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Iara Filipa Figueira de Carvalho, ano de 2022, @iaradcarvalhoo

Camilo Castelo Branco - Amor de


Perdição
Contextualização:

Camilo Castelo Branco estava preso na cadeia da Relação do Porto, na altura em que
escreveu esta obra, devido às acusações de adultério perante a sua fuga com Ana
Plácido (senhora casada).

Simão Botelho, personagem principal da obra, é tio do autor (irmão do pai de Camilo).
E havia estado preso naquela mesmo prisão anos antes, por motivos, à semelhança do
sobrinho, de relação amorosa.

Em 1861, um ano após cárcere, Camilo é absolvido das acusações mudando-se para
Lisboa com a amada, tendo posteriormente mais dois filhos (pois Ana já tinha um filho
do seu primeiro casamento com Pinheiro Alves). Mudam-se para propriedade do ex-
marido de Ana após o falecimento deste, lá Camilo, vê-se na obrigação de produzir
mais obras para poder providenciar a sua família. Morre angustiadamente depois da
sua progressiva cegueira o atrapalhar na escrita, e perante a vida que os filhos levam.

Estrutura da obra:

A obra pode ser dividida em três momentos, celebrados pela ilustre frase “Amou,
perdeu-se, e morreu amando...”.

“AMOU, PERDEU-SE, E MORREU AMANDO...”

3º Momento

1º Momento
2º Momento

Resumo da Obra:

1º Momento

- Contextualização, explicação da árvore genealógica da família. Descrição física


(direta) e psicológica (indiretamente) de Simão.

- Explicação do ódio entre as famílias dos Botelho Castelo Branco e os Albuquerque.

- Exploração ao carácter rebelde de Simão que devido às suas fortes opiniões, e


carácter violento, acaba preso durante 6 meses. Dando sempre muitos trabalhos a seu
pai, Domingues Botelho, que é corregedor e o tenta ajudar perante tais situações.
Iara Filipa Figueira de Carvalho, ano de 2022, @iaradcarvalhoo

- Paixão por Teresa, filha de Tadeu Albuquerque (da família rival)

- Mudança radical do comportamento de Simão, devido à paixão, tornando-se mais


moderado e sensato.

- Descoberta da relação entre Simão e Teresa, por Tadeu, que ameaça enclausurar a
filha num convento e promove a aproximação da filha a Baltasar Coutinho (primo da
mesma).

- Rejeição de Teresa que confessa o seu amor por Simão.

- Imposição de Baltasar a Teresa, que sempre o renega, e promessa de Tadeu de


Albuquerque de enviar a filha para um convento (por esta continuar a afirmar o seu
amor por Simão). Teresa envia carta a Simão contando a situação.

- Visita de Simão à sua amada, durante a noite, interrompida por Baltasar, que prepara
uma emboscada ao seu adversário.

2º Momento

- Fuga de Simão, apesar de ferido, com a ajuda de João da Cruz e do cunhado deste,
que matam dois criados de Baltasar (enviados por este último para matar Simão, com
o conhecimento de Tadeu).

- Refúgio de Simão em casa do mestre ferrador, que o ajuda sempre devido à sua
dívida com o pai do rapaz Domingues, a quem deve a vida. Ida de Teresa para o
convento de Viseu.

- Mariana, filha de João da Cruz, cuida carinhosamente de Simão por quem se


apaixona.

- Plano de Tadeu de transferir a filha para o Convento de Monchique, no Porto, de


modo a afastá-la de Simão, que prepara um plano para a resgatar. Ajuda de Mariana,
que se prontifica a fazer chegar uma carta de Simão a Teresa.

- Ida de Simão ao convento de Viseu, onde se encontra com Baltasar, matando-o e


entregando-se às autoridades em seguida.

- Abandono de Simão pela sua família, tendo apenas o auxílio de Mariana e João da
Cruz.

- Condenação de Simão à forca, após 7 meses de prisão, deixando Mariana prestes a


enlouquecer, sendo João da Cruz, o novo responsável por fazer chegar as cartas de
Simão a Teresa.

- Melhora de Mariana. Doença de Teresa, que anseia pela morte, apesar de Simão,
com quem se corresponde secretamente, através de Mariana, a incitar a não desistir.
Iara Filipa Figueira de Carvalho, ano de 2022, @iaradcarvalhoo

- Decisão de Tadeu em trazer a filha para Viseu devido em parte à saúde frágil da
mesma, mas, sobretudo, à transferência de Simão para a cadeia da Relação do Porto.

- Recusa de Teresa em ir para Viseu com o pai (também tem conhecimento da


transferência de Simão).

- Assassínio de João Cruz pelo filho do almocreve que o mesmo assassinara 10 anos
antes.

- Condenação de Simão ao degredo da Índia, por 10 anos, cuja Mariana pretende


acompanhar. Domingues Botelho e D. Rita Preciosa (pais de Simão) foram os
responsáveis pela mudança de condenação à forca para o degredo.

- Súplica vã de Teresa a Simão para que este aceite outro acordo que Domingues lhe
tinha conseguido arranjar, de 10 anos de prisão em Portugal. Mas Simão rejeita
perante a possibilidade de “liberdade”.

3º Momento

- Partida de Simão para a Índia com Mariana, e morte de Teresa (devido à doença que
a acompanhava)

- Morte de Simão passados 10 dias do óbito de Teresa, devido a febres elevadas, e


suicídio de Mariana, que se atira ao mar, na companhia do corpo do seu amado.

Embora o narrador não participe na narrativa (heterodiegético), o seu discurso é


marcado pelo uso de exclamações e ponderações que comovam o leitor. O narrador
tem essa expectativa de que o leitor se comova, chamando-o para com ele partilhar
emoções.

A obra como crónica da mudança social:

- Crítica ao Ser vs. Parecer

- Denúncia dos privilégios das classes superiores e da vida conventual desregrada

- Condenação dos casamentos por conveniência

- Oposição a uma sociedade repressiva e retrógrada, associada ao poder de


instituições como a Justiça e a Igreja

- Defesa da liberdade individual e da valorização dos ideais nobres

- Valorização social da mulher vs. Autoritarismo paterno

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