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TEORIA DA ARQUITETURA – ALBERIT

Leon Battista Alberti (1404 – 1472) – É considerado o maior teórico da


Renascença. Era além de arquiteto, escritor, pintor e escultor. Escreveu Tratados sobre
todas as áreas em que atuou, propondo que os artistas buscassem no estudo científico,
na história e na matemática, fundamentos para o seu trabalho. Escreveu o primeiro
manual sistematizado de perspectiva, apresentando aos escultores normas de proporções
humanas ideais. Alberti teve como objetivo principal, criar um método de concepção
que permitisse a construção, não a reprodução, criando uma linguagem na arquitetura.
Alberti dedicou-se as ciências e as artes, estudou geometrias e astrologia, foi
poeta e ensaísta, desenvolveu estudos matemáticos e ópticos para consolidação dos
conhecimentos de perspectiva no seu tempo e interessou-se pela aplicação dos
princípios harmônicos e compositivos da música e as regras da proporção em
arquitetura.
No tratado “De Re Aedificatori”, Alberti consolida sua teoria geral para a
construção e para a cidade.O discurso Albertiano constitui um exercício na tentativa de
descoberta dos valores essenciais da arte de construir posta ao serviço da configuração
do cenário vivencial das entidades humanas. Tomando a escala do indivíduo, a escala da
família, do grupo ou da comunidade, para consolidação do sentimento de felicidade
coletiva.

San Francesco de Rimini e Santa Maria Novella são exemplos que nos permitem
admirar o que o arquiteto e confrontar suas soluções como os princípios enunciados no
seu tratado.
Com um processo de síntese particular, Alberti deixou trabalhos notáveis, mas
sem desenhos e não restam obras de arte identificadas com a sua autoria.
Podemos dizer que Alberti teve o mérito de desenvolver a especulação no campo
da estética e da filosofia da arte, ligando a teoria à prática como o fez em todos os ramos
do pensamento a que dedicou a sua vida. Escreveu sobre pintura e escultura quando
ensaiou ser artista e percorria as oficinas dos mestres artesãos para compreender os
modos de fazer. Escreveu sobre matemática extraindo das experiências com os artefatos
da óptica a síntese euclidiana das relações geométricas estabelecidas pelos antigos
gregos.
“A teoria de Alberti sobre a arquitetura é bem mais que a leitura crítica do
tratado de Vitrúvio, porque pretende fixar os enunciados metodológicos legíveis nos
acontecimentos do seu tempo, formulando as regras quanto ao desenho e ao
reconhecimento do projeto como instrumento de rigor que hoje constituem ainda os
procedimentos básicos do fazer arquitetônico.”
(...) São os invólucros de San Francesco de Rimini, do Palácio de Rucellai ou de
Santa Maria Novella em Florença. Com eles vêm ao processo os traçados reguladores
identificados por arcos, pilastras, capiteis e outros símbolos romanos, que dão corpo à
articulação gráfica do jogo das proporções como entidades abstratas.
A arquitetura deve a ele alguns de seus conceitos fundamentais. Alberti afirmava
que a beleza arquitetônica de um edifício estava no acordo lógico das partes com o todo.
Através de seus estudos resolveu um problema que se tornou fundamental na arquitetura
do Renascimento, consistindo em como aplicar um sistema clássico de articulação ao
exterior, à fachada de uma edificação não clássica. Assim, Alberti introduziu a parede,
utilizando-se de linhas clássicas como forma decorativa e não estrutural.
Uma das principais intenções de Alberti era a de elevar o profissional de
arquitetura da época à um praticante das chamadas “artes liberais”, que segundo seu
pensamento, eram aqueles “que praticam uma coisa mental”, e não das artes
mecânicas, “que elaboram uma coisa material”. Assim, em 1436, elaborou o
Tratado “Della Pittura”. Neste tratado Alberti procurou elevar as três belas artes à
categoria de artes Liberais. “O objetivo principal de Alberti… é precisamente o de
estabelecer as bases científico-naturalísticas da pintura… para os quais o conteúdo
objetivamente científico da perspectiva é determinante e o que, por si só, justificava a
sua maior qualificação”. Também para Brunelleschi, a representação deveria ter um
caráter racional e geométrico-matemático. 
As artes Liberais eram constituídas na Alta Idade Média pela pintura, escultura e
arquitetura. A gramática, a retórica e a lógica (ou dialética) constituíam as artes
Sermocinales ou Trivium e a geometria, a aritmética, a astronomia e a música,
constituíam as artes Reais ou Quadrivium. Na Renascença assiste-se a uma aproximação
entre estas artes, um esforço de síntese entre a ciência e a arte, entre a prática e a teoria. 
“As artes, são aprendidas pela razão e pelo método; são dominadas pela prática”.
(Leon Battista Alberti).   
O “De Re Aedificatoria” – Considerado o primeiro Tratado de arquitetura dos
tempos modernos, o De Re Aedificatoria, foi publicado em 1486, por Niccolo di
Lorenzo Alamani em Florença.
O tratado de Leon Battista Alberti é composto por dez “capítulos” que discorrem
sobre os seguintes assuntos: 
Capítulo I – O Delineamento
Capítulo II – A Matéria
Capítulo III – A Construção
Capítulo IV – Edifícios para fins universais
Capítulo V – Edifícios para fins particulares
Capítulo VI – O Ornamento
Capítulo VII – O Ornamento de edifícios sagrados
Capítulo VIII – O Ornamento de edifícios públicos profanos
Capítulo IX – O Ornamento de edifícios privados
Capítulo X – O Restauro das obras
 
