apenas em pacientes que estão
satisfeitos com as alterações físicas decorrentes do tratamento hormonal.
Segundo a SBP (2017, p.10), «o tratamento cirúrgico só deve ser cogitado após a
maioridade e é indicado para mudar características primárias e/ou secundárias do sexo
(mamas, tórax ou órgãos genitais externos e internos, características faciais, voz, contorno
corporal) ».
A WPATH (2001) citado por Dias (2012, p.30) acrescenta que o tratamento cirúrgico
apenas deverá ser efetuada «(...) quando o paciente viveu durante um período contínuo de pelo
menos 12 meses, de acordo com a identidade de género com a qual se identifica».
Entende-se que, uma outra condição para realização do tratamento cirúrgico é a EVR
efetuado no tratamento psicoterápico, que consiste na adoção de comportamentos e papéis
característicos do género pretendido, num período de pelo menos um ano.
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Para Green e Fleming (1990) citado por Hales et al. (2012, p.769) os factores pré-
operatórios indicativos de resultado favorável ao tratamento cirúrgico são:
(1) ausência de psicose, bem como estabilidade mental e emocional pré-cirúrgica;
(2) adaptação bem sucedida ao género desejado por pelo menos um ano; (3)
entendimento a respeito das consequências e limitações da cirurgia; (4) e busca de
psicoterapia pré-operatória.
MtF FtM
Histerectomia/ salpingooforectomia,
reconstrução da parte fixa da uretra,
Penectomia, orquiectomia,
metoidioplastia, neofaloplastia,
Genitais vaginoplastia, clitoroplastia,
vaginectomia, escrotoplastia,
vulvoplastia.
implantação de próteses peniana e/ou
testiculares.
Cirurgia facial de
feminilização, lipoaspiração,
lipofilling, cirurgia de voz com
Cirurgia de voz (rara), lipoaspiração,
redução da cartilagem tireóide,
Não-genitais lipofilling, implantes peitorais, entre
aumento do glúteo
outros procedimentos estéticos.
(implantes/lipofilling),
reconstrução de cabelo, entre
outros procedimentos estéticos.
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De acordo com Sadock et al. (2017, p.604):
O tipo mais comum de cirurgia, tanto para homens-trans quanto para mulheres-trans, é a
“cirurgia superior”, ou torácica. Homens transgénero podem fazer cirurgia para construir
um peito masculino. Mulheres transgénero fazem aumento dos seios.
“Cirurgia inferior” é menos comum. Homens transgénero podem fazer metoidioplastia, em
que o clitóris é liberado de sua conexão ligamental com o corpo, e tecido é adicionado,
aumentando seu comprimento e largura. Escrotoplastia, a colocação de implantes
testiculares, é outra forma de criar genitália aparentemente masculina. Faloplastia, a criação
de um pênis, é menos comum devido ao preço, por envolver múltiplos procedimentos,
requerer doação de pele de outra parte do corpo e por ter funcionalidade limitada. A cirurgia
inferior para mulheres costuma ser a vaginoplastia, também chamada de cirurgia de
redesignação sexual (CRS). Nesse procedimento, os testículos são removidos, o pênis é
reconstruído para formar um clitóris, e uma vagina é criada.
Nesta senda de ideia, vimos que a “cirurgias superior” ou torácica é a mais comum e se
resume na conversão dos peitos, isto é, implantes do seio para homens com identidade de género
feminina (mulher trans), e remoção total da mama para mulheres com identidade de género
masculino (homem trans). Já a “cirurgia inferior” que consiste na mudança das genitais, para
os homens trans, costuma ser a metoidioplastia, escrotoplastia e a faloplastia mas por envolver
múltiplos procedimento é substituída por implantação de próteses peniana. Nas mulheres trans
usa-se a vaginoplastia comumente conhecida como cirurgia de redesignação sexual (CRS).
