Você está na página 1de 64

INTRODUÇÃO

As discussões sobre a diversidade sexual e de género vêm se tornando cada vez mais
preocupação em diferentes áreas, desde a política, aos direitos humanos, religião, ciência, entre
outros. Embora as questões sejam tratadas de maneira ampla, é certo que as informações ainda
não têm chegado de maneira satisfatória a toda a população, pois ainda há muitos relatos de
preconceito, violência, discriminação e ostracismo social que cercam esse campo, afetando
sobremaneira o bem-estar psicológico e não raramente causam ansiedade e depressão nas
pessoas homossexuais.

O presente trabalho ocupou-se da disforia de género, o que foi feito a partir de uma
identificação das características diagnósticas em homossexuais, de modo a saber se estão ou
não bem definidos com a sua identidade de género. Para isso, fez-se uma investigação
quantitativa, que segundo Vaz-Freixo (2012, p.171) «constitui um processo sistemático de
colheita de dados observáveis». Foi feito também um estudo exploratório e descritivo sobre o
tema proposto.

A disforia do género é um fenómeno muito abrangente, geralmente ocorre quando se


verifica «a aflição clinicamente significativa associada à condição de não conformidade de
género» (Linz & Menezes, 2017, p.09). Já a homossexualidade que é considerada uma
orientação sexual (se refere à atração erótica) é caracterizado apenas pelo facto da pessoa
desejar sexualmente alguém do mesmo sexo. Apesar das duas particularidades terem uma
relação muito próxima, pois um homossexual pode desejar tornar o corpo mais afeminado para
atrair os homens, todavia, isso não é significativo o bastante para definir se sofre ou não de
disforia quanto ao género. O que quer dizer que é necessário um estudo preciso, exato e bem
controlado para definir a presença desta problemática.

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Como somente algumas pessoas homossexuais experimentam a disforia de género em
algum momento das suas vidas. Logo, em função do verificado, cria-nos então a curiosidade
em saber:
Qual é o estado da disforia de género em homossexuais no município de Viana distrito
do Zango?

1
OBJECTIVOS

Objectivo geral

Conhecer o estado da disforia de género em homossexuais no município de Viana distrito


do Zango.

Objectivos específicos

(1) Determinar as principais abordagens teórico-metodológico que descrevem a disforia


de género;
(2) Identificar as características diagnósticas da disforia de género nos homossexuais de
Viana distrito do Zango;
(3) Relatar o tratamento utilizado pelos homossexuais de Viana para atenuar a disforia de
género.

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

A presente pesquisa é de grande importância para a Psicologia, bem como para a


sociedade em geral, visto que é um assunto que interessa a todos nós e que tem dado muito que
pensar e discutir em diversas áreas. Levando em conta a sua autenticidade, permitirá conhecer
os factores que estão na base da disforia de género mediante uma revisão da literatura da qual
apresentaremos as abordagens teórico-metodológico, bem como conhecer a condição da
disforia de género em homossexuais de Viana distrito do Zango a partir dos dados que
obteremos das amostras.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Delimitaremos o nosso trabalho de pesquisa no município de Viana, mais precisamente


no distrito do Zango em homossexuais com idades compreendidas entre 13 aos 40 anos.

2
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

a) Género
Jesus (2012, p.13) enfatiza que género «é a classificação pessoal e social das pessoas
como homens ou mulheres. Orienta papéis e expressões de género. Independente do sexo».

b) Identidade de género

Para Macedo (218, p.19), «identidade de género corresponde ao género com o qual a
pessoa se identifica e através do qual se expressa na sua vida diária».

c) Transgénero
Segundo Sadock, Sadock e Ruiz (2017, p.600), «transgénero é um termo geral usado em
referência àqueles que se identificam com um género diferente daquele com o qual nasceram
(às vezes chamado de género designado)».

d) Disforia de género
Para Associação Americana de Psiquiatria [APA] (2014, p.452), « disforia de género é a
incongruência acentuada entre o género experimentado/expresso e o género designado de uma
pessoa, com duração de pelo menos seis meses».

e) Homossexualidade
Segundo Dover (1982) citado por Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS [ABIA]
(2004, p.17), «homossexualidade é a tendência de buscar prazer sexual mediante contactos
físicos com pessoas do mesmo sexo (...)».

f) Transexualidade

Para Brasil (2015, p.83), «transexualidade é a condição considerada pela Organização


Mundial da Saúde (OMS) como um tipo de transtorno de identidade de género, mas pode ser
considerado apenas um extremo do espectro de transtorno de identidade de género».

3
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

4
1.1. NOÇÃO DE DISFORIA DE GÉNERO

A disforia de género (DG) é uma designação que outrora foi chamado no DSM-IV-TR,
como Transtorno de Identidade de Género (TIG). Mas devido associação do termo a uma
patologia o novo manual DSM-5, passou a usar a designação disforia de género denominação
comumente empregada, para a expressão popularmente conhecida como “Transexualismo”.

Blanchard et al. (1987) citado por Saadeh (2004, p.92) relatam que «o transexualismo
pode ser definido como uma disforia de género extrema que persiste pelo menos por um ou
dois anos, sem flutuação».

Depreende-se que o transexualismo pode se revelar como uma DG muito intenso que dura
sem variação por muitos anos. Apesar da relação entre os dois termos, o transexualismo é
comumente empregue quando há presença ou desejo de um tratamento.

Whitbourne e Halgin (2015, p.280) afirmam que o termo transexualismo «é usado às


vezes para se referir à disforia de género, dizendo respeito especificamente a indivíduos que
escolhem se submeter a cirurgia de redesignação sexual».

Esta explanação dos autores só confirma o comentário anterior, mas realçam uma
particularidade de quase todos os transexuais que é a cirurgia de redesignação sexual (CRS).

A CRS é um «procedimento cirúrgico por meio do qual se altera o órgão genital da


pessoa para criar uma neovagina ou um neofalo (...)» (Jesus 2012, p.16).

No entanto, este método cirúrgico para a mudança do sexo biológico também é designado
por processo de redesignação sexual (PRS).

Para CID-10 (2003) citado por Cordeiro (2012, p.08) transexualismo refere-se ao:
Desejo de viver e ser aceite como pessoa do sexo oposto. Acompanhado em geral de um
sentimento de mal-estar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e
do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a tratamento hormonal a fim de
tomar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado.

Entendemos com está afirmação que a pessoa transexual apresenta uma forte aspiração
de viver e ser aceite pela sociedade como pessoa do sexo oposto. Assemelhando-se fisicamente
ao sexo desejado por intervenção cirúrgica e tratamento hormonal. Portanto, este

5
acompanhamento do sentimento de mal-estar ou inadaptação que estas pessoas experienciam
referente a seu próprio sexo, é o que se designa por “disforia de género”.

Segundo a APA (2014) citado por Nunes (2016, p.07), «disforia de género se reflete num
mal-estar perante a não correspondência entre o género experimentado ou expresso e o género
atribuído no momento do nascimento».

De acordo com a explanação do autor podemos compreender que a DG recai sobre o mal-
estar diante da divergência entre o género expresso e o género designado desde o nascimento.

A Sociedade Brasileira de Pediatria [SBP] (2017, p.02) compartilha da mesma visão


realçando que «disforia de género é o estresse, sofrimento e desconforto causados pela
discrepância entre o sexo biológico e a identidade de género».

Percebe-se que a DG tem a ver com a angústia na discordância entre os órgãos genitais
(pênis para machos e vagina para fêmeas) e a forma em que a pessoa se encara ou se identifica
(homem ou mulher).

Sá (2017, p.01) chega a ser mais abrangente enfatizando que disforia de género:
É um diagnóstico psiquiátrico atribuído quando existe sofrimento significativo causado por
uma incongruência entre o sexo experimentado e o sexo designado de uma pessoa. É
evidenciado por uma identificação com o sexo oposto e por um desconforto persistente
com o próprio sexo.

Como podemos perceber, independentemente dos vários conceitos de DG, em todos eles
encontramos um denominador comum que é a incongruência entre o sexo e a identidade de
género. O que significa dizer, que sem está discordância que é acompanhada por um certo grau
de sofrimento, a DG é injustificável.

6
1.2. EPIDEMIOLOGIA

A prevalência da DG reportada na literatura varia consideravelmente entre os estudos.

Segundo o APA (2014) citado por Sá (2017, p.03), «a prevalência da DG é mais comum
em indivíduos do sexo masculino ao nascimento, com taxas entre 0.005 a 0.014%, em
comparação com indivíduos do sexo feminino ao nascimento, com taxas entre 0.002 a 0.003%».

De acordo com a explanação, vê-se que a DG aparece com maior frequência em pessoas
do sexo masculino ao nascimento, em relação ao sexo feminino. O que implica dizer que tanto
transexual e homossexual, em sua maioria, são homens.

Para Hales, Yudofsky, Gabbard e Glen (2012, p.766), «os transexuais masculinos são de
forma predominante de orientação homossexual, mas em torno de 25% são sexualmente
atraídos por mulheres. Alguns desses transexuais “heterossexuais” envolvem-se em
relacionamentos “lésbicos” após serem reatribuídos como mulheres».

Pressupõem dizer que a atração erótica dos transexuais masculinos são dominantemente
por pessoas do mesmo sexo (homossexual), mas dos poucos transexuais de orientação
heterossexual, após sofrerem a transição somática como mulher continuam a envolver-se com
mulheres.

Sadock et al. (2017, p.600) enfatizam que:


A maior parte dos adultos com disforia de género relata ter-se sentido diferente de outras
crianças do mesmo sexo que o seu, apesar de, em retrospecto, muitos não conseguirem
identificar a fonte dessa diferença. Muitos relatam ter-se sentido transgénero desde os
primeiros anos, com sua identificação transgénero se tornando cada vez mais profunda na
adolescência e no início da vida adulta.

Podemos perceber com este relato que muitas pessoas com DG sentem-se transgénero
desde cedo, e à medida que forem crescendo este sentimento de inadaptação ao próprio género
vai se tornando cada vez mais intenso. Portanto, a literatura demostra que a crescente incidência
desta entidade é cada vez maior.

