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TRANSEXUALIDADE E SAÚDE PÚBLICA: REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA

TRANSEXUALITY AND PUBLIC HEALTH: LITERATURE REVIEW

SANTOS FERREIRA, Jonathan Vicente dos 1


SOUZA, Sérgio Paulo Jozely de 2

RESUMO

O objeto de estudo é a discussão relacionada a transexualidade no contexto social e


jurídico das políticas públicas de saúde no Brasil, abordando principalmente a questão
do tratamento do indivíduo transexual na qual possui pendências relacionadas ao seu
tratamento e sua identidade de gênero. Trata-se de uma pesquisa descritivo-
exploratório, com abordagem a revisão bibliográfica de artigos nacionais de língua
portuguesa, por meio de buscas efetuadas na base Scielo.

Palavras-chave: Transexualidade; Saúde pública; ética.

ABSTRACT

The object of study is the discussion related to transsexuality in the social and legal
context of public health policies in Brazil, addressing mainly the issue of the treatment
of the transsexual individual in which they have pending issues related to their
treatment and gender identity. This is a descriptive-exploratory research, with a
bibliographical review of Portuguese-language articles of searches carried out at the
Scielo database
.
Keywords: Transsexuality, Public Health, Ethics.

_____________
1Graduando do Curso de Biomedicina da Universidade Anhembi Morumbi (UAM),
jonathan_vicent@hotmail.com;
2Professor orientador: Mestre em Saúde Pública, Universidade Anhembi Morumbi,
josouzas@bol.com.br;
2

São Paulo – SP, dezembro de 2017.


identificado pelo nome e sobrenome na
INTRODUÇÃO
qual prefere ser chamado,
independente do registro civil, não
O transexual, apesar do perfeito
podendo ser tratado de forma
conhecimento de que nasceu com
preconceituosa ou desrespeitosa. É
aquela genitália, não consegue aceitar
garantido também que em qualquer
sua estrutura biológica. Para ele, sua
procedimento cirúrgico, diagnóstico,
identidade sexual é decididamente
consulta, terapêutica e internação o
heterossexual, pois se reconhece como
usuário goze de privacidade e conforto,
sendo feminino e não masculino ou vice
individualidade e confidencialidade de
e versa, o que justifica sua
toda e qualquer informação pessoal
reivindicação quanto á readequação
(Brasil, 2007).
genital e de caracteres secundários
Neste sentido, o trabalho
(Áran, 2009).
desenvolvido teve a ênfase na revisão
A equipe de saúde deve estar
de literatura acerca do transtorno de
pronta para realizar as reivindicações
identidade de gênero, com o intuito de
para que o paciente tenha uma
identificar as pesquisas efetuadas e
intervenção cirúrgica estética
publicadas em língua portuguesa, com
necessária compatível com o sexo
destaque para aquelas que
desejado. De acordo com a literatura, o
apresentassem experiências em
tratamento para pacientes transexuais
atendimento das pessoas nesta
deve seguir o tripé psicológico, assim
condição no SUS.
como tratamento hormonal, e a cirurgia
de readequação sexual (Bordas et al,
METODOLOGIA
2000).
Segundo a Carta dos Direitos
Essa pesquisa foi desenvolvida
dos Usuários da Saúde, é assegurado
a partir de uma revisão bibliográfica que
a qualquer cidadão um atendimento
buscou identificar publicações sobre o
livre de qualquer discriminação,
tema transexualidade e transtorno de
restrição ou negação em função de
identidade de gênero.
orientação sexual e identidade de
A busca por artigos utilizados foi
gênero, dentre outras características. É
realizada por meio das bases de dados
garantido o direito do cidadão de ser
Scielo, além disso, houve uma
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realização da consulta a revista do como qualquer outra e que, portanto,


conselho de psicologia. Para o ninguém a escolhe ter (Bordas, Márcia
presente trabalho, foram realizadas e & Goldim, 2000).
utilizadas as seguintes descrições Para definirmos o que é TIG,
“Transexualidade”, “cirurgia de precisamos rever o que é esse conceito
mudança de sexo” e “bioética”. No de acordo com a ciência atual e não
levantamento, houve delimitação do com crenças, o TIG é caracterizado por
período de publicação e foram uma forte identificação com o gênero
consideradas somente artigos oposto, por um desconforto persistente
nacionais escritos em língua com o próprio sexo e por um sentimento
portuguesa no últimos anos. de inadequação no papel social deste
Os artigos foram selecionados sexo, trata-se de uma condição que
por meio da leitura de seus resumos, causa sofrimento psicológico
cada artigo após feito a seleção foi lido clinicamente significativo e prejuízos no
na integra e, em seguida, foram funcionamento social, ocupacional ou
identificados os temas abordados em em outras áreas importante da vida do
cada publicação. indivíduo (Revista Brasileira de
Psiquiatria, 2010).
DESENVOLVIMENTO Muito se confunde identidade
sexual e identidade de gênero,
De acordo com a 4ª edição do pensando que ambas as expressões
Manual Diagnóstico e Estatístico de são sinônimo. No entanto, a identidade
Transtornos Mentais (DSM IV), a sexual refere-se ao conjunto de
transexualidade está caracterizado características biológicas do indivíduo,
como Transtorno de Identidade de que diferenciam os homens das
Gênero (TIG) e pode ser definido, de mulheres, como por exemplo, as
forma bastante breve e simples, como genitálias, as gônadas, as
o sentimento de infelicidade ou características sexuais secundárias. Já
depressão quanto ao próprio corpo a identidade de gênero não versa sobre
(Áran, 2009). É preciso levar em as características biológicas sexuais de
consideração que a transexualidade um indivíduo, mas sim sobre a forma
não é um ato de vontade pessoal e sim, como ele se vê ou se sente, ou seja,
segundo o Manual, uma patologia como homem ou mulher. Assim, é a
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forma como alguém reconhece a si Até hoje não se sabe as causas do


próprio (masculino ou feminino) e se “transexualismo”, havendo várias
apresenta as demais pessoas. Isso teorias que apontam razões biológicas,
inclui a maneira de pensar, agir, vestir, sociológicas e até mesmo
andar, falar, etc. biossociológicas. Por isto, é falso
Com relação ao gênero, embora afirmar categoricamente que a
limitada como qualquer classificação, identidade de gênero é uma construção
afirma que os indivíduos podem ser puramente cultural, tendo tal assertiva
enquadrados como cisgênero ou tomado ares de ideologia, ante o
transgênero. Assim, os cis gêneros ou estreitamento da discussão e o
cis são as pessoas que estão de acordo dogmatismo estrábico do ativismo em
com o seu sexo de nascimento. Um torno da matéria. Uma parte dos
exemplo, são as pessoas que transexuais reconhece a situação
nasceram do sexo feminino e se sente desde a infância. Já outra parte,
como tal. No entanto, existe uma reconhece a condição de forma tardia,
diversidade de pessoas que não se em virtude do medo que sentem do
enquadram nessa categoria, pois não preconceito social.
se reconhecem de acordo com o sexo A questão é que os transexuais
anatômico. Estes são chamados de geralmente sentem que o seu corpo
transgêneros ou trans. não está adequado ao seu modo de
Portanto, a transexualidade se ser, pensar e sentir e buscam corrigir
difere de orientação sexual, pois aquela esta situação de forma a adequar o seu
diz respeito ao gênero, ou seja, a forma corpo á imagem de gênero que têm de
como o indivíduo se reconhece como si mesmo. Estas mudanças podem
homem ou mulher, enquanto que a ocorrer mediante o uso de roupas,
orientação sexual versa sobre a passando por tratamentos hormonais e
atração sexual que uma pessoa sente até mesmo por procedimentos
por outra. Assim, é errôneo afirmar que cirúrgicos.
um transexual sempre será Desde a última metade do século
considerado homossexual, pois é XX, os avanços científicos têm
possível que um homem que se vista de favorecido o estudo deste transtorno, a
mulher sinta atração por mulheres, maior aceitação social e a possibilidade
sendo, portanto, heterossexual. de um tratamento integral orientado a
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resignação sexual, apesar disso progressivamente o papel social


continua sendo pouco conhecido pela feminino. Depois de dois anos, foi
maior parte da sociedade, incluindo os submetido a vaginoplastia. Atualmente,
profissionais da saúde mental (Revista encontra-se muito satisfeita com a
Brasileira de Psiquiatria, 2010). resignação. Tem boa aceitação social,
A Unidade de Gênero do Hospital laboral, familiar e mantém a relação
Clínic de Barcelona (UIG) atendeu um matrimonial. A esposa afirma que sua
paciente de 51 anos que há três anos orientação é por homens, que não se
recebeu o diagnóstico de TIG homem- considera lésbica, e que mantém seu
mulher, desde pequeno gostava de casamento por uma questão afetiva. O
brincadeiras femininas e, inclusive, sua paciente refere que sua orientação
mãe o tratava como menina. Devido a sexual é e sempre foi por mulheres.
forte repressão do pai, acabou A orientação sexual para o sexo
restringindo suas tendências femininas. biológico contrário ou bissexual não é
E aos 14 anos, começou a namorar um critério de exclusão para o
uma menina, logo no inicio confessou diagnóstico do TIG. Na população
que se sentia como uma mulher e ela espanhola, apenas uma minoria das
entendeu e o apoiou. Aos 23 anos se transexuais homem-mulher apresenta
casaram, em casa o paciente se vestia uma orientação sexual por mulheres
como mulher e as relações sexuais (4,4%) ou bissexual (4,4%),
com penetração eram esporádicas e porcentagem similar às das brasileiras
desagradáveis para ele, acontecendo e asiáticas (0 a 4%) e menores que
apenas para agradar sua esposa. Aos europeias e americanas (33% a 91%).
32 anos tiveram uma filha, e desde a No grupo de mulher-homem, a
juventude ocupa um cargo porcentagem que apresenta uma
administrativo no serviço público e orientação sexual por homem é
manteve papel social masculino devido praticamente nula (0%) e a de
ao desconhecimento, rechaço social e bissexuais, baixa (2,8%), coincidindo
falta de serviços assistências na época. com as outras. Conclui-se que, apesar
Aos 48 anos, época em que a UIG foi da orientação sexual para o sexo
fundada, procurou o serviço. Iniciou o biológico oposto dificultar o diagnóstico
teste da vida real e, posteriormente o diferencial do TIG, não o descarta.
tratamento hormonal, assumindo Além disso, esta discussão destaca a
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importância do diagnóstico correto do um “transtorno de identidade” – dada a


