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Un lugar para construir tu proyecto de vida

DPTO: Lenguas extranjeras


Cátedra: Portugués

CADERNO PORTUGUÊS
Un lugar para construir tu proyecto de vida
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Cátedra: Portugués

Contenido
BLOQUE 1 Oi. Bem-vindxs ........................................................................................................................ 1
BLOQUE 2 Jeitinho Brasileiro ................................................................................................................. 25
TEXTOS ACADEMICOS PARA TRABALHAR NA SALA DE AULA OU NA CASA. ..................................................... 36
TEXTO 1 ................................................................................................................................................... 36
TEXTO 2:.................................................................................................................................................. 40
TEXTO 3:.................................................................................................................................................. 44
TEXTO 4: ................................................................................................................................................. 48
TEXTO 5:.................................................................................................................................................. 52
TEXTO 6: ................................................................................................................................................. 54
TEXTO 7:.................................................................................................................................................. 58
TEXTO 8: ................................................................................................................................................. 60

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BLOQUE 1 Oi. Bem-vindxs

Na sala de aula.
LEITURA1

Em contextos formais, como


acontece na escrita, é comum
se despedir:

grata/o,
atenciosamente
saudações

Para começo de conversa… atenciosamente,

Aló. Oi! Oi, tudo bem? saudações.

Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Prazer! Prazer em


conhecê-lo/a! Muito prazer

Na despedida...
Até logo! Até mais! Até a próxima! Até amanhã!
Até breve! Até próxima aula!

1 -Este material ha seguido, en alguna de sus partes, el material elaborado por las professoras Ferraris y Rodríguez de la Facultad de Lenguas de la UNC.
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Em contextos de escrita a gente se despede dizendo:
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Beijos. Abraços. Um abraço. Abreijos. Beijocas.

Qual a imagem que você tem de Brasil? Olha as imagens embaixo:

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Agora relacione as informações abaixo às imagens
apresentadas anteriormente: Cátedra: Portugués

1. É uma bebida muito gostosa que se prepara com limão, açúcar,


pedras de gelo e cachaça.
2. É o animal símbolo do Rio Grande do Sul, estado da região sul do Brasil, que tem
fronteira com a Argentina e o Uruguai.
3. É um tipo de agremiação de cunho popular que se caracteriza pelo canto e
dança do samba, quase sempre com intuito competitivo
4. É uma espécie de bovino, corpulento, originário da Índia, mas que teve muito
boa adaptação ao clima do Brasil, aonde esse gado foi introduzido no século XIX.
5. Ave que inspirou o filme Rio.
6. Prato que consiste num guisado de feijões-pretos com vários tipos de carne de
porco e de boi. É servida com farofa, arroz branco, couve refogada e laranja fatiada,
entre outros acompanhamentos. Trata-se de um prato popular, típico da culinária
brasileira.

Apresentação pessoal
Preencha os espaços vagos com seus dados pessoais.

Olá, meu nome é ______________ e meu sobrenome, _________________. Em casa


todos me chamam de _____________, eu gosto muito desse apelido.

Trabalho em duplas: Pergunte a um/a colega: nome, sobrenome e


apelido.
Anote os dados para não esquecê-los:
Nome:___________________________________
Sobrenome:_______________________________
Qual é o seu nome?
E o seu sobrenome?
Você tem apelido?
Qual é?
Agora apresente seu/sua colega ao resto da turma

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Para apresentar alguém dizemos...
Ele é Francisco de Andrade, e todos chamam ele de Chico
Ele se chama Francisco e o seu sobrenome é Andrade. O apelido dele
é Chico.
O nome dele é Francisco e o sobrenome é Andrade. Ele tem apelido, é
Chico.
Veja as fotos e adivinhe QUEM É. Você conhece esta pessoa?

Seu nome é---------------------------------------------------------------(nome)

Ele é -----------------------------------------------------------------------
(profissão)
É ---------------------------------------------------------------------
(nacionalidade)
Ele tem ---------------------------------------------------------------------
(idade)
Agora ele está morando em ----------------------------------------------- (moradia)

Leia a apresentação abaixo:


Sou do Estado de Corrientes, falo espanhol, mas agora estou lendo textos na
língua do Brasil. Neste momento estou na faculdade, na sala de aula de
Português, porém alguns colegas estão no corredor ou no barzinho da “facu”
porque daqui a pouco a gente vai ter uma pausa.
Sempre que venho para a faculdade com tempo gosto de vir de ônibus desde o
centro da cidade e, depois de passar as vias do trem, pego a Avenida Las Heras.
Passo o bulevar e me dirijo à faculdade de Humanidades no Campus Resistencia
da UNNE.
Agora escreva a sua própria apresentação pessoal
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Revisando os nossos conhecimentos:
Artigos definidos e indefinidos

No seguinte trecho sublinhe os artigos definidos com cor azul e sublinhe os


artigos indefinidos que encontrar com cor verde.
HISTÓRIA DO FEMINISMO.
Feminismo no Brasil2
O feminismo surgiu durante as revoluções liberais do século XVIII. No Brasil, esse
movimento social consolidou-se na luta por igualdade de condições entre
homens e mulheres.
O feminismo teve sua origem nos movimentos sociais que surgiram no período
das revoluções liberais inspirados nos ideais iluministas, tais como a Revolução
Francesa e a Revolução Americana. Nesse contexto, esses movimentos sociais
concentravam sua luta, principalmente, na busca por mais direitos políticos e
sociais.
Desse período, uma das maiores representantes do ideal feminista foi a escritora
Olímpia de Gouges, a qual, em 1791, escreveu um documento que ficou conhecido
como “Declaração dos Direitos da Cidadã e da Mulher”. Nesse documento, a
escritora francesa argumentava sobre a necessidade de equiparação dos direitos
sociais, políticos e jurídicos entre homens e mulheres.

2- Texto adaptado para aula de Português de https://brasilescola.uol.com.br/historiab/feminismo.htm. Entrada: 20 de novembro de


2019.

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No século XIX, o movimento feminista questionava as contradições existentes na
sociedade surgida dos ideais liberais e das revoluções industriais e propunha o fim
das desigualdades que existiam no núcleo familiar e nos locais de trabalho, uma
vez que a exploração do trabalho realizado pela mulher era muito mais intensa,
com cargas de trabalho maiores que as dos homens e salários menores. Já no
começo do século XX, a ação do movimento concentrou-se bastante na luta para
que a mulher obtivesse o direito ao voto.
[...]3
Complete os espaços vagos com artigos definidos e indefinidos
Hoje nós estamos visitando _____ pequena cidade brasileira. Ela fica no
interior de minas Gerais.
____ centro da cidade é ______ praça da igreja. Nesta praça há várias lojas, ______
farmácia, _____ cinema, um ou dois bancos, _____ bar e ______ padaria. À noite, _____
moços e _____ moças vão à praça para encontrar ______ amigos e conversar com
eles. ______ casas do centro são antigas, mas na parte nova da cidade, _____ quase
todas _____ casas são modernas. Em geral, tudo aqui é muito tranquilo, portanto
______ vida é muito calma.
(Texto adaptado de Falar... ler... escrever... Português. p. 19)

Contrações e combinações
Português é a língua com maior número de contrações e combinações.
Contração é quando ocorre assimilação: somos daqui. Combinação, quando há
união de palavras:
Vamos ao centro. Ocorrem entre artigos definidos e
indefinidos; pronomes pessoais ele e ela + preposições a,
de, em, por; pronomes demonstrativos e advérbios de
lugar.
O uso das contrações e combinações está associado ao Tenho necessidade
verbo ou ao substantivo que a rege, portanto se dele/dela.
relaciona com a regência verbal ou nominal. Preciso contar com
seu apoio / com sua
Ex: gostar de. Eu gosto dele; elas gostam disso. ajuda.

3
- El texto en su totalidad se lo encuentra en el ANEXO de este material.

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Quando um substantivo rege preposição para que seu significado seja entendido,
estamos diante de um caso de regência nominal. O complemento nominal
sempre será introduzido por uma preposição que poderá estar incluída em uma
contração ou combinação.

Complete com contrações ou combinações:


a. Vamos ______ cinema para assistir ______ novo filme de Fernanda
Montenegro.
b. Gostamos ______ comida que a sua mãe faz. É muito gostosa!
c. Hoje temos necessidade ______presença ______ computador em nossa vida.
d. Trabalhamos ______ faculdade e ensinamos português ______ alunos.
e. Ela acertou ______ mosca!!! Tirou nota 10!!!

Exercício de revisão de contrações e combinações com artigos


definidos.
Sublinhe as contrações e combinações da apresentação em página 6 , e
transcreva-as abaixo, de acordo com a preposição que corresponder:
A....................................................................................................................................................
De..................................................................................................................................................
Em.................................................................................................................................................
Por...............................................................................................................................................

Em português a presença obrigatória do artigo exige uso da contração. As


contrações de preposições com artigos definidos são obrigatórias e com
artigos indefinidos não são de uso obrigatório, mas na linguagem oral sempre
se usam. Nos textos veiculados nos meios de comunicação escrita como
revistas, jornais ou textos acadêmicos, recomenda-se não contrair com artigos
indefinidos.

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SER (de) MORAR (em) VIAJAR (por) TRABALHAR


(em)

De onde você é? Onde você mora? Por onde você


viaja? Viajo pelo Onde você
Sou do Brasil. Moro no Brasil.
Uruguai. Viajo trabalha?
Sou da Argentina. Moro na Argentina. pela Colômbia. Trabalho na
universidade.
Trabalho no
Instituto CIDEG

Complete as frases sobre a vida da Marcela:


A Marcela
Mora _________ Argentina, mas ela é brasileira.
Trabalha _________ na UNNE, no Estado ________ Chaco.
É professora _________ Português.
Passeia _________ cidade quando pode.
Come _________ cantina ______ faculdade todas as terças.

Agora é turno de vocês. Vão pesquisar e logo depois vão


escrever no seu caderno o que sabem da língua portuguesa.

O que você sabe da língua portuguesa?


Você sabe quantos países falam português?
O que você sabe sobre a colonização do Brasil?
Como acha que está formado o português brasileiro?

O alfabeto português
O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras.
O nome das letras é masculino.
A primeira letra do alfabeto é o “a” e a última é o “z”.

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ene dáblio zê xis dê agá ípsilon quê cá vê esse
jota vê bê gê pê cê ele eme erre tê efe

No quadro abaixo estão as vogais com seu nome ao lado. Faltam todos os nomes
das consoantes; procure o nome delas na caixinha –encima- e complete o quadro.
Logo vai pronunciar o nome das letras.

A á N

B O ó

C P

D Q

E é R

F S

G T
Atenção: H U u
observe as
seguintes I i V
palavras: J W
Iguaçu- maçaneta –
K X
braço- onça- lingüiça-
balanço- L Y maçã almoço-
coração- porção –
calçada- M Z cabeça –

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cansaço- caroço- cobiça- criança -dança –açúcar- doença-Cátedra: Portugués


endereço
Todas elas têm em comum uma letra que não existe no alfabeto da língua
espanhola. Escreva-a no espaço ao lado _____
Em português existem várias palavras com "ç" (cê-cedilha) em sua grafia. O "ç" é
utilizado antes das vogais "a", "o" ou "u" (ça, ço, çu, ção e ções) para produzir o som
/s/. Não se deve usar "ç" antes da vogal "i" e da vogal "e", usa-se apenas c. O grupo
silábico fica ça, ce, ci, ço, çu (sendo lido como sa, se, si, so, su).
Procure no dicionário dez palavras com ç (cê –cedilha) e escreva neste
caderno:
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..............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
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...............................................................................................................................................................................................
..