No primeiro capítulo deste Tratado, Alberti discorre sobre a teoria do desenho da
arquitetura. “Entre o desenho do pintor e o do arquiteto há esta diferença (…). O
desenho da arquitetura é o desenho da planta – a projeção ortogonal horizontal. A planta
e a maquete são as modalidades da representação da arquitetura”. Para Alberti a
produção gráfica é o reflexo das idéias geradas na mente. O desenho significa o
conjunto de linhas traçadas sobre um suporte, mas também o conjunto de operações
mentais que antecede o traçado da planta: uma forma mental.
 
"O arquiteto é aquele que, com o auxílio da razão e de uma regra maravilhosa e
precisa, sabe dividir as coisas com o seu espírito e com a sua inteligência e sabe compor
com perfeição, no decurso do trabalho de construção, todos aqueles materiais que pelo
movimento das massas e a reunião e encaixe dos corpos, podem servir eficaz e
dignamente as necessidades do homem”.
   O desenho da planta e a maquete atuam como intermediação entre a idéia e a
construção, entre a forma mental e a forma concreta. Alberti sempre acreditou na
conexão entre a arquitetura, a música e a matemática, reconhecendo a importância da
teoria das proporções e de suas relações com os intervalos musicais. Baseou-se nela
também para imprimir ritmo, harmonia, métrica e composição aos seus projetos.
Referindo-se à arquitetura, Alberti defende em seu primeiro livro, a importância
do desenho que para ele é o elo entre a arquitetura e a matemática. No segundo livro,
lida com o conhecimento dos materiais necessários para se construir, e no terceiro com
os métodos de construção. Os três livros abrangem em seu todo, os aspectos do estudo
científico da arquitetura, teórico e técnico. 
Em seu De Re Aedificatoria, Alberti delimita o campo da arquitetura à arte da
edificação. Entende-se por “delineamento”, “ato de delinear; representação por traços
gerais; traçado, esboço. 2. O primeiro esboço ou projeto de qualquer obra; plano
geral…” (Novo Dicionário Aurélio). Alberti entende “delineamento” como “as linhas
que se traçam, como as linhas que delimitam os corpos – arestas – e as linhas que
delimitam a visão dos corpos – contornos. O delineamento define o que vejo…” 
No Livro I de seu Tratado, Alberti descreve os princípios que compõem as
partes da arquitetura. Inspirando-se em Vitruvio, estabelece: “que cada uma dessas
partes seja adequada ao uso definido a que se destina e, acima de tudo, seja total a sua
sanidade; que para sua firmeza e duração, não tenha defeito, seja sólida e quase eterna;
que, para ser bela e agradável, tenha elegância, harmonia e embelezamento em todos os
pormenores.” 
O termo delineamento na visão de Alberti significa a representação por meio de
linhas ou traços do objeto que se constrói assim como, aos mecanismos de sua
construção.
  No Prólogo de seu tratado está presente a palavra Arkhitékton que é um termo
grego composto pelo substantivo tékton, que significa carpinteiro ou construtor e pelo
prefixo arkh, que significa mestre ou ordenador. Platão sugere que “o Arkhitékton não é
um operário e sim um diretor de uma obra, que contribui com conhecimento teórico, e
não com uma participação manual para a realização da obra”. Alberti descarta estas