Pelo facto de ser a última e o mais considerado passo no processo de tratamento, exige
uma equipa multidisciplinar, composta por profissionais de saúde de diversas áreas, e os
cuidados devem estar disponíveis e concentrados em centros especializados de tratamento.
24
CAPÍTULO II
25
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO
Segundo Vaz-Freixo (2011, p.280) «metodologia significa o conjunto dos métodos e das
técnicas que guiam a elaboração do processo de investigação científica».
Para esta monografia, utilizou-se a pesquisa exploratória e descritiva que têm como
objectivo proporcionar mais proximidade com o problema, de maneira a torna-lo mais
compreensível. Envolve levantamento bibliográfico e questionário com os homossexuais do
município de Viana distrito do Zango.
O estudo foi desenvolvido com base na pesquisa quantitativa, que segundo Vaz-Freixo
(2012, p.171) «constitui um processo sistemático de colheita de dados observáveis».
2.2 - HIPÓTESES
Anderegg (1978) citado por Marconi e Lakato (2001, p.136), «hipótese é uma tentativa
de explicação mediante uma suposição ou conjuntura verossímil, destinada a ser provada pela
comprovação dos factos».
2.3- VARIÁVEIS
Para Vaz-Freixo (2012, p.202), «variável é qualquer caraterística que numa experiência
é manipulada, medida ou controlada».
– Disforia de género
26
2.3.2- Variável Independente
– Idade.
– Género.
– Homossexual.
27
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS
28
3.1 - RESULTADOS DA AMOSTRA
13 - 20 anos 6 30
21 - 30 anos 11 55
31 - 40 anos 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
31-40 anos
15%
13-20 anos
30%
21-30 anos
55%
29
Quadro 2: Distribuição da amostra por sexo.
Feminino 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Masculino Feminino
100% 0%
30
Quadro 3: Distribuição da amostra de acordo o sentimento de insatisfação quanto
ao próprio género.
Concordo plenamente 5 25
Concordo 11 55
Discordo 1 5
Discordo plenamente 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Concordo
55%
No que concerne a este ponto, nota-se que 55% dos inquiridos, concordam que se sentem
insatisfeito com o próprio género, ao passo que 15% discordam plenamente. O que implica
dizer que, a maioria dos homossexuais inquiridos estão muito insatisfeitos com o género em
que pertencem.
31
Quadro 4: Distribuição da amostra quanto ao sentimento de desconforto por ser
considerado pelos outros como membro do género em que pertencem.
Concordo plenamente 5 25
Concordo 7 35
Discordo 5 25
Discordo plenamente 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
25%
Concordo
35%
32
Quadro 5: Distribuição da amostra de acordo a opinião de ter nascido no sexo
errado.
Concordo plenamente 6 25
Concordo 11 35
Discordo 3 25
Discordo plenamente 0 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
Discordo plenamente
15% 0%
Concordo
plenamente
30%
Concordo
55%
No que se refere a este ponto é de constatar que 55% dos homossexuais inquiridos são da
opinião de ter nascido no sexo errado, enquanto que 15% discordam. O que implica dizer que
a maioria dos inquiridos gostariam de ter nascido no outro sexo.
33
Quadro 6: Distribuição da amostra quanto ao desejo de pertencer ao outro género.
Concordo plenamente 12 60
Concordo 5 25
Discordo 2 10
Discordo plenamente 1 5
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
Discordo plenamente
10% 5%
Concordo
plenamente
60%
Concordo
25%
34
Quadro 7: Distribuição da amostra quanto à identificação do sexo.
Masculino 3 15
Feminino 17 85
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Masculino
15%
Feminino
85%
35
Quadro 8: Distribuição da amostra quanto à discordância entre o sexo biológico e
a identidade de género.
Concordo plenamente 4 20
Concordo 13 65
Discordo 2 10
Discordo plenamente 1 5
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Concordo
65%
O quadro e o gráfico 8 indicam que 65% dos homossexuais inquiridos na maior parte das
vezes sentem discordância entre o sexo biológico e a identidade de género, e 20% sentem esta
discordância de forma definitiva, enquanto que 10% dos homossexuais inquiridos não sentem
esta discrepância entre o sexo biológico e a identidade de género.