TIG, assim como a possibilidade de não-conformidade entre sexo biológico
acesso ao tratamento na rede pública, e gênero. Podemos notar que o que
uma vez que são poucos os serviços define o diagnóstico de transexualismo
utilizados no Brasil. é uma concepção normativa dos
sistemas de sexo-gênero, fundamentos
TRANSEXUALIDADE de uma matriz binária heterossexual
que se converte em sistema regulador
As pessoas transexuais
de sexualidade e de subjetividade.
experimentam muitas situações
Dadas essas informações, podemos
embaraçosas de opressão, assédio e
dizer que o transexualismo faz parte do
violência (HARPER e SCHNEIDER,
(CID-10) desde 1993, mas somente em
2003), enfrentando inúmeras
1994 com a publicação do Manual de
dificuldades em áreas como a
Diagnóstico e Estatístico de
empregabilidade, habitação, educação
Transtornos Mentais DSM IV, o termo
e acesso aos serviços públicos de
transexualismo, utilizado até então, foi
saúde, além disso, sofrem abuso físico
substituído por Transtorno de
em muitas situações, provenientes de
Identidade de Gênero. Segundo Bento
pessoas próximas, como colegas, pais
e Pelúcio (2012), atualmente existem
e professores. A pessoa transexual,
mais de 100 organizações e quatro
quando inicia as mudanças corporais
redes internacionais na África, Ásia,
na fase adulta, reduz sobremaneira a
Europa, América do Norte e do Sul
capacidade de trabalho e geração de
engajadas na campanha pela retirada
renda, minando a autoconfiança e a
da transexualidade do DSM e do CID.
determinação para o enfretamento dos
Essas mobilizações se organizam em
embates e desafios da vida. Mas para
torno de alguns pontos:
que possamos entender mais sobre a
1) Retirada do TIG (Transtorno
transexualidade, precisamos saber o
de Identidade de Gênero) do
conceito ou definição sobre o que é ser
DSM-V e do CID-11.
transexual.
2) Retirada da menção de sexo
Atualmente temos um discurso, na
em documentos oficiais.
qual o transexualismo na sociologia,
psiquiatria e parte da psicanálise faz
dessa experiência uma patologia – ou
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3) Abolição dos tratamentos de Um clínico que desconheça o