Agora observe o portal da Universidade Federal de Santa Catarina, sobre o


Departamento de Ciência da Informação da UFSC. Logo leia o texto a seguir4:

4
- Trecho extraído de: Ciência da Informação - Vol 24, número 1, 1995 – Artigos Entrevista: Celia Ribeiro Zaher
Entrevistadora: Rosali Fernandez de Souza. Em : revista.ibict.br › ciinf › article › download

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Entrevistadora: Rosali Fernandez de Souza


Bacharel em ciências jurídicas e doutora em direito do trabalho pela Fundação
Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, bacharel em
biblioteconomia pela Unirio e mestre em documentação pela Columbia
University, N.Y., U.S.A. professora titular de documentação da Universidade
Federal Fluminense, de 1964 a 1991.
Em 1960, ocupou o cargo de docente em documentação no Instituto Brasileiro de
Bibliografia e Documentação e, de 1968 a 1972, desempenhou as funções de
diretora de pesquisa no Conselho Nacional de Pesquisas, presidente do Instituto
Brasileiro de Bibliografia e Documentação e presidente da Comissão Latino-
Americana da Federação Internacional de Documentação.
Em 1972, a doutora Zaher vinculou-se à Organização das Nações Unidas para a
Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, como diretora da Divisão para o
Desenvolvimento da
Documentação de Bibliotecas e Arquivos. De 1976 a 1982, desempenhou o cargo
de diretora da Divisão de Promoção de Livros, Arquivos, Audio-Visuais e
Intercâmbio Internacional no Setor de Cultura e Comunicação. De 1982 a 1983, foi
comissionada perante o Governo do Brasil para exercer o cargo de diretora geral
da Biblioteca Nacional. Em 1984, retornou à Unesco, em Paris, como diretora geral

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adjunta em comunicação. Durante 1987 e 1988, foi representante da Unesco
perante o México e a República Dominicana. Desde 1987, desempenhava o cargo
de diretora da Divisão de Estudos Culturais. Celia Zaher é autora de diversas
publicações e tem participado de numerosas conferências e missões da Unesco
em todo o mundo. Também tem sido honrada com várias distinções e medalhas.
Desde julho de 1991, ocupa o cargo de diretora do Centro Latino-Americano e do
Caribe de
Informação em Ciências da Saúde (Bireme), em São Paulo, Brasil.
Rosali – Em primeiro lugar, gostaríamos de dizer-lhe, doutora Celia, do nosso
contentamento em entrevistá-la nesta ocasião em que o Curso de Mestrado em
Ciência da Informação, convênio CNPq/IBICT-UFRJ/ECO, completa 25 anos de
existência – seu jubileu de prata.
Nosso intuito é homenageá-la, pois foi em sua gestão como presidente do então
IBBD, hoje IBICT, que o curso foi criado. Portanto, consideramos uma
oportunidade ímpar obter seu depoimento sobre a concepção e implantação do
curso na década de 70, o seu desenvolvimento ao longo do tempo e a sua visão
da ciência da informação na entrada do ano 2000.
Antes de iniciar as perguntas sobre o curso propriamente dito, gostaríamos que a
senhora nos contasse um pouco da sua trajetória como profissional de informação
no Brasil e no exterior.
Celia Zaher – Essa minha trajetória começou justamente aqui onde você está me
entrevistando, que é a UFRJ, então a Universidade do Brasil. Meu primeiro cargo
foi funcionária da Biblioteca Central dessa Universidade. E foi aqui, trabalhando
com Lydia Sambaquy, que me interessei por essa carreira. Era extremamente
jovem e comecei a fazer o curso de biblioteconomia.
Logo depois, por ter conhecimento de línguas, consegui uma bolsa da Unesco e
fui para o exterior, antes mesmo de ter completado o curso no Brasil. Fui para a
Columbia University e fiz o Curso de Documentação Científica, assunto
extremamente novo naquela época nos Estados Unidos, na década de 50.
Voltando com o curso em nível de mestrado, revalidei meu curso de
biblioteconomia no Brasil.
Evidentemente, seria enfadonho falar de todos os cargos que ocupei dentro da
minha trajetória de jovem, tentando me consolidar profissionalmente, depois de
fazer o curso no exterior sobre assuntos que não eram conhecidos no Brasil e que,
por isso mesmo, não eram aceitos com muita facilidade. Mas, posso dizer que, ao
entrar para o IBBD em 1954, o mais importante foi eu ter sido aproveitada como
professora. Era chefe da Seção de Pesquisas Bibliográficas e fazia levantamentos
individuais, evidentemente de forma manual naquela época, e traduções de

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artigos, porque as pessoas não tinham conhecimento de línguas. Isso era muito
inovador em torno de 1954 e 1955. Lecionei no Curso do CDC, onde fui a primeira
professora da pesquisa bibliográfica e posteriormente de Documentação.
Simultaneamente, fui professora dos cursos da UNI-RIO, naquela época Curso da
Biblioteca Nacional, e criei, com Hagar Espanha Gomes, o Curso de
Biblioteconomia da UFF. Durante anos, Hagar e eu lecionamos de graça para
poder criar aquele curso, razão pela qual fomos homenageadas pela própria
universidade, onde, posteriormente, fui professora titular da cadeira de
documentação. No Brasil, essa trajetória me levou à diretora do Serviço de
Bibliografia, e presidente do IBBD.
Nessa época, assumi diversos cargos internacionais como presidente da FID/CLA
e membro do comitê da Unesco, razão por que depois fui convidada a trabalhar
na Unesco, com concurso de seleção. Entrei na Unesco como diretora da Divisão
de Planejamento de Bibliotecas e Arquivos.
Fiquei na Unesco de 1972 até 1991, quando vim para o Brasil como diretora da
Bireme, que é um órgão da Organização Mundial de Saúde, Organização
Panamericana da Saúde, onde estou até hoje. Uma coisa importante nesse
período é que a Unesco me emprestou ao governo brasileiro durante dois anos
para eu reformar a Biblioteca Nacional, o sistema de bibliotecas e o sistema do
livro no Brasil. Esse período foi de 1982 a 1984, quando, como diretora, reformei a
Biblioteca Nacional e criei um sistema de bibliotecas dentro do então Ministério
da Educação. Com a fusão do Ministério da Educação com o Ministério da Cultura,
esse sistema ficou prejudicado, hoje em dia tem outra estrutura. Automatizei a
Biblioteca Nacional e tive a oportunidade de criar diversos cursos de informação,
inclusive o Programa de Restauração de Obras Raras, que existe até hoje, e o
Curso de Restauração.
Rosali – Gostaríamos que a senhora nos falasse sobre a política dos programas de
Informação da Unesco na década de 50, nos quais está inserida a criação do
próprio IBBD e, até mesmo, da Pós-Graduação em Ciência da informação.
Celia Zaher – Na década de 50, a Unesco se preocupou muito em fazer um
programa voltado para a criação de políticas nacionais que pudessem ser em
ciência, de maneira geral, e que pudessem ser coordenadas por conselhos
nacionais de pesquisas, que foram criados em quase a totalidade dos países.
Estava inserido nesse conceito de conselho nacional de pesquisa a necessidade
de se criar um órgão que pudesse promover a informação científica no país,
enquanto tradicionalmente a Unesco tinha um departamento voltado para a
criação de bibliotecas e arquivos, um departamento com uma imagem
extremamente positiva, inclusive internacionalmente, que foi responsável pelo
desenvolvimento dessa área no mundo inteiro. Como esse departamento não se
ocupava da parte de informação científica especialmente, foi criado na ocasião o

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programa Unisist, justamente porque havia essa dicotomia dentro da própria
Unesco. Dentro dessa política, foi criado o IBBD, como órgão do Conselho
Nacional de Pesquisas, responsável por desenvolver informação científica.
Daí o seu nome, porque quem o criou era um grupo tradicional e chamou de
bibliografia e documentação, porque a expressão ciência da informação só
apareceu bem posteriormente, na década de 70.
Essa foi a criação do próprio IBBD, IBICT atualmente. Por isso, ele sempre
pertenceu ao Conselho Nacional de Pesquisas, não está vinculado a nenhum
ministério, mas sim a um órgão de desenvolvimento de pesquisas. Com isso, o
IBBD notou que os profissionais da área tinham uma formação de
biblioteconomia convencional e que essa formação fazia com que não houvesse
profissionais na área com conhecimento necessário para desenvolver os seus
programas; como levantamentos bibliográficos, considerada uma técnica
extremamente moderna (evidentemente automação ainda não era dessa época).
Havia outros conceitos mais modernos de gestão. Por exemplo, o livro não era tão
importante como a informação nele contida, conceito totalmente novo na
biblioteca e órgãos como Biblioteca Nacional. E a sua função principal é preservar
a memória nacional, o livro na sua integridade, sem preocupação de conteúdo.
E então se precisava conhecer técnicas como indexação, como os novos modelos
de classificação, não geral, mas aquela que possibilitava um detalhamento maior
do seu conteúdo e que eram orientações novas dadas pela Federação Nacional
de Documentação, órgão que tinha sido criado justamente para incentivar essa
tendência e, em contrapartida, a Ifla, órgão tradicional de bibliotecas, e o ICA, que
era o órgão tradicional de arquivos. A Unesco refletia essas tendências, tinha
criado a própria FID como uma coisa nova, existiam a Ifla e o ICA. A Unesco, dentro
da sua estrutura, contemplava documentação, bibliotecas e arquivos, em
contrapartida ao programa Unisist, que era puramente de informação científica e
falava de sistemas, de conceitos, que não eram tradicionalmente absorvidos. A
idéia de se criar o CDC era dar uma especialização aos bibliotecários já formados,
para que eles pudessem, dessa forma, voltar e também acompanhar o
desenvolvimento nos seus próprios estados. Era um curso basicamente voltado
para formar pessoas fora do Estado onde estavam, que era o Rio de Janeiro, e
também atualizar os próprios professores, para criar uma nova formação e uma
nova mentalidade.
Rosali – Gostaríamos que a senhora nos falasse sobre as negociações do convênio
do IBBD (atual IBICT) com a UFRJ sobre a pós-graduação na área de informação,
incluindo o Curso de
Especialização (CDC) e o Curso de Mestrado.

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Celia Zaher – O Curso CDC não foi criado por mim, mas porCátedra:
LydiaPortugués
Sambaquy. Sei
que, sendo o IBBD um órgão do Conselho Nacional de Pesquisas, as negociações
foram feitas mediante convênios especializados, para fazer o que se chamava
curso de extensão universitária. Esse curso foi muito atual na época e mostrou
apenas suas deficiências posteriormente, quando o próprio pessoal que fazia o
curso de especialização voltou para os seus estados e absorveu essas técnicas nos
seus cursos de formação. Os currículos foram adaptados e, então, o CDC passou a
ser um curso que só era novo para quem tinha se formado há muitos anos. Os
novos egressos dos cursos nos estados e do próprio Rio de Janeiro estavam
começando a sentir que havia uma repetição daquilo que já haviam aprendido
nos seus cursos de graduação. Evidentemente, esse foi um processo que percebi,
por ser professora do Curso CDC, porque minha carga comum coincidiu, nessa
época de formação no Curso de Mestrado, com meu papel de diretora do próprio
IBBD. Quis então, sendo diretora, renovar pelas seguintes razões: primeiro, porque
eu, como professora da UFF e da UNI-RIO, constatei que os alunos que vinham
para o curso de especialização eram os mesmos que tinham sido meus alunos de
graduação nessas duas universidades. Sentia-me mal de estar lecionando algo
que já havia lecionado, embora dentro dos cursos de biblioteconomia de
graduação não existisse o material extremamente rico da biblioteca do IBBD, que
justamente tinha todos os levantamentos bibliográficos. Primeiro, porque
tínhamos um departamento de bibliografia em que precisávamos ter todas as
revistas para serem analisadas, indexadas para produzir as bibliografias do então
IBBD. Segundo, porque nós tínhamos um departamento de pesquisas
bibliográficas. Então, tínhamos que ter os índices de todas as áreas para fazer
esses levantamentos – lembre-se, naquela época, eram manuais.
Então, a necessidade de fazer isso manualmente, por não haver base de dados em
computador, como se tem hoje em dia, fazia com que nós tivéssemos de realizar
esses levantamentos. A biblioteca do IBBD era extremamente rica, então todos os
cursos do CDC tinham um adicional que era a parte prática de pesquisas
bibliográficas. Esses levantamentos eram obrigatórios e, mesmo que eu desse isso
na UFF, não tinha a parte prática, porque não existia biblioteca para os alunos se
filiarem. Era sempre uma melhoria, mas eu sentia que nós tínhamos um tipo de
público e que era necessário estudar suas necessidades. [...]
Retire do texto acima as palavras pertencentes ao campo semântico da Ciências da
Informação e coloque no quadro abaixo. Por exemplo:

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Biblioteconomia-

LEITURA. CONHECENDO AS ORIGENS DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL.