definições e defende a arquitetura como sendo uma atividade prática, que se baseia na
junção de habilidades que necessitam de conhecimentos variados, e de uma atividade
mental disciplinada e ao mesmo tempo, individual do arquiteto.
Ele afirma que “Quanto a mim, proclamarei que é arquiteto aquele que, com um
método seguro e perfeito, saiba não apenas projetar em teoria, mas também realizar na
prática todas as obras que, mediante a deslocação dos pesos e a reunião e conjunção dos
corpos, se adaptam da forma mais bela às mais importantes necessidades do
homem” (Prólogo do De Re Aedificatoria).
 
O De Re Aedificatoria é o primeiro tratado de arquitetura do Renascimento que
não é ilustrado em seu texto original. Segundo alguns estudiosos, isso possivelmente
deve-se ao fato de que a idéia de Alberti de mostrar a arquitetura como sendo “uma
coisa mental”, seria contraditória à representação gráfica no texto, ou que poderia
também sofrer modificações através das reproduções como eram feitas na época, de
forma manuscrita. A falta de imagens, de desenhos no texto, impossibilitou a
reprodução generalizada da obra de Alberti. Em alguns casos ele sugere que sejam
colocadas regras de representação de desenhos através de letras maiúsculas “C”, “L”,
combinadas de diferentes formas, como se neste caso, fosse possível representar as
formas desenhadas de platibandas, coroamentos, meias canas etc.
Somente em 1486, com o advento da imprensa, o Tratado de Alberti foi
publicado. Em 1550, em Florença, foi feita a primeira impressão com imagens que
ilustram os princípios de Alberti. Trata-se da L’architettura (De Re Aedificatoria) de
Leon Battista Alberti, traduzida em língua fiorentina da Cosimo Bartoli, e publicada por
Lorenzo Torrentino. Desde essa publicação, os textos ilustrados do De Re
Aedificatoria aparecem, em grande parte, com os desenhos da edição de Bartoli.
Existem várias publicações do Tratado de Alberti. Desde sua primeira
publicação, foram feitas edições em Latim, Italiano, Espanhol, Alemão, Francês, entre
outras línguas, porém, não se conhece até o momento, nenhuma editada na língua
Portuguesa.
Alberti foi um classicista bastante consciente, estudioso da Antiguidade, mais
científico na aplicação do conhecimento arqueológico que possuía. Eliminou os últimos
traços góticos da arquitetura, sendo mais prudente na utilização das ordens. Tratou a
arquitetura “como sendo o que traz a glória à cidade, como ela ornamenta a cidade”.
Alberti “produz” uma arquitetura civil, não somente para clientes privados ou para a
Igreja. Elabora planos para a cidade inteira, e cada detalhe se subordina ao projeto
principal da cidade como um todo. 
Em sua visão de plano para cidades, define regras que valorizam a construção,
como o local para a implantação, que deve ser saudável, ter clima temperado, estar bem
situado no que diz respeito a suprimento de água, ser de fácil defesa. Após, deve ser
claramente traçado, com boas ruas principais conectadas com pontes e com as portas da
cidade. As ruas devem ser largas o bastante para não haver congestionamento. De
preferência que sejam projetadas de forma simétrica com casas de ambos os lados, e
padronizadas, repetindo-se dos dois lados.
 