normalização binária para marco de referência cultural de um
pessoas intersexo. indivíduo pode equivocar-se ao
4) Livre acesso aos tratamentos considerar como psicopatologia as
hormonais e as cirurgias variações normais do comportamento,
(sem tutela psiquiátrica). crenças ou experiências peculiares da
5) Luta contra a transfobia, cultura do indivíduo.
propiciando a educação e a Cohen (1999) esclarece que o
inserção social e laboral das CID é código, dizendo que o que
pessoas transexuais definimos como doença é uma
(BENTO E PELUCIO, 2012, convecção, que pode ser modificada.
p.537). Inclusive lembra o fato de a última
edição ser a décima (CID 10), tendo ele
Atualmente existe uma tensão entre os ter sido modificado em dez ocasiões.
profissionais de saúde, que decidem Para decidir quem é competente
quais pessoas deverão ou não ser para se auto administrar, a sociedade
encaminhadas para as cirurgias de concedeu competência aos
resignação sexual, e essas mesmas profissionais da área de saúde mental,
pessoas, que reivindicam sua sendo essa autoridade outorgada pelo
autonomia, seu direito de decidir sobre código civil em seu artigo 5º.
tais intervenções. De acordo com Legalmente, o que torna o indivíduo
Cohen (1999), ao colocar em discussão incompetente (absolutamente incapaz)
as noções de competência e autonomia para tomar suas próprias decisões é
e afirma que a competência sempre sua imaturidade mental ou algum tipo
está atrelada à autonomia. de perturbação mental ou, ainda, a
Segundo o DSM IV, o doença mental (COHEN, 1999, p.18).
diagnóstico pode ser especialmente
LEGISLAÇÃO
difícil quando um profissional de um
A legislação tem um significado
grupo étnico ou cultural usa a
bem formal, ato de legislar, de fazer
Classificação DSM-IV para avaliar um
leis. É a ciência que estuda as leis.
indivíduo de um grupo étnico ou cultural
Portanto, o direito ao nome
diferente.
pertence à categoria dos direitos da
personalidade (LEITE, 2006, p. 342),
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esta é uma das espécies de direitos encaixará ao nome que lhe foi dado ao
fundamentais reconhecidos expressa nascer.
ou implicitamente na Constituição A legalização da cirurgia de
Federal brasileira, que o adquire a partir transgenitalização e de procedimentos
do seu nascimento e transcende a afins foi um processo longo e cercado
própria existência física, sendo de diversas discussões que tiveram
essencial ao exercício de outros início em 1979, quando o Conselho
direitos. Federal de Medicina (CFM) foi
Há hipóteses legais, nas ordens consultado pela primeira vez sobre a
jurídicas brasileira, que permitem a inclusão de próteses mamárias em
alteração parcial do nome do indivíduo pacientes do sexo masculino Protocolo
dado ao nascer. Desta forma, a nº 1529/79, tais atitudes foram
legislação possui mecanismos para a amparadas no Código de Ética Médica
alteração do nome. No Brasil, o Código e no Código Penal, colocavam em
Civil e a Lei de Registros Públicos (Lei pauta a licitude ética e penal da
nº 6.015/73) tratam do assunto. “cirurgia de conversão sexual”, já que
se considerava inicialmente a mesma
TRANSTORNO DE IDENTIDADE “mutilação grave” ou “ofensa à
DE GENERO (TIG) integridade corporal”. Além disso,
foram problematizadas os possíveis
A identidade de gênero tem sido problemas jurídicos que tal intervenção
definida como a forma pela qual o geraria, como a alteração da genitália
indivíduo se auto percebe, servir como argumento para a
independentemente do seu sexo modificação da identidade sexual, o
biológico. Assim, o indivíduo, pode ter que poderia estar relacionado ao crime
nascido homem, porém se ver como de atribuição de falsa identidade,
uma mulher. Com isso, podem ocorrer conforme o Artigo 307 do Código Penal.
situações que podem levar a pessoa ao Em 1997, o Conselho Federal de
constrangimento e lhe causar danos Medicina (CFM), através de uma
psicológicos, principalmente com Resolução nº 1.482, autorizou a
relação ao nome, pois se o indivíduo se realização de cirurgias de
enxerga de forma diversa do seu sexo transgenitalização em pacientes
de nascimento, também não se transexuais no país, alegando seu
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caráter terapêutico. Portanto, esta


resolução parte do princípio de que o “Art. 3º - Que a definição de
paciente transexual é portador de transexualismo obedecerá, no mínimo,
desvio psicológico permanente de aos critérios abaixo enumerados:
identidade sexual, como rejeição do 1) Desconforto com o
fenótipo e tendência á automutilação ou sexo anatômico
auto extermínio, a intervenção cirúrgica natural;
passou a ser legítima no Brasil, desde 2) Desejo expresso de
que o paciente apresente os critérios eliminar as genitais,
necessários para a realização da perder as
mesma e o tratamento siga um características
programa rígido. primárias e
No Brasil não há legislação secundárias do
específica que trate sobre as próprio sexo e ganhar
intervenções cirúrgicas corretivas que as do sexo oposto;
sejam realizadas em transexuais. 3) Permanência desses
Assim, a permissão para a realização distúrbios de forma
destes procedimentos foi dada pelo continua e consistente
Conselho Federal de Medicina no ano por, no mínimo, dois
de 2002, por meio da Resolução nº anos;
1.652, por meio da qual tais cirurgias 4) Ausência de outros
foram reconhecidas no país como transtornos mentais.
adequadas para o ajustamento do sexo
e liberadas para a realização. Art. 4º - Que a seleção dos pacientes
Posteriormente, a Resolução nº 1.652 para a cirurgia de transgenitalismo
foi revogada para a Resolução nº obedecerá a avaliação de equipe
1.955/2010, porém, está manteve os multidisciplinar constituída por médico
mesmos requisitos e critérios à psiquiatra, cirurgião, endocrinologista,
realização da cirurgia de alteração de psicólogo e assistente social,
sexo. Esta resolução traz em seus obedecendo os critérios abaixo
artigos 3º e 4º os critérios de definição definidos, após, no mínimo, dois anos
do transtorno e os critérios para a de acompanhamento conjunto:
realização da cirurgia:
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1) Diagnóstico médico de retirada dos testículos, construindo-se