7
1.3. ETIOLOGIA

Veremos a seguir uma apreciação teórica das principais perspectivas sobre a DG que
auxiliam na compreensão dos factores que podem ocasionar esta problemática:

1.3.1. Perspectivas biológicas


Geralmente, na busca de evidências de factores biológicos como determinantes na gênese
da DG, destaca-se o envolvimento dos hormônios na formação do feto durante a fase uterina.

Pease e Pease (2000, p.74) explicam que:


Pesquisas demonstram que o padrão básico de formação do corpo e do cérebro do feto da
espécie humana é feminino (...), entre seis e oito semanas depois da concepção o feto do
sexo masculino (XY) recebe uma dose maciça de hormônios chamados androgênios que,
primeiro, formam os testículos e, num segundo momento, alteram o cérebro de um formato
feminino para uma configuração masculina. Quando esse feto não recebe na época certa a
quantidade suficiente de hormônio, duas coisas podem acontecer. Primeiro, nascer um
menino com o cérebro estruturalmente mais feminino que masculino e que provavelmente
vai se descobrir gay na adolescência. Segundo, um bebê geneticamente do sexo masculino,
com os genitais correspondentes e o funcionamento do cérebro inteiramente feminino – um
transexual.

Desse modo, percebe-se que a alteração quantitativa de hormônios androgênico durante


a formação do feto, influenciam de forma significativa nas características sexuais. Ocasionando
posteriormente um menino que rejeita o seu corpo, por não se adequar à sua identidade
(transexual), ou um menino que sente atração sexual por pessoas do mesmo sexo
(homossexual).

Estudos neurobiológico demostram que:


O numero de neurônios no “bed nucleus da stria terminalis” de transexuais masculinos é
semilar ao das mulheres e, em contraste, o numero de neurônios de uma transexual feminina
(apenas o cérebro de uma transexual feminina foi analisado) é equivalente ao de um
homem.
(Saadeh, 2004, p.53)

Esta ideia permite-nos entender que pessoas com DG possuem nesta “região do
hipotálamo” características estruturais e funcionais semelhantes e compatíveis com o sexo por
eles desejado. Portanto, a diferenciação do cérebro e dos genitais corre em direções opostas e
para alguns autores indica a base neurobiologica da DG.

8
Para Ward, Ward, Denning, Hendricks e French (2002), Savic, Garcia-Falgueras e Swaab
(2010) citado por Muller (2016, p.15):
A diferenciação cerebral vai ocorrer depois, na segunda metade da gestação, e também
depende do factor hormonal. Tal diferença na época de formação destes dois factores
possibilita que eles sejam afetados de forma independente, o que pode ocasionar a
transexualidade.

Pressupõem dizer que após o desenvolvimento das características externas, ocorre na


segunda metade da gestação e de forma independente o desenvolvimento das características
internas, isto é, masculinização ou feminilização do cérebro no útero. Contudo, parece existir
certa correlação entre a influência hormonal pré-natal e o neuro-desenvolvimento cerebral.

Uma outra linha de pesquisa que também vem sendo desenvolvido é a que busca a
alteração genética ou cromossómica como determinantes da DG. Mas como Saadeh (2004,
p.54), «existem poucos relatos científicos descrevendo anormalidades cromossómicas em
transexuais». Pelo que se percebe ainda não foi encontrado genes candidatos para este estudo.

Sadock et al. (2017, p.601) realçam que:


Diversas outras abordagens para compreender a disforia de género estão em
desenvolvimento. Elas incluem estudos de imagem que demonstraram mudanças em tratos
de substância branca, fluxo sanguíneo cerebral e padrões de ativação cerebral em pacientes
com disforia de género; entretanto, tais estudos não foram replicados.

Como é óbvio pela elucidação dos autores, a perspectiva biológica da DG é um campo


em crescimento e promete muitas descobertas.

Sendo assim, Soll (2016, p.16) enfatiza «qualquer factor que desconecte esses processos
maturativos, tornando-os incongruentes, poderia representar uma importante variável na
etiologia da DG».

O que significa dizer que tudo aquilo que intervém no desenvolvimento cerebral,
tornando-o desproporcional, concorre para explicar a causa da disforia de género.

1.3.2. Perspectivas psicológicas


Depois de uma breve apreciação biológicos, veremos a seguir a visão psicológicas que
apontam a relação mãe-filho e o ambiente psicossocial durante a infância como factores
decisivo na identidade de género.

9
Dias (2012, p.16) descreve que:
A relação parental, dinâmica familiar, expectativas sociais e comportamentos aprendidos
têm impacto na criança, sobretudo nos primeiros 3 anos de vida. Um exemplo é a existência
de uma proximidade emocional e física entre mãe e filho que poderá levar, a que o filho se
identifique com o género da mãe. Uma mãe depressiva, ansiosa ou com algum tipo de
psicopatologia, separa-se emocionalmente do filho, o que leva a que a criança adquira um
comportamento maternal para compensar esta falta.

Com base neste conceito, a criança nos primeiros três anos de vida é fortemente
influenciado pela relação parental e dinâmica familiar. A associação íntima entre mãe-filho
levará o filho a se identificar com o género da mãe, porém, esta ideia é mais acentuado quando
existe ausência relativo do pai durante os primeiros anos.

Assim como sugerem os modelos da teoria da aprendizagem «a disforia quanto ao género


surge por causa da ausência ou da inconsistência de reforço para identificação com modelos
do mesmo sexo» (Hales et al., 2012, p.767).

Implica dizer que a ausência de uma entidade paternal é um factor decisivo para o
desenvolvimento da identidade de género do menino, pois para o menino o pai serve como um
reforço para identificação do modelo do seu sexo. O mesmo acontece com as meninas em
relação a mãe.

(...) As fêmeas que mais tarde desenvolveram esse transtorno têm mães que, aparentemente,
não estavam disponíveis para elas em uma idade muito precoce, psicologicamente ou
fisicamente, devido a doença ou abandono; A menina parece fazer uma identificação
compensatória com o pai, o que leva à adoção de uma identidade de género masculina

(DSM-III, 1980; citado por Brito, 2017, p.29)

Esta ideia permite-nos entender que as meninas que desenvolvem a DG, aparentemente
tiveram mães ausentes, devido a doença ou abandono. E por compensação da falta de entidade
maternal, as meninas se identificam com o pai adotando uma identidade de género masculino.

Por isso é que Sadock et al. (2017, p.601) relatam que:


O papel do pai também é importante nos primeiros anos, e sua presença em geral ajuda no
processo de separação-individuação. Sem um pai, a mãe e o filho podem ficar
excessivamente próximos. Para uma menina, o pai costuma ser o protótipo de objetos
amorosos futuros; para um menino, o pai é o modelo de identificação masculina.

Nesta senda de ideias, nota-se que tanto o pai quanto a mãe são importantes nos primeiros
anos, e sua presença auxilia no processo de separação-individuação, isto é, na quebra da união
íntima entre pais-filho tornando o filho progressivamente mais distinta e independente.

10
1.4. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Como é de conhecimento dos profissionais de saúde, diagnóstico refere-se a fase em que


o profissional procura a natureza e a causa da afecção. Na DG o diagnóstico é feito
essencialmente por exames clínicos, baseado nas informações subjetivas dadas pelos
solicitantes, sendo mínimas as contribuições laboratoriais.

SBP (2017, p.04) destaca que «o diagnóstico de disforia de género é delicado, devendo
ser realizado por uma equipe interdisciplinar».

Com base nesta ideia, não apenas um e sim diversos profissionais devem estabelecer
relações na avaliação e acompanhamento destes pacientes.

Dias (2012, p.16) realça que o diagnóstico:


Deve ser feito inicialmente, por um profissional em saúde mental e posteriormente por um
endocrinologista. Corresponde a um processo longo, cujos objectivos consistem na
avaliação da identidade de género do indivíduo; e intensidade e grau de convicção da
disforia de género. Inicia-se através da obtenção de informação por parte do candidato,
relativamente ao seu desenvolvimento geral, com ênfase a nível do desenvolvimento
psicossexual, e seu actual funcionamento. No caso de adolescentes e crianças pais/tutores
podem contribuir com essa informação.

Vê-se que o diagnóstico da DG consiste na avaliação da identidade de género, intensidade


e grau de convencimento, feito inicialmente com exames clínicos baseado na aquisição de
informações subjetivas dadas pelo paciente relativamente ao seu desenvolvimento geral.

Sadock et al. (2017, p.601) descrevem que:


Muitas crianças com disforia de género priorizam roupas típicas do outro género, escolhem
de preferência brincar com parceiros do outro género, gostam de jogos e brinquedos
associados com o outro género e assumem papéis do outro género durante as brincadeiras.
Para que um diagnóstico seja feito, essas características sociais devem ser acompanhadas
por outros traços com menos tendência a ser socialmente influenciados, como um forte
desejo de pertencer a outro género, aversão à própria anatomia sexual ou desejo de ter
características sexuais primárias ou secundárias do género desejado.

Percebe-se pela explanação dos autores, que crianças com DG assumem papéis de outro
género, dando primazia a comportamentos estereotípico do género desejado. Entretanto, para o
diagnóstico apenas estas características não são suficientes, é necessário que elas sejam
seguidos por outros sinais como o desejo de pertencer a outro género e repulsão a própria
anatomia sexual.

11
Para APA (2014, p.454), «em adolescentes jovens com disforia de género, as
características clínicas podem se assemelhar às de crianças ou de adultos com a mesma
condição, dependendo do nível de desenvolvimento».

Implica dizer que dependendo do grau de crescimento, tanto crianças quanto adolescentes
e adultos com DG apresentam características clínicas semelhantes.

Segundo Whitbourne e Halgin (2015, p.279), «o sentimento de estar “no corpo errado”
causa desconforto e um senso de inadequação em relação a seu género atribuído. Essas duas
condições devem estar presentes para que se estabeleça o diagnóstico».

Esta elucidação dos preceitos para se estabelecer o diagnose da DG exclui do diagnóstico


aqueles transgéneros ou não conformistas de género que não apresentam sofrimento clínico por
suas identidades de género.