Alberti considerava também os diferentes tipos de edifícios a serem construídos
na cidade e discorreu sobre eles. Eles são divididos por ele, em três grupos: públicos,
casas de cidadãos importantes e casas do povo. Sobre os edifícios públicos, ele escreveu
detalhadamente que, deveriam constar torres, pontes, praças, palácios de justiça, igrejas
e teatros, todos com o máximo de esplendor possível. As casas dos cidadãos mais
importantes, também deveriam ser dignificadas, porém, sem ostentação, baseando-se na
beleza do projeto e conveniência do arranjo. Nas casas dos cidadãos pobres deveriam
ser observados os mesmos critérios das anteriores, porém, numa escala menor, mais
modesta.
“Os edifícios foram construídos por causa dos homens”.
Leon Battista Alberti
Algumas obras de Leon Battista Alberti: 
1. Palácio Rucellai em Florença
Alberti introduziu pilastras e colunas nas paredes da fachada, as quais marcam o
contorno das janelas que são circundadas por arcos de volta perfeita. Sobre elas,
círculos e semicírculos surgem e, com ritmo e simetria a fachada é composta. 

2. Igreja de S. Francesco
O arquiteto revestiu a antiga fachada de pedra com tendências renascentistas. Nas
fachadas laterais criou nichos semelhantes, formados por arcos de volta perfeita e, mais
uma vez, manteve a simetria. 
3. Igreja de Santa Maria Novella, Florença
Apresentou o uso das formas consideradas perfeitas pelo Clássico, na fachada
principal. O círculo, o quadrado e o triângulo fecham a composição.
 
4. Igreja de Sant’Andrea, Mântua
Conseguiu sobrepor uma frontaria de templo em estilo clássico à tradicional fachada
de igreja basilical. Para harmonizar a transformação, utilizou-se de pilastras no lugar de
colunas, dando assim efeito de continuidade na superfície da parede. As pilastras são de
dois tamanhos – as menores sustentam o nicho central e as maiores formam a “ordem
colossal” abrangendo três andares do edifício. Neste projeto, Alberti foge a forma ideal
definida em seus tratados. Explica que a planta deveria ser circular ou de uma forma
derivada do círculo como o hexágono ou o quadrado, pois esta é a única forma perfeita.
O arquiteto acreditava que uma igreja tinha que ser uma corporificação divina da
“proporção divina”, e segundo ele, somente a forma de planta central possibilitaria isso.
No final do século, após seu Tratado ficar famoso, esse tipo de planta passou a ter
aceitação.

Antonio di Pietro Averlino, o Filarete – Era além de escultor e escritor,


arquiteto. De 1461 a 1464 escreveu seu “Trattato di Architettura”, no qual incluiu uma
visão do que seria a primeira cidade planejada de épocas modernas. Sua ideia
apresentava uma cidade com esquema simétrico, porém utópica. 
Em seu Trattato di Architettura, Filarete descreveu a construção de uma cidade
imaginária, “Sforzinda”, discorrendo sobre o ritual e a pompa de sua fundação, cujo
momento seria escolhido de acordo com a observação astrológica. Porém, Filarete
apresenta mais racionalidade em suas ideias do que alguns de seus antecessores.
 