transgenitalismo; uma cavidade vaginal; e a
2) Maior de 21 (vinte e um) neofaloplastia, em que é construído um
anos; pênis utilizando-se o tecido retirado de
3) Ausência de características outra parte do corpo do paciente, como
físicas inapropriadas para a o antebraço e colocado onde antes
cirurgia.” havia uma vagina. Após a cirurgia, o
indivíduo, agora transexual, está com o
Vale ressaltar que segundo o corpo de acordo com o seu psicológico.
item 4 do art. 3º, o transexual não pode Mas temos uma pergunta, poderá ele
ser portador de “outro transtorno metal” alterar o registro de nascimento, em
para ter direito ao tratamento. Assim, o virtude da sua nova condição sexual?
transexualismo fora tratado como A lei brasileira é omissa quanto a
transtorno mental, na categoria possibilidade de alteração do nome dos
transtorno sexual, também chamado de transexuais, contudo, tal alteração
síndrome da disforia sexual ou de pode ser feita com base no princípio da
gênero ou transtorno de identidade dignidade da pessoa humana, que é
sexual (CID 10 – F64.0). Porém, no considerado um princípio de extrema
próximo CID (CID 11), há a proposta importância à proteção e
que o transexualismo deixe a categoria desenvolvimento das pessoas.
de transtorno mental para ser Ademais, outro fundamento é o direito
considerado “condição relativa a a saúde, instituído na Constituição
sexualidade”. Do ponto de vista da Federal de 1988, em seu art. 6º, como
psiquiatria, o fato de um indivíduo não um direito social. Assim, a partir do
se sentir de acordo com o seu sexo momento em que o transexual altera o
anatômico é mais considerado uma seu nome no registro público, passa a
doença mental. ter também a estabilidade psicológica.
Vale ressaltar que a cirurgia de Nos dias atuais, apesar de, como já fora
redesignação sexual é complexa e exposto, não haver legislação
irreversível, somente ocorrendo por específica sobre o tema no Brasil, a
exigência médica. A cirurgia pode ser jurisprudência majoritária está
de dois tipos: a neocolpovulvoplastia, decidindo a favor da alteração do
em que há a ablação do pênis e a
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prenome do transexual no registro antecedentes criminais. Quanto aos


público. interesses da criança e do adolescente,
Em 2013, os deputados Jean Wyllys e prevê a assistência da Defensoria
Erika Kokay, baseados na lei de Pública, de acordo com o
identidade de gênero argentina estabelecimento para Estatuto da
apresentaram o Projeto de Lei Criança e do Adolescente. A lei
5002/2013 João W. Nery – Lei de também regulamenta as intervenções
Identidade de Gênero, que dispõe cirúrgicas e os tratamentos hormonais
sobre o direito à identidade de gênero e que se realizam como parte do
propõe a alteração do artigo 58 da Lei processo de transexualização,
6.015 de 1973, segundo o qual. garantindo a livre determinação das
Parágrafo único pessoas sobre seus corpos, além de
Em nenhum caso serão não ser obrigatório o tempo de terapia
requisitos para alteração do prenome: compulsória.
I – intervenção cirúrgica de A existência de termos
transexualização total ou parcial; usualmente classificatório para mulher
II – terapias hormonais; transexual, mulher trans, transmulher,
III – qualquer outro tipo de ou transexual não define nada, mulher
tratamento ou diagnóstico psicológico nasce mulher, torna-se mulher sente
ou médico; mulher e homem no mesmo caso como
IV – autorização judicial. diz Simone Baeuvoir, existe uma
A nova lei propõe que toda pessoa seja qualificação para indivíduo que pleiteia
reconhecida e tratada de acordo com a cirurgia de redesignação sexual seja
sua identidade de gênero e identificada de homem para mulher ou de mulher
dessa maneira nos instrumentos que para homem, que confunde a coisa por
creditem sua identidade pessoal, falta de informação.
assegurando também a continuidade O transexual reivindica a
jurídica da pessoa, através do número conquista do reconhecimento sexual e
de identidade e do registro civil das legal de igualitária junto ao projeto de
pessoas naturais e sua notificação aos Lei João W. Nery (lei de identidade de
órgãos competentes, garantido o sigilo gênero).
do trâmite. Além disso, garante os Antigamente, convivíamos mais
direitos e obrigações eleitorais, fiscais e livremente com a possibilidade da
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mistura dos sexos. Somente a partir do patologização, e receber o diagnóstico