Cohen-kettenis e Gooren (1999) citado por Saadeh (2004 p.100) propõem que:
[...] O diagnóstico seja realizado em duas etapas. A primeira consiste em fazer o diagnóstico
baseado em critérios formais psiquiátrico (DSM-IV ou CID-10). Na segunda, é testada a
capacidade de um indivíduo que solicite a cirurgia em viver no papel de género desejado e
a real força de vontade para a cirurgia de redesignação sexual, face ao desapontamento
enquanto vive no papel de gênero.

Pressupõem dizer que para além de realizar o diagnóstico baseando-se nos critérios
formais psiquiátrico norteados pela atual DSM-5. É importante também testificar a capacidade
do solicitante em viver no papel de género desejado, de modo a avaliar sua determinação.
Portanto, os critérios diagnósticos para a DG do DSM-5 encontram-se descritos na tabela 1.

Tabela 1: Critérios de Diagnóstico para DG do DSM-5

Disforia de Género em Crianças 302.6 (F64.2)


A. Incongruência acentuada entre o género experimentado/expresso e o género
designado de uma pessoa, com duração de pelo menos seis meses, manifestada por
no mínimo seis dos seguintes (um deles deve ser o Critério A1):
1. Forte desejo de pertencer ao outro género ou insistência de que um género é o
outro (ou algum gênero alternativo diferente do designado).
2. Em meninos (género designado), uma forte preferência por cross-dressing
(travestismo) ou simulação de trajes femininos; em meninas (género designado),
uma forte preferência por vestir somente roupas masculinas típicas e uma forte
resistência a vestir roupas femininas típicas.
3. Forte preferência por papéis transgéneros em brincadeiras de faz de conta ou de
fantasias.

12
4. Forte preferência por brinquedos, jogos ou atividades tipicamente usados ou
preferidos pelo outro género.
5. Forte preferência por brincar com pares do outro género.
6. Em meninos (género designado), forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades
tipicamente masculinos e forte evitação de brincadeiras agressivas e competitivas;
em meninas (género designado), forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades
tipicamente femininas.
7. Forte desgosto com a própria anatomia sexual.
8. Desejo intenso por características sexuais primárias e/ou secundárias compatíveis
com o género experimentado.
B. A condição está associada a sofrimento clinicamente significativo ou a prejuízo no
funcionamento social, acadêmico ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Especificar se:
Com um transtorno do desenvolvimento sexual (p. ex., distúrbio adrenogenital
congênito, como 255.2 [E25.0] hiperplasia adrenal congênita ou 259.50 [E34.50]
síndrome de insensibilidade androgênica).
Nota para codificação: Codificar tanto o transtorno do desenvolvimento sexual
como a disforia de género.

Disforia de Género em Adolescentes e Adultos 302.85 (F64.1)


A. Incongruência acentuada entre o género experimentado/expresso e o género
designado de uma pessoa, com duração de pelo menos seis meses, manifestada por
no mínimo dois dos seguintes:
1. Incongruência acentuada entre o género experimentado/expresso e as
características sexuais primárias e/ou secundárias (ou, em adolescentes jovens, as
características sexuais secundárias previstas).
2. Forte desejo de livrar-se das próprias características sexuais primárias e/ou
secundárias em razão de incongruência acentuada com o género
experimentado/expresso (ou, em adolescentes jovens, desejo de impedir o
desenvolvimento das características sexuais secundárias previstas).
3. Forte desejo pelas características sexuais primárias e/ou secundárias do outro
género.
4. Forte desejo de pertencer ao outro género (ou a algum gênero alternativo diferente
do designado).
5. Forte desejo de ser tratado como o outro género (ou como algum género
alternativo diferente do designado).
6. Forte convicção de ter os sentimentos e reações típicos do outro género (ou de
algum género alternativo diferente do designado).
B. A condição está associada a sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
Especificar se:
13
Com um transtorno do desenvolvimento sexual (p. ex., distúrbio adrenogenital
congênito, como 255.2 [E25.0] hiperplasia adrenal congênita ou 259.50 [E34.50]
síndrome de insensibilidade androgênica).
Nota para codificação: Codificar tanto o transtorno do desenvolvimento sexual
como a disforia de género.
Especificar se:
Pós-transição: O indivíduo fez uma transição para uma vida em tempo integral no
género desejado (com ou sem legalização da mudança de género) e fez (ou está se
preparando para fazer) pelo menos um procedimento médico ou um regime de
tratamento transexual – a saber, tratamento hormonal transexual regular ou cirurgia
de redesignação de género confirmando o género desejado (p. ex., penectomia,
vaginoplastia em um género masculino ao nascimento; mastectomia ou faloplastia
em um género feminino ao nascimento).
Fonte: APA (2014, pp. 452-453).

Para Landen et al. (1998), Olsson e Moller (2006) citado por Sá (2017, p. 06) o
diagnóstico diferencial da DG com outros distúrbios «(...)é fundamental, de modo a evitar
situações de arrependimento após o PRS».

Quer dizer que o diagnóstico deve ser exato e preciso diferenciando a DG de outras
condições, a fim de evitar lamentações após o PRS que é um procedimento irreversível.

Para APA (2014, p. 459) a DG faz diagnóstico diferencial com outras condições: «Não
conformidade com os papéis de género; Transtorno transvéstico; Transtorno dismórfico
corporal; Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos».

No entanto, estas condições são diferenciados da DG pelo simples facto da identidade de


género destes pacientes ser compatível com o seu género designado no nascimento.
.

14
1.5. TRATAMENTO

A DG é geralmente acompanhada por três modelos de tratamento nomeadamente a


psicoterapia, hormonioterapia e o tratamento cirúrgico.

«Esse tripé não é necessariamente sequencial; muitas vezes, um recurso soma-se a outro
durante o tratamento, na busca de uma interface mais eficaz» (Cohen-Kettenis & Gooren,
1999; Jurado et al., 2001; citado por Cordeiro, 2012, p. 44).

Significa dizer que não é regra um tratamento conduzir a outra, pois duas podem juntar-
se simultaneamente durante o processo de cura.

1.5.1. Psicoterapia
A psicoterapia que se emana das várias técnicas de tratamento de doenças e problemas
psíquicos, na DG não só confere apoio emocional, como também auxilia na clarificação e
exploração da identidade de género.

Segundo Strupp (1978) citado por Cardioli (2008, p. 21):


A psicoterapia é um método de tratamento mediante o qual um profissional treinado,
valendo-se de meios psicológicos, especialmente a comunicação verbal e a relação
terapêutica, realiza, deliberadamente, uma variedade de intervenções, com o intuito de
influenciar um cliente ou paciente, auxiliando-o a modificar problemas de natureza
emocional, cognitiva e comportamental, já que ele o procurou com essa finalidade

Levando-se em conta esse conceito, podemos dizer que a psicoterapia é uma forma de
tratamento, baseado em princípios psicológicos, na qual uma pessoa treinada estabelece
deliberadamente um relacionamento profissional com o paciente ou cliente, a fim de ajudá-lo a
resolver problemas emocionais, cognitivo e comportamentais.

Para a SBP (2017, p.06), «a psicoterapia (individual, casal, família ou grupo) deve ter o
foco na identidade de género, preconceito, apoio social, imagem corporal, promoção da
resiliência e suporte para lidar com os sintomas psíquicos associados ao quadro».

Entende-se que a psicoterapia, seja qual for o modelo, deve prestar atenção a um conjunto
de preocupações associado a natureza social, emocional e físico do paciente.

A Associação Mundial Profissional para a Saúde Transgénero [WPATH] (2011, p. 32)


afirma que «o objetivo principal do tratamento é ajudar as pessoas trans a alcançar conforto

15
a longo prazo na expressão da sua identidade de género, com chances realistas de sucesso nas
relações, educação e trabalho».

Depreende-se que, o principal propósito do tratamento é garantir que as pessoas “trans”


atinjam a longo tempo o bem estar psicológico em geral, contribuindo para facilitar o processo
de aceitação. Portanto, isso exclui a ideia da adoção de uma terapia de conversão.

A APA (2000) citado por Hales et al. (2012, p.768) declarou que:
Se opõe a qualquer tratamento psiquiátrico, tal como terapia ‘reparadora’ ou de conversão,
que seja baseada na suposição de que a homossexualidade per se é um transtorno mental
ou baseada na suposição a priori de que um paciente deve mudar sua orientação
homossexual.

Implica dizer que, os profissionais estão impedidos de praticar qualquer acção que
favoreça preconceitos, como terapias de conversão, reversão e readequação ou reorientação de
identidade de género.

Segundo o Conselho Federal de Medicina [CFM] (2010) citado por Cordeiro (2012,
p.44), «no caso de tratamento de transexuais, a psicoterapia deve durar pelo menos dois anos
e ser necessariamente conduzida por uma equipe multidisciplinar».

Entende-se que o envolvimento da equipe profissional é indispensável devido à


complexidade da situação. Portanto, não há um número de sessões determinado como nas outras
condições psiquiátricas, porque as sessões podem continuar mesmo após o PRS estar completo.

Meyer (1982) citado por Hales et al. (2012, p.768) enfatiza que:
Para transexuais com funcionamento de ego deficiente, a psicanálise não costuma ser
indicada. A psicoterapia psicodinâmica pode ser usada, mas deve envolver parâmetros
aplicados a pacientes borderline (p. ex., terapia estruturada, imposição de limites, suporte
do ego e metas de curto prazo).

Pressupõem dizer que as tarefas de orientação específicas semelhantes aos parâmetros


aplicados a borderline, tem seu lugar para que os transexuais estejam confortáveis com a
evolução da sua sexualidade, com melhoria da ansiedade ou depressão e para que se desenvolva
um autoconceito positivo.

Para Moreno-Perez (2012) e Coleman et al. (2012) citado por Sá (2017, p. 07), «uma vez
estabelecido o diagnóstico de DG, é indicada a adoção de comportamentos e papéis
característicos do género pretendido, durante o maior tempo possível, exceto em situações
claramente difíceis e hostis, processo designado por Experiência de Vida Real».

16
Desse modo, entende-se que o paciente deve adotar trajes, adornos, nome e
comportamento típico do outro género, vivendo o maior tempo possível como o género
desejado.

Dias (2012, p.22) acrescenta que essa vivência no papel social e profissional do sexo
desejado, deve durar «o período mínimo de um mês (podendo mesmo chegar a 12-18 meses),
previamente ao início do tratamento hormonal».