Filarete pode ser visto como um filósofo. Com suas ideias utópicas convenceu
Francesco Sforza, Duque de Milão, a construir sua cidade. A localização dela deveria
ser privilegiada pela proximidade com o mar, além de possuir uma catedral construída
sobre um alto monte. 
Suas ideias sobre planejamento urbano, as quais tiveram influência de Alberti,
são bastante anti-medievais, dando grande ênfase a regularidade da disposição e a
importância de se ter grandes praças nos espaços urbanos. O Tratado de Filarete se
encerra com três livros sobre desenho, onde o arquiteto, apenas repete os ensinamentos
e ideias matemáticas e técnicas de autores anteriores.
  Andrea Palladio (1508 – 1580) – Escreveu quatro livros que se tornaram
referência para o meio arquitetônico intitulados “Quatro Livros de Arquitetura”. Em sua
obra foram estudados temas como a ligação direta que existe entre a cidade e a
edificação.
  Em seu primeiro livro foram abordados temas voltados para a arquitetura
Renascentista, trabalhada a partir das cinco ordens clássicas: a Toscana, a Dórica, a
Jônica, a Coríntia e a Compósita. No seu segundo livro, Palladio enfocou as habitações
de grandes dimensões. A partir do terceiro livro, o arquiteto voltou-se para a cidade
fazendo referência à projetos de praças, pontes, ruas e basílicas, no caso dessa última
vista como edificação destinada à justiça, e não como religiosa. Mais tarde escreve seu
quarto livro sobre templos romanos. 

As cinco ordem descritas por Palladio


  Especialmente em seu terceiro livro, Palladio coloca a cidade como local onde a
arquitetura do edifício se materializa. Assim, constituiu-se o estilo Palladiano, no qual o
arquiteto também ficou conhecido pela construção de residências. Palladio direcionou
toda a sua teoria para os modelos da antiguidade, afirmando que esses eram a única
norma adequada para a apreciação de suas obras.
 
