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UNIVERSIDADE FEDERAL

DE LAVRAS
Departamento de Engenharia (DEG)

Operações Unitárias IV
(OP4)

Graduação em Engenharia Química


Prof. Irineu Petri Júnior

2019
Ementa
Operações Unitárias IV (OP4)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
 1. Operações de Umidificação/Resfriamento  2.9 Secadores de tambor.
 1.1 Introdução de definições preliminares  2.10 Secagem por pulverização.
 1.2 Saturação adiabática  2.11 Atomizadores.
 1.3 Carta de umidade ou diagrama psicrométrico  2.12 Secador pneumático.
 1.4 Teoria do bulbo úmido e medida de umidade  2.13 Secador em leito fluidizado.
absoluta  2.14 Secador em turbo-prateleira.
 1.5 Torres de resfriamento de água (Cooling  2.15 Liofilização.
Towers)  3. Adsorção e Processos de Separação por
 1.6 Equipamentos para a operação de Membranas
umidificação/desumidificação
 3.1 Equipamentos de adsorção
 2. Secagem de Sólidos  3.2 Equilíbrio: isotermas de adsorção
 2.1 Classificação dos secadores  3.3 Princípios da adsorção
 2.2 Transferência de calor e massa nos secadores  3.4 Projeto de adsorvedor
 2.3 Umidade de equilíbrio e umidade livre  3.5 Separação de gases: membranas porosas e
 2.4 Água “ligada” e água “não ligada” poliméricas
 2.5 Períodos de Secagem: umidade crítica e  3.6 Escoamento num separador com membranas
períodos de taxa decrescente  3.7 Separação de líquidos
 2.6 Equações para a secagem difusiva  3.8 Membranas para extração líquido-líquido
 2.7 Equipamentos para secagem  3.9 Pervaporação e osmose reversa
 2.8 Secadores rotativos.
2
Bibliografia

GEANKOPLIS, C. Transport McCABE, W. L.; SMITH, J. Unit


processes and unit operations, operations in chemical
Englewood Cliffs: Prentice Hall engineering. New York:
International, 2003. McGraw-Hill, 2004.

SEADER, J. D.; HENLEY, E. J.


Separation process principles,
Hoboken: John Wiley & Sons Inc.,
2005.
3
Plano de Curso
Operações Unitárias IV (OP4)
Aulas:
1. (13/03) Dia letivo s/ aula 19. (15/05) Capítulo 2
2. (15/03) Dia letivo s/ aula 20. (17/05) Capítulo 2
3. (20/03) Capítulo 1 21. (22/05) UFLA de portas abertas
4. (22/03) Capítulo 1 22. (24/05) Capítulo 3
5. (27/03) Capítulo 1 23. (29/05) Prova 2
6. (29/03) Capítulo 1 24. (31/05) Capítulo 3
7. (03/04) Capítulo 1 25. (05/06) Capítulo 3
8. (05/04) Capítulo 1 26. (07/06) Capítulo 3
9. (10/04) Capítulo 1 27. (12/06) Capítulo 3
10. (12/04) Capítulo 1 28. (14/06) Capítulo 3
11. (17/04) Capítulo 2 29. (19/06) Capítulo 3
12. (19/04) Feriado 30. (21/06) Dia letivo s/ aula
13. (24/04) Prova 1 31. (26/06) Capítulo 3
14. (26/04) Capítulo 2 32. (28/06) Capítulo 3
15. (01/05) Feriado 33. (03/07) Capítulo 3
16. (03/05) Capítulo 2 34. (05/07) Prova 3
17. (08/05) Capítulo 2 35. (09/07) Provão Sub
18. (10/05) Capítulo 2
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Considerações e Regras Gerais
1) As aulas serão:
 Quarta-feira às 7h no PV9-12 (14 dias)
 Sexta-feira às 7h no PV2-202 (15 dias)

2) Sistema de Avaliação: três (3) provas (sem consulta) e um (1) prova de recuperação:
 1ª avaliação (30%): 24/04/2019 (Capítulo 1)
 2ª avaliação (30%): 29/05/2019 (Capítulo 2)
 3ª avaliação (40%): 05/07/2019 (Capítulo 3)
 Prova de recuperação: 09/07/2019 (Capítulo 1, 2 e 3)