O que queira dizer que a sujeição de viver como o género desejado, deve ser antes dos
pacientes serem referenciados para o tratamento de transformação corporal, e claro esta
experiência deve durar um ou dois anos.

Segundo Hembree, Cohen-Kettenis, Delemarre-van et al. (2009) e Coleman et al. (2012)


citado por Sá (2017, p. 07), «a EVR testa a determinação do indivíduo, a capacidade de
funcionar no género pretendido e de lidar com a resposta dos outros e ajuda a compreender o
impacto da mudança na sua QdV».

Vê-se que a EVR primeiramente testa a firmeza do indivíduo diante das reações do meio
social, avalia a capacidade de agir de acordo com o género desejado, e o impacto da
transformação na sua qualidade de vida.

Para Hembree et al. (2009) e Gooren (2011) citado por Dias (2012, p.22):
Esta fase inicial do tratamento permite nestes pacientes, uma diminuição da disforia de
género e melhoria do funcionamento social. Em relação ao profissional de saúde, esta fase
do tratamento contribui para o diagnóstico e permite-lhe definir os procedimentos
seguintes.

Desse modo, nota-se a importância desta fase de tratamento tanto para o paciente como
para o profissional, permitindo que este último obtenha um diagnóstico rigoroso e eficaz que
vai estabelecer a fase seguinte.

WPATH (2011, p. 09) enfatiza que muitas vezes «com a ajuda da psicoterapia, alguns
indivíduos conseguem integrar seus sentimentos trans no papel de género que lhes foi atribuído
ao nascer e não sentem a necessidade de feminilizar ou masculinizar seu corpo».

Podemos perceber que a psicoterapia é fundamental para a decisão da transição somática,


pois ajuda as pessoas “trans” adequar os sentimentos concernente ao modo de agir em
determinadas situações conforme o género atribuído no nascimento, evitando deste modo
situações de arrependimento futuro após o PRS estiver completa.
17
1.5.2. Hormonioterapia
A Hormonioterapia que é o tratamento por meio de hormônio realizado por
endocrinologista, tornou-se muito solicitado pelas pessoas com DG.

Para Pfafflin e Junge (1998), Newfield, Hart, Dibble e Kohler (2006) citado por WPATH
(2011, p. 37):
A terapia hormonal de feminilização/masculinização – que consiste na administração de
agentes endócrinos exógenos para induzir mudanças de masculinização ou feminilização –
é uma intervenção médica necessária para muitas pessoas trans e com variabilidade de
género que se apresentam com desconforto ou mal-estar intenso causado pela disforia de
género.

Este conceito leva-nos ao entendimento de que muitas pessoas trans com DG solicitam o
atendimento endocrinológico para que se induza mudanças corporais de forma a se adequarem,
o mais próximo possível, ao género com o qual se identificam.

Para Moreno-Perez e António (2012), Coleman et al. (2012) citado por Sá (2017 p.08), o
tratamento hormonal «pode acarretar mudanças físicas irreversíveis e, portanto, só deverá ser
disponibilizado a pessoas que sejam legalmente capazes de dar consentimento informado para
cada uma das etapas do tratamento».

Implica dizer que, a hormonioterapia é permitido apenas a pessoas competentes para


participar das decisões médicas e que receberam informações dos possíveis resultados
esperados e adversos, previamente ao início de cada uma das etapas do tratamento.

Para Hembree et al. (2009) citado por Dias (2012, p.20):


O seu objetivo é assegurar que o candidato compreende os riscos e benefícios da terapêutica
hormonal; das mudanças que irão ocorrer, e a sua evolução temporal; bem como as suas
limitações e implicações a nível psicossocial; prevenir expectativas irrealistas por parte do
candidato.

Entende-se que o objectivo do consentimento informado é garantir que o paciente esteja


ciente das consequências do tratamento, das mudanças reversíveis e irreversíveis e dos
embaraços a nível psicossocial, preparando-o de esperanças inadequada a realidade.

A WPATH (2011, p. 38) descreve que os critérios para a terapia hormonal são os
seguintes:
(1) Disforia de género persistente e bem documentada; (2) Capacidade para tomar uma
decisão com pleno conhecimento e para consentir para o tratamento; (3) Maioridade em
um determinado país; (4) Se importantes problemas de saúde física ou mental estão
presentes, eles devem estar razoavelmente bem controlados.

18
Nota-se que para a intervenção hormonal ser realizada, obedece alguns critérios, em que
as mais significativas incluem: presença de DG, candidato maior de idade e com condições para
manter o tratamento.

Para Bockting (2008) e CFM (2010) citado por SBP (2017, p.08) o tratamento hormonal
é dividido em duas etapas: «(1) Supressão puberal, e (2) Hormonioterapia para reafirmação
da identidade de género».

Pressupõem dizer que os agentes endócrinos são administradas separadamente, sendo


primeiro administrado os que cancelam o desenvolvimento das características púberes do
próprio sexo e só depois os que incitam o desenvolvimento das caraterísticas púberes do sexo
oposto ou desejado.

Segundo WPATH (2001), Moller, Schreier, Li e Romer (2009), De Vries, Steensma,


Doreleijers e Cohen-Kettenis (2011) citado por Dias (2012 p.25), a supressão puberal «(...)
permite que o adolescente tenha um maior período de tempo para explorar a sua identidade de
género e o desejo de reatribuição sexual, sem a angústia resultante do desenvolvimento das
características físicas sexuais secundárias».

Percebe-se que a supressão do desenvolvimento puberal é indicada para que o(a)


adolescente possa explorar sua identidade sexual, reduzindo as preocupações com as alterações
corporais induzidas pela puberdade.

Para a SBP (2017, p.09), a hormonioterapia para reafirmação da identidade de género


«incluem a terapia hormonal para masculinizar ou feminilizar o corpo (cross-sex hormonal
therapy) de acordo com a identidade de género escolhida pelo indivíduo».

Como podemos entender, as mudanças corporais de acordo a identidade de género


desejado é responsabilidade da hormonioterapia de reafirmação. Portanto abaixo está a tabela
2, que demostra os fármacos utilizados nestas duas etapas do tratamento.

Tabela 2: Terapia Hormonal mais comumente utilizada em Trans com DG.

Fármaco e Via de
Dose Considerações
administração
Medicamentos usados para supressão puberal
Antiandrogéneos

19
Antagonista da aldosterona, anti-
Espironolactona, oral 100-200mg/ dia androgénica, inibidora da 5α-redutase;
absorção variável; possível hipercalemia.
Atividade anti-androgénica e
Acetato de ciproterona,
50-100mg/dia progestativa; possível toxicidade hepática
oral
e efeito sedativo dose-dependente;
Bloqueia a 5α-redutase II; risco de cancro
Finasterida, oral 2,5 – 5mg/ dia
da próstata.
Bloqueia a 5α-redutase I e II; eficácia
Dutasterida, oral 0,5mg/ dia
limitada.
Inibidor competitivo dos androgénios;
Flutamida, oral 750mg/ dia
possível toxicidade hepática.
Agonistas GnRH
Acetato de leuprorrelina
Supressão efetiva da secreção de
ou de triptorrelina, 3,75mg /mês
esteroides sexuais pelos testículos
Subcutâneo (SC).
(testosterona) e pelos ovários
Acetato de goserrelina,
3,6mg / mês (estrógenios).
SC
Hormônios utilizados para reafirmação de género
TFM – Testosterona
Undecanoato de Grande variação dos níveis séricos de
160- 240mg/ dia
testosterona, oral testosterona.
Undecanoato de Níveis de testosterona mais estáveis e dos
1000mg a cada 10-12
testosterona, seus metabolitos estradiol e
semanas
intramuscular (IM). dihidrotestosterona.
100-200mg a cada 2 Níveis suprafisiológicos após a injeção,
Enantato ou cipionato
semanas, ou 50- com declínio significativo alguns dias
de testosterona, IM
100mg/ semana antes da administração seguinte.
Gel testosterona,
25-50mg/ dia
transdérmico
Mimetizam a secreção de testosterona
Emplastro de
fisiológica; fácil aplicação.
testosterona, 2,5-7,5mg/ dia
transdérmico
TMF – Estrogénio
Pouco dispendioso; melhora as
Estradiol, oral 2,0 - 6,0mg/ dia características físicas; maior risco de
tromboembolismo.
Emplastro de estradiol, 0,1 – 0,4mg, duas
transdérmico vezes por semana
20
Gel de estradiol Menor risco tromboembólico; níveis
hemihidrato, 0,5 – 1,5mg/ dia plasmáticos mais constantes; possível
transdérmico reação cutânea; início de ação mais lento.
Dose flexível; altos níveis de estrogénio
Valerato de estradiol ou 5 – 20mg a cada duas
circulante; maior tempo para atingir o
cipionato de estradiol, semanas; 2-10
estado estacionário; potencial de abuso ou
IM mg/semana
sobredosagem.
Fonte: Sá (2017, p.11) (adaptação nossa)

Para Associação Internacional de Disforia de Género Harry Benjamim [HBIGDA] (2001)


citado por Saadeh (2004 p. 124), os efeitos esperados pelos transexuais masculino para
feminino (TMF) tratados com estrogénios são:
Crescimento das mamas, redistribuição da gordura corporal no padrão feminino,
diminuição da força no segmento superior corporal, maciez da pele, diminuição do pelos
corporais, diminuição ou parada da queda de cabelo, diminuição do tamanho e da
fertilidade testicular, ereção com menor frequência e com menor firmeza.

Levando em conta esta abordagem, percebe-se que os estrogênios são usados para
desenvolver características feminilizantes como desenvolvimento de mamas, diminuição de
pelos corporais de padrão masculino e repartição da gordura corporal no padrão feminino.

Hales et al. (2012, pp.769-767) realçam que os efeitos colaterais do tratamento com
estrógenio incluem «trombose venosa profunda, doenças tromboembólicas, elevação da
pressão sanguínea, ganho de peso, tolerância à glicose prejudicada, distúrbios hepáticos e
depressão».

Pressupõem dizer que os efeitos colaterais do tratamento por estrogênio ocorre


maioritariamente a nível do sistema circulatório.