século XVII, é que teorias biológicas da de transexual pode levar o indivíduo a
sexualidade e as condições jurídicas se sentir doente, errado, disfuncional,
impostas aos indivíduos conduziram anormal, ou seja, sofrer estigmatização
poupo a poupo a refutação da ideia da consequente ao diagnóstico. Ao ser
mistura de dois sexos em um só corpo. classificado como um transtorno, não
Assim dizemos que, o dispositivo da se garante ao indivíduo a autonomia
sexualidade instaurou a necessidade para determinar o próprio gênero.
de saber, através da medicina, qual o Val, Melo, Grande e Gomez
sexo determinado pela natureza e, por (2009), abordam que os avanços
consequência, aquele que a justiça científicos que ocorrem desde a última
exige e reconhece. Ser ‘sexuado’ é metade do século XX têm permitido não
estar submetido a um conjunto de apenas que se estude o transtorno,
regulações sociais, as quais constituem mas ainda uma maior aceitação social
uma norma que, ao mesmo tempo em e a possibilidade de um tratamento
que norteia uma intelegibilidade e uma integral que esteja orientado para a
consequência entre sexo, gênero, redesignação sexual. Apesar disso, o
prazeres e desejos, funciona como um TIG continua sendo pouco conhecido
princípio hermenêutico de auto- pela maior parte da sociedade,
interpretação. Neste sentido, o incluindo os profissionais de saúde,
‘verdadeiro sexo’ é o efeito da Áran, Murta e Zaidhat (2008) salientam
naturalização de uma norma que a confirmação do diagnóstico de
materializada. transexualismo torna-se condição do
Para o Ministério da Saúde, transexuais tratamento, sendo que a cirurgia só
são pessoas que não aceitam o sexo poderá ser realizada após, no mínimo,
que ostentam anatomicamente. Na dois anos de acompanhamento
transexualidade, o indivíduo identifica- psiquiátrico.
se com o sexo oposto, embora dotado O discurso atual sobre o
de genitália externa e interna de um transexualismo na sexologia, na
único sexo (Ramsey, 2005). psiquiatria e em parte na psicanálise
Para Athayde (2001), o faz dessa experiência uma patologia –
diagnóstico de transtorno de identidade um ‘transtorno de identidade’ – dada a
de gênero pode ser um instrumento de não conformidade entre sexo biológico
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e gênero. Falar de sexualidade é Porém, o surgimento do que


também se referir â produção de Bento denomina de dispositivo da
saberes que a constituem, aos transexualidade não se deu a partir do
sistemas de poder que regulam suas debate sobre o diagnóstico, mas sim a
práticas e às formas pelas quais os partir da primeira intervenção
indivíduos podem e devem se terapêutica tornada pública: a cirurgia
reconhecer como sujeitos sexuados. do ex-soldado do exército americano
Em outras palavras, sexo – homem, George Jorgensen realizada por
mulher – não é um simples fato ou uma Christian Hamburger, em 1952, na
condição estática, e sim “uma Dinamarca. Neste contexto, as novas
construção ideal forçosamente teorias médicas e sociológicas
materializada através do tempo”. conduziram muitos pesquisadores para
Retomando historicamente a uma nova definição do conceito de
constituição do discurso científico sobre transexualismo e para a defesa de
o sexo, podemos perceber como a tratamento dos transexuais através de
norma heterossexual e reprodutiva intervenções corporais. (Murta D. A
culminou na constituição do saber psiquiatrização da transexualidade:
psiquiátrico do século XIX e, análise dos efeitos do diagnóstico de
consequentemente, na psiquiatrização Transtorno de Identidade de Gênero
do prazer perverso e na sobre as práticas de saúde
problematização da [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ):
homossexualidade. A partir disso, foi Instituto de Medicina Social, UERJ;
construída uma semiologia dos 2007)
comportamentos definidos como Outra referência importante para
anormais. Com efeito, na obra de Von a definição de transexualidade são as
Krafft-Ebing podem ser observadas as teses de Robert Stoller, onde este autor
primeiras referências sobre definiu a transexualidade baseada em
transexualismo e a descrição de outras três aspectos: (1) um sentimento de
alterações das características identidade permanente, uma crença
psicossexuais da personalidade, como (no caso da transexualidade masculina)
a metamorfose psicossexual e o numa ausência feminina sem
hermafroditismo (Peixoto Jr CA. 1999). ambiguidades (diferentemente do
transvestismo); (2) uma relação com o
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pênis vivida “como horror”; (3) uma Embora a associação do


especificidade na relação com a mãe diagnóstico de transexualismo e
que o autor chama de simbiose. Porém, redesignação sexual tenha viabilizando
o autor ressalta que essa relação não a institucionalização do debate sobre a
pode ser considerada psicotizante, assistência dessa clientela na rede
principalmente porque a capacidade de pública de saúde, devemos considerar
integração social dessas pessoas a complexidade que envolve
permanece intacta, contrariando compreender a condição transexual
teorizações como as da psicanálise como uma anormalidade, colocando
lacaniana, nas quais se destaca a em pauta o paradoxo de que, se por um
relação entre a transexualidade e a lado o diagnóstico torna legítima a
compreensão lógica e estrutural da demanda por redesignação sexual e
psicose. possibilita o acesso aos serviços de
Nota-se que, embora a saúde, por outro é raiz de restrições
transexualidade já fosse um fenômeno sociais e estigma que afeta diversos
reconhecido desde o final do século níveis da vida desses indivíduos,
XIX, as discussões em torno da reforçando sua condição de exclusão
temática tiveram início apenas a partir social.
da possibilidade de intervenção médica Na discussão, para os defensores
sobre esses casos, viabilizando a do transexualismo como categoria
constituição de um campo assistencial, nosológica, entre os quais estão alguns
em especial nos serviços públicos de membros da comunidade LGBT,
saúde, voltando para seu tratamento psiquiatras, psicólogos e
em diversos países. Porém, como pesquisadores, essa definição tem
afirmamos, o diagnóstico de transtorno função de extrema importância, pois
de identidade de gênero, produto de garante o reconhecimento do direito do
uma exigência médico-legal, reproduz paciente transexual de utilizar o serviço
um sistema normativo de sexo e gênero de saúde para realizar a conversão
que não condiz com os modos de sexual. Segundo esta posição, através
subjetivação ou a diversidade das do diagnóstico psiquiátrico, o desejo de
formas de construção de gênero na realizar a cirurgia de transgenitalização
transexualidade. e procedimentos afins pode ser
concretizado a partir de uma
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necessidade médica, possibilitando, de 2004 e constitui importante iniciativa


