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Recurso de Multas de Trânsito

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que o trânsito, em condições seguras, é um


direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito
(SNT), a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotarem as medidas
destinadas a assegurar esse direito, dando prioridade em suas ações à defesa da vida, nelas
incluídas a preservação da saúde e do meio-ambiente.

Autuação

Autuação é ato administrativo da Autoridade de Trânsito ou seus agentes quando da


constatação do cometimento de infração de trânsito, devendo ser formalizado por meio da
lavratura do Auto de Infração.

O Auto de Infração é peça informativa que subsidia a Autoridade de Trânsito na aplicação das
penalidades e sua consistência está na perfeita caracterização da infração, devendo ser
preenchido de acordo com as disposições contidas no artigo 280 do CTB e demais normas
regulamentares, com registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura.

Auto de Infração de Trânsito: é o documento que dá início ao processo administrativo para


imposição de punição, em decorrência de alguma infração à legislação de trânsito.

Informações complementares no Auto de Infração

Quando essa infração dependa de informações complementadas estas devem constar do campo
de observações.

O Auto de Infração não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivos, ou qualquer tipo de
adulteração. O seu preenchimento se dará com letra legível, preferencialmente, com caneta
esferográfica de tinta preta ou azul.

Poderá ser utilizado o talão eletrônico para o registro da infração conforme regulamentação
específica.

O agente só poderá registrar uma infração por auto e, no caso da constatação de infrações em
que os códigos infracionais possuam a mesma raiz (os três primeiros dígitos), considerar-se-á
apenas uma infração.

Exemplo: condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança, lavrar somente o auto de
infração com o código 518-51 e descrever no campo ‘Observações’ a situação constatada
(condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança).

As infrações simultâneas podem ser concorrentes ou concomitantes

São concorrentes aquelas em que o cometimento de uma infração, tem como consequência o
cometimento de outra.

Por exemplo: ultrapassar pelo acostamento (art. 202) e transitar com o veículo pelo
acostamento (art. 193).

Nestes casos o agente deverá fazer uma única AIT que melhor caracterizou a manobra
observada. É evidente que para ultrapassar pelo acostamento o condutor necessariamente
transitou pelo mesmo.

Autor: Jucimar Detoni


São concomitantes aquelas em que o cometimento de uma infração não implica no
cometimento de outra na forma do art. 266 do CTB.

Por exemplo: deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança
do trânsito ao ultrapassar ciclista (art. 220, XIII) e não manter a distância de 1,50m ao ultrapassar
bicicleta (art. 201).

A impressão do Auto de Infração

O Auto de Infração deverá ser impresso em, no mínimo, duas vias, exceto o registrado em
equipamento eletrônico.

Uma via do Auto de Infração será utilizada pelo órgão ou entidade de trânsito para os
procedimentos administrativos de aplicação das penalidades previstas no CTB. Outra via deverá
ser entregue ao condutor, quando se tratar de autuação com abordagem, ainda que este se
recuse a assiná-lo.

Sempre que possível, o agente de trânsito deverá abordar o condutor do veículo para constatar
a infração, ressalvado os casos onde a infração poderá ser comprovada sem a abordagem. Para
esse fim, o Manual estabelece as seguintes situações:

Caso 1: “possível sem abordagem” - significa que a infração pode ser constatada sem a
abordagem do condutor.

Caso 2: “mediante abordagem” – significa que a infração só pode ser constatada se houver a
abordagem do condutor.

Caso 3: “vide procedimentos” - significa que, em alguns casos, há situações específicas para
abordagem do condutor.

Quando da autuação de veículo estacionado irregularmente, o agente deverá fixar uma via do
Auto de Infração no para-brisa do veículo e, no caso de motocicletas e similares,
preferencialmente no banco do condutor.

Na impossibilidade de deixar a via do auto de infração deverá ser informado no campo


‘Observações’ o motivo:

Exemplo: “condutor retirou o veículo”

“condutor não aguardou a sua via do Auto de Infração “

Nas infrações cometidas com combinação de veículos, sempre que possível, será autuada a
unidade tratora.

O recurso de um Auto de Infração

Para contestar um auto de infração precisamos de alguma coisa descrita em lei.

Não significa que tenha que ser especificamente algo sobre o preenchimento.

Quando a configuração de uma infração depender da existência de sinalização específica, esta


deverá revelar-se suficiente e corretamente implantada de forma legível e visível. Caso
contrário, o agente não deverá lavrar o Auto de Infração, comunicando à Autoridade de Trânsito
com circunscrição sobre a via a irregularidade observada.