«A terapêutica hormonal nos TFM tem como objetivos específicos induzir a virilização,
cessar as menstruações, e produzir um padrão de pilosidade e uma constituição corporal
semelhantes às do sexo masculino» (Levy, Crown, Reid, 2003; Gooren, Giltay, Bunck, 2008 &
Gooren, 2011; citado por Dias, 2012, p.33).

Como podemos perceber, a terapia hormonal nos transexuais feminino para masculino
(TFM) tratados com testosterona, tem o propósito de regredir as características sexuais
femininos, tais como, cessar a menstruação, atrofia das mamas e diminuição da gordura no
quadril; e induzir as características sexuais masculinos, a exemplo, aumento da força, do
clitóris, pelos faciais, voz mais grave, etc.

21
Segundo a WPATH (2011, p. 41), «a maioria das mudanças físicas, sejam de
feminilização ou masculinização, ocorrem no curso de dois anos. A quantidade de mudanças
físicas e a linha de tempo exata dos efeitos pode variar bastante».

Quer dizer que, embora as mudanças ocorrem no curso de 24 meses, os efeitos máximo
esperado podem variar por mais de dois ou três anos.

1.5.3. Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico é efetuado de forma a obter um aperfeiçoamento das


características físicas do género desejado, que não é suprida com o tratamento hormonal.

Para Whitbourne e Halgin (2015, p.281), é necessário que «o sujeito receba uma
avaliação psicológica abrangente e um curso de psicoterapia antes de ser aceito para
cirurgia».

Com base nesta ideia, percebe-se que o tratamento cirúrgico traz uma série de condições
rigorosas que além da avalição psicológica, são referenciados apenas em pacientes que estão
satisfeitos com as alterações físicas decorrentes do tratamento hormonal.

Segundo a SBP (2017, p.10), «o tratamento cirúrgico só deve ser cogitado após a
maioridade e é indicado para mudar características primárias e/ou secundárias do sexo
(mamas, tórax ou órgãos genitais externos e internos, características faciais, voz, contorno
corporal) ».

De acordo a explanação, podemos entender que a pessoa com DG só deve pensar em


submeter-se ao tratamento cirúrgico depois de atingir a idade legal (variado consoante o país),
pois o tratamento é irreversível e pode suscitar arrependimento quando efetuado em
minoridade.

A WPATH (2001) citado por Dias (2012, p.30) acrescenta que o tratamento cirúrgico
apenas deverá ser efetuada «(...) quando o paciente viveu durante um período contínuo de pelo
menos 12 meses, de acordo com a identidade de género com a qual se identifica».

Entende-se que, uma outra condição para realização do tratamento cirúrgico é a EVR
efetuado no tratamento psicoterápico, que consiste na adoção de comportamentos e papéis
característicos do género pretendido, num período de pelo menos um ano.

22
Para Green e Fleming (1990) citado por Hales et al. (2012, p.769) os factores pré-
operatórios indicativos de resultado favorável ao tratamento cirúrgico são:
(1) ausência de psicose, bem como estabilidade mental e emocional pré-cirúrgica;
(2) adaptação bem sucedida ao género desejado por pelo menos um ano; (3)
entendimento a respeito das consequências e limitações da cirurgia; (4) e busca de
psicoterapia pré-operatória.

Percebe-se que, os factores determinantes para o resultado favorável ao tratamento que


antecede a cirurgia, consiste no bem estar psicológico geral, acomodamento ao género
pretendido por um longo tempo, conhecimento a respeito dos resultados negativos e restrição
da cirurgia. Portanto, abaixo está a tabela 3, que ilustra os procedimentos cirúrgicos utilizado
neste tratamento.

Tabela 3: Intervenções cirúrgicas para transição sexual

MtF FtM

Mamoplastia de aumento Mastectomia subcutânea, Remodelagem


Mama/Tórax
(implantes/lipofilling). de tórax masculino.

Histerectomia/ salpingooforectomia,
reconstrução da parte fixa da uretra,
Penectomia, orquiectomia,
metoidioplastia, neofaloplastia,
Genitais vaginoplastia, clitoroplastia,
vaginectomia, escrotoplastia,
vulvoplastia.
implantação de próteses peniana e/ou
testiculares.

Cirurgia facial de
feminilização, lipoaspiração,
lipofilling, cirurgia de voz com
Cirurgia de voz (rara), lipoaspiração,
redução da cartilagem tireóide,
Não-genitais lipofilling, implantes peitorais, entre
aumento do glúteo
outros procedimentos estéticos.
(implantes/lipofilling),
reconstrução de cabelo, entre
outros procedimentos estéticos.

Fonte: SBP (2017, p.10)

23
De acordo com Sadock et al. (2017, p.604):
O tipo mais comum de cirurgia, tanto para homens-trans quanto para mulheres-trans, é a
“cirurgia superior”, ou torácica. Homens transgénero podem fazer cirurgia para construir
um peito masculino. Mulheres transgénero fazem aumento dos seios.
“Cirurgia inferior” é menos comum. Homens transgénero podem fazer metoidioplastia, em
que o clitóris é liberado de sua conexão ligamental com o corpo, e tecido é adicionado,
aumentando seu comprimento e largura. Escrotoplastia, a colocação de implantes
testiculares, é outra forma de criar genitália aparentemente masculina. Faloplastia, a criação
de um pênis, é menos comum devido ao preço, por envolver múltiplos procedimentos,
requerer doação de pele de outra parte do corpo e por ter funcionalidade limitada. A cirurgia
inferior para mulheres costuma ser a vaginoplastia, também chamada de cirurgia de
redesignação sexual (CRS). Nesse procedimento, os testículos são removidos, o pênis é
reconstruído para formar um clitóris, e uma vagina é criada.

Nesta senda de ideia, vimos que a “cirurgias superior” ou torácica é a mais comum e se
resume na conversão dos peitos, isto é, implantes do seio para homens com identidade de género
feminina (mulher trans), e remoção total da mama para mulheres com identidade de género
masculino (homem trans). Já a “cirurgia inferior” que consiste na mudança das genitais, para
os homens trans, costuma ser a metoidioplastia, escrotoplastia e a faloplastia mas por envolver
múltiplos procedimento é substituída por implantação de próteses peniana. Nas mulheres trans
usa-se a vaginoplastia comumente conhecida como cirurgia de redesignação sexual (CRS).

A WPATH (2011, p. 61) enfatiza que «a cirurgia de redesignação de sexo –


especialmente a cirurgia genital – é muitas vezes a último e o mais considerado passo no
processo de tratamento da disforia de género».

Pelo facto de ser a última e o mais considerado passo no processo de tratamento, exige
uma equipa multidisciplinar, composta por profissionais de saúde de diversas áreas, e os
cuidados devem estar disponíveis e concentrados em centros especializados de tratamento.

24
CAPÍTULO II

OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

25
2.1. MODO DE INVESTIGAÇÃO

Segundo Vaz-Freixo (2011, p.280) «metodologia significa o conjunto dos métodos e das
técnicas que guiam a elaboração do processo de investigação científica».

Para esta monografia, utilizou-se a pesquisa exploratória e descritiva que têm como
objectivo proporcionar mais proximidade com o problema, de maneira a torna-lo mais
compreensível. Envolve levantamento bibliográfico e questionário com os homossexuais do
município de Viana distrito do Zango.

2.1.1- Procedimentos metodológico

O estudo foi desenvolvido com base na pesquisa quantitativa, que segundo Vaz-Freixo
(2012, p.171) «constitui um processo sistemático de colheita de dados observáveis».

2.2 - HIPÓTESES

Anderegg (1978) citado por Marconi e Lakato (2001, p.136), «hipótese é uma tentativa
de explicação mediante uma suposição ou conjuntura verossímil, destinada a ser provada pela
comprovação dos factos».

Para este estudo propomos as seguintes hipóteses:

H1- Os homossexuais do município de Viana distrito do Zango não manifestam sintomas


significativos ou grau de incapacitação funcional que definem os critérios de diagnóstico, logo
não apresentam disforia de género.
H2- Os homossexuais do município de Viana distrito do Zango manifestam sintomas
significativos ou grau de incapacitação funcional que definem os critérios de diagnóstico, então
apresentam disforia de género.

2.3- VARIÁVEIS

Para Vaz-Freixo (2012, p.202), «variável é qualquer caraterística que numa experiência
é manipulada, medida ou controlada».

2.3.1- Variável Dependente

– Disforia de género

26
2.3.2- Variável Independente

– Idade.
– Género.
– Homossexual.

2.4 - OBJECTO DE ESTUDO

2.4.1 - Grupos de Sujeitos

Partindo de uma população de aproximadamente 54 homossexuais do município de Viana


distrito do Zango. Deste universo pretendemos trabalhar com uma amostra de 20 homossexuais
com idades compreendidas entre 13 aos 40 anos.

2.5 - INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO


Para responder os objectivos do estudo foi escolhido como instrumento de recolha de
dados o questionário fechado e a entrevista que irá permitir obter informações junto aos
homossexuais do município de Viana.

2.6 –PROCESSAMENTO E TRATAMENTO DA


INFORMAÇÃO
O processamento foi feito sob a forma de tabelas e gráficos utilizando os programas
Excel, Microsoft word para redigir e tratar o texto. Por fim, o Powerpoint para a apresentação
do trabalho seguindo as normas em uso nesta universidade. As informações recolhidas serão
analisadas através de processamentos estatísticos apresentados em números absolutos,
frequências simples e percentual.

27
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

28
3.1 - RESULTADOS DA AMOSTRA

Quadro 1: Distribuição da amostra por faixa etária.

Idade Frequências Percentagens (%)

13 - 20 anos 6 30
21 - 30 anos 11 55
31 - 40 anos 3 15
Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 1: Distribuição da amostra por faixa etária.

31-40 anos
15%
13-20 anos
30%

21-30 anos
55%

O quadro e o gráfico 1 indicam que a maior percentagem dos homossexuais inquiridos as


suas idades situam-se entre 20 – 29 anos, correspondendo a 55%. O que pressupõe dizer que a
nossa amostra é constituída maioritariamente por jovem adulto. Seguidamente por adolescentes
que correspondem 30% dos 13-20 anos.