36
Quadro 9: Distribuição da amostra quanto à infelicidade devido a discordância.
Concordo plenamente 6 30
Concordo 11 55
Discordo 1 5
Discordo plenamente 2 10
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
plenamente
Discordo 10%
5% Concordo
plenamente
30%
Concordo
55%
No que se refere a este ponto é de constatar que 55% dos homossexuais inquiridos
afirmam que maior parte das vezes têm estado muito infeliz devido a discrepância, enquanto
que 10% dos inquiridos relatam não sentir-se infeliz com esta discrepância.
37
Quadro 10: Distribuição da amostra segundo o estado de estresse, sofrimento e
desconforto causado pela discrepância.
Concordo plenamente 4 20
Concordo 13 65
Discordo 2 10
Discordo plenamente 1 5
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
plenamente
Discordo 5% Concordo
10% plenamente
20%
Concordo
65%
O quadro e o gráfico 10 ilustram-nos que 65% dos inquiridos afirmam que esta
discordância tem causado estresse, sofrimento e desconforto contínuo e recorrente, ao passo
que 5% discordam fortemente.
38
Quadro 11: Distribuição da amostra quanto à manifestação de sofrimento.
Sim 8 40
Não 3 15
Às vezes 9 45
Total 20 10
Fonte: Autor (2019).
Sim
Às vezes 40%
45%
Não
15%
No quadro e o gráfico 11, observa-se que 45% dos homossexuais inquiridos afirmam que
às vezes o sofrimento é manifestado por tristeza, ansiedade, depressão, preocupação e até ideias
suicidas, enquanto que 40% afirmaram precisamente, ao passo que 5% dos inquiridos recusam
com esta afirmação.
39
Quadro 12: Distribuição da amostra quanto à manifestação de sofrimento pelo
estigma e preconceito social.
Sim 13 65
Não 0 0
Às vezes 7 35
Total 20 10
Fonte: Autor (2019).
Às vezes
35%
Sim
65%
Não
0%
No que se refere a este ponto é de constatar que 65% dos inquiridos concordam que as
manifestações de sofrimento é mais pelo estigma e preconceito social, enquanto que 35%
concordaram que às vezes é pelo estigma e preconceito social.
40
Quadro 13: Distribuição da amostra segundo o desejo ser tratado e viver como o
outro género.
Concordo plenamente 4 20
Concordo 13 65
Discordo 3 15
Discordo plenamente 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Gráfico 13: Distribuição da amostra segundo o desejo ser tratado e viver como o
outro género.
Discordo
plenamente
Discordo 0%
15%
Concordo
plenamente
20%
Concordo
65%
O quadro e o gráfico 13, fazem referência de que 65% dos inquiridos maior parte das
vezes desejam ser tratado e viver como o outro género, enquanto que 20% desejam
definitivamente, e à medida que 15% não desejam. Logo, percebe-se que os homossexuais
inquiridos desejam fortemente ser tratado e viver como o outro género.
41
Quadro 14: Distribuição da amostra quanto à preferência de atividades, jogos
estereotípicos e passatempos.
Concordo plenamente 15 20
Concordo 5 65
Discordo 0 0
Discordo plenamente 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Concordo
Plenamente
75%
Discordo
Discordo
0%
plenamente
0%
Concordo
25%
Quanto a este ponto, observa-se que dos homossexuais inquiridos 75% preferem
definitivamente atividades, jogos estereotípicos e passatempos tradicionalmente do outro
género, ao passo que 25% preferem na maior parte das vezes.
42
Quadro 15: Distribuição da amostra segundo a convicção de ter os sentimentos de
outro género.