Em suas primeiras construções de Villas, como a Villa Godi, o arquiteto não só
manteve o estilo de “villa” de duas torres, como também manteve o ritmo de superfícies
nas fachadas, e recorre aos modelos da sua geração de mestres. A estrutura plástica da
parede ficou relegada para segundo plano, em relação à superfície dominante. Mais
tarde, Palladio inverteu a relação entre as partes laterais e o centro do edifício, que foi
evidenciado por um frontão. Desta forma, já não são os corpos avançados laterais que
ressaltavam, e sim seu eixo central. A parte centro do edifício abriu-se sob a forma do
chamado motivo da serliana ou em três arcadas simétricas. Desta forma lançou-se a
tendência de acentuar o volume e a centralização. 
Em 1552, na construção da Villa Pisani e mais tarde na da Villa Cornaro,
Palladio utilizou um pórtico de dois pisos para destacar a parte central do edifício. Em
1554 utilizou como motivo predominante uma colunata colossal, encimada por um
frontão na Villa Chiericati. Na Villa Rotonda incorporou elementos greco-romanos,
como pórticos, colunas jônicas, domo plano, aposentos dispostos simetricamente em
torno de uma rotunda central. 
Vasari – Por volta de 1531, com a autocracia dos Medici, Florença torna-se o
berço da “arte de Corte”. Nessa fase a arte e a arquitetura ainda são consideradas
renascentistas, pois são mantidos os elementos classicistas, adaptados. A arquitetura e as
artes tornam-se elegantes e engenhosas. A glorificação dos Medici é retratada pelos
artistas. 
Das obras de Vasari, além do Tratado na área da arquitetura intitulado “Cittá
Ideale del Cavalero”, podemos citar sua obra “Vidas”, onde mostra o que pensava sobre
as artes. As Vidas foram publicadas pela primeira vez em 1550 sob o título “Le vite de’
più eccellenti architetti, pittori et scultori italiani”, e tiveram sua reedição aumentada em
1568.
Nestes escritos existem dois prefácios, o primeiro cita os argumentos a respeito
da superioridade da pintura sobre a escultura, na visão de Vasari. Há também três
introduções dedicadas à pintura, escultura e à arquitetura respectivamente, repletas de
detalhes técnicos. 
Há passagens nas Vidas que lembram teorias de Alberti. Referindo-se aos
artistas do Quattrocento, Vasari afirma: “Em matéria de proporção, faltava uma certa
correção de juízo, por meio do qual suas figuras, sem terem sido medidas, poderiam
possuir, na devida relação com suas dimensões, uma graça que excede a mensuração”.
“Mas nenhum padrão melhor pode ser aplicado do que o juízo do olho, pois mesmo que
algo seja perfeitamente medido, se o olho continuar a se sentir ofendido não cessará de
censurá-lo.”
O principal enfoque da teoria de Vasari é o surgimento da nova qualidade da
graça, “la grazia”. Para ele a palavra indica uma nova função, distinguindo beleza e se
opondo à ela. A beleza torna-se uma qualidade racional que depende de regras, sendo
que a graça é uma qualidade indefinível que depende do juízo, do olho. 
Leonardo da Vinci – Foi o único grande artista do Renascimento italiano que
deixou escrito uma boa quantidade de material voltado para a arte. Parece que ele
pretendia escrever um tratado sobre pintura, porém, pouco desse material sobreviveu ao
tempo. Os manuscritos conhecidos datam do período entre 1489 e 1518, e a maior parte
foi publicada.
Nascido em Florença, teve influência dos neoplatônicos, porém seguiu o
caminho do ateliê, sob intermédio de pintores como Verrochio, seu professor. Foi um
estudioso da ciência e, percorreu cientificamente áreas como a anatomia, a zoologia, a
geologia e a botânica.
Para Leonardo, a pintura era uma ciência devido ao seu fundamento na
perspectiva matemática e no estudo da natureza. Em sua teoria afirmou que “a pintura
difere das outras ciências pois, implica na produção de uma obra de arte material”. Em
seus escritos aconselha o artista a ouvir a opinião de outras pessoas sobre seus trabalhos:
“Estai, pois, preparado para ouvir com paciência as opiniões dos outros: e considerai
bem e pensai cuidadosamente se aquele que crítica a vossa obra tem ou não motivo para
fazê-lo. Se achardes que tem, corrigi-a; se não, fazei de conta que não o entendestes; ou,
caso seja um homem de mérito, fazei-o entender pelo raciocínio que está errado.” 
  Além de exemplar pintor, Leonardo atuou na arquitetura, em projetos de
engenharia, produziu desenhos arquitetônicos e inventos mecânicos. Em 1482, ofereceu
seus serviços ao Conde de Sforza e seguiu para Milão, deixando em Florença duas obras
inacabadas de pintura, ‘Adoração dos Magos’ e ‘São Jerônimo’. Ficou em Milão até
1499 para projetar a Catedral da cidade, mas acabou esboçando e construindo a rede de
canais e um vasto sistema de irrigação e abastecimento de água. Além disso, planejou a
organizou a defesa de Milão, pondo em prática sua inventiva construção de máquinas de
guerra. 
Como urbanista, fez um projeto completo para Milão, eliminando muros,
alinhando ruas, prevendo esgotos, vias de dois pavimentos em que pedestres andariam
por cima e veículos, por baixo, com casas amplas e ventiladas e enormes praças e
jardins públicos.
A partir de seus Tratados, os arquitetos e urbanistas do Renascimento, assim
como todos os artistas do período, deixaram registrados os conceitos de uma época,
proporcionando aos que vieram depois, e até aos do nosso tempo, a oportunidade de
conhecer e vivenciar o que foi um período da história rico em estudos e
experimentações.
Na área da arquitetura e das artes, podemos contar com suas teorias e, através
delas identificar a sua atualidade, usando-as como base para nossos projetos. O vasto
material deixado através dos Tratados Renascentistas é atual, assim como nossos dias. 

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