29
Quadro 2: Distribuição da amostra por sexo.

Sexo Frequências Percentagens (%)


Masculino 20 100

Feminino 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 2: Distribuição da amostra por sexo.

Masculino Feminino
100% 0%

Percebe-se pelo quadro e o gráfico 2 que a maior percentagem dos inquiridos é


representado pelo sexo masculino, correspondendo a 100%. O que pressupõe dizer que a nossa
amostra é constituída predominantemente por homens.

30
Quadro 3: Distribuição da amostra de acordo o sentimento de insatisfação quanto
ao próprio género.

Estou me sentindo muito insatisfeito/a


Frequências Percentagens (%)
com o meu género

Concordo plenamente 5 25

Concordo 11 55

Discordo 1 5

Discordo plenamente 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 3: Distribuição da amostra de acordo com o sentimento de insatisfação


quanto ao próprio género.
Discordo
plenamente
Concordo
15%
plenamente
Discordo 25%
5%

Concordo
55%

No que concerne a este ponto, nota-se que 55% dos inquiridos, concordam que se sentem
insatisfeito com o próprio género, ao passo que 15% discordam plenamente. O que implica
dizer que, a maioria dos homossexuais inquiridos estão muito insatisfeitos com o género em
que pertencem.

31
Quadro 4: Distribuição da amostra quanto ao sentimento de desconforto por ser
considerado pelos outros como membro do género em que pertencem.

Sento-me desconfortável por ser considerado ou


Percentagens
funcionar na sociedade como membro do género Frequências
(%)
em que pertenço.

Concordo plenamente 5 25

Concordo 7 35

Discordo 5 25

Discordo plenamente 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 4: Distribuição da amostra quanto ao sentimento de desconforto com o


fato de ser considerado pelos outros ou de funcionar na sociedade como membro do
género em que pertencem.
Discordo
plenamente Concordo
15% plenamente
25%

Discordo
25%

Concordo
35%

Quanto ao quadro e o gráfico 4, efectivamente 35% dos inquiridos concordam que se


sentem desconfortável por ser considerado pelos outros ou funcionar na sociedade como
membro do género em que pertencem, enquanto que 25% concordaram de forma absoluta e de
igual modo outros 25% discordaram.

32
Quadro 5: Distribuição da amostra de acordo a opinião de ter nascido no sexo
errado.

Tenho a opinião de que fui nascido no sexo Percentagens


Frequências
errado. (%)

Concordo plenamente 6 25

Concordo 11 35

Discordo 3 25

Discordo plenamente 0 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 5: Distribuição da amostra de acordo a opinião de ter nascido no sexo


errado.

Discordo
Discordo plenamente
15% 0%

Concordo
plenamente
30%

Concordo
55%

No que se refere a este ponto é de constatar que 55% dos homossexuais inquiridos são da
opinião de ter nascido no sexo errado, enquanto que 15% discordam. O que implica dizer que
a maioria dos inquiridos gostariam de ter nascido no outro sexo.

33
Quadro 6: Distribuição da amostra quanto ao desejo de pertencer ao outro género.

Desejo intensamente ser do outro género (ou a


Percentagens
algum género alternativo diferente do Frequências
(%)
designado).

Concordo plenamente 12 60

Concordo 5 25

Discordo 2 10

Discordo plenamente 1 5

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 6: Distribuição da amostra quanto ao desejo de pertencer ao outro género.

Discordo
Discordo plenamente
10% 5%

Concordo
plenamente
60%

Concordo
25%

O quadro e o gráfico 6, fazem referência de que dos homossexuais inquiridos 60%


desejam definitivamente ser do outro género, enquanto que 25% desejam na maior parte das
vezes, ao passo que 15% na maior parte das vezes não desejam, sobrando uma margem
curtíssimo de 5% para os que não desejam definitivamente ser de outro gênero.

34
Quadro 7: Distribuição da amostra quanto à identificação do sexo.

Me identifico com género do sexo. Frequências Percentagens (%)

Masculino 3 15

Feminino 17 85

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 7: Distribuição da amostra quanto à identificação do sexo.

Masculino
15%

Feminino
85%

Quanto ao quadro e o gráfico 7, fazem referência de que 85% dos homossexuais


inquiridos se identificam com o sexo feminino, enquanto que 15% identificam-se com o seu
próprio sexo, ou seja, com o sexo masculino.

35
Quadro 8: Distribuição da amostra quanto à discordância entre o sexo biológico e
a identidade de género.

Sinto uma discrepância entre o meu sexo Percentagens


Frequências
biológico e a minha identidade de género. (%)

Concordo plenamente 4 20

Concordo 13 65

Discordo 2 10

Discordo plenamente 1 5

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 8: Distribuição da amostra quanto à discordância entre o sexo biológico e


a identidade de género.
Discordo
plenamente
Concordo
5%
plenamente
20%
Discordo
10%

Concordo
65%

O quadro e o gráfico 8 indicam que 65% dos homossexuais inquiridos na maior parte das
vezes sentem discordância entre o sexo biológico e a identidade de género, e 20% sentem esta
discordância de forma definitiva, enquanto que 10% dos homossexuais inquiridos não sentem
esta discrepância entre o sexo biológico e a identidade de género.

36
Quadro 9: Distribuição da amostra quanto à infelicidade devido a discordância.

Tenho estado muito infeliz por causa desta Percentagens


Frequências
discrepância. (%)

Concordo plenamente 6 30

Concordo 11 55

Discordo 1 5

Discordo plenamente 2 10

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 9: Distribuição da amostra quanto à infelicidade devido a discordância.

Discordo
plenamente
Discordo 10%
5% Concordo
plenamente
30%

Concordo
55%

No que se refere a este ponto é de constatar que 55% dos homossexuais inquiridos
afirmam que maior parte das vezes têm estado muito infeliz devido a discrepância, enquanto
que 10% dos inquiridos relatam não sentir-se infeliz com esta discrepância.

37
Quadro 10: Distribuição da amostra segundo o estado de estresse, sofrimento e
desconforto causado pela discrepância.

Esta discrepância me causa estresse, sofrimento Percentagens


Frequências
e desconforto contínuo e recorrente. (%)

Concordo plenamente 4 20

Concordo 13 65

Discordo 2 10

Discordo plenamente 1 5

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 10: Distribuição da amostra segundo o estado de estresse, sofrimento e


desconforto causado pela discrepância.

Discordo
plenamente
Discordo 5% Concordo
10% plenamente
20%

Concordo
65%

O quadro e o gráfico 10 ilustram-nos que 65% dos inquiridos afirmam que esta
discordância tem causado estresse, sofrimento e desconforto contínuo e recorrente, ao passo
que 5% discordam fortemente.

38
Quadro 11: Distribuição da amostra quanto à manifestação de sofrimento.

O sofrimento é manifestado por tristeza,


Percentagens
ansiedade, depressão, preocupação e até ideias Frequências
(%)
suicidas.

Sim 8 40

Não 3 15

Às vezes 9 45

Total 20 10
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 11: Distribuição da amostra quanto à manifestação de sofrimento.

Sim
Às vezes 40%
45%

Não
15%

No quadro e o gráfico 11, observa-se que 45% dos homossexuais inquiridos afirmam que
às vezes o sofrimento é manifestado por tristeza, ansiedade, depressão, preocupação e até ideias
suicidas, enquanto que 40% afirmaram precisamente, ao passo que 5% dos inquiridos recusam
com esta afirmação.

39
Quadro 12: Distribuição da amostra quanto à manifestação de sofrimento pelo
estigma e preconceito social.

Essas manifestações de sofrimento não é devido


Percentagens
a discrepância entre o sexo e o género mas sim Frequências
(%)
pelo estigma e preconceito social.

Sim 13 65

Não 0 0

Às vezes 7 35

Total 20 10
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 12: Distribuição da amostra quanto à manifestação de sofrimento pelo


estigma e preconceito social.

Às vezes
35%

Sim
65%
Não
0%

No que se refere a este ponto é de constatar que 65% dos inquiridos concordam que as
manifestações de sofrimento é mais pelo estigma e preconceito social, enquanto que 35%
concordaram que às vezes é pelo estigma e preconceito social.

40
Quadro 13: Distribuição da amostra segundo o desejo ser tratado e viver como o
outro género.

Desejo fortemente ser tratado e viver como o


Percentagens
outro género (ou como algum género alternativo Frequências
(%)
diferente do designado).

Concordo plenamente 4 20

Concordo 13 65

Discordo 3 15

Discordo plenamente 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 13: Distribuição da amostra segundo o desejo ser tratado e viver como o
outro género.

Discordo
plenamente
Discordo 0%
15%

Concordo
plenamente
20%

Concordo
65%

O quadro e o gráfico 13, fazem referência de que 65% dos inquiridos maior parte das
vezes desejam ser tratado e viver como o outro género, enquanto que 20% desejam
definitivamente, e à medida que 15% não desejam. Logo, percebe-se que os homossexuais
inquiridos desejam fortemente ser tratado e viver como o outro género.

41
Quadro 14: Distribuição da amostra quanto à preferência de atividades, jogos
estereotípicos e passatempos.

Prefiro atividades, jogos estereotípicos e Percentagens


Frequências
passatempos tradicionalmente do outro género. (%)

Concordo plenamente 15 20

Concordo 5 65

Discordo 0 0

Discordo plenamente 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 14: Distribuição da amostra quanto à preferência de atividades, jogos


estereotípicos e passatempos.

Concordo
Plenamente
75%

Discordo
Discordo
0%
plenamente
0%

Concordo
25%

Quanto a este ponto, observa-se que dos homossexuais inquiridos 75% preferem
definitivamente atividades, jogos estereotípicos e passatempos tradicionalmente do outro
género, ao passo que 25% preferem na maior parte das vezes.

42
Quadro 15: Distribuição da amostra segundo a convicção de ter os sentimentos de
outro género.

Tenho uma forte convicção de ter os sentimentos


Percentagens
e reações típicos do outro género (ou de algum Frequências
(%)
género alternativo diferente do designado).

Concordo plenamente 10 50

Concordo 9 45

Discordo 1 5

Discordo plenamente 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 15: Distribuição da amostra segundo a convicção de ter os sentimentos de


outro género.