A língua portuguesa sofreu grande influência das línguas indígenas, como
facilmente se verifica em nomes de alimentos, praças, ruas, cidades, rios, etc.
Mas o significado das palavras nem sempre é conhecido.

Leia o texto sobre as línguas indígenas e sua influência no português do


Brasil5.
As línguas indígenas se desenvolveram no Brasil há milhares de anos, com total
independência em relação às tradições culturais da civilização ocidental. Até hoje
são conhecidos dois troncos lingüísticos: tupi e macro-jê, doze famílias que não
pertencem a nenhum tronco, e dez línguas isoladas. A família mais numerosa é a
tupi-guarani, cujas dezenove línguas são faladas por índios localizados em sua
maioria nas áreas de floresta tropical e subtropical.

5
- De Bem-vindo! A língua portuguesa no mundo da comunicação. Caderno de exercícios 3.

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O tupi ou tupinambá, a língua de contato entre europeus e índios, foi amplamente
usado nas expedições bandeirantes no sul do país e na ocupação da Amazônia.
Os jesuítas estudaram esta língua, traduziram orações cristãs para a catequese e
o tupi se estabeleceu como língua geral, ao lado do português, na vida cotidiana
da colônia. Desta língua indígena, o português incorpora principalmente palavras
referentes à flora (como abacaxi, buriti, carnaúba, mandioca, capim, sapé, taquara,
peroba, imbuia, jacarandá, ipê, cipó, pitanga, maracujá, jabuticaba e caju); à fauna
(como capivara, tatu, sagüi, jacaré, sucuri, piranha, urubu, curió, sabiá); a nomes
geográficos (como Aracaju, Guanabara, Tijuca, Niterói, Pindamonhangaba,
Itapeva, Itaúna e Ipiranga) e a nomes próprios (como Jurandir, Ubirajara e Maíra).
Em 1757 o tupinambá foi proibido por uma Provisão Real. Nessa época, o
português se fortaleceu com a chegada ao Brasil de um grande número de
imigrantes vindos da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas do país, em 1759, o
português se fixou definitivamente como o idioma do Brasil.

a) Responda C (certo) ou E (errado) conforme corresponder; quando for


Errado, justifique.
O português do Brasil incorporou do tupi-guarani palavras referentes
a: flora, fauna, nomes geográficos, nomes próprios.

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A língua geral foi trazida pelos europeus.
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..

O Marquês de Pombal proibiu o uso da língua portuguesa.


...................................................................................................................................................
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Os bandeirantes modificaram a linha imaginária estabelecida pelo Tratado de
Tordesilhas.
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Cátedra: Portugués
A perda de território não influiu sobre as línguas originárias no Brasil.
............................................................................................................................................................................................
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b) . Marque a afirmação correta
Os bandeirantes foram
a. exploradores em procura de escravos
b. colonizadores de novos territórios
c. nenhuma das duas afirmações.

O tupi-guarani diminuiu porque


a. abandono das tradições
b. falta de registros escritos
c. ambas as duas razões.

c) Agora é você! Pesquise na internet como foi a relação que se


estabeleceu entre os jesuítas e a língua tupi-guarani. Não
esqueça de escrever a direção URL de sua pesquisa.

...............................................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
..............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................................................................
..

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Cátedra: Portugués
Identidade brasileira
A construção do conceito de Identidade Brasileira é um desafio que deve
levar em conta a multiplicidade histórico-cultural do país

A Identidade Brasileira é um conceito que tenta unificar critérios de identificação


e pertencimento comuns entre os cidadãos brasileiros. Essa tarefa é bastante
desafiadora se levarmos em conta os elementos culturais, históricos e sociais que
compõem a nação.
Possuímos uma língua comum e um passado colonial, contudo, a história do país
não se passou de maneira homogênea no aspecto da espacialidade e, muito
menos, do ponto de vista do progresso e acesso aos direitos.
Quais seriam as características do povo brasileiro?
Observando a população brasileira pelos aspectos comuns que possam constituí-
la, é possível pensá-la a partir de uma identificação cultural, em que a música ou
tradições religiosas possam exercer maior peso. Todavia, a grande extensão
territorial e as diferentes origens da população fazem com que tenhamos
também uma enorme diversidade cultural.
A religião católica, originária dos colonizadores europeus, embora durante muitos
anos tenha sido absoluta maioria, não é a única. Os brasileiros professam religiões
de matriz africana, os indígenas possuem seus próprios cultos e divindades, além
de haver uma infinidade de denominações religiosas cristãs além da católica.
A constituição do povo brasileiro é multiétnica, tendo em vista a variedade de
grupos que constituíram a nossa população. Além do nativo indígena, o africano
e o europeu colonizador, imigrações importantes, como a italiana, japonesa e
árabe, contribuíram, e muito, para ampliar ainda mais a enorme diversidade
histórico-cultural brasileira.
Outro fator mais recente que dificulta ainda mais a tentativa de concepção de
uma identidade brasileira una é o processo de globalização e uniformização das
culturas que têm ocorrido em todo o mundo. O acesso à cultura mundializada
tem uniformizado comportamentos, hábitos e trajetórias tanto nos aspectos
econômicos quanto nos culturais e sociais.
Portanto, a brasilidade, a identificação do brasileiro com os outros filhos do
mesmo território, é uma questão muito mais de pertencimento, afetividade e
simpatia individual do que um conceito social construído e fundado em critérios
únicos. A identidade brasileira, em oposição à unificação de características, pode
ser, sim, compreendida pela diversidade histórica, cultural e social de seu povo.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/identidade-brasileira.htm

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ANEXO UNIDADE 1
VERBOS REGULARES
FALAR
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu falo eu falei Eu falava

tu falas tu falaste Tu falavas

você/ele/ela fala você/ele/ela falou você/ele/ela falava

nós falamos nós falamos Nós falávamos

vocês/eles/elas falam vocês/eles/elas falaram vocês/eles/elas falavam

Gerúndio: falando

Particípio: falado

COMER

Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu como eu comi Eu comia

tu comes tu comeste Tu comias

você/ele/ela come você/ele/ela comeu você/ele/ela comia

nós comemos nós comemos Nós comíamo


s

vocês/eles/elas comem vocês/eles/elas comeram vocês/eles/elas comiam

Gerúndio: comendo

Particípio: comido

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DIVIDIR
Cátedra: Portugués
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu divido eu dividi eu dividia

tu divides tu dividiste tu dividias

você/ele/ela divide você/ele/ela dividiu você/ele/ela dividia

nós dividimos nós dividimos nós dividíamo


s

vocês/eles/elas dividem vocês/eles/elas dividiram vocês/eles/elas dividiam

Gerúndio: dividindo

Particípio: dividido

ALGUNS VERBOS IRREGULARES:


SER
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu sou eu fui eu era

tu és tu foste tu eras

você/ele/ela é você/ele/ela foi você/ele/ela era

nós somos nós fomos nós éramos

vocês/eles/elas são vocês/eles/elas foram vocês/eles/elas eram

Gerúndio: sendo

Particípio: sido

TER

Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu tenho eu tive eu tinha

tu tens tu tiveste tu tinhas

você/ele/ela tem você/ele/ela teve você/ele/ela tinha

nós temos nós tivemos nós tínhamos

vocês/eles/elas têm vocês/eles/elas tiveram vocês/eles/elas tinham

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Gerúndio: tendo
Cátedra: Portugués
Particípio: tido
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu estou eu estive eu estava

tu estás tu estiveste tu estavas

você/ele/ela está você/ele/ela esteve você/ele/ela estava

nós estamos nós estivemos nós estávamos

vocês/eles/elas estão vocês/eles/elas estiveram vocês/eles/elas estavam

IR

Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu vou eu fui eu ia

tu vais tu foste tu ias

você/ele/ela vai você/ele/ela foi você/ele/ela ia

nós vamos nós fomos nós íamos

vocês/eles/ela vão vocês/eles/elas foram vocês/eles/elas iam


s

Particípio: ido
Gerúndio: indo

LER
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu leio eu li eu lia

tu lês tu leste tu lias

você/ele/ela lê você/ele/ela leu você/ele/ela lia

nós lemos nós lemos nós líamos

vocês/eles/elas leem vocês/eles/elas leram vocês/eles/elas liam

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Gerúndio: lendo
Cátedra: Portugués
Particípio: lido
SABER
Presente Pretérito perfeito Pretérito imperfeito

eu sei eu soube eu sabia

tu sabes tu soubeste tu sabias

você/ele/ela sabe você/ele/ela soube você/ele/ela sabia

nós sabemos nós soubemos nós sabíamos

vocês/eles/elas sabem vocês/eles/elas souberam vocês/eles/elas sabiam

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BLOQUE 2 Jeitinho Brasileiro

Leia

/escute/assista a música “Brasileiro”, de Ivete Sangalo6; logo faça o que se


pede:

6
- Letra da canção tirada de : https://www.letras.com/ivete-sangalo/46453/

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Fim de semana, todo brasileiro gosta de fazer um som
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Uma cerveja bem gelada
Violão de madrugada, samba e futebol
Eu trabalho o ano inteiro
De janeiro a janeiro e não me canso de plantar
Ôôôô
Passa boi, passa boiada
Debruçada na janela, que vontade de cantar
Refrão:
Eu sou brasileiro
Índio, mulato, branco e preto
Eu vou vivendo assim
Eu sou batuqueiro (Cafuzo)
(2x)
Ando de buzu precário, tão pequeno o meu salário
Na vitrine é tudo caro e assim mesmo quer sorrir
Reza pra todos os santos
São Vicente, São Jerônimo
Vai atrás de um pai-de-santo pro barraco construir
No domingo tem preguiça
Vou com fé, eu vou à missa
E na segunda ao candomblé
Ó, que linda criatura
Não entendo essa mistura, com esse tal de silicone
Ninguém sabe se é homem ou se é mulher
Refrão
Doze meses de agonia
Chego na periferia com o presente de Natal (legal)
Dou comida à molecada

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Mando brincar na calçada
Cátedra: Portugués
Tá na hora do jornal
Falta rango, falta escola
Falta tudo a toda hora
Tá na hora de mudar (oh oh oh oh)
Vivo com essa vida dura
São milhões de criaturas
Brasileiro sempre acha algum motivo pra comemorar.

