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mais velho, Manuel, com quem tivera algumas desavenças, e irmãs mais
novas. A sua mãe chamava-se Rita e por vezes tinha uma atitude de soberba.
Simão era um jovem que envergonhava a família. As suas amizades eram
apenas com aqueles que pertenciam às classes mais pobres. E por tais
atitudes desgostava muito a seus pais, eles na verdade nem sentiam amor
pelo filho.
Porém, passado um tempo, Simão mudou totalmente. Não saía mais de casa,
as suas más amizades findaram, as suas desordens também e passava os
dias em casa, com a Rita, a sua irmã mais nova e também a sua preferida. A
mudança no comportamento dele devia-se à sua paixão por Teresa
Albuquerque, filha de Tadeu Albuquerque. Estes haviam-se apaixonado, mas
Simão e Teresa eram membros de famílias rivais, moradores de casas
vizinhas, em Viseu.
Na casa de Simão, o pai, muito irritado com aquela paixão, resolve pôr fim ao
romance entre o seu filho e Teresa, enviando o jovem Simão para Coimbra de
modo a concluir os seus estudos; pretendia com isso sufocar o amor dos
jovens pela distância.
Após uma tentativa falhada de se encontrar com Teresa, Simão sai ferido. O
rapaz procura refúgio na casa de João da Cruz para recuperar dos
ferimentos. Os amantes ainda mantinham comunicação por meio de uma
velha mendiga que passava com frequência sob a janela do quarto de
Teresa.
Teresa começa a ter a sua saúde abalada, cada vez mais triste e muito
magoada, parece ter perdido a vontade de viver.
Ao embarcar rumo à Índia, Simão vê, pela última vez, Teresa, no mirante do
convento. Também Teresa contempla o navio que levava o seu amado. Logo
após, Teresa morre de desgosto. Simão, antes de seguir o seu destino, toma
conhecimento da morte de Teresa e segue rumo ao degredo. Relê cartas de
Teresa e o seu corpo vai sendo consumido pela morte. Nove dias após o
início da viagem, Simão adoeceu, tinha febres e delírios, e acabou por
morrer. Mariana, não resistindo à perda de Simão, no momento em que vão
lançar o corpo ao mar, lança-se ao mar também.
Ironicamente, na água do mar sem fim, bóiam papéis. São cartas de Simão e
Teresa.
Este romance foi escrito por Camilo em 15 dias, quando o autor vivia na
prisão, condenado pelo adultério com D. Ana Plácido.
Mistura de realidade e fantasia é o que presenciamos. Os dois amantes
infelizes não conseguem a felicidade na Terra, transferem as suas
esperanças para o misterioso Além-Túmulo.
A Obra
O livro Amor de Perdição é um romance do autor Camilo Castelo Branco. Durante uma vida de
64 anos ele escreveu textos monumentais. Passou por momentos difíceis e transportou para
os seus livros emoções fortes e contagiantes. Um mundo criado à sua imagem e semelhança.
Há sentimento, paixão, cinismo, sarcasmo, ensinamentos morais, emoção, drama, ódio, amor,
comédia, blasfémia, oração. Provoca elogios e críticas. E é nesse meio que surgiu Amor de
Perdição.
BIOGRAFIA: Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825,
na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa, atualmente com os nºos 5 a 13. Filho
de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, foi
batizado na Igreja dos Mártires a 14 de Abril de 1825. Os seus padrinhos foram o dr. José
Camilo Ferreira Botelho, de Vila Real, e Nossa Senhora da Conceição.
Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, pelo que se diz, porque o seu pai e a sua avó
não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde
condição. A morte do pai obrigou-o a ir viver para Trás-os-Montes. Como era uma criança
sensível e muito inteligente, vai sofrer grandes perturbações com todos os acontecimentos da
sua infância. Ao longo da sua existência revelou-se um falhado nos estudos e nos amores. As
vicissitudes da vida fazem-lhe despoletar a ideia de que a fatalidade e a desgraça são destinos
a que não pode escapar. Foi um profissional das letras multifacetado, cuja obra o posicionou
como uma das figuras mais eminentes da literatura portuguesa. Suicidou-se a 1 de Junho de
1890, na freguesia de Ceide, Vila Nova de Famalicão.