assim, uma modalidade de exercício de para fortalecimento de políticas
autonomia. públicas que permitam a inclusão de
Observamos que existem duas transexuais na rede pública de saúde
formas diferentes de abordar a questão no Brasil (Áran et al., 2009).
da autonomia, que se expressam na Um levantamento realizado por
forma como cada uma compreende a Áran e Murta (2006), os serviços de
autodeterminação e a medicalização. saúde especializados em
De um lado, há uma visão que admite a transexualidade existentes no Brasil
necessidade de condições específicas são os seguintes:
para o exercício da autonomia plena, 1) Programa de Transtorno de
ou seja, que não é possível pressupor Identidade de Gênero (PROTIG) do
o exercício da autonomia numa Hospital de Clínicas de Porto Alegre –
população que se encontra numa UFRGS.
situação de extrema vulnerabilidade, 2) Unidade de Urologia
considerando que a mesma não é um Reconstrutora Genital do Hospital
conceito, mas uma pratica socialmente Universitário Pedro Ernesto – UERJ.
condicionada; e de outro, há a 3) Ambulatório de Transexualidade –
argumentação que sugere nesta Projeto Sexualidade (PROSEX) do
situação a pratica de trans-autonomia Instituto de Psiquiatria do Hospital das
seria enfraquecida, ou até mesmo Clínicas da Faculdade de Medicina da
comprometida, ao estar sujeita a USP.
determinado tipo de avaliação e 4) Projeto Transexualismo do
enquadramento psiquiátrico e Hospital das Clínicas de Goiânia.
psicológico. 5) Programa de Atendimento a
Desde de 2004 a temática Transexuais e Cirurgia de
referente á assistência de pacientes Transgenitalização do Hospital
transexuais tem sido abordada pelo Universitário Clementino Fraga Filho
Comitê Técnico Saúde da População UFRJ.
de Gays, Lésbicas, Transgêneros e 6) Ambulatório de Endocrinologia
Bissexuais do Ministério da Saúde. Tal Especial (Transtorno de Identidade de
Comitê foi instituído através da Gênero) do Instituto Estadual de
Portaria/GM Nº2227, de 14 de outubro
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Diabetes e Endocrinologia Luiz destacaram o desejo de obter uma


Capriglione (IEDE). identidade feminina e não
7) Hospital das Clínicas da UFMG. necessariamente de ter relações
8) Transexualidade – Serviços de sexuais. Elas expressam a vontade de
Urologia da Faculdade de Medicina e serem vistas e desejadas como
Hospital Base. mulheres. Na maioria dos
9) Atendimento Ambulatorial a relacionamentos, as pacientes não
Transexuais do Hospital Universitário praticavam nenhuma forma de relação
de Brasília. sexual. Muitas delas preferiam não ter
10) Departamento de Psicologia do relações sexuais por não poderem se
Instituto Paulista de Sexualidade. apresentar como transexuais e por não
compreenderem seus genitais como
Todos os serviços pesquisados instrumentos de prazer. Muitas
são credenciados pelo SUS, a maioria iniciavam um relacionamento e o
deles possuem equipe formada por interrompiam por medo da reação do
urologista, endocrinologista, parceiro. A maioria delas relatou
ginecologista, cirurgião plástico, grande dificuldade profissional devido
psiquiatra, psicólogo, serviço social e ao preconceito, principalmente quanto
apenas os serviços da UERF e HC- ao registro civil ser inconivente com a
Goiânia possuem enfermeiro envolvido aparência. Relataram, sobretudo, a
no programa (Áran & Murta, 2006). grande mudança em suas vidas após o
Uma pesquisa realizada no início do tratamento e a realização da
Hospital Universitário Clementino cirurgia de transgenitalização.
Fraga Filho da UFRJ, a respeito do Embora discutida por poucos
tratamento de pacientes transexuais, autores no Brasil, a transexualidade,
entrevistou pacientes que viviam essa ainda denominada de Transtorno de
condição de intenso sofrimento identidade de gênero, é considerada
psíquico. A pesquisa registrou como patologia pela Organização
tentativas de suicídio, ocorrência de Mundial da Saúde através do Código
depressão, transtornos alimentares e Internacional de Doenças CID 10 (Áran,
angustias das mais diversas formas 2009). É preciso destacar que o campo
(Áran, Zaidhat & Murta, 2008). As da Psicologia Social realiza intensos
pacientes, durante as consultas, debates acerca da temática gênero e
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sexualidades, a exemplo de Mello et al. considerada patologia ou não o fato é


