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Universidade de Brasília

Docente: Juliana Prado


Discentes: Elis Mariane, Isabela Dumont, Izabela Críscia, Maria Luísa Vaz e
Yannca Monteiro
O artigo científico “Decolonialidade no Ensino de Línguas: um olhar para a
formação docente através de uma narrativa autobiográfica”, escrito por Gabriel Jean
Sanches - doutor em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e
coordenador institucional da Universidade Estadual do Paraná -, aborda a necessidade
da participação dos graduandos em conjunto com os professores no aprendizado de
línguas, além da importância da decolonialidade cultural linguística nesse processo.
Dessa forma, o objetivo central é desconstruir a mentalidade do Brasil Colônia ainda
existente, principalmente na área acadêmica da língua.  A pesquisa foi desenvolvida
através dos estágios supervisionados do curso de Letras, propondo um novo ensino da
língua(gem) sem limitações metodológicas.  
Na primeira parte, o autor conceitua o termo decolonialidade segundo a
definição de colonialidade como o lado mais obscuro da modernidade, ou seja, é a linha
que traça o limite social, epistêmico e cultural que também estão presentes em nossas
salas de aula e, portanto, fazendo também parte da formação inicial docente (Mignolo,
2007). Sob esse pano de fundo, discorre sobre a importância do giro decolonial, que
propõe a busca de correntes de estudo distintas que não confrontam a hegemonia, porém
que exponham possibilidades para pensar de modo afetivo nos termos de Freire (1996)
diferentes realidades com espaço para ganharem voz reconhecendo esses saberes
trazidos pelos estudantes relacionando-os ao currículo educacional.  
Em seguida, faz-se um recorte histórico que aponta que a mentalidade colonial
no Brasil não foi superada e se destaca na área da linguagem. Percebe-se, então, que foi
consuetudinária a hierarquização do saber. Essa concepção está ancorada na lógica da
modernidade, em que o ideal de língua se refere a noção iluminista de uma língua
dicionarizada, com gramática e que representa uma nação (ERRINGTON, 2008;
VERONELLI, 2015). A deslegitimação do outro, como foi o caso do europeu em
relação ao não europeu, foi viabilizada pela colonialidade, que reconheceu os
conhecimentos e as práticas de certos grupos em detrimento dos demais.  
Na terceira parte, apontam-se os objetivos da pesquisa. Tinha-se como meta
construir um espaço em que os participantes e suas experiências na escola ganhassem
vez e voz em seus diferentes processos, resultando em uma construção sobre o ser e o
saber de forma mútua. Para atingir esse fim, o método utilizado foi atuar junto à
formação inicial na área de Licenciatura. Os estudantes de Letras, corpus da análise,
reuniram-se com professores da rede pública estadual para discutir textos lidos
previamente. 
Na quarta parte, são exibidos os resultados. Há uma reflexão sobre a educação
decolonial que auxilia no processo formativo dos professores e permite a construção
democrática do pensar sobre a língua(gem), trazendo práticas plurais que enriquecem as
salas de aula, não se conformando com "certo" e o "errado". Nota-se, portanto, que o
modelo de educação colonial coloca o professor em condição de subalternidade e ignora
a utilidade da educação linguística na formação crítica e humanizada. 
Por fim, o projeto proporcionou um contato maior entre a universidade e o
ensino básico, gerando impacto de conhecimento e social. O autor frisa a necessidade
do compromisso social nas questões metodológicas na formação do docente.  
O tópico da decolonialidade, seu significado e importância, e a proposição de
uma nova maneira de ensinar as línguas foram os pontos mais interessantes do artigo,
fazendo com que os leitores reflitam sobre sua postura diante da hegemonização da
cultura e o eurocentrismo. O texto é de fácil leitura para qualquer pessoa, visto que tem
uma linguagem acessível e os termos específicos são explicados em seu decorrer. É uma
leitura obrigatória para licenciandos de letras e das demais áreas da educação, por afetar
diretamente suas aulas e métodos. Mas também é interessante para o resto da população,
principalmente pelo intuito de conscientizar e de se fazer conhecido tais assuntos. 

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