Autor: Jucimar Detoni


Multa de trânsito é uma penalidade de natureza pecuniária imposta pelos órgãos de trânsito
aos proprietários, condutores, embarcadores e transportadores que descumprirem as regras
estabelecidas na norma de trânsito, que qualquer ato que for registrado por meio de fiscalização
é uma Infração de Trânsito, independente se condutor é culpado ou não do ato.

Agente da Autoridade de Trânsito

O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração de trânsito (Auto
de Infração) poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado
pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via no âmbito de sua competência.

O agente de trânsito, ao presenciar o cometimento da infração, lavrará o respectivo auto e


aplicará as medidas administrativas cabíveis, sendo vedada a lavratura do Auto de Infração por
solicitação de terceiros.

Lavratura do Auto de Infração

A lavratura do Auto de Infração é um ato vinculado na forma da Lei, não havendo


discricionariedade com relação a sua lavratura, conforme dispõe o artigo 280 do CTB.

O agente de trânsito deve priorizar suas ações no sentido de coibir a prática das infrações de
trânsito, porém, uma vez constatada a infração, só existe o dever legal da autuação, devendo
tratar a todos com urbanidade e respeito, sem, contudo, omitir-se das providências que a lei lhe
determina.
Infração de trânsito

Constitui infração a inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas


emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação
estabelecida pelo órgão ou entidade executiva de trânsito.

As infrações classificam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias, computados,


ainda, os seguintes números de pontos:

I - infração de natureza gravíssima, 7 pontos;

II - infração de natureza grave, 5 pontos;

III - infração de natureza média, 4 pontos;

IV - infração de natureza leve, 3 pontos

Responsabilidade pela infração

As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao


transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a pessoas
físicas ou jurídicas expressamente mencionadas no CTB.

Proprietário

Condutor

Embarcador

Transportador

Responsabilidade Solidária

Autor: Jucimar Detoni


Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador
e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a
pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste Código.
§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as
penalidades de que trata este Código toda vez que houver responsabilidade solidária em
infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela falta em
comum que lhes for atribuída.
§ 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia
regularização e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo
na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características, componentes,
agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando esta for exigida, e outras
disposições que deva observar.
§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na
direção do veículo.
§ 4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de
peso nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga
e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido.
§ 5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso
de peso nos Pessoa Física ou Jurídica expressamente mencionada no CTB
Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia regularização
e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via
terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características, componentes, agregados,
habilitação legal e compatível de seus condutores, quando esta for exigida, e outras disposições
que deva observar.
Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na
direção do veículo.
O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso
nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga e o
peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido.
O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de
peso nos eixos ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso
eixos ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso bruto total.
§ 6º O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao
excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior
ao limite legal.
§ 7º Não sendo imediata a identificação do infrator, o proprietário do veículo terá quinze dias
de prazo, após a notificação da autuação, para apresentá-lo, na forma em que dispuser o
CONTRAN, ao fim do qual, não o fazendo, será considerado responsável pela infração.
§ 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não havendo identificação do infrator e sendo
o veículo de propriedade de pessoa jurídica, será lavrada nova multa ao proprietário do veículo,
mantida a originada pela infração, cujo valor é o da multa multiplicada pelo número de infrações
iguais cometidas no período de doze meses.
§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime do disposto no § 3º do art. 258 e no art.
259.

Da Responsabilidade do Proprietário

RESOLUÇÃO Nº 619, DE 06 DE SETEMBRO DE 2016


Art. 6º O proprietário do veículo será considerado responsável pela infração cometida,
respeitado o disposto no § 2º do art. 5º, nas seguintes situações:
I - caso não haja identificação do condutor infrator até o término do prazo fixado na Notificação
da Autuação;

Autor: Jucimar Detoni


II - caso a identificação seja feita em desacordo com o estabelecido no artigo anterior; e
III - caso não haja registro de comunicação de venda à época da infração.
Art. 7º Ocorrendo a hipótese prevista no artigo anterior e sendo o proprietário do veículo pessoa
jurídica, será imposta multa, nos termos do § 8º do art. 257 do CTB, expedindo-se a notificação
desta ao proprietário do veículo, nos termos de regulamentação específica.
Art. 8º Para fins de cumprimento desta Resolução, no caso de veículo objeto de penhor ou de
contrato de arrendamento mercantil, comodato, aluguel ou arrendamento não vinculado ao
financiamento do veículo, o possuidor, regularmente constituído e devidamente registrado no
órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou Distrito Federal, nos termos de
regulamentação específica, equipara-se ao proprietário do veículo.
Parágrafo único. As notificações de que trata esta Resolução somente deverão ser enviadas ao
possuidor previsto neste artigo no caso de contrato com vigência igual ou superior a 180 (cento
e oitenta) dias.