Retire do texto e escreva, a seguir, elementos culturais que


descrevem e caracterizam o povo brasileiro na canção.

............................................................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................................................

Você vai assistir um trecho do documentário “Chico-ou o


País da Delicadez Perdida”. Em seguida, responda:
a. Quem criou, há anos atrás, a teoria do homem cordial? De que maneira ele se
relaciona com Chico Buarque?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
b. Em que consiste essa teoria?

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_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________

c. Por que, de acordo como o vídeo, o brasileiro


é incapaz de seguir uma hierarquia, procura
criar intimidade e encurtar distâncias?

_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
__________________________________________________________

Segundo Chico Buarque, quais são os aspectos positivos e negativos dessa forma
de ser brasileiro? Você concorda como esses aspectos? Justifique sua resposta.

_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

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VAMOS PARA O MUNDO DAS MULHERES

ALGUNS Conceitos Violência contra a Mulher7


 DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER:
Qualquer distinção, exclusão ou preferência injustificada que tenha por efeito
anular ou reduzir a igualdade de oportunidade ou tratamento em relação à
mulher.
No emprego ou profissão a discriminação está associada ao preconceito, à
falta de informação, à intolerância, chegando ao ponto de destruir autoestimas,
conduzir processos depressivos, massacrar seres humanos.
A proibição constitucional de práticas discriminatórias em relação à idade se
consolidou nas leis que se seguiram como a que instituiu a política nacional do
idoso (Lei nº 8.842/94), cuja regência é a do princípio da não discriminação de
qualquer natureza da pessoa idosa (art. 3º, III); a Lei nº 9.029/95 que de forma
abrangente proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória ou que limite o
acesso da pessoa à relação de emprego com a motivação na idade do trabalhador
(art. 1º); o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03) que tem como princípio básico a não
discriminação da pessoa idosa (art . 4º), sendo que no art. 27 veda expressamente
a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos
públicos e no art. 100, incisos I e II, criminaliza, com pena de reclusão de seis meses
a um ano, quem obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo
de idade e, quem negar a alguém emprego ou trabalho por motivo de idade.

7
- Material extraído e adaptado para a aula de português desde: https://movimentomulher360.com.br/wp-
content/uploads/2019/01/cartilha_violenciagenero-11.pdf

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Anúncios de emprego que excluem mulheres, diferença salarial entre os


gêneros, assédio sexual, exigência de teste de gravidez, não contratação de
mulheres mães são exemplos de práticas discriminatórias que devem ser
combatidas por todas as pessoas. Além do mais, a discriminação se manifesta
na desigualdade salarial, pois a média da remuneração da mulher equivalente
a 77% da remuneração do homem.

 DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO


A base da divisão sexual do trabalho está na distinção entre trabalho reprodutivo
- associado à mulher - e trabalho produtivo - associado ao homem, dentro de um
modelo binário de gênero.
Na lógica da dicotomia, há sempre dois elementos singulares que se opõem, de
maneira que um é superior a outro. Nesse sentido, é necessário desconstruir o
modelo binário de gênero, no qual há unicamente um homem superior e
dominador e uma mulher inferior e dominada. A desconstrução da polaridade fixa
dos gêneros implica: a problematização da oposição binária entre eles e da própria
unidade interna; a necessidade de concluir que ambos os polos, masculino e
feminino, relacionam-se e interagem; que cada um dos polos é internamente
segregado, múltiplo e enseja a existência de diferentes mulheres e homens
dentro das sociedades. A desconstrução da oposição binária possibilita a inclusão
de diversas formas de se viver a masculinidade e feminilidade, que não se
enquadram na lógica dicotômica.
A divisão sexual do trabalho corresponde a atribuição de tarefas e lugares sociais
diferentes e separados para homens e mulheres, em que a atividade masculina é
mais valorizada socialmente e ocupa um papel hierárquico superior em relação a
atividade feminina. Enquanto o ofício masculino exige uma qualificação e
formação mais longas e específicas, as tarefas reconhecidas como femininas são
associadas à natureza da mulher, dispensando ou desqualificando a sua formação
profissional. A divisão sexual do trabalho repercute fortemente nos cargos e
funções ocupados pelas mulheres e em seus rendimentos, já que as tarefas a elas
destinadas são mais precárias e com remuneração mais baixa.

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O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres é celebrado
anualmente em 6 de dezembro (Decreto de Lei nº 11.489/2007).

A data remete a um caso de violência de gênero ocorrido no Canadá, em que Marc Lepine, um
jovem de 25 anos, invadiu uma sala de aula da Escola Politécnica de Montreal (Canadá) e ordenou
que todos os homens abandonassem o local, para que pudesse assassinar todas as mulheres
daquela turma. Marc se suicidou após o ato mas deixou uma carta em que explicou que a chacina
decorrida do fato de que não admitia que mulheres frequentassem o curso de Engenharia, uma
área tradicionalmente masculina.

Em consequência, um grupo de homens canadenses criou a Campanha do Laço Branco (White


Ribbin Campaign), um movimento que visa fomentar a igualdade de gêneros e uma nova visão
sobre a masculinidade, que no Brasil se expressa na Campanha Laço Branco, coordenada pela Rede
de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG).

 FEMINISMO
É um movimento político, social e filosófico que luta pela igualdade de
direitos e oportunidades entre homens e mulheres.
Existem diversas correntes e teorias sobre o feminismo, as quais são diferentes
nas suas premissas e nas conclusões. O que as unem é a busca pela eliminação
da subordinação da mulher e o que as diferenciam é a forma de descrição e
medidas que serão utilizadas para isso.
São causas em geral comuns ao movimento: a luta pela igualdade de
remuneração e direitos no mundo do trabalho, o combate à violência doméstica,
ao estupro e ao assédio sexual, o direito da mulher à autonomia e à
integridade do seu corpo.

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As feministas lutam pela igualdade de oportunidades e tratamento. Por isso tem o


pleno direito, em uma sociedade democrática, de realizar campanhas, passeatas e
eventos, visando a divulgar suas bandeiras de luta e propagar suas ideias e
reivindicações. Foram por meio dessas organizações que as mulheres adquiriram
diversos direitos na sociedade como o de estudar, votar, trabalhar e ser
independente.

 GENERO
É uma construção social que se revela em conjunto de expectativas, papéis,
gestos, linguagem, roupas, profissões, posturas e comportamentos que se impõe
a todas a pessoas quando nascem e que tem como base o sexo biológico. A pessoa
quando nasce é enquadrada como homem ou mulher e a partir daí se define o
papel e comportamentos adequados que ela deve adotar na vida em sociedade.
Diversas teorias e visões, como a Teoria Queer, criticam esse modelo binário de
gênero que só abarcaria homens e mulheres, visando incorporar na
inteligibilidade humana as mais diversas formas de expressão do indivíduo.
O termo queer significa o estranho, é aquele que se narra ou é narrado fora das
normas. A Teoria Queer propõe o questionamento às epistemes (pressupostos de
saber), ao que entendemos como verdade, às noções de uma essência do
masculino, de uma essência do feminino, de uma essência do desejo. Propõe
olhar tais conceitos e tentar percebê-los culturalmente.

Não há qualquer problema em meninos brincarem como bonecas e panelas e vestirem uma
roupa rosa, assim como meninas brincarem com carrinhos e usarem roupa azul. As crianças
precisam ser respeitadas em seus gostos, afinidades e sonhos, assim como devem ser
estimuladas a se perceberem iguais, independentemente da classe, raça, cor, gênero e etc.

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AGORA. É SUA VEZ!


Leia com atenção os textos acima. Escolha dois deles e faça um resumo.
Depois comparta com a turma na sala de aula ou na aula virtual
_________________________________________________________________________________
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_________________________________________________________________________________
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_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________
APROFUNDANDO CONCEITOS
Na sala de informática ou na sua casa, você vai pesquisar outros
conceitos que tem a ver como a violência de gênero.
Você deve procurar o significado destes conceitos. Agregue imagens que
ilustrem o conceito. Não esqueça de indicar o link da página web que
pesquisou.

- TETO DE VIDRO
- SORORIDADE
- PATRIARCADO
- MULHERES TRANS
- MULHERES NEGRAS
- MISOGINIA
Algumas expressões para dar nossa opinião:

Expressar satisfação ou Expressar Expressar


interesse indiferença insatisfação ou
desprezo
Está ótimo... Não sei não ... Não gostei nada, nada...

Gostei demais... Tanto faz! Acho que não tem nada

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a ver com Cátedra: Portugués

Estupendo.. Até pode ser que É muito diferente do que


. sim... eu...
Estou achando Para mim é igual... Está muito mal...
excelente...
Adorei... Sei lá! Está péssimo...

Tem certeza quando Para mim é Não vale


diz... indiferente... nada...
Felizmente... Pode ser que sim... Não adianta...

Que bom! Talvez De jeito nenhum

Que pena!

Que idiotice!

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Cátedra: Portugués
TEXTOS ACADEMICOS PARA TRABALHAR NA SALA DE AULA OU NA CASA.

TEXTO 1
Competência leitora nas bibliotecas escolares8
Kelley Cristine Gonçalves Dias Gasque Doutora; Universidade de Brasília,
Brasília, DF, Brasil; kelleycristinegasque@hotmail.com

Flor De María Silvestre


Doutoranda; Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil;
silvestreestela@gmail.com

Resumo: O artigo analisa a contribuição dos projetos de leitura das bibliotecas


escolares, das escolas que obtiveram os primeiros lugares no ranking do Enem,
de 2013, no Distrito Federal. Os objetivos específicos são descrição da proposta
pedagógica e da estrutura das escolas; descrição da estrutura, dos produtos e dos
serviços oferecidos pelas bibliotecas escolares; identificação dos projetos de
leitura e contribuição para o desenvolvimento de competências leitoras; e, por fim,
identificação da relação entre docente e bibliotecário nos projetos de leitura. A
metodologia tem natureza quali-quantitativa. A amostra abrangeu seis escolas,
sendo três privadas e três públicas. Os
resultados mostram que os projetos de
leitura vinculados às disciplinas
lecionadas pelos professores
pesquisados, em geral, são realizados
sem participação das bibliotecas
escolares. Contudo, os professores
relataram que as bibliotecas escolares
contribuíram para os resultados do
Enem em outros aspectos, tais como
oferta de acesso à informação organizada, horário de atendimento adequado e
recursos humanos.

Palavras-chave: Biblioteca escolar. Centro de recurso de aprendizagem. Leitura.


Competências leitoras. Enem.

8
- Trecho do texto extraído de https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/68642.