Concordo plenamente 10 50
Concordo 9 45
Discordo 1 5
Discordo plenamente 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
Discordo
plenamente
5%
0%
Concordo
45%
Concordo
Plenamente
50%
Nota-se no quadro e o gráfico 15 que 50% dos inquiridos afirmaram ter definitivamente
os sentimentos e reações típicos do outro género, enquanto que 45% têm na maior parte das
vezes os sentimentos, e 5% discordam ter os sentimento e rações do outro género.
43
Quadro 16: Distribuição da amostra quanto ao prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida.
Concordo plenamente 2 10
Concordo 15 75
Discordo 1 5
Discordo plenamente 2 10
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo Concordo
plenamente plenamente
Discordo 10%
5% 10%
Concordo
75%
Este ponto, ilustram-nos que dos homossexuais inquiridos 75% apresentam prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida através da disforia
quanto ao género, enquanto que 10% discordam fortemente apresentar prejuízo devido a
disforia quanto ao género.
44
Quadro 17: Distribuição da amostra quanto à realização de atividades sociais.
Sim 12 10
Não 3 75
Às vezes 5 5
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Às vezes
25%
Sim
Não 60%
15%
No quadro e o gráfico 17, observa-se que 60% dos homossexuais inquiridos não realizam
atividades sociais, profissionais ou de outras áreas importantes devido a incongruência de
género, ao passo que 15% dos inquiridos recusam com esta afirmação.
45
Quadro 18: Distribuição da amostra segundo o abandono de atividades importante
por razões relacionadas com a incongruência quanto ao género.
Sim 17 85
Não 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Não
15%
Sim
85%
No que se refere a este ponto é de constatar que 85% dos homossexuais inquiridos já
largaram algumas atividades importante por razões relacionadas à incongruência quanto ao
género, enquanto que 15% dos inquiridos afirmaram não ter largado algumas atividades
importante por razões relacionadas à incongruência quanto ao género.
46
Quadro 19: Distribuição da amostra quanto ao desajuste com a incongruência de
género, na redução da produtividade.
Sim 14 70
Não 6 30
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Não
30%
Sim
70%
Este ponto faz referência de que 70% dos homossexuais inquiridos já tiveram a
produtividade no trabalho/escola reduzida devido o desajuste que sentiram com a incongruência
de género, enquanto que 30% dos inquiridos afirmam não ter apresentado baixa na
produtividade.
47
Quadro 20: Distribuição da amostra quanto ao uso abusivo de drogas por causa da
disforia de género.
Sim 9 45
Não 11 55
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Gráfico 20: Distribuição da amostra quanto ao uso abusivo de drogas por causa da
disforia de género.
Sim
45%
Não
55%
O quadro e o gráfico 20, indicam que 55% dos homossexuais inquiridos afirmaram não
fazer uso abusivo de álcool e outras drogas devido da disforia de género, ao passo que 45% dos
inquiridos concordarem ter feito usos abusivo das drogas por consequência a disforia quanto ao
género.
48
Quadro 21: Distribuição da amostra quanto ao desejo de livrar-se das
características sexuais primárias e/ou secundárias.
Concordo plenamente 6 30
Concordo 11 55
Discordo 3 15
Discordo plenamente 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Concordo
55%
Discordo
15%
Concordo Discordo
plenamente plenamente
30% 0%
No que se refere a este ponto é de constatar que dos homossexuais inquiridos 55%
afirmam sentir um forte desejo em livrar-se das características sexuais primárias e/ou
secundárias em razão da discrepância acentuada com o género experimentado/expresso,
enquanto que 15% dos inquiridos discordaram em ter sentido este desejo.
49
Quadro 22: Distribuição da amostra quanto ao sentimento de repulsa da própria
anatomia sexual.
Concordo plenamente 9 45
Concordo 8 40
Discordo 0 0
Discordo plenamente 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
plenamente
Discordo 15%
0%
Concordo
plenamente
45%
Concordo
40%
O quadro e o gráfico 22, indicam que 45% dos homossexuais inquiridos concordaram
fortemente em sentir repulsa da própria anatomia sexual, enquanto que 40% afirmaram que na
maioria das vezes sentem esta repulsa, à medida que 15% dos homossexuais inquiridos
discordaram fortemente em ter sentido repulsa da própria anatomia sexual.