Responsabilidade Solidária

Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades,


toda vez que houver responsabilidade solidária em infração dos preceitos que lhes couber
observar, respondendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída.

O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao


excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior
ao limite legal.

Pessoa Física ou Jurídica expressamente mencionada no CTB

A pessoa física ou jurídica é responsável por infração de trânsito, não vinculada a veículo ou à
sua condução, expressamente mencionada no Código de Trânsito Brasileiro.

Medidas Administrativas

Medidas administrativas são providências de caráter complementar, exigidas para a


regularização de situações inflacionais, sendo, em grande parte, de aplicação momentânea, e
têm como objetivo prioritário impedir a continuidade da prática infracional, garantindo a
proteção à vida e à incolumidade física das pessoas e não se confundem com penalidades.

Compete à autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via e seus agentes aplicar as
medidas administrativas, considerando a necessidade de segurança e fluidez do trânsito.

A impossibilidade de aplicação de medida administrativa prevista para infração não invalidará a


autuação pela infração de trânsito, nem a imposição das penalidades previstas

Retenção do veículo;

Remoção do veículo;

Recolhimento da carteira nacional de habilitação;

Recolhimento da permissão para dirigir;

Recolhimento do certificado de registro;

Recolhimento do certificado de licenciamento anual;

Transbordo do excesso de carga;

Autor: Jucimar Detoni


Realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica;

Recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de
circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos
devidos.

Realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática de primeiros socorros


e de direção veicular.

Transbordo do excesso de carga

Lei 9.503/97, Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente é condição para que o veículo
possa prosseguir viagem e será efetuado às expensas do proprietário do veículo, sem prejuízo
da multa aplicável.

Parágrafo único. Não sendo possível desde logo atender ao disposto neste artigo, o veículo
será recolhido ao depósito, sendo liberado após sanada a irregularidade e pagas as despesas de
remoção e estada.

Novos valores das multas

Lei 9.503/97, Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se, de acordo com sua
gravidade, em quatro categorias:

Infração gravíssima, multa de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete
centavos);

Infração grave, multa de R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte e três centavos);

Infração média, multa de R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centavos);

Infração leve, multa de R$ 88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito centavos).

Algumas infrações GRAVÍSSIMAS podem ter seu valor (R$) multiplicado por 2,3,5,10,20 e 60
vezes.

Suspensão do Direito de Dirigir

Sempre que o infrator atingir a soma de 20 pontos no prazo de 12 meses.

Quando independente dos pontos no prontuário da CNH, cometer qualquer infração onde a
previsão enseje diretamente a suspensão do direito de dirigir, a saber:

Cassação CNH- Carteira Nacional de Habilitação

Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:


I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
I - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art.
162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160.
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de
habilitação, a autoridade expedidora promoverá o seu cancelamento.
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá
requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma
estabelecida pelo CONTRAN.

Autor: Jucimar Detoni


Cassação de Permissão
Esta se dá tão logo aos primeiros 12 meses se o condutor pegar uma Infração Gravíssima, Grava
ou reincidir em Médias. Uma vez cassada o candidato pode reiniciar um novo processo de
habilitação, desde que respeitada a legislação vigente.
Art. 148 § 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão para Dirigir, com validade de um
ano. § 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao condutor no término de um ano,
desde que o mesmo não tenha cometido nenhuma infração de natureza grave ou gravíssima ou
seja reincidente em infração média.