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1 Introdução
Cátedra: Portugués
Vive-se em uma época em que a tecnologia e a informação transformam
processos, serviços e pensamentos de forma acelerada. O aprender situa-se no
núcleo da sociedade, por isso, pesquisadores como Pozo (2004) e Gasque (2012)
denominam-na sociedade da aprendizagem. Essa sociedade exige certas
competências dos cidadãos, dentre elas, o letramento informacional – processo
necessário para que eles possam avaliar, interpretar, utilizar informação e gerar
conhecimento ao longo da vida. Perpassando esse processo, a leitura constitui-se
como uma das competências cruciais a serem desenvolvidas.
Apesar de reconhecidamente a leitura ser instrumento importante na sociedade
contemporânea, os resultados das avaliações realizadas por estudantes brasileiros
mostram que os estudantes não apresentam desempenho satisfatório em relação
à escrita e à leitura. Na edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de
2014, por exemplo, 250 candidatos tiraram a nota máxima equivalente a 1.000
pontos, outros 529.374 tiraram zero a redação. Os resultados revelam que os
jovens têm pouca prática na leitura e escrita (BRASIL, 2015).
Nesse sentido, as bibliotecas escolares atuantes como Centro de Recursos de
Aprendizagem podem, com a mediação dos bibliotecários, desenvolver projetos
de incentivo à leitura. A parceria com os docentes da comunidade escolar pode
melhorar a competências leitora e a aprendizagem dos estudantes.
O objetivo da pesquisa foi analisar a contribuição da biblioteca escolar nas escolas
que obtiveram os melhores desempenhos na avaliação do Enem, considerando,
especificamente, os projetos de leitura. Para tanto, foram considerados os
objetivos específicos: descrição da proposta pedagógica e das estruturas das
escolas pesquisadas; descrição da estrutura, dos produtos e dos serviços
oferecidos pela biblioteca escolar das escolas pesquisadas; identificação dos
projetos de leitura e a contribuição da biblioteca escolar para a formação de
competências leitoras, e, por fim, identificação da relação entre o docente e o
bibliotecário nos projetos de leitura. Para a pesquisa, foram selecionadas seis
escolas, três privadas e três públicas, que obtiveram os primeiros lugares no
ranking do Exame Nacional do Ensino Médio de 2013. Os principais tópicos
tratados na revisão de literatura foram leitura, competência leitora e bibliotecas
atuantes como Centro de Recursos de Aprendizagem.
2 Competência leitora
Ao considerar os aspectos cognitivos do sujeito e a interação com o ambiente em
que se vive, reconhece-se que a vida, na sociedade contemporânea, traz novos
desafios, em especial, em relação à informação e ao conhecimento. Para lidar com

37
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eles, o processo de letramento informacional (LI) torna-se
fundamental, visto que possibilita o desenvolvimento deCátedra:
competências
Portugués para
buscar e usar a informação para resolução de problemas ou tomada de decisões.
Assim, pode ser caracterizado como um processo que propicia a aprendizagem
ativa, independente, bem como o pensamento reflexivo e o aprender a aprender
ao longo da vida (GASQUE, 2010).
Gasque (2010), no artigo intitulado Arcabouço conceitual do letramento
informacional distingue letramento informacional do termo competência.
Competência refere-se às habilidades, ferramentas e saberes prévios ativados ao
longo de todo processo de letramento informacional. Igualmente, propõe que “[...]
competência seja utilizada como expressão do ‘saber fazer’, derivada das relações
entre o conhecimento que o sujeito detém, a experiência adquirida pela prática e
a reflexão sobre a ação.” (GASQUE, COSTA, 2003, p. 10).
Nesse contexto, a leitura deve ser compreendida como uma das competências
informacionais a ser desenvolvida por meio do ensino de estratégias de leituras,
considerando os saberes prévios ou conhecimento de mundo que o leitor ativa na
hora de interpretar a informação. As competências leitoras requerem gestão de
habilidades e estratégias que permitem compreender e interpretar um texto,
com o objetivo de transformar informação em conhecimento.
Para Solé (2012), as competências de leitura são desenvolvidas ao longo da vida. A
autora ressalta, ainda, que formar leitores equivale a formar cidadãos que possam
usar a leitura para obtenção de vários objetivos. Esses leitores devem
compreender como ocorre o ato de ler e como fazê-lo para resolver problemas no
cotidiano.
De acordo com o documento divulgado pelo Exame Nacional do Ensino Médio,
“[...] competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor,
ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos,
situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer.” (BRASIL, 2002, p. 11).
Por sua vez, de acordo com Solé (2012), compreendem-se as competências leitoras
como a capacidade de construir significados a partir do que se lê, dos objetivos,
do nível e dos tipos de leitura. Assim, a competência vincula-se à ideia de saber
usar as estratégias de leitura necessárias no momento adequado.
É importante que o leitor, especialmente o estudante em formação no processo
educacional básico, encontre sentido nas leituras e conheça diversos tipos de
estratégias para serem aplicadas em cada contexto de leitura. Sobre isso, Solé
(2004, p. 37) afirma que: “[...] conhecer variadas estratégias que promovam a
compreensão e abordar as tarefas de leitura que exijam utilizá-las é chave para
fomentar a leitura compreensiva, crítica e epistêmica.”.

38
Un lugar para construir tu proyecto de vida
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As referidas estratégias podem ser divididas em três
espaços do tempo: “antes da leitura”, “durante a leitura”, “depois da leitura”. O
Cátedra: Portugués
Quadro 1 apresenta as estratégias de leitura nas três fases, de acordo com Solé
(2004) e Moreno (2009).

Quadro 1 – Estratégias de leitura


Solé (2004) Moreno (2009)

Estratégias que • Fazer inferências com


permitem dotar-se de o título: o que disse? O que
ANTES
objetivos de leitura e sugere?
atualizar os
• Relacionar o título
conhecimentos prévios
com o possível conteúdo.
relevantes.
• Formular hipóteses.
• Ativar conhecimentos prévios.
• Ensinar o vocabulário
necessário.
• Precisar como ler. Sublinhar.
• Constatar a
estrutura de textos
mediante diagramas.

DURANTE Fazer inferências de • Reler mediante


diferentes tipos, revisar perguntas explícitas e
e comprovar a própria inferenciais.
compreensão durante
• Revisar o conteúdo.
o ato de ler e tomar
decisões certeiras ante • Modificar ou confirmar
os erros e as falhas na hipóteses.
compreensão.
• Aclarar dúvidas de léxico e
expressões.
• Avaliar o conteúdo e a forma
do texto.

39
Un lugar para construir tu proyecto de vida
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DEPOIS Recapitular o • Fazer perguntas


Cátedra:literais.
Portugués
conteúdo, resumi-lo e
• Gerar inferências lógicas.
ampliar o
conhecimento • Resumir e sintetizar.
mediante a leitura
realizada. • Generalizar o conhecimento.

Fonte: Adaptado de Solé (2004); Moreno (2009).


O domínio dessas estratégias melhora a aprendizagem, além de formar leitores
críticos e autônomos. No entanto, os resultados de algumas avaliações realizadas
por estudantes brasileiros, em especial o Exame Nacional do Ensino Médio,
mostram que os jovens brasileiros estão longe de dominarem as estratégias de
leitura (BRASIL, 2015).
Os resultados do exame relacionam-se a diversos fatores, como a renda familiar
dos candidatos, a proposta pedagógica, a estrutura curricular, dentre outros
aspectos importantes. Nesse sentido, a leitura pode se constituir em um dos
fatores de avanço, visto que melhora o desempenho de estudantes, como se
observa pela literatura, por exemplo, Freire (2003), Solé (2004), dentre outros.
A esse respeito, Carvalho (2008) afirma que a escola não forma estudantes críticos
e reflexivos, pois o ensino de leitura baseia-se na decodificação e no ensino de uma
gramática descontextualizada. Problemas na formação leitora influenciam, em
especial, a vida acadêmica dos estudantes. Quaglia, Bonnici e Paixão (2015), em
uma pesquisa com estudantes nos anos iniciais de graduação, mostram que eles
leem pouco e apresentam dificuldades na produção textual.
Sobre isso, a escola deveria ser responsável, em grande parte, pela formação de
leitores críticos. Contudo, a família e as bibliotecas escolares e públicas não podem
se omitir como colaboradores nesse processo. As bibliotecas podem se constituir
recursos importantes na formação dos leitores se houver investimentos na
infraestrutura e trabalho de integração entre docentes e bibliotecários no
processo de aprendizagem. Por isso, é necessário mudar de uma concepção de
biblioteca escolar como depositária de livros para uma biblioteca dinâmica,
atuante como Centro de Recursos de Aprendizagem (GASQUE, 2012).
[...]

TEXTO 2:
HISTÓRIA DO FEMINISMO.

40
Un lugar para construir tu proyecto de vida
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Cátedra: Portugués
Feminismo no Brasil9
O feminismo surgiu durante as revoluções liberais do século XVIII. No Brasil, esse
movimento social consolidou-se na luta por igualdade de condições entre
homens e mulheres.
O feminismo teve sua origem nos movimentos sociais que surgiram no período
das revoluções liberais inspirados nos ideais iluministas, tais como a Revolução
Francesa e a Revolução Americana. Nesse contexto, esses movimentos sociais
concentravam sua luta, principalmente, na busca por mais direitos políticos e
sociais.
Desse período, uma das maiores representantes do ideal feminista foi a escritora
Olímpia de Gouges, a qual, em 1791, escreveu um documento que ficou conhecido
como “Declaração dos Direitos da Cidadã e da Mulher”. Nesse documento, a
escritora francesa argumentava sobre a necessidade de equiparação dos direitos
sociais, políticos e jurídicos entre homens e mulheres.
No século XIX, o movimento feminista questionava as contradições existentes na
sociedade surgida dos ideais liberais e das revoluções industriais e propunha o fim
das desigualdades que existiam no núcleo familiar e nos locais de trabalho, uma
vez que a exploração do trabalho realizado pela mulher era muito mais intensa,
com cargas de trabalho maiores que as dos homens e salários menores. Já no
começo do século XX, a ação do movimento concentrou-se bastante na luta para
que a mulher obtivesse o direito ao voto.
Agora, que acontece no Brasil?10
No caso do desenvolvimento do feminismo no Brasil, devemos inicialmente falar
sobre a situação da mulher em nossa sociedade. Durante vários séculos, as
mulheres estiveram relegadas ao ambiente doméstico e subalternas ao poder das
figuras do pai e do marido. Quando chegavam a expor-se ao público, elas
deveriam estar acompanhadas e, geralmente, dirigiam-se para o interior das
igrejas. A limitação do ir e vir era a mais clara manifestação do lugar ocupado pelo
feminino nessa época.
Esse papel recluso da mulher passou a experimentar suas primeiras
transformações no século XIX, quando o governo imperial reconheceu a
necessidade de educação da população feminina. No final desse mesmo período,
algumas publicações abordavam essa relação entre a mulher e a educação, mas
sem pensar em um projeto amplo a todas as mulheres. O conhecimento não

9 - Texto adaptado para aula de Português de https://brasilescola.uol.com.br/historiab/feminismo.htm. Entrada: 20 de novembro de


2019.
10 - Texto extraído e adaptado de COSTA, Ana e SARDENBERG, Cecília (orgs.). O feminismo no Brasil: uma (breve) retrospectiva.

Salvador: UFBA, 2008, p. 39.

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passava de instrumento de reconhecimento das mulheres provenientes das
classes mais abastadas.
Além disso, no século XIX, surgiram os primeiros núcleos em defesa dos ideais
feministas, tanto no Brasil quanto na América Latina em geral. Aqui no Brasil, o
surgimento do movimento estava muito relacionado com a chegada dos ideais
anarquistas e socialistas que haviam sido trazidos da Europa pelos imigrantes.
Com isso, as mulheres passaram a estar presentes nas lutas por melhores salários
e por melhores condições de trabalho.
No começo do século XX, passou a existir uma diversificação dos feminismos no
Brasil, que iam de uma tendência mais conservadora (conhecido como
“feminismo bem-comportado”) até o feminismo mais incisivo. Nesse quadro,
observamos, primeiramente, a mobilização de mulheres que exigiam o seu direito
à cidadania sem questionar os outros papéis subalternos assumidos por elas.
Desse feminismo dito mais conservador, destaca-se a ação de Bertha Lutz que, na
liderança da Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), lutou pelo
sufrágio feminino
Na outra extremidade, estavam as mulheres que reivindicam sua ampliação na
vida pública, a defesa irrestrita do movimento dos trabalhadores e a consolidação
dos princípios de lutas comunistas. Esse grupo era formado por mulheres
intelectuais e por aquelas diretamente envolvidas com as lutas sindicais.
Entre as décadas de 1930 e 1960, as manifestações feministas oscilavam mediante
as mudanças desenvolvidas no cenário político nacional. Em 1934, o voto feminino
fora reconhecido pelo governo de Getúlio Vargas. Já em 1937, os ideais
corporativistas do Estado Novo impediram a expressão de movimentos de luta e
contestação de homens e mulheres. Nos anos de 1950, a redemocratização
permitiu a flexibilização da exigência que condicionava o trabalho feminino à
autorização marital.