Discordo
Discordo
plenamente
5%
0%

Concordo
45%

Concordo
Plenamente
50%

Nota-se no quadro e o gráfico 15 que 50% dos inquiridos afirmaram ter definitivamente
os sentimentos e reações típicos do outro género, enquanto que 45% têm na maior parte das
vezes os sentimentos, e 5% discordam ter os sentimento e rações do outro género.

43
Quadro 16: Distribuição da amostra quanto ao prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida.

A disforia quanto ao género me trouxe prejuízo


Percentagens
no funcionamento social, profissional ou em Frequências
(%)
outras áreas importantes da vida.

Concordo plenamente 2 10

Concordo 15 75

Discordo 1 5

Discordo plenamente 2 10

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 16: Distribuição da amostra quanto ao prejuízo no funcionamento social,


profissional ou em outras áreas importantes da vida.

Discordo Concordo
plenamente plenamente
Discordo 10%
5% 10%

Concordo
75%

Este ponto, ilustram-nos que dos homossexuais inquiridos 75% apresentam prejuízo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida através da disforia
quanto ao género, enquanto que 10% discordam fortemente apresentar prejuízo devido a
disforia quanto ao género.
44
Quadro 17: Distribuição da amostra quanto à realização de atividades sociais.

Não realizo atividades sociais, profissionais ou de


Percentagens
outras áreas importantes devido a incongruência Frequências
(%)
de género.

Sim 12 10

Não 3 75

Às vezes 5 5

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 17: Distribuição da amostra quanto à realização de atividades sociais.

Às vezes
25%

Sim
Não 60%
15%

No quadro e o gráfico 17, observa-se que 60% dos homossexuais inquiridos não realizam
atividades sociais, profissionais ou de outras áreas importantes devido a incongruência de
género, ao passo que 15% dos inquiridos recusam com esta afirmação.

45
Quadro 18: Distribuição da amostra segundo o abandono de atividades importante
por razões relacionadas com a incongruência quanto ao género.

Larguei algumas atividades importante por


Percentagens
razões relacionadas à incongruência quanto ao Frequências
(%)
género.

Sim 17 85

Não 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 18: Distribuição da amostra segundo o abandono de atividades importante


por razões relacionadas à incongruência quanto ao género.

Não
15%

Sim
85%

No que se refere a este ponto é de constatar que 85% dos homossexuais inquiridos já
largaram algumas atividades importante por razões relacionadas à incongruência quanto ao
género, enquanto que 15% dos inquiridos afirmaram não ter largado algumas atividades
importante por razões relacionadas à incongruência quanto ao género.

46
Quadro 19: Distribuição da amostra quanto ao desajuste com a incongruência de
género, na redução da produtividade.

Já senti-me tão desajustado/a com a minha


incongruência de género, que teve a Percentagens
Frequências
produtividade no trabalho/escola ou em outras (%)
áreas reduzida.

Sim 14 70

Não 6 30

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 19: Distribuição da amostra quanto ao desajuste com a incongruência de


género, na redução da produtividade.

Não
30%

Sim
70%

Este ponto faz referência de que 70% dos homossexuais inquiridos já tiveram a
produtividade no trabalho/escola reduzida devido o desajuste que sentiram com a incongruência
de género, enquanto que 30% dos inquiridos afirmam não ter apresentado baixa na
produtividade.

47
Quadro 20: Distribuição da amostra quanto ao uso abusivo de drogas por causa da
disforia de género.

Por consequência da disforia de género faço uso


Percentagens
abusivo de substâncias como álcool, tabaco e Frequências
(%)
outras drogas.

Sim 9 45

Não 11 55

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 20: Distribuição da amostra quanto ao uso abusivo de drogas por causa da
disforia de género.

Sim
45%

Não
55%

O quadro e o gráfico 20, indicam que 55% dos homossexuais inquiridos afirmaram não
fazer uso abusivo de álcool e outras drogas devido da disforia de género, ao passo que 45% dos
inquiridos concordarem ter feito usos abusivo das drogas por consequência a disforia quanto ao
género.

48
Quadro 21: Distribuição da amostra quanto ao desejo de livrar-se das
características sexuais primárias e/ou secundárias.

Sinto um forte desejo de livrar-se das minhas


características sexuais primárias e/ou secundárias Percentagens
Frequências
em razão de discrepância acentuada com o (%)
género experimentado/expresso.

Concordo plenamente 6 30

Concordo 11 55

Discordo 3 15

Discordo plenamente 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 21: Distribuição da amostra quanto ao desejo de livrar-se das


características sexuais primárias e/ou secundárias.

Concordo
55%

Discordo
15%

Concordo Discordo
plenamente plenamente
30% 0%

No que se refere a este ponto é de constatar que dos homossexuais inquiridos 55%
afirmam sentir um forte desejo em livrar-se das características sexuais primárias e/ou
secundárias em razão da discrepância acentuada com o género experimentado/expresso,
enquanto que 15% dos inquiridos discordaram em ter sentido este desejo.

49
Quadro 22: Distribuição da amostra quanto ao sentimento de repulsa da própria
anatomia sexual.

Sinto repulsa da minha própria anatomia sexual,


Percentagens
gostaria que eles fossem removidos e adquirir a Frequências
(%)
anatomia sexual do outro género.

Concordo plenamente 9 45

Concordo 8 40

Discordo 0 0

Discordo plenamente 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 22: Distribuição da amostra quanto ao sentimento de repulsa da própria


anatomia sexual.

Discordo
plenamente
Discordo 15%
0%
Concordo
plenamente
45%

Concordo
40%

O quadro e o gráfico 22, indicam que 45% dos homossexuais inquiridos concordaram
fortemente em sentir repulsa da própria anatomia sexual, enquanto que 40% afirmaram que na
maioria das vezes sentem esta repulsa, à medida que 15% dos homossexuais inquiridos
discordaram fortemente em ter sentido repulsa da própria anatomia sexual.
50
Quadro 23: Distribuição da amostra segundo o desejo de adquirir as
características sexuais primárias e/ou secundárias do outro género.

Sinto um forte desejo em adquirir as


Percentagens
características sexuais primárias e/ou Frequências
(%)
secundárias do outro género.

Concordo plenamente 9 45

Concordo 8 40

Discordo 0 0

Discordo plenamente 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 23: Distribuição da amostra segundo o desejo de adquirir as


características sexuais primárias e/ou secundárias do outro género.

Discordo
plenamente
Discordo 15%
0%
Concordo
plenamente
45%

Concordo
40%

No que se refere a este ponto é de constatar que 45% dos homossexuais inquiridos
concordaram fortemente em adquirir as características sexuais primárias e/ou secundárias do
outro género, enquanto que 15% discordaram fortemente em ter sentido desejo de adquirir a
anatomia sexual do outro género.
51
Quadro 24: Distribuição da amostra segundo o desejo de passar por um
tratamento.

Desejo passar por um tratamento que induza


Percentagens
mudanças no meu corpo de forma a obter as Frequências
(%)
características físicas do outro género.

Sim 17 85

Não 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 24: Distribuição da amostra segundo o desejo de passar por um


tratamento.

Não
15%

Sim
85%

O quadro e o gráfico 24 indicam que a maior percentagem dos homossexuais inquiridos


afirmaram, que desejam passar por um tratamento que induza mudanças corporal de forma a
obter as características físicas do outro género, correspondendo a 85%, enquanto que 15% dos
inquiridos responderam não desejar passar por um tratamento.

52
Quadro 25: Distribuição da amostra quanto à adoção de comportamentos,
vestimentas, e os maneirismos do outro género.

Para me assemelhar ao sexo desejado adoto


Percentagens
parcial ou totalmente os comportamentos, as Frequências
(%)
vestimentas, e os maneirismos do outro género.

Concordo plenamente 4 20

Concordo 16 80

Discordo 0 0

Discordo plenamente 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 25: Distribuição da amostra quanto à adoção de comportamentos,


vestimentas, e os maneirismos do outro género.

Discordo
Discordo 0%
plenamente
0%
Concordo
plenamente
20%

Concordo
80%

No que se refere a este ponto é de constatar que 80% dos homossexuais inquiridos
afirmaram que na maioria das vezes adotam comportamentos, vestimentas, e os maneirismos
do outro género, ao passo que 20% responderam adotar fortemente estes comportamentos e
maneirismos do outro género.

53
Quadro 26 – Distribuição da amostra segundo a adoção de um novo nome.

Adotei um novo nome consistente com o gênero Percentagens


Frequências
experimentado. (%)

Sim 20 100

Não 0 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 26: Distribuição da amostra segundo a adoção de um novo nome.

Não
0%

Sim
100%

De acordo o quadro e o gráfico 26 ilustram que a maior percentagem dos homossexuais


inquiridos adotaram um novo nome, correspondendo a 100%. O que pressupõe dizer que a
nossa amostra é constituída maioritariamente por homens com nomes adotados.

54
Quadro 27: Você fez uso (tratamento) hormonal, cirurgia e/ou outro serviço de
saúde para transformação corporal?

Percentagens
Uso de tratamento para transformação corporal. Frequências
(%)

Sim 2 10

Não 18 90

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 27: Você fez uso (tratamento) hormonal, cirurgia e/ou outro serviço de
saúde para transformação corporal?

Sim
10%

Não
90%

No que se refere a este ponto é de constatar que dos homossexuais inquiridos 90% não
fizeram uso de tratamento para transformação corporal, enquanto que 10% dos homossexuais
inquiridos afirmam já ter feito uso de tratamento para transformação corporal.

55
Quadro 28: Você usou tratamento hormonal ou realizou outras intervenções físicas
sem acompanhamento médico?

Uso de tratamento sem acompanhamento Percentagens


Frequências
médico. (%)

Sim 2 10

Não 18 90

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 28: Você usou tratamento hormonal ou realizou outras intervenções físicas
sem acompanhamento médico?

Sim
10%

Não
90%

No que concerne a este ponto, nota-se que uma percentagem de 90% dos homossexuais
inquiridos não fizeram uso de tratamento sem acompanhamento médico, e 10% dos inquiridos
fizeram uso de tratamento sem acompanhamento médico.