Frequência Obrigatória em Curso de Reciclagem

O curso de Reciclagem tem objetivo de reciclar os condutores infratores na condução de seus


veículos automotores, reeducando nas normas e conceitos de circulação e situação no trânsito,
além de formar, nos mesmos, uma cultura cidadã, com novos valores e, sobretudo, despertando
para a preservação da vida e do meio ambiente.
Art. 268. O infrator será submetido a curso de reciclagem, na forma estabelecida pelo CONTRAN:
I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua reeducação;
II - quando suspenso do direito de dirigir;
III - quando se envolver em acidente grave para o qual haja contribuído, independentemente de
processo judicial;
IV - quando condenado judicialmente por delito de trânsito;
V - a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está colocando em risco a segurança do
trânsito;
VI - em outras situações a serem definidas pelo CONTRAN

Curso Preventivo de Reciclagem

Os pré-requisitos para se ter acesso ao Curso Preventivo de Reciclagem são:


• Possuir entre 14 e 19 pontos acumulados no seu prontuário, ao longo de 1 ano;
• Possuir categoria C, D ou E;
• Possuir EAR em sua CNH.
Os pontos que geraram a admissibilidade de realização do Curso Preventivo de Reciclagem não
ficarão computados no prontuário do condutor para fins de contagem de 20 pontos até a
conclusão do curso, que deverá ocorrer em até 90 dias da data do agendamento.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, artigo 261, §1º e Resolução 182/2005, art 3º, I,
a suspensão do direito de dirigir por pontos se dá sempre que o infrator atingir a contagem de
vinte pontos, no período de 12 (doze)meses.
O Curso Preventivo de Reciclagem, curso voluntário de reciclagem, e curso de reciclagem para
condutor infrator são diferentes e não se confundem.
De acordo com o inciso II do artigo 261 do Código de Trânsito Brasileiro, a suspensão do direito
de dirigir pode ocorrer por transgressão em infração específica, nos termos desse Código.

Recurso de Multas

MOTIVO: AUTO DE INFRAÇÃO INCONSISTENTE OU IRREGULAR


O primeiro motivo e talvez o mais importante e comum de ocorrer, é quando o Auto de Infração
é inconsistente ou irregular nos termos do art. 281 do CTB.
Vejamos:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro
de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente:

Autor: Jucimar Detoni


I - se considerado inconsistente ou irregular;

Por inconsistência e irregularidade, entendo que se refere ao preenchimento incorreto do Auto


de Infração ou a ausência de algum requisito essencial previsto em Lei, que no nosso caso é o
CTB, mais precisamente no art. 280:
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do
qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros elementos
julgados necessários à sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou equipamento que
comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do cometimento
da infração.
Com exceção do inciso IV que entendo não haver qualquer validade, e do VI que não é
obrigatório a assinatura do suposto infrator, os dados dos outros incisos devem constar no auto
de infração lavrados pelos agentes da autoridade de trânsito, sob pena de nulidade.

MOTIVO: NOTIFICAÇÃO DE AUTUAÇÃO ENVIADA ALÉM DO PRAZO DE 30 DIAS

O segundo motivo é quando a notificação de autuação é expedida além do prazo de 30 dias


previsto no art. 281 do CTB.
Vejamos:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro
de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação
Aqui neste ponto, surge uma divergência sobre em que momento se caracterizaria a EXPEDIÇÃO
da notificação.
O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificação de autuação, para
apresentação de defesa (art. 280), e uma segunda notificação, posteriormente, informando do
prosseguimento do processo, para que se defenda o apenado da sanção aplicada (art. 281).
A sanção é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos estabelecidos.
O art. 281, parágrafo único, II, do CTB prevê que será arquivado o auto de infração e julgado
insubsistente o respectivo registro se não for expedida a notificação da autuação dentro de 30
dias. Por isso, não havendo a notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-
se a decadência do direito de punir do Estado, não havendo que se falar em reinício do
procedimento administrativo.

MOTIVO: SINALIZAÇÃO INSSUFICIENTE OU INCORRETA

Quando a sinalização de trânsito for insuficiente ou incorreta, também é um motivo para


recorrer de uma multa de trânsito.
Vejamos o que diz o Código:
Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste Código por inobservância à sinalização
quando esta for insuficiente ou incorreta.
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição sobre a via é responsável pela
implantação da sinalização, respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.

Autor: Jucimar Detoni


A Lei é muito clara quando diz que as sanções (multas e penalidades), não podem ser aplicadas
quando a sinalização estiver irregularmente colocada, ou não for suficiente para que os
motoristas e pedestres possam entendê-las.
De acordo com o CONTRAN, existem 4 tipos de sinalização:
1. VERTICAL
2. VERTICAL DE ADVERTÊNCIA
3. VERTICAL DE INDICAÇÃO
4. HORIZONTAL
Neste artigo não me aprofundarei sobre este tema, porque mais adiante elaborarei um estudo
mais completo onde abordaremos a sinalização de trânsito conforme ensinam as normas do
CONTRAN.
Então, se você for autuado em qualquer infração de trânsito, e conseguir comprovar que a
sinalização não estava correta, é possível pedir o cancelamento da multa.

MOTIVO: EQUIPAMENTO DE MEDIÇÃO NÃO AFERIDO PELO INMETRO


O Código de Trânsito diz o seguinte:
Art. 280
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente da
autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento audiovisual, reações
químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponível, previamente regulamentado
pelo CONTRAN.
As autuações de trânsito além de serem realizadas pelo próprio agente, também podem ser
feitas por aparelhos ou equipamentos eletrônicos.
Antes de ter o seu pleno funcionamento e consequentemente iniciar as autuações, os aparelhos
deve passar pela regulamentação do CONTRAN, que determinará que estes equipamentos
autuadores sejam calibrados e aferidos pelo INMETRO, sob pena de invalidade da autuação
realizada pelos aparelhos.
Cito alguns exemplos:
A RESOLUÇÃO Nº, 396/11 do CONTRAN determina o seguinte:
Art. 3º O medidor de velocidade de veículos deve observar os seguintes requisitos:
I - ter seu modelo aprovado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia -
INMETRO, atendendo à legislação metrológica em vigor e aos requisitos estabelecidos nesta
Resolução;
II - ser aprovado na verificação metrológica pelo INMETRO ou entidade por ele delegada;
III - ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele delegada, obrigatoriamente com
periodicidade máxima de 12 (doze) meses e, eventualmente, conforme determina a legislação
metrológica em vigência.
Da mesma forma a RESOLUÇÃO 432/13 do CONTRAN:
Art. 4º O etilômetro (“bafômetro”.) deve atender aos seguintes requisitos:
I – ter seu modelo aprovado pelo INMETRO;
II – ser aprovado na verificação metrológica inicial, eventual, em serviço e anual realizadas pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO ou por órgão da Rede
Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade - RBMLQ;
Portanto, se você foi autuado por algum equipamento eletrônico, e se este não estiver
devidamente aferido pelo INMETRO ou até mesmo regulamentado pelo CONTRAN, a multa será
nula de pleno direito.

MOTIVO: INCOMPETÊNCIA DO AGENTE OU DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO PARA AUTUAR

Não basta apenas o órgão de trânsito, o agente ou policial militar estar revestido de autoridade
para que possa autuar.

Autor: Jucimar Detoni


Eles devem possui a competência para isso.
E quando se fala em competência, não estou me referindo á capacidade intelectual, mas sim da
atribuição legal determinada pela Lei que separa os órgãos e agentes de trânsito nas suas esferas
de atuação.
Vamos ao Código de Trânsito para entendermos melhor:
Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas federais:
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, no âmbito de sua circunscrição:
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal:
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de
sua circunscrição:
Veja que cada órgão de trânsito possui sua competência bem delimitada pelo CTB.
Importante destacar também, que a RESOLUÇÃO 66/08 DO CONTRAN instituiu tabela de
distribuição de competência dos órgãos executivos de trânsito.
Assim sendo, quando você for autuado em uma infração de trânsito, observe se o órgão ou o
agente de trânsito possui ou não competência para realizar aquela autuação.

MOTIVO: MEDIDOR DE VELOCIDADE NÃO VISÍVEL AOS MOTORISTAS

No caso específico de autuações por equipamentos eletrônicos medidor de velocidade é


necessário que estes estejam visíveis aos motoristas.
A RESOLUÇÃO Nº, 396 DE 13 DE DEZEMBRO DE 2011 que dispõe sobre requisitos técnicos
mínimos para a fiscalização da velocidade de veículos automotores, reboques e semirreboques,
conforme o Código de Trânsito Brasileiro, determina o seguinte:
Art. 4º Cabe à autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via determinar a localização, a
sinalização, a instalação e a operação dos medidores de velocidade do tipo fixo.
§ 2º Para determinar a necessidade da instalação de medidor de velocidade do tipo fixo, deve
ser realizado estudo técnico que contemple, no mínimo, as variáveis do modelo constante no
item A do Anexo I, que venham a comprovar a necessidade de controle ou redução do limite de
velocidade no local, garantindo a visibilidade do equipamento.
Art. 7º Em trechos de estradas e rodovias onde não houver placa R-19 poderá ser realizada a
fiscalização com medidores de velocidade dos tipos móvel, estático ou portátil, desde que
observados os limites de velocidade estabelecidos no § 1º do art. 61 do CTB.
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, a operação do equipamento deverá estar visível
aos condutores.
Então, diferentemente do que muitos pensam que os medidores de velocidade devem servir de
“arapuca” para os motoristas, esta norma do CONTRAN diz o contrário.
Importante também destacar, que mesmo se esta norma não previsse a visibilidade dos
equipamentos, entendo que pelo PRINCÍPIO DA PUBLICIADADE dos atos públicos, os mesmos
deveriam por obrigatoriedade, estar visíveis.
Diante disso, se o equipamento que o autuou não estivesse visível no momento da autuação, o
auto de infração deve ser anulado.