A revolução dos costumes, que aconteceu na década de 1960, abriu caminho para
o feminismo tornar-se um movimento de maior força e combatividade. Mesmo
sob o contexto da ditadura, as mulheres passaram a organizar-se para questionar
mais profundamente sua posição na sociedade. A problemática dos padrões de
comportamento passou a andar de mãos dadas com os ideais de esquerda que
inspiravam várias participantes desse momento.

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Nesse contexto, o movimento feminista reorganizou-se a Cátedra:


partirPortugués
do princípio “o
pessoal é político” e reafirmou a necessidade da luta contra opressões
sistemáticas que aconteciam no âmbito privado das mulheres. Nesse caso, a
proposição era de que “problemas pessoais” relacionados à vida privada seriam
solucionadas a partir da luta no campo político, uma vez que as origens dessas
opressões no campo privado estavam no campo político.
Durante a década de 1970, os movimentos feministas no Brasil associaram-se aos
movimentos sociais de luta e resistência contra a Ditadura Militar. Além disso,
houve uma aproximação com os movimentos sociais dos negros e homossexuais.
Nesse período, houve também a proliferação do movimento por diferentes
cidades, inclusive alcançando espaço na TV e propondo debates em questões
relacionadas à sexualidade feminina, ao combate da violência contra a mulher etc.
Durante o processo de redemocratização, com o surgimento de diversos partidos
políticos, o eleitorado feminino tornou-se um alvo importante dos diferentes
grupos políticos, e isso evidenciava o crescimento e a força que os grupos
feministas haviam alcançado. Em razão disso, a atuação autônoma dos grupos
feministas foi gradativamente perdendo espaço para a atuação partidária, e
departamentos femininos passaram a surgir dentro dos partidos. Apesar disso, a
presença da mulher no meio político permaneceu reduzida.
Durante a década de 1990, destacou-se a ação do feminismo popular,
principalmente a partir da ação das Organizações Não Governamentais (ONGs),
que atuavam de maneira independente pressionando as autoridades na defesa
de medidas que resguardassem os direitos das mulheres e combatessem a
violência. Além disso, esses grupos serviam como local de apoio para outras
mulheres, alcançando aquelas de áreas pobres que até então não tinham acesso
à participação no movimento.
As grandes demandas do movimento feminista no Brasil do século XXI
concentram-se, em geral, nas questões relacionadas ao combate da cultura do
estupro e no combate ao assédio, à violência contra mulher, na criação de políticas
públicas que garantam o bem-estar e a igualdade de condição das mulheres e no
combate à desigualdade salarial existente no mercado de trabalho.

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TEXTO 3:

Operários, de Tarsila do
Amaral (1933) | reprodução

Do Homem Cordial, de Sérgio Buarque de Holanda, ao brasileiro atual11


*Um recorte analítico das interpretações do Brasil de ontem e hoje.
A partir da década de 1930, diversos intelectuais se debruçaram sobre a tarefa de
interpretar o Brasil. Quem é o brasileiro? O que é o Brasil? O que nos faz ser como
somos? Essas eram perguntas que rondavam as mentes dos pensadores da
época.
Na maior parte do século XIX, as explicações acerca da brasilidade estavam
calcadas na questão racial; a noção de inferioridade do brasileiro perante a Europa
imperava. O Brasileiro, naquele contexto, era visto como exótico, posto que
analisado à luz do Romantismo. A miscigenação era vista como um defeito do
nosso povo.
Tudo isso começa a ser questionado com Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala,
1933), Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil, 1936) e Caio Prado Júnior
(Formação do Brasil Contemporâneo, 1942), os mais destacados entre os
estudiosos que formaram parte da chamada “geração de 1930”.

11
- Texto escrito por Cícero Nogueira. Extraído de : https://ciceronogueira.com.br/homem-cordial-9df1a2f48ff3

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Um dos marcos desse movimento sociológico é a Semana de Arte Moderna, que
deu início ao Modernismo no pensamento e nas manifestações artísticas e
intelectuais brasileiras. Repensar o Brasil e criar novas interpretações foram as
motivações de literatos e artistas, tais como os já citados sociólogos, o poeta
Manuel Bandeira e a artista plástica Tarsila do Amaral.
Nenhum deles, no entanto, teve uma obra tão seminal quanto Sérgio Buarque de
Holanda. Ele é considerado um dos “inventores do Brasil”. Em seu lendário
livro Raízes do Brasil (1936), Buarque de Holanda lançou um conceito que se
tornaria central na história do pensamento sociológico brasileiro: o ‘Homem
Cordial’.
Em linhas gerais, o homem cordial seria o retrato mais fiel do brasileiro. Ele seria
de origem patriarcal (o pai como detentor de direito de vida e morte sobre todos),
de herança rural; um homem dominado pelo coração, ou seja, um homem muito
afável por um lado, mas, por outro, também muito impulsivo e por vezes até
violento. Nesta visão, a rapidez com que o brasileiro passaria do caráter amável
para a hostilidade seria uma das fortes características do nosso povo.
A não distinção entre o público e o privado também caracteriza o Homem Cordial.
As relações sociais, sejam elas de vizinhança ou de trabalho, não consideram
fronteiras entre o seio familiar e a rua.
A exaltação dos valores cordiais e das formas concretas e sensíveis da religião, que
no catolicismo tridentino parecem representar uma exigência do esforço de
reconquista espiritual e da propaganda da fé perante a ofensiva da reforma,
encontraram entre nós um terreno de eleição e acomodaram-se bem a outros
aspectos típicos de nosso comportamento social. Em particular nossa aversão ao
ritualismo é explicável, até certo ponto, nesta “terra remissa e algo melancólica”,
de que falavam os primeiros observadores europeus (HOLANDA, 1936, pág. 182).
Ao publicar a obra, Sérgio Buarque de Holanda pensava o passado brasileiro, a
então contemporaneidade e também tinha a ambição de projetar o futuro. Ele
acreditava que com o processo de urbanização, o Homem Cordial estaria fadado
a desaparecer. A radicalização da democracia e a inclusão social deveriam, de
acordo com o pensador, ser os grandes pilares para o futuro da nação.
Não é exagero dizer, portanto, que o desaparecimento do Homem Cordial era um
dos desejos de Sérgio Buarque de Holanda. Somente com isso, o país passaria do
domínio do coração para a razão, lançando as bases para o desenvolvimento.
Jessé de Souza e suas críticas ao homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda
Como todo pensador de profundidade e grande destaque, Sérgio Buarque de
Holanda não é unanimidade entre os sociólogos — sobretudo os mais

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contemporâneos, que analisam e criticam a sociedade atual e as interpretações
do passado que ainda moldam a narrativa social.
Um de seus maiores críticos atuais é Jessé de Souza, que em diversos livros, com
especial destaque para A Tolice da Inteligência Brasileira (2015), o acusa de ter
mistificado a forma com que o brasileiro se vê e se projeta para o mundo.
Mais do que isso. Para Souza, a obra de Buarque de Holanda serve como uma
ideia-força a ser usada pela elite econômica atual para legitimar desigualdades,
uma vez que a emotividade do brasileiro o faz dividir o mundo entre amigos, os
que merecem todos os favores, e inimigos, os que só merecem a letra dura da Lei.
Também a relação do indivíduo com o Estado, visto como portador de todos as
degenerações sociais, para Souza é deturpada a partir do pensamento de
Buarque de Holanda.
Qual é a ideia-força que domina a vida política brasileira contemporânea? Minha
tese é a de que essa ideia-força é uma espécie muito peculiar de percepção da
relação entre mercado, estado e sociedade, onde o Estado é visto, a priori, como
incompetente e inconfiável e o mercado como local da racionalidade e da virtude.
O grande sistematizador dessa ideia foi precisamente Sérigo Buarque de Holanda.
Buarque toma de Gilberto Freyre a ideia de que o Brasil produziu uma “civilização
singular” e “inverte” o diagnóstico positivo de Freyre, defendendo que essa
“civilização” e seu “tipo humano”, o “homem cordial”, são, na verdade, ao contrário
de nossa maior virtude, nosso maior problema social e político (SOUZA, 2015, pág.
32).
Jessé Souza questiona a falta de crítica da academia e até dos partidos políticos,
da esquerda à direita, diante das ideias de Sérgio Buarque de Holanda. Para ele, o
pensador é tido como uma “vaca sagrada”, sobre a qual não se deve tecer
questionamentos.
Reconhece, ainda que com muitas ressalvas, no entanto, que tanto Buarque de
Holanda como seu predecessor, Gilberto Freyre, ajudaram a criar um “mito
nacional”.
Esse “mito nacional” possibilita que o brasileiro, ainda que ambiguamente, se
orgulhe do Brasil, o que antes era impossível. Seu objetivo é, portanto,
“pragmático”: a produção da solidariedade nacional (SOUZA, 2015, págs. 42–43).
O problema, segundo Souza, estaria no fato de Buarque de Holanda e Freyre não
terem concentrado suas análises dos padrões culturais nacionais na questão da
escravidão. Tanto Raízes do Brasil quanto Casa Grande & Senzala teriam atenuado
o tema da escravidão (abolida em 1888). E “coube a Sérgio Buarque sistematizar
todo o estoque de ideias e de representações que daria substância e poder de
convencimento ao culturalismo liberal e conservador no Brasil” (pág. 43).

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As influências do Homem Cordial, de Sérgio Buarque deCátedra: Portugués


Holanda, no senso
comum — uma conclusão
Mesmo reverenciando a contribuição de Sérgio Buarque de Holanda para o
pensamento sociológico brasileiro e tecendo críticas a ele, não é exagero dizer que
a ideia do Homem Cordial permanece viva tanto na academia quanto no senso
comum.
Se pensarmos o senso comum como sistema cultural, conforme descreveu o
antropólogo estadunidense Clifford Geertz em O Saber Local (1983), podemos
dizer que a ideia de um brasileiro dominado pelo coração, pouco afeito à razão,
ultrapassou os limites da academia e chegou à cultura coloquial.
(…) A religião baseia seus argumentos na revelação, a ciência na metodologia, a
ideologia na paixão moral; os argumentos do senso comum, porém, não se
baseiam em coisa alguma, a não ser na vida como um todo. O mundo é sua
autoridade (GEERTZ, 1983, pág. 79).
Não raro, vemos pessoas pouco experimentadas nas ciências sociais dizendo, por
exemplo, que o chamado “jeitinho brasileiro” (muito ligado ao Homem Cordial) é
uma herança dos portugueses colonizadores.
A força da obra de Sérgio Buarque de Holanda talvez esteja atrelada à necessidade
que os intelectuais da época tinham de preencher uma lacuna explicativa do
Brasil. O próprio Sérgio Buarque, durante o período em que atuou na Alemanha
como jornalista, escreveu diversos artigos na imprensa alemã para explicar a
brasilidade aos europeus — alguns desses escritos compõem Raízes do Brasil.
Ora, a Sociologia não se limita apenas a estudar contemplativamente a sociedade,
mas também a explicá-la sob métodos científicos. O que chama atenção no caso
do Homem Cordial é a solidificação da imagem do brasileiro afável, ainda que ele
sirva para mascarar as diferenças e desigualdades sociais sob o manto da
proximidade, da informalidade e de uma amizade teatral, quase dissimulada.
Neste sentido, podemos concordar com Jessé Souza: o Homem Cordial é uma
grande idealização, um grande mito. Olhá-lo como a sintetização do brasileiro
dual (bom com os amigos e duro com os inimigos) é uma forma de lançar
semente germinante no solo fértil do senso comum. Em qual lugar do mundo as
pessoas não dividem o mundo entre “os meus e os outros”?
Não seria exagero concluirmos que essa imagem da cordialidade do brasileiro
tem sido utilizada pelas forças políticas, sobretudo na direita tradicional,
econômicas e midiáticas como uma maneira de amortizar o engajamento das
massas diante dos problemas estruturais do Brasil atual.
Ao solidificar a ideia do homem cordial, retira-se do povo sua verve
crítica/questionadora, que é uma das bases da mobilização política.