50
Quadro 23: Distribuição da amostra segundo o desejo de adquirir as
características sexuais primárias e/ou secundárias do outro género.
Concordo plenamente 9 45
Concordo 8 40
Discordo 0 0
Discordo plenamente 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
plenamente
Discordo 15%
0%
Concordo
plenamente
45%
Concordo
40%
No que se refere a este ponto é de constatar que 45% dos homossexuais inquiridos
concordaram fortemente em adquirir as características sexuais primárias e/ou secundárias do
outro género, enquanto que 15% discordaram fortemente em ter sentido desejo de adquirir a
anatomia sexual do outro género.
51
Quadro 24: Distribuição da amostra segundo o desejo de passar por um
tratamento.
Sim 17 85
Não 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Não
15%
Sim
85%
52
Quadro 25: Distribuição da amostra quanto à adoção de comportamentos,
vestimentas, e os maneirismos do outro género.
Concordo plenamente 4 20
Concordo 16 80
Discordo 0 0
Discordo plenamente 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Discordo
Discordo 0%
plenamente
0%
Concordo
plenamente
20%
Concordo
80%
No que se refere a este ponto é de constatar que 80% dos homossexuais inquiridos
afirmaram que na maioria das vezes adotam comportamentos, vestimentas, e os maneirismos
do outro género, ao passo que 20% responderam adotar fortemente estes comportamentos e
maneirismos do outro género.
53
Quadro 26 – Distribuição da amostra segundo a adoção de um novo nome.
Sim 20 100
Não 0 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Não
0%
Sim
100%
54
Quadro 27: Você fez uso (tratamento) hormonal, cirurgia e/ou outro serviço de
saúde para transformação corporal?
Percentagens
Uso de tratamento para transformação corporal. Frequências
(%)
Sim 2 10
Não 18 90
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Gráfico 27: Você fez uso (tratamento) hormonal, cirurgia e/ou outro serviço de
saúde para transformação corporal?
Sim
10%
Não
90%
No que se refere a este ponto é de constatar que dos homossexuais inquiridos 90% não
fizeram uso de tratamento para transformação corporal, enquanto que 10% dos homossexuais
inquiridos afirmam já ter feito uso de tratamento para transformação corporal.
55
Quadro 28: Você usou tratamento hormonal ou realizou outras intervenções físicas
sem acompanhamento médico?
Sim 2 10
Não 18 90
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Gráfico 28: Você usou tratamento hormonal ou realizou outras intervenções físicas
sem acompanhamento médico?
Sim
10%
Não
90%
No que concerne a este ponto, nota-se que uma percentagem de 90% dos homossexuais
inquiridos não fizeram uso de tratamento sem acompanhamento médico, e 10% dos inquiridos
fizeram uso de tratamento sem acompanhamento médico.
56
Quadro 29: Distribuição da amostra quanto ao tipo de tratamento usado.
Percentagens
Qual(is) Frequências
(%)
Cirurgia 0 0
Outros 0 0
Sem resposta 18 0
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Tratamento
Hormonal Outros
10% 0%
Cirurgia
0%
Sem resposta
90%
O quadro e o gráfico 29, ilustram uma percentagem de 90% dos homossexuais inquiridos
que não fizeram uso de qualquer intervenção físicas com ou sem acompanhamento médico, pois
não deram qualquer resposta quanto a este ponto, enquanto que 10% dos inquiridos fizeram uso
de tratamento hormonal com ou sem acompanhamento médico.
57
Quadro 30: Que tipo de tratamento usas para atenuar a disforia quanto ao
género?
Psicoterápico 0 0
Hormonal 2 10
Cirúrgico 0 0
Cosmético/estéticos 4 20
Outros 11 55
Sem resposta 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Gráfico 30: Que tipo de tratamento usas para atenuar a disforia quanto ao género?
