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Sem precipitação
Os responsáveis pela pesquisa, no entanto, ressaltam que não se deve
condenar os celulares apenas com base nesses resultados. Isso seria
precipitado. O estudo fornece boas pistas, mas os dados ainda não são
suficientes para comprovar déficits cognitivos ligados ao uso dos smartphones.
O ideal é que mais pesquisas sejam feitas, o que é importante, dado o grande
uso desses aparelhos atualmente. “Nós, infelizmente, não sabemos se há um
custo negativo de usar smartphones. Encontramos uma associação entre a
utilização exagerada do smartphone e a inteligência, mas isso não significa que
os celulares causem danos ao cérebro. O que isso mostra é que precisamos de
muito mais pesquisas nessa área, que ainda é pouco estudada”, destaca o
cientista.
Sonia Brucki, membro da Associação Brasileira de Neurologia (ABN),
também acredita que são necessárias mais investigações para relacionar
problemas cerebrais ao uso exagerado de smartphones. “Acho que não
sabemos o suficiente para responder a essa pergunta. As pessoas podem
utilizar seus aparatos eletrônicos de forma diferente, dependendo da fase da
vida e da demanda profissional ou de estudos. Portanto, não dá para
generalizar. Alguém pode ficar a maior parte do tempo jogando ou vendo
mídias sociais, enquanto outros podem ficar navegando por sites de história
antiga. Os efeitos sobre seus processos cognitivos serão provavelmente
diferentes”, destaca a médica.
Uso moderado
Apesar da necessidade de mais trabalhos, Brucki destaca a importância do
trabalho. “Precisamos ter pesquisas que avaliem os processos cognitivos em
pessoas que utilizem essas tecnologias, pois cada vez mais estaremos
avaliando pessoas que cresceram e crescerão com uma nova forma de pensar,
de pesquisar e de aprender”, complementa a neurologista.
Para Anna Lucia Spear King, psicóloga clínica e pesquisadora do Grupo Delete
– Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias, do Instituto de Psiquiatria da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisa dos cientistas
canadenses, apesar de não garantir que danos podem ser causados ao
cérebro, ressalta que o uso moderado do celular é recomendado para evitar
problemas de saúde que podem ser desencadeados pelo exagero. “Para
afirmar que traz malefícios ao cérebro, precisamos de exames mais concisos,
mas já conseguimos observar que, se uma pessoa tem uma característica de
comportamento como a ansiedade e a hiperatividade, isso pode ser acentuado
com o uso excessivo do celular. Pode acarretar problemas graves de saúde.
Devido a esse risco, o uso moderado é essencial”, avalia.