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TEXTO 4:
Gênero não é ideologia: explicando os Estudos de Gênero
Nos últimos anos, este campo de estudos acadêmicos tem sofrido com a difusão
de termos estranhos a ele, como o de “ideologia de gênero”, e com a propagação
de informações falsas ou questões há tempos superadas.
Por Georgiane Garabely Heil Vázquez12

Nos últimos anos, pesquisadores e pesquisadoras dos Estudos de Gênero vêm


sofrendo uma série de ataques (alguns, violentos) contra as temáticas que
estudam e problematizam. A princípio, nada de novo, uma vez que os Estudos de
Gênero foram durante muito tempo marginalizados por setores dentro das
próprias universidades. No entanto, o aumento da propagação de discursos
equivocados sobre o campo nos últimos anos, especialmente no Brasil, chama a
atenção para um de seus principais combustíveis: a desinformação.
A fim de desfazer certas confusões – algumas mal-intencionadas – proponho
discutir o que é, afinal de contas, o conceito de gênero. De uma forma simples,
direta e acadêmica, pretendo contribuir para um debate bastante pertinente
tanto no campo das pesquisas como nos debates públicos que ocorrem pelo país.
Gênero e Feminismos
Não é possível entender o que são Estudos de Gênero sem compreender o
movimento feminista, que começa no cenário internacional no século XIX e
reivindica direitos civis para as mulheres. É muito reconhecida a luta pelo direito
ao voto, mas é importante lembrar que essa não era a única reivindicação – as
mulheres tinham pouco direitos e muito pelo que lutar. A mulher casada, por
exemplo, era considerada pela lei brasileira “incapaz” e sob tutela do marido – o
que somente foi alterado na legislação em 1962, com a Lei 4.121.
No espaço universitário, os feminismos – no plural devido à heterogeneidade do
movimento – iniciaram uma trajetória em meados do século XX. Na História, por
exemplo, a incorporação da categoria mulher está relacionada a todo um
movimento historiográfico de renovação no campo de conhecimento. A história

12
VÁZQUEZ, Georgiane Garabely Heil. Gênero não é ideologia: explicando os Estudos de Gênero. (Artigo) In: Café
História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/explicando-estudos-de-genero/.
Publicado em: 27 nov. 2017. Acesso: enero 2020.
A autora é historiadora e feminista. Doutora e Mestra em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). É
professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), coordenadora do GT Estadual
de Estudos de Gênero da Associação Nacional de História – Seção Paraná, (ANPUH/ PR) e membro fundadora do LAGEDIS
– Laboratório de Estudos de Gênero, Diversidade, Infância e Subjetividades.

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demográfica, a história da família e a ideia de uma história “vista de baixo”, na qual
também deveriam ser contadas as vidas de pessoas comuns, de operários e
operárias, de camponeses e camponesas, entre outros, contribuíram
significativamente para a compreensão de que era necessário se escrever sobre
Mulher – nesse primeiro momento ainda no singular, ou seja, ainda pensada como
uma categoria homogênea.
Entre o fim dos anos de 1970 e o início da década de 1980 as historiadoras
feministas – principalmente ligadas ao feminismo norte-americano – começaram
a problematizar as particularidades que existiam entre elas próprias. A categoria
Mulher já não dava conta de explicar a multiplicidade de experiências e
subjetividades. Joana Maria Pedro argumenta que as mulheres negras,
particularmente, questionaram o gesto excludente da escrita da História das
Mulheres, revelando as fraturas internas não só da História, mas do próprio
feminismo acadêmico ao mostrar as armadilhas e ilusões da categoria Mulher.
Desde então, feministas como Angela Davis e Bell Hooks, colocaram o dedo na
ferida ao dizer que as mulheres não viviam da mesma forma a experiência de ser
mulher. Outras variáveis precisavam ser levadas em consideração, como classe,
cor, escolaridade, dentre outros aspectos que precisavam ser compreendidos.
Gênero: que negócio é esse?
É neste contexto que chegamos à questão do uso da palavra Gênero no final da
década de 1980. Quando Joan Scott publicou seu famoso artigo “Gênero: uma
categoria útil de análise”, na American Historical Review, em 1986 (clique para ver
o original em inglês e traduzido para o português em 1990), ela visava demonstrar
que a imensa produção da História das Mulheres havia chegado a um impasse: ou
ficava numa categoria suplementar ao mainstream historiográfico, ou forçava
uma transformação no interior da disciplina e do conhecimento histórico.
Defendendo a segunda posição, Scott então propõe o gênero como categoria de
análise e não como um tema ou um objeto. E como categoria, ela propõe a
perspectiva de gênero para análise, inclusive, das estruturas e dos discursos
políticos:
O gênero é uma das referências recorrentes pelas quais o poder político tem sido
concebido, legitimado e criticado. Ele não apenas faz referência ao significado da
oposição homem/mulher; ele também o estabelece. Para proteger o poder
político, a referência deve parecer certa e fixa, fora de toda construção humana,
parte da ordem natural ou divina. Desta maneira, a oposição binária e o processo
social das relações de gênero tornam-se parte do próprio significado de poder; pôr
em questão ou alterar qualquer de seus aspectos ameaça o sistema inteiro
(SCOTT, 1990, p.92).

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Scott aponta, de maneira muito interessante, para um dos eixos mais polêmicos
que os Estudos de Gênero enfrentam hoje no Brasil. Não se trata de negar as
diferenças sexuais e corporais entre homens e mulheres, mas de compreendê-las
não como naturais e determinadas, mas como relações sociais e de poder, que
produziram hierarquias e dominação. Para Scott, gênero é a organização social
das diferenças sexuais. É um saber que estabelece significados para as diferenças
corporais.
Já em 1989, Judith Butler publica “Gender Trouble“, que no Brasil foi lançado em
2003 com o título “Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade“,
mostrando o caráter performativo do gênero. Nele, Butler questionou a ideia de
que sexo está exclusivamente ligado à biologia e de que gênero relacionado à
cultura, como o debate era apresentado até aquele momento por boa parte das
pesquisadoras e pesquisadores da área. Ela questionou a ideia de que o gênero
fosse uma espécie de “interpretação cultural do sexo”.
Para Judith Butler, a ideia de performatividade de gênero compreende a noção
de que sexo e gênero são discursivamente criados e que, ao se desnaturalizar o
sexo, deve-se também desnaturalizar o gênero. Portanto, não se trata de negar a
existência de sexo ou de gênero, mas de historicizar tais diferenças, procurando
analisar as estratégias discursivas que as consolidaram. Nesse ponto, a meu ver,
encontra-se uma das contribuições mais significativas da obra de Judith Butler:
dar visibilidade ao fato de que existem corpos que “importam” – corpos
enquadrados no sistema heteronormativo – e corpos que “não importam” – o que
a autora chama de corpos abjetos. Esses, dentro da lógica binária, podem ser
vistos como “corpos desviantes”, culturalmente inintelegíveis e que ameaçam as
estruturas de poder. Pessoas gays, lésbicas, transexuais e intersexuais acabam por
demarcar fronteiras que não deveriam ser cruzadas dentro do sistema
heteronormativo e, dentro desse sistema excludente, seus corpos não são aceitos,
ou melhor, a existência dessas pessoas não é aceita. Tal exclusão acabou por
colocar em risco a vida dessas pessoas, gerando intolerância, mortes e inúmeras
outras violências.
Assim, Butler propôs a reflexão sobre as armadilhas na naturalização do
gênero. De lá para cá, se passaram 30 anos. E todo esse período foi de muita luta
para a consolidação de um campo de investigação acadêmica. A expressão
“ideologia de gênero”, que tanto tem sido empregada nos dias de hoje para
criticar os Estudos de Gênero, não é uma categoria acadêmica ou um objeto de
pesquisa. Como vimos, os pesquisadores e pesquisadoras que se dedicam o
entendem justamente no contrário: que gênero não é uma ideologia. Para eles, a
expressão “ideologia de gênero” é estranha, uma anomalia. Quem fala (e muito)
em “ideologia de gênero” são os movimentos conservadores – muitas vezes com
explicações falsas e sem fundamento.

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Estudos de gênero hoje
Os Estudos de Gênero nunca tiveram como objetivo modificar a sexualidade de
ninguém – até porque os pesquisadores e pesquisadoras da área não acreditam
que a orientação sexual ou a identidade de gênero das pessoas sejam
modificáveis como querem fazer crer seus detratores. Nunca defenderam
pedofilia ou incentivaram a erotização infantil. Nunca foram “ideologia”.
Estudar Gênero significa estabelecer um recorte sobre aspectos da realidade
social existente – no presente e/ou no passado – que têm como peça fundamental
a organização de papeis sociais baseada numa imagem socialmente construída
acerca do que foi consolidado como sendo masculino ou feminino por exemplo.
Portanto, procura compreender como a ideia de uma masculinidade hegemônica
influência nas relações e restringe as opções sociais de mulheres, de crianças e
dos próprios homens, e propor estratégias de libertação. Aqui, nos Estudos de
Gênero, estão as pesquisas sobre violência doméstica, violência
sexual, feminicídio, desigualdade econômica e outras assimetrias relacionadas às
desigualdades de gênero.
Aliás, os Estudos de Gênero possuem como uma de suas principais características
a interdisciplinaridade, o que amplia seus temas de pesquisa. Diferentes áreas,
não só das Ciências Humanas, mas também as Ciências Sociais Aplicadas, as
Ciências da Saúde e as Ciências Exatas vêm se dedicando às pesquisas em Gênero.
Trata-se, ainda, de respeitar as diferenças sexuais e enxergar sujeitos históricos
que têm sido apagados das narrativas históricas: gays, lésbicas, trans, intersexuais
e bissexuais. Significa compreender que o “mundo privado” também é político e
que, portanto, o direito à cidadania deve efetivamente ser de todas, todos e todes.
Pesquisas sobre sexualidades existem dentro dos Estudos de Gênero, porém – e
parece ser necessário repetir – não se trata de conspirar para mudar a orientação
sexual de ninguém. As pesquisas sobre sexualidade variam em quantidade
proporcional e, na maioria das vezes, procuram analisar trajetórias, sociabilidades
ou mesmo subjetividades dos indivíduos relacionando tais conceitos à
sexualidade – sejam os indivíduos heterossexuais ou não.
Também são temas dentro dos Estudos de Gênero: a maternidade, os
sentimentos, a religiosidade, a assistência, a participação política, os racismos,
as interseccionalidades e o próprio movimento feminista, isso só para citar
algumas poucas áreas.
Não existe ideologia de gênero! E se os Estudos de Gênero puderem impactar de
forma transformadora em nossa sociedade, será na construção de um mundo
mais justo e igualitário. Um mundo em que meninas não sejam mortas por
namorados. Um mundo sem violência doméstica, sem exploração sexual. Um
mundo em que ninguém tenha medo da igualdade de direitos e deveres.