Cosmético/estétic
os Cirúrgico
20% 0%
Outros
55%
Hormonal
10%
No que concerne a este ponto, nota-se que 55% dos homossexuais inquiridos fazem uso
de outros meios para atenuar a disforia quanto ao género como adoção de comportamentos,
vestimentas e papeis do outro género, enquanto que 20% dos inquiridos afirmaram fazer uso de
cosméticos/estéticos, e 10% relataram fazer uso de tratamento hormonal, ao passo que 15% não
fazem uso de qualquer meio ou tratamento.
58
Quadro 31: Isso ajuda a lidar com o sofrimento e a se sentir melhor?
Sim 10 50
Não 7 35
Sem resposta 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).
Sem resposta
15%
Sim
50%
Não
35%
No que se refere a este ponto é de constatar que dos homossexuais inquiridos 50% têm se
sentindo melhor com o tratamento adotado por eles para atenuar a disforia quanto ao género,
enquanto que 35% dos inquiridos afirmam não ter se sentindo melhor.
59
3.2 – ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS
Após apresentação dos resultados, vamos analisar os dados obtidos das amostras. Sobre
o qual formulamos a seguinte questão de investigação: Qual é o estado da disforia de género
em homossexuais no município de Viana distrito do Zango?
Verificou-se também que, 85% dos homossexuais inquiridos afirmaram, que desejam
passar por um tratamento que induza mudanças corporal de forma a obter as características
físicas do outro género, 10% dos homossexuais inquiridos relataram já ter feito uso de
tratamento hormonal para transformação corporal sem acompanhamento médico, 55% dos
homossexuais inquiridos fazem uso de outros meios para atenuar a disforia quanto ao género
como adoção de comportamentos, vestimentas e papeis do outro género, enquanto que 20% dos
inquiridos afirmaram fazer uso de cosmético/estéticos. No entanto, dos homossexuais
inquiridos 60% alegaram ter se sentindo melhor com o tratamento adotado por eles para atenuar
a disforia quanto ao género.
60
CONCLUSÃO
- A disforia de género é uma condição com grande impacto na qualidade de vida dos
homossexuais.
Recomendações
APA, (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtorno DSM-5. 5.ª ed. Porto Alegre:
Artmed.
Cordioli, A. (2008). Psicoterapias: abordagens atuais. 3.ª ed. Porto Alegre: Artmed.
Dias, D. (2012). Transexualismo e endocrinologia. Trabalho final do 6º ano médico com vista
à atribuição do grau de mestre no âmbito do ciclo de estudos de mestrado integrado em
medicina. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Disponível em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/36967/1/Daniela%20Dias%20Mest%20Transex
ualida.pdf. Acesso em: 15 de Fevereiro de 2019
Hales, R. et al. (2012). Tratado de psiquiatria clínica. 5.ª ed. Porto Alegre: Artmed.
62
de Janeiro, a. 6, n. 1, 2017. Disponível em: <http://civilistica.com/a-hormonioterapia-em-
adolescente/>. Acesso em: 28 de Abril de 2018.
Macedo, A. (2018). Identidade de Género e Orientação Sexual na Prática Clínica. 1.ª ed.
Lisboa: Edições Sílabo.
Marconi, M. de A. & Lakato, M. E. (2001). Metodologia Cientifica. 6.ª ed. São Paulo. Editora:
Altas S.A.
Pease, A. & Pease, B. (2000). Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? uma
visão científica (e bem humorada) de nossas diferenças. 14.ª ed. Rio de Janeiro: Sextante.
63
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria.
WPATH, (2012). Normas de atenção à saúde das pessoas trans e com variabilidade de gênero
/ [tradução: Lukas Berredo (Brasil / Chile)]. 7ª versão. Disponível em:
https://www.wpath.org/media/cms/Documents/SOC%20v7/SOC%20V7_Portuguese.pdf.
Acessado em: 15 de Fevereiro de 2019.
64