(2011). que os transexuais são indivíduos que
Existem discussões acerca da vivem em uma luta contra si mesmo e
despatologização da transexualidade, vivem em conflito interno de serem uma
pois alguns autores justificam que a coisa e enxergarem no espelho outra. É
transexualidade é uma condição na devido esse intenso sofrimento
qual o indivíduo se enquadra, que está psíquico que muitos acabam praticando
passando por uma transição e que ser tentativas de suicídio, apresentam
tratada como patologia deixará o depressão, transtornos alimentares e
indivíduo com um estigma muito maior angustias das mais diversas formas.
do que ele está carregando consigo Os entrevistados no estudo de
(Athayde, 2001). Também justificam a Sampaio e Coelho (2012, p. 646)
impossibilidade de um diagnóstico ressaltaram a expectativa de que
certo, uma vez que cada caso é profissionais de Psicologia envolvidos
diferente do outro mesmo que a no cuidado a população transexual
problemática seja a mesma eles estejam capacitados como forma de
possuem um conflito consigo mesmos “não promoverem um maior
e não uma doença pré-estabelecida desconforto, sentimentos de exclusão e
com parâmetros para diagnóstico. O discriminação por desconhecimento ou
que permite o diagnóstico com precisão curiosidade, o que, por vezes, pode
é o intenso sofrimento psíquico, social gerar uma tentativa de promover uma
e existencial que aparece através de cura ou convencimento da desistência
diferentes manifestações. É entendido das cirurgias e outras intervenções”.
que o tratamento não levará a Os transexuais devem sempre ser
aceitação do corpo físico existente e acolhidos e tratados nos serviços de
sim a adequação do físico a mente. Já saúde, seguindo os preceitos da
outros autores defendem que a universidade, integralidade e equidade
transexualidade é um transtorno mental da atenção, princípios resguardados
e que o seu diagnóstico é pelo SUS. Infelizmente os serviços de
imprescindível para o tratamento e o saúde enfrentam enorme resistência
mesmo será definido através de institucional devido não apenas ao
incoerência entre o sexo e o gênero preconceito, a homofobia e a
(Spizzirril et al. 2006). Independente de discriminação incutidas em algumas
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práticas de saúde, como também não é portador de um transtorno, e


dificuldades de compreensão da deixa de ser uma pessoa que deve ser
importância do princípio da equidade. O tratado como qualquer ser humano,
grande desafio para uma assistência de sujeito de deveres e obrigações e
qualidade ao transexual é o também detentor de inúmeros direitos
reconhecimento do sofrimento psíquico garantidos a cidadãos brasileiros.
e a importância de tratar desigualmente
REFERÊNCIAS
os desiguais, como forma de justiça
social.
ARÁN, M.; MURTA, D.; LIONÇO, T.
Transexualidade e Saúde Pública no
CONSIDERAÇÕES FINAIS Brasil. Cienc. Saude Colet., v.14, n.4,
p.1141-9, 2009
Nas últimas décadas o tema COHEN, C. Bioética e sexualidade
transexualidade veem adquirido cada nas relações profissionais. São
Paulo: Associação Paulista, 1999.
vez mais importância sobretudo em
função da regulamentação de ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, Classificação de
programas de assistência a pacientes Transtornos Mentais e de
transexuais nos serviços públicos de Comportamento da CID-10:
descrições clínicas e diretrizes
saúde, o que exige uma reflexão mais
diagnósticas. Porto Alegre: Artmed,
rigorosa sobre as questões de ordem 1993
ética, bioética, jurídica e social. SAMPAIO, L.L.P.; COELHO, M.T.A.D.
Considerando que a existência Transexualidade: aspectos
psicológicos e novas demandas ao
da transexualidade à qual é revestida
setor saúde. Interface (Botucatu)
de inúmeros preconceitos, os quais [online], v.16, n.42, p. 637-649, 2012ª.
invariavelmente afetam e interferem SAMPAIO, L.L.P.; COELHO, M.T.A.D.
negativamente na vida e diagnóstico Quando o estranhamento se traduz em
preconceito: trajetórias de vida de
dos indivíduos transexuais, é de pessoas transexuais. In: Minorias
fundamental importância manter um Sexuais: direitos e preconceitos.
VIEIRA, T.R. (org). Brasília – DF:
campo de reflexões sobre o tema, a fim
Consulex, 2012b. p. 341-351.
de promover uma postura que permita
WYLLYS, J.; KOKAY, E. Projeto de Lei
aos serviços de saúde o acolhimento 5002/2013 João W. Nery – Lei de
integral desses indivíduos, valorizando Identidade de Gênero.
a diversidade. Diante desta reflexão
conclui-se que o indivíduo transexual

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