56
Quadro 29: Distribuição da amostra quanto ao tipo de tratamento usado.

Percentagens
Qual(is) Frequências
(%)

Tratamento hormonal 2 100

Cirurgia 0 0

Outros 0 0

Sem resposta 18 0

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 29: Distribuição da amostra quanto ao tipo de tratamento usado.

Tratamento
Hormonal Outros
10% 0%

Cirurgia
0%

Sem resposta
90%

O quadro e o gráfico 29, ilustram uma percentagem de 90% dos homossexuais inquiridos
que não fizeram uso de qualquer intervenção físicas com ou sem acompanhamento médico, pois
não deram qualquer resposta quanto a este ponto, enquanto que 10% dos inquiridos fizeram uso
de tratamento hormonal com ou sem acompanhamento médico.

57
Quadro 30: Que tipo de tratamento usas para atenuar a disforia quanto ao
género?

Que tipo de tratamento usas para atenuar a Percentagens


Frequências
disforia quanto ao género? (%)

Psicoterápico 0 0

Hormonal 2 10

Cirúrgico 0 0

Cosmético/estéticos 4 20

Outros 11 55

Sem resposta 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 30: Que tipo de tratamento usas para atenuar a disforia quanto ao género?

Cosmético/estétic
os Cirúrgico
20% 0%

Outros
55%

Hormonal
10%

Psicoterápico Sem resposta


0% 15%

No que concerne a este ponto, nota-se que 55% dos homossexuais inquiridos fazem uso
de outros meios para atenuar a disforia quanto ao género como adoção de comportamentos,
vestimentas e papeis do outro género, enquanto que 20% dos inquiridos afirmaram fazer uso de
cosméticos/estéticos, e 10% relataram fazer uso de tratamento hormonal, ao passo que 15% não
fazem uso de qualquer meio ou tratamento.

58
Quadro 31: Isso ajuda a lidar com o sofrimento e a se sentir melhor?

Isso ajuda a lidar com o sofrimento e a se sentir Percentagens


Frequências
melhor? (%)

Sim 10 50

Não 7 35

Sem resposta 3 15

Total 20 100
Fonte: Autor (2019).

Gráfico 31: Isso ajuda a lidar com o sofrimento e a se sentir melhor?

Sem resposta
15%

Sim
50%

Não
35%

No que se refere a este ponto é de constatar que dos homossexuais inquiridos 50% têm se
sentindo melhor com o tratamento adotado por eles para atenuar a disforia quanto ao género,
enquanto que 35% dos inquiridos afirmam não ter se sentindo melhor.

59
3.2 – ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS

Após apresentação dos resultados, vamos analisar os dados obtidos das amostras. Sobre
o qual formulamos a seguinte questão de investigação: Qual é o estado da disforia de género
em homossexuais no município de Viana distrito do Zango?

Em função dos resultados da pesquisa, constatou-se que: Os homossexuais são totalmente


representado pelo sexo masculino; Constituída maioritariamente por jovem adulto; Sentem-se
insatisfeito com o próprio género; são da opinião de ter nascido no sexo errado, e se identificam
com o género do sexo feminino.

Levando em consideração as hipóteses formuladas constatamos que, 65% dos


homossexuais inquiridos na maior parte das vezes sentem uma discordância entre o sexo
biológico e a identidade de género, 65% dos inquiridos afirmam que esta discordância tem
causado estresse, sofrimento e desconforto contínuo e recorrente, e 75% apresentam prejuízo
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida através da disforia
quanto ao género. Sendo assim, estes resultados confirmam a hipótese n.º 2.

Verificou-se também que, 85% dos homossexuais inquiridos afirmaram, que desejam
passar por um tratamento que induza mudanças corporal de forma a obter as características
físicas do outro género, 10% dos homossexuais inquiridos relataram já ter feito uso de
tratamento hormonal para transformação corporal sem acompanhamento médico, 55% dos
homossexuais inquiridos fazem uso de outros meios para atenuar a disforia quanto ao género
como adoção de comportamentos, vestimentas e papeis do outro género, enquanto que 20% dos
inquiridos afirmaram fazer uso de cosmético/estéticos. No entanto, dos homossexuais
inquiridos 60% alegaram ter se sentindo melhor com o tratamento adotado por eles para atenuar
a disforia quanto ao género.

60
CONCLUSÃO

Seguindo os objectivos básicos desta pesquisa, procurou-se verificar se há ou não


presença de disforia de género em homossexuais do município de Viana distrito do Zango, já
que os mesmos, na sua grande maioria, indiciam desde muito cedo comportamentos que
induzem a curiosidade quanto a definição da sua identidade de género.

Feito o diagnóstico do estado da disforia de género em homossexuais de Viana distrito


do Zango, os resultados do presente estudo permitem concluir que:

- A maioria dos homossexuais inquiridos, apresentam um estado leve de disforia de


género, pelo facto dos sintomas serem manejáveis, embora causar sofrimento.

- A disforia de género é uma condição com grande impacto na qualidade de vida dos
homossexuais.

- Esta população possui maior incidência em desenvolver algumas enfermidades


psiquiátricas, quando comparados com a população geral, devido ao expressivo grau de
sofrimento ao qual estão expostos.

Deste modo, os resultados da pesquisa respondem satisfatoriamente os nossos objectivos


de estudo.

Para esta pesquisa, enfrentaram-se diversos obstáculos dos quais, as dificuldades em


encontrar livros relacionados com o tema em estudo e o acesso em obter os dados das amostras,
pois alguns homossexuais a princípio mostraram resistência em participar do estudo.

Recomendações

1 – Os serviços de saúde devem qualificar a assistência prestada a esta população, de modo a


aliviar o sofrimento deles(as).

2 – Criação de actividades e intervenções que incentivam o apoio e a integração


social/profissional desta população, fomentando a extinção de preconceito, discriminação e
ostracismo social.

3 – A comunidade académica deve promover eventos que proliferam conhecimentos que


ajudam na compreensão da homossexualidade ou da diversidade sexual ou de género em geral.
61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APA, (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtorno DSM-5. 5.ª ed. Porto Alegre:
Artmed.

ABIA, (2004). Homossexualidade: produção cultural, cidadania e saúde. Rio de Janeiro:


ABIA.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de


Apoio à Gestão Participativa (2015). Transexualidade e travestilidade na saúde. Brasília:
Ministério da Saúde.

Brito, C. (2017). Um olhar crítico às questões de sexo, gênero e transexualidade. Rio de


Janeiro. Trabalho de Conclusão de Curso [Graduação em Psicologia]. Departamento de
Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Fluminense, Volta
Redonda.

Cordioli, A. (2008). Psicoterapias: abordagens atuais. 3.ª ed. Porto Alegre: Artmed.

Cordeiro, D. (2012). Transtorno de identidade sexual em adultos e justiça: laudo psicológico


para mudança de prenome. São Paulo. Dissertação [mestrado em ciências]. Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.

Dias, D. (2012). Transexualismo e endocrinologia. Trabalho final do 6º ano médico com vista
à atribuição do grau de mestre no âmbito do ciclo de estudos de mestrado integrado em
medicina. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Disponível em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/36967/1/Daniela%20Dias%20Mest%20Transex
ualida.pdf. Acesso em: 15 de Fevereiro de 2019

Hales, R. et al. (2012). Tratado de psiquiatria clínica. 5.ª ed. Porto Alegre: Artmed.

Jesus, J. G. de. (2012). Orientações sobre a população transgênero: conceitos e termos.


Brasília: Autor.

Lins, A. & Menezes, J. (2017). A hormonioterapia em adolescente diagnosticado com disforia


de gênero como reflexo do direito ao desenvolvimento da personalidade. Civilistica.com. Rio

62
de Janeiro, a. 6, n. 1, 2017. Disponível em: <http://civilistica.com/a-hormonioterapia-em-
adolescente/>. Acesso em: 28 de Abril de 2018.

Macedo, A. (2018). Identidade de Género e Orientação Sexual na Prática Clínica. 1.ª ed.
Lisboa: Edições Sílabo.

Marconi, M. de A. & Lakato, M. E. (2001). Metodologia Cientifica. 6.ª ed. São Paulo. Editora:
Altas S.A.

Muller, A. (2016). Avaliação dos mecanismos de ruminação em pacientes com disforia de


género. Porto Alegre, RS. Dissertação [mestrado em psiquiatria]. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Faculdade de Medicina.

Nunes, L. (2016). Metamorfoses: Identidades e Papéis de Género. Um Estudo com


Transhomens. Évora. Dissertação [mestrado em psicologia]. Escola de Ciências Sociais,
Departamento de Psicologia da Universidade de Évora.

Pease, A. & Pease, B. (2000). Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? uma
visão científica (e bem humorada) de nossas diferenças. 14.ª ed. Rio de Janeiro: Sextante.

SBP, (2017). Disforia de gênero. Guia prático de atualização. Departamento Científico de


Adolescência. Nº 4, Junho de 2017, 1-18. Disponível em:
http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19706c-GP_-_Disforia_de_Genero.pdf. Acesso
em: 28 de Abril de 2018.

Sá, J. (2017). Tratamento da disforia de género. Porto. Dissertação [mestrado em medicina].


Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto

Saadeh, A. (2004). Transtorno de identidade sexual: um estudo psicopatológico de


transexualismo masculino e feminino. São Paulo. Tese [doutorado em ciências]. Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.

Sadock, et al. (2017). Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria


clínica. 11.ª ed. Porto Alegre: Artmed.

Soll, B. (2016). Incongruência de Gênero: um estudo comparativo entre os critérios


diagnósticos CID-10, CID-11 e DSM-5. Porto Alegre. Dissertação [mestrado em psiquiatria].

63
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria.

Vaz-Freixo, M. J. (2012) Metodologia Científica. 4.ª ed. Lisboa: Instituto Piaget.

Whitbourne, S. & Halgin, R. (2015). Psicopatologia: perspectivas clínicas dos transtornos


psicológicos. 7.ª ed. Porto Alegre: AMGH.

WPATH, (2012). Normas de atenção à saúde das pessoas trans e com variabilidade de gênero
/ [tradução: Lukas Berredo (Brasil / Chile)]. 7ª versão. Disponível em:
https://www.wpath.org/media/cms/Documents/SOC%20v7/SOC%20V7_Portuguese.pdf.
Acessado em: 15 de Fevereiro de 2019.

64

Você também pode gostar