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TEXTO 5:
Solidão da mulher negra.
Por muito tempo algo tem me assombrado, devo dizer que me sinto
extremamente desconfortável ao falar disso. Ser negra é sinônimo de ser invisível,
irei explicar tudo desde os primórdios, mas devo relatar que angustia e tristeza
que hoje assombram meu coração são de extrema relevância e periculosidade.
Enviado para o Portal Geledés (https://www.geledes.org.br/guest-post-envie-seu-
texto-para-oportal-geledes/)

Ainda no ensino fundamental era chamada de ‘’macaca preta’’, o apelido cruel era
realmente desgastante, meu colega de classe mesmo pequeno já sabia destruir
sentimentos, eu dava risada para fingir que aquilo não me afetava porem ficaria
marcado para o resto de minha vida. Crianças sempre são cruéis, isso ficou claro
quando dancei quadrilha pela primeira vez, nunca tive um par, isso era realmente
desapontador as vezes me perguntava mesmo com aquela idade se o problema
estava em mim, realmente irei destacar minhas características, tinha 7 anos, meu
cabelo era crespo e volumoso, sempre estava acima do peso que a sociedade
impõe, todos os fatores desfavoráveis estariam ao meu lado para sempre.

Tive algumas outras paixões na escola, mas nada que fosse correspondido, com o
tempo comecei a me interessar por meninos da igreja, bonitos e bem-apessoados,
sempre com ternos bonitos e com seus instrumentos, mas nem se quer olhavam
para mim, por muito tempo pensei que talvez se me destacasse em cargos dentro
da congregação poderia mudar o olhar que os rapazes tinham sobre mim, mas
não obtive sucesso, continue sendo aquela amiga bacana e que não passaria
disso.
Ainda por cima ganhei o apelido de ‘’amiga chocolate’’, todas as piadinhas racistas
eram disfarçadas de ‘’você sabe que sou seu amigo, não é mesmo? Não falamos
por mal’’, percebia naquele momento que amigo não fazia piada racista ou sem
graça só para diminuir os outros, podemos rir no momento, mas por dentro
sangramos com tais piadas desgostosas.
Pensei que o destaque poderia me ajudar a ter finalmente um namorado, mas
mesmo ali desempenhado funções importantes eu continuava invisível, a prova
de balas contra qualquer tipo de envolvimento amoroso. Logo vi que meu peso
não poderia me ajudar, comecei uma dieta intensa me livrando logo de 20 quilos,
talvez finalmente pudesse fazer parte de algo importante, mas não foi bem assim,
os homens olhavam para mim, isso é fato, eu realmente fui notada porem de uma
forma extremamente negativa, todos que chegavam até mim

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simplesmentequeriam sexo, geralmente caras mais velhos Cátedra:


e nem Portugués
os mais novos
escapavam, era algo grotesco para mim que até então era virgem, os convites
eram inúmeros, enquanto os garotos da igreja que tanto queria impressionar me
ignoravam, podiam até mesmo me dar uma só chance porem era só uma ficada,
‘’gente da igreja fica?’’ geralmente não mas pra mulheres negras se cria uma
exceção.
O per􀁺l ideal para uma mulher crente se casar se fazia o mesmo, cabelos longos e
lisos, olhos claros ou pretos, magra, e branca, coisa que eu não poderia ter nem
nos sonhos, por mais que eu realmente pudesse mudar, nunca poderia me
desfazer da minha cor, sempre estaria presa neste dilema. Procurei homens que
não estavam na igreja, esses como sempre queriam sexo barato, eu resistia
bravamente, tentando não sucumbir ao rotulo de mulher preta fogosa, eles pelo
contrário tentavam de tudo sem qualquer sucesso. Perder tanto peso me fez até
mesmo conseguir um pouco de atenção, mas sempre algo momentâneo, nada
sério ‘’não quero relacionamento por agora, me perdoe’’, ou ‘’ sou eu, não você’’,
coisas idiotas desse tipo, o sexo qual eles procuravam me deixava saturada, não
aguentava mais ter que ser forte, muitos ficavam comigo e logo sumiam, não
respondiam se quer uma mensagem, era como se eu nunca tivesse ao menos
nascido, ou até mesmo acontecido, devidamente deletada da memória deles. Eu
já não procurava diversão, estava cansada de ser largada de canto na balada, ou
tentar trocar olhares com alguém e ser friamente não correspondida, pensava que
era meu peso, mas minha amiga branca gorda tinha namorado, até mesmo uma
amiga que havia perdido peso muito rápido havia arrumado finalmente um
namorado, bastou emagrecer para chamar a atenção, não me intitulo como
invejosa porem observo os fatos.
Eu gostaria de ser amada pelo que sou, sem ter que tirar minha calcinha pra ter
algum crédito, ou até mesmo andar no shopping de mãos dadas sem correr o
risco do cara soltar minha mão durante o passeio e não pega-las mais. Sou uma
preta doente, ultimamente tenho passado por momentos desafiadores, irei fazer
21 anos e nunca namorei, nem mesmo algo passageiro, sempre caras aleatórios
que me dão corda e depois me dão um chute na bunda sem quaisquer motivos,
algo descartável como o lixo, ainda sou obrigada a ouvir que solidão da mulher
negra não existe, logo eu que sofro sem precedentes. Minha mãe sempre diz que
o cara certo ainda não chegou, mas até quando irei esperar por alguém que me
aceite como sou e que não suma depois da primeira 􀁺cada ou que me dispense
depois de um tempo, reconheço que o problema não está em mim e sim no
racismo, minhas chances de ter um amor são anuladas pelo simples fato de ser
preta, isso me dilacera de dentro para fora.
Hoje devo dizer que cansei de procurar, com as meninas brancas sempre a tudo
tão romântico e bacana, com as negras eles sempre querem vestir suas
sinceridades descaradas, já não quero mais me relacionar, não quero sair nem

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conhecer gente nova, sinto que tudo tem sempre o mesmo 􀁺m dramático, só
gostaria de ser amada e creio que não seja pedir muito.

TEXTO 6:
Viradouro de Alma Lavada
Ó, mãe! Ensaboa, mãe!
Ensaboa, pra depois quarar
Ó, mãe! Ensaboa, mãe!
Ensaboa, pra depois quarar
Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé
Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé


Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Levanta, preta, que o Sol tá na janela


Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor
Mainha, esses velhos areais
Onde nossas ancestrais acordavam as manhãs
Pra luta sentem cheiro de angelim
E a doçura do quindim
Da bica de Itapuã

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Camará ganhou a cidade
O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê

Camará ganhou a cidade


O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê

São elas, dos anjos e das marés


Crioulas do balangandã, ô iaiá
Ciranda de roda, na beira do mar
Ganhadeira que benze, vai pro terreiro sambar
Nas escadas da fé
É a voz da mulher!

Xangô ilumina a caminhada


A falange está formada
Um coral cheio de amor
Kaô, o axé vem da Bahia
Nessa negra cantoria
Que Maria ensinou

Ó, mãe! Ensaboa, mãe!


Ensaboa, pra depois quarar

Ó, mãe! Ensaboa, mãe!

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Ensaboa, pra depois quarar

Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé


Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé


Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Levanta, preta, que o Sol tá na janela


Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor
Mainha, esses velhos areais
Onde nossas ancestrais acordavam as manhãs
Pra luta sentem cheiro de angelim
E a doçura do quindim
Da bica de Itapuã

Camará ganhou a cidade


O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê

Camará ganhou a cidade

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O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê

São elas, dos anjos e das marés


Crioulas do balangandã, ô iaiá
Ciranda de roda, na beira do mar
Ganhadeira que benze, vai pro terreiro sambar
Nas escadas da fé
É a voz da mulher!

Xangô ilumina a caminhada


A falange está formada
Um coral cheio de amor
Kaô, o axé vem da Bahia
Nessa negra cantoria
Que Maria ensinou
Ó, mãe! Ensaboa, mãe!
Ensaboa, pra depois quarar

Ó, mãe! Ensaboa, mãe!


Ensaboa, pra depois quarar

Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé


Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

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Ora yê yê ô oxum! Seu dourado tem axé
Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

TEXTO 7:
MULHER
Elba Ramalho
Pra descrever uma mulher não é do jeito que quiser
Primeiro tem que ser sensível se não é impossível
Quem vê por fora não vai ver, por dentro o que ela é
É um risco tentar resumir
Mulher

De um lado é corpo e sedução, do outro força e coração


É fera e sabe machucar mas, a primeira a te curar
Sempre faz o que bem quer, ninguém pode impedir
E assim começo a definir
Mulher

Mulher, entre tudo que existe é principal


Pra você gerar a vida é natural
Esse é o mundo da mulher

Mulher, que a divina natureza fez surgir


A mais linda obra prima que alguém já viu
Assim nasceu a mulher nas mãos de Deus

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Por mais que um homem possa ter
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Sem ela não dá pra viver
Às vezes pede proteção pra ter um pouco de atenção
Se finge ser tão frágil mas, domina quem quiser
Pois ninguém pode definir
Mulher

Mulher, entre tudo que existe é principal


Pra você gerar a vida é natural
Esse é o mundo da mulher
Mulher, que a divina natureza fez surgir
A mais linda obra prima que alguém já viu
Assim nasceu a mulher nas mãos de Deus

Mulher
Mulher
Mulher
Mulher
Mulher

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TEXTO 8:
Nega Braba
Lellêzinha
Bom dia, preta
Vem pra luta
O ouro é meu
Tô indo buscar

Fechou a cerca, vai lá e pula, pula


A nega é braba tem que aturar

Minha pegada é firme


Não sigo calada
Firmona
Minha pegada é firme
Não sigo calada
Sou da pista, não me joga pra calçada

Infinitos os problemas que vem e vão


Não vou ser parada por ninguém, não
Pra preta de favela, insistência é dom

Infinitos os problemas que vem e vão


Não vou ser parada por ninguém, não
Pra preta de favela, insistência é dom

A nega é braba e o mundo é meu


A batalha é parte do show

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Dou o sangue e se eu cair, levanto
Se eu cair, levanto e vou

A nega é braba e o mundo é meu


A batalha é parte do show
Eu dou o sangue e se eu cair, levanto
Se eu cair, levanto e vou!

Nega Braba, só as nega braba


Nega Braba, só as nega, as nega
Nega Braba, só as nega braba
Eu sou da pista, não me joga pra calçada

Nega Braba, só as nega braba


Nega Braba, só as nega, as nega
Nega Braba, só as nega braba
Eu sou da pista, não me joga pra calçada

Minha pegada é firme


Não sigo calada
Firmona
Minha pegada é firme
Não sigo calada
Sou da pista, não me joga pra calçada

Infinitos os problemas que vem e vão


Não vou ser parada por ninguém, não
Pra preta de favela, insistência é dom

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Infinitos os problemas que vem e vão
Não vou ser parada por ninguém, não
Pra preta de favela, insistência é dom

A nega é braba e o mundo é meu


A batalha é parte do show
Dou o sangue e se eu cair, levanto
Se eu cair, levanto e vou

A nega é braba e o mundo é meu


A batalha é parte do show
Dou o sangue e se eu cair, levanto
Se eu cair, levanto e vou!

Nega Braba, só as nega braba


Nega Braba, só as nega, as nega
Nega Braba, só as nega braba
Eu sou da pista, não me joga pra calçada

Nega Braba, só as nega braba


Nega Braba, só as nega, as nega
Nega Braba, só as nega braba
Sou da pista, não me joga pra calçada

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