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Graduanda em Antropologia – Diversidade Cultural Latino-Americana, Universidade Federal da
Integração Latino-Americana (UNILA). aledefendioliveira@hotmail.com
IV Colóquio Internacional Dinâmicas de Fronteiras
Unioeste, Foz do Iguaçu/PR - 22, 23 e 24 de setembro de 2022
num país diferente, dá a despertar, nas formas mais sutis de comunicação, que isso
é “bom”. O que vaza disso, não necessariamente sai do relato, mas às vezes da
própria experiência vivida. Em que características, símbolos e ideologias se apoiam
os profissionais de saúde para atender os estudantes da UNILA não-brasileiros? De
que forma a presença intercultural unileira tenciona a formação profissional e
pessoal de vida dessas pessoas?
Algumas dessas indagações me fazem pensar que existem algumas questões
para o corpo unileiro2 que confluem e contribuem para pensar políticas públicas em
ambientes interculturais. Por isso, pensar políticas públicas e gestão, na e com a
antropologia, não é algo recente. Segundo SOUSA (2007) a partir dos anos 70
começam a aparecer centenas de trabalhos relacionados a uma antropologia
prática, antropologia aplicada ou antropologia pública e já os estudos na
Antropologia no tema da saúde no Brasil, segundo LANGDON et. al. (2012) pode ser
datado por volta de 1970, tendo por base uma particularidade interessante em
comparação aos estudos em outros países. As autoras também comentam que é
entre 1960 e 1994 que surgem pesquisas relacionadas a práticas populares em
saúde, em contraste com a biomedicina.
Para pensar sobre cultura e saúde, essencialmente cultura como um marcador,
precisamos nos atentar, como diz FERNANDEZ (2014) a que fatores étnico-culturais
estão relacionados à produção de desigualdades em saúde, colocando alguns
grupos em situações de vulnerabilidade maior que outros. Sendo assim, a afirmação
nos faz perceber que existem algumas lacunas a hora de pensar esses dois temas,
tanto na formação profissional da equipe das UBS, quanto nos atendimentos.
Carecer de um olhar antropológico e de uma atenção voltada a parâmetros de
determinantes sociais de saúde faz com que o atendimento e o diagnóstico
padeçam de uma visão multifatorial. Além disso, o olhar não deve ser, neste
trabalho, apenas para as UBS e seu atendimento, mas para o reprodutor, onde os
sistemas de saúde são instituições essencialmente de poder, principalmente no que
se refere a sua organização. Segundo SANTOS (2007), essas relações criam
símbolos, interações, dinâmicas de poder, discurso e atenção, explicitando ainda
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A ideia principal do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é desenvolver melhor a ideia de “corpo-
unileiro”, para pensar como esses corpos se deslocam, constroem identidades e como compartilham
símbolos. O conceito ajuda a tentar pensar uma coletividade criada no período acadêmico na
comunhão com a diversidade cultural.
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mais o motivo de tantos conflitos e dificuldades a hora de lidar com pacientes que
fogem de uma norma socialmente, culturalmente, linguisticamente etc estabelecida
nos sistemas de saúde.
Quando pensamos que as questões mais ligadas a uma área biomédica,
biológica e determinista não são as maior determinante de saúde e sim o “Código de
Endereçamento Postal (CEP)", salientamos que saúde não é apenas um termo
técnico sobre ausência de doença, ou que, a relação estaria num estrito biológico do
corpo, mas que é de suma importância a análise interpretativa de onde esse corpo
atua, recebe significado, é inserido culturalmente e como suas relações de cunho
geográfico, comportamental, religioso, social e etc, influi sobre ser saudável. Por
isso, é preciso uma intermedicalidade (LANGDON; WIIK, 2014), onde são mediados
os vários significados do que é curar e as questões culturais que são trazidas no
momento do diagnóstico.
Ao frisamos o CEP como um dos determinantes de análise da saúde e, além
disso, as diversidades culturais existentes na cidade trazem a responsabilidade
histórica e social de luta contra as desigualdades sociais, que deveria ser
essencialmente parte da formação e atuação profissional dos agentes de saúde.
Além disso, é importante recorrer a SANTOS (2014) de que é importante
compreender o espaço e aqui, frisando, o espaço das Unidades Básicas de Saúde
(UBS), não algo ou um sistema de algo, mas é um espaço relacional, onde as coisas
e as relações andam juntas. Logo, as UBS não podem, ou não deveriam dissociar
da realidade das pessoas, e muito menos o diagnóstico clínico dos médicos
destoarem da realidade cultural dos seus pacientes.
Para pensar a análise de dados dos estudantes da UNILA, foi criado um
formulário com o objetivo de perceber qual era o espaço 3 de busca em saúde mais
procurado pelos estudantes da universidade. O formulário conta com 13 perguntas
sendo elas: região onde reside, local onde residia (caso não estivesse mais na
cidade), se já fez uso de algum serviço de saúde no momento que morava na
cidade, nacionalidade, idade, perfil socioeconômico, se possui doenças pré-
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O espaço é lido não apenas como espaço físico, mas diz respeito a como se situa a saúde, em que
espaços materiais ou não, a busca por saúde é feita. Seja espaços como o próprio corpo, no caso de
formas holísticas de cura ou mesmo de espaços como chás, ervas, rezas e benzimentos. Todos
esses constituem espaços essencialmente porque é onde a pessoa se encontra, constroem seus
significados e constrói identidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS