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Bajard, Élie. Nova embalagem, mercadoria antiga. Educação e Pesquisa [online]. 2006, v.

32,
n. 3, pp. 493-507. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1517-97022006000300005>.
Aceso em: 16 Nov. 20222.

O artigo levanta questões antagônicas das políticas públicas educacionais atuais, que defende
o método fônico como o mais eficaz na aprendizagem da língua escrita. Contrapondo-se as
pesquisas e movimentos pedagógicos que construíram os Parâmetros Curriculares Nacionais,
na qual a aprendizagem da língua escrita acontece por meio do uso que se faz dela, na
interação com o outro. A par disso, o autor utiliza de dois textos – o Relatório de
Alfabetização Infantil1 e o texto francês Observatoire National de la Lecture (ONL)2 - para
questionar e criticar o reducionismo da aprendizagem da escrita em seus processos linguístico,
semiótico, psicológico e pedagógico. A primeira critica está na forma coercitiva e recorrente
da escrita do relatório, agarrando-se as “ciências salvadoras”, o que acaba por gerar suspeitas.
Desta forma, o autor passa a analisar os dois documentos citados, apresentando a primeira
incongruência quando afirma que a leitura é uma dupla extração. Extração de significado e
extração de pronuncia, excluído as práticas culturais do ato ler presentes em várias línguas
não ocidentais. Além que, no final de sua argumentação o Relatório abdica do argumento
inicial, reduzindo a leitura, somente, a extração da pronuncia. Bajard, opõe-se as
argumentações do método fônico apresentada no Relatório, pela insuficiência de argumentos
completos, baseando em resultados parciais, que ignora a junção da dimensão ideográfica e da
dimensão alfabética da escrita. Assim, o Relatório acaba por ser a reescrita da metodologia da
escola tradicional, a antiga decifração substituída pela agora pela: extração da pronúncia e do
sentido. Caindo na velha armadilha, na qual os alunos decodificam textos, mas não
compreendem o que lêem. É nova e velha repetição de uma solução que continua recriando
analfabetismo funcional em uma cultura cada vez mais letrada.

1
BRASIL. Relatório final do grupo de trabalho “Alfabetização infantil: os novos caminhos”. Apresentado no
seminário “O poder legislativo e a alfabetização infantil: os novos caminhos”. Câmara dos Deputados, Comissão
de Educação e Cultura. Brasília, 15 de setembro de 2003.
2
FAYOL, M.; MORAIS, J. La lecture et son apprentissage. Observatoire National de la Lecture. L’évolution de
l’enseignement de la lecture en France, depuis dix ans In: Journées de l‘ONL. Clermont-Ferrand. Disponível em:
<http://www.inrp.fr/ONL/ressources/publi/publications_tot.htm>. Acesso em: janeiro de 2004.

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