MOTIVO: POR CAUSA DO ACÚMULO DE PONTOS NA CNH

Também é possível recorrer por causa da pontuação e assim evitar que a sua CNH seja suspensa.
Ou seja, se você é autuado em várias multas dentro de um período de 12 meses, é recomendável
á fazer defesa e recursos destas multas, com o intuito de protelar a inclusão de pontos em seu
prontuário.

Autor: Jucimar Detoni


Você pode até pensar que isso é um “jeitinho brasileiro”, mas se você soubesse da quantidade
de motoristas no nosso país que tem contra si um processo de suspensão da CNH por causa do
acúmulo de pontos dentro do período de 12 meses, iria se surpreender.
Creio que 80% das defesas e recursos que faço diariamente, são de processos de suspensão do
direito de dirigir por acúmulo de pontos, porque estes motoristas na maioria das vezes não
fazem qualquer recurso contra estas multas, achando que não iria “dar em nada”.

Veja o que diz a RESOLUÇÃO N.º 182/05 do CONTRAN, que dispõe sobre uniformização do
procedimento administrativo para imposição das penalidades de suspensão do direito de dirigir
e de cassação da Carteira Nacional de Habilitação.
Art. 3º. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes casos:
I - sempre que o infrator atingir a contagem de vinte pontos, no período de 12 (doze) meses;
Portanto, se dentro deste período de 12 meses você acumular mais de vinte pontos, o DETRAN
instaurará o processo de suspensão da sua CNH (PSDD).
Então, eu recomendo que você faça os recursos das multas para evitar ter a habilitação
suspensa!
Lembrando que com as alterações do Código de Trânsito trazidos pela LEI Nº 13.281, DE 4 DE
MAIO DE 2016, aumentou o tempo de suspensão para este tipo de processo.
O art. 261 do CTB que trata da suspensão diz o seguinte:
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será aplicada, nos casos previstos neste
Código, pelo prazo mínimo de um mês até o máximo de um ano e, no caso de reincidência no
período de doze meses, pelo prazo mínimo de seis meses até o máximo de dois anos, segundo
critérios estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 1o Além dos casos previstos em outros artigos deste Código e excetuados aqueles
especificados no art. 263, a suspensão do direito de dirigir será aplicada quando o infrator
atingir, no período de 12 (doze) meses, a contagem de 20 (vinte) pontos, conforme pontuação
indicada no art. 259.
Já a nova redação trazida pela lei acima citada diz:
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes casos:
I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vinte) pontos, no período de 12 (doze) meses,
conforme a pontuação prevista no art. 259;
§ 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir são os seguintes:
I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no caso de reincidência no
período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) meses a 2 (dois) anos;
Perceba que o tempo da pena de suspensão passou de 1 mês á 12, para no mínimo 6 meses á 1
ano e meio.
Desse modo, a pena se gravou consideravelmente, o que resta alertar aos motoristas, que
tomem cuidado com o acúmulo de multas no período de 12 meses.
Sugiro, portanto, fazer a defesa e os recursos das multas, ou você gostaria de ficar com a CNH
suspensa por 6 meses ou mais?

O processo de Recurso de Multas tem 3 fases, primeira instância, segunda instância e terceira
instância.

Autor: Jucimar Detoni


AUTUAÇÃO
15 Dias - Ao proprietário
Para a transf. de pontos
Da notificação (pessoal/correios)
Ao Órgão Autuador

DEFESA DA AUTUAÇÃO
Prazo:
Não inferior a 15 dias da notificação

DEFERIDO INDEFERIDO
Arquivado

JARI
Prazo:
Até a data de pagto. da multa
(Sem recolhimento do valor)

DEFERIDO INDEFERIDO
Arquivado

CETRAN
Prazo:
30 dias da notificação de decisão da JARI
(Com recolhimento do valor)

DEFERIDO INDEFERIDO
Arquivado Fim das instâncias Adm.
Devolução a JARI para reembolso

Autor: Jucimar Detoni

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