3) A prova de recuperação será aplicada somente se mais de 30% dos alunos obtiverem nota final inferior
a 60% (Art. 94 CEPE 042/2007);
4) A média feita entre a nota do aluno e a prova de recuperação deve ser acima de 60% para que o aluno
seja aprovado na disciplina. Independentemente do valor da nota do aluno aprovado, o mesmo ficará com
uma nota de 60% no SIG (Art. 94 CEPE 042/2007);
5) Qualquer tipo de cola durante a aplicação da prova será penalizado com nota 0 (zero) (Art. 75 CEPE 042/2007);
6) Todo o material, notas e avisos serão disponibilizados no site www.irineupetri.com/op4;
7) Vista de prova será feita em data/horário definido, não será realizado vista de prova fora disso (Art. 76 CEPE
042/2007);

8) Prova de 2ª chamada será agendado pelo professor e contará com (1) uma questão adicional (Art. 77 CEPE
042/2007).

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9) Horário de atendimento aos alunos será nas SEGUNDAS-FEIRAS e QUINTAS-FEIRAS das 7h às 9h;
10) Os casos omissos serão resolvidos pelo professor da disciplina e, quando necessário, pelo colegiado
do curso de Engenharia Química.

6
Operações de Umidificação/Resfriamento
Nas operações de umidificação e desumidificação tem-se a transferência de massa entre uma fase
líquida pura e um gás insaturado insolúvel no líquido.
Essas operações são mais simples que absorção e stripping na medida que a fase líquida apresenta
apenas um componente ou de outra forma, não existe gradiente de concentração na fase líquida ou que
não existe resistência à transferência de massa na fase líquida.
Um outro aspecto importante é que nessas operações temos simultaneamente transferência de calor e
massa.

Conceitos
 Lei de Dalton: a pressão total de uma mistura de gases é a soma das pressões parciais de cada um dos
componentes.
As operações de umidificação/desumidificação são largamente aplicadas para o sistema ar + água.
 A: vapor de água [peso molecular de água (18,02)]
 B: ar puro [peso molecular de ar seco (28,89)]
 Umidade ou Umidade Absoluta (H ): Massa de vapor de água por massa de ar seco.

n
MA A
m M n nT M y P M p M A pA
H  A  A A   A A  A A  (1)
mB M B n B n
MB B M B yB P M B pB M B  P  pA 
nT

sistema ar + água M A  18,02 M B  28,89


7
A Eq. (1) mostra que a Umidade Absoluta depende apenas da pressão parcial de vapor de água na
mistura quando a pressão total do sistema (P) for fixada.

M A pA M A yA
H  ou H  (2)
M B  P  pA  M B 1  y A 

kg ou lb de vapor H 2O
Ordem de grandeza de H  10-2 , exemplo H = 0,021
kg ou l b de ar seco

Pode-se relacionar a Umidade Absoluta com a fração molar de vapor de água no ar (yA):
M A yA
H  H M B  H M B  M A  y A (3)
M B 1  y A 
Explicitando yA na Eq. 3 e dividindo o numerador e denominador por MAMB, teremos:
H
H MB MA
yA  ou yA  (4)
H M B  M A  H

1 
 
 MA MB 
H 1
Usualmente  então pode-se dizer que yA é diretamente proporcional a H ou:
MA MB

H MA MB
yA  ou y A  H (5)
1 MB MA 8
Umidade Absoluta de Saturação (HS): Quando o vapor presente no gás está em equilíbrio com o líquido
à temperatura do gás. A pressão parcial do vapor no gás saturado é igual a pressão de vapor do líquido
à temperatura do gás  psA  :
M A psA
HS  (6)

M B P  pA s

Umidade Relativa (HR): É a razão entre a pressão parcial do vapor no gás e a pressão de vapor do líquido
à temperatura do gás:
pA
H R  %   100  (7)
psA
Umidade Percentual (HP): É a razão entre a umidade absoluta e a umidade absoluta de saturação:

H P  %   100
H p  P  pA 
 100 A HR
 P  psA  Obs: HP < HR
 
(8)
HS pA P  pA
s s  P  p A 

Calor úmido (cs): É a energia necessária para aumentar a temperatura de 1,0 kg ou 1,0 lb de um gás seco
mais o conteúdo de umidade em 1,0 °C (ou K) ou 1,0 °F, respectivamente:

 
cS  cpAH  cpB (9) cS 
kJ btu
lbm de gás seco °F 
ou
 kg de gás seco K

 cpA e cpB são calores específicos do vapor de água e ar puro, respectivamente

9
 Volume úmido (vH): É o volume total de 1,0 kg ou 1,0 lb de gás seco mais o conteúdo de umidade à
pressão de 1,0 atm (ou 101325 Pa) e a temperatura do gás (T):

m RT 359T  1 H 
PV  nRT  RT ou vH      (10)
M PM 492  M B M A 

 Na Eq. (10) a temperatura deve ser em Rankine: T(Rankine) = 460 + T(°F). Para a temperatura em
Kelvins: T(Kelvin) = 273 + T(°C), deve-se empregar a seguinte expressão:

22, 4T  1 H  (11)  ft 3 m3 
vH     vH  ou 
273  M B M A   lb de g ás seco kg de gás seco 

 Entalpia Total (Hy): É a entalpia total de 1,0 kg ou 1,0 lb de gás seco mais o conteúdo de umidade à
temperatura do gás (T). Assumido T0 como temperatura de referência:

H y  cpB  T  T0   H   0  c pA  H  T  T0  ou H y  cS  T  T0   H   0
calor sensível latente de sensível do vapor (12)
gás seco líquido à T0 no gás
 Ponto de orvalho: temperatura na qual é atingida a condição de saturação do ar úmido durante seu
resfriamento (Td)

10
Temperatura de saturação adiabática
Considerar o saturador adiabático esquematizado na seguir. O gás insaturado (ar) é colocado
em contato com água líquida (camada ou spray). A temperatura permanente de saída do gás
saturado (igual da água de reposição) é denominada de temperatura de saturação adiabática
(TS).

Há uma única
temperatura da
água no
equipamento que
produzirá ar
saturado na saída
com esta mesma
temperatura

Objetivo do saturador adiabático:


H  H T,TS , H S  TS  

Obs: Quanto mais insaturado (ou mais seco) o ar estiver à entrada do saturador, maior será a
diferença entre T e TS .

11
Balanço de energia ou entalpico no saturador, como o sistema é adiabático a entalpia total do
gás à entrada é igual a entalpia à saída, assim:

H  H S cS cpB  H cpA


cS  T  TS   H S  H S S ou   (14)
T  TS S S
 Representação da Linha de Saturação Adiabática no diagrama H versus T

 Reescrevendo a Eq. 14
H  H S cS

T  TS S

S  calor latente de vaporização água à TS


12
Diagrama de umidade ou Carta psicrométrica
Do grego psychro significa esfriar ou resfriar;
 Um diagrama bastante conveniente para representar as propriedades permanentes de uma
mistura gás + vapor condensável e a chamada carta psicrométrica.
Possibilidades no contato gás-líquido (ar-água a 1 atm)

13
O uso da carta psicrométrica
 a: umidade percentual HP1(%) e temperatura de “bulbo seco” T1
 b: umidade absoluta H1
 c: resfriamento da mistura gasosa, mantendo a umidade absoluta constante, até umidade
percentual de HP1= 100%
 d: temperatura de orvalho (dew point) da mistura gasosa Td

14
O uso da carta psicrométrica
 e: resfriamento da mistura gasosa, seguindo uma linha de saturação adiabática, até umidade
percentual de HP1= 100%
 f: umidade absoluta de saturação, HS
 g: temperatura de saturação adiabática, TS
 h: umidificação do gás, até a HP de 100%, mantendo a temperatura de “bulbo seco” constante
 i: umidade absoluta do gás para HP = 100% e temperatura T1

15
O uso da carta psicrométrica
 j: volume específico de ar saturado à T1
 k: valor do volume específico do ar saturado à T1
 l: volume específico do ar seco à T1
 m: valor do volume específico do ar seco à T1
 n: denota a mistura ar insaturado (não está seco nem saturado) à T1
 o: valor do volume da mistura ar insaturado (não está seco nem saturado) à T1

16
O uso da carta psicrométrica
 p: calor úmido do ar versus umidade absoluta H1
 q: valor do calor úmido do gás à H1 :

17
18
Como obter as cartas psicrométricas
American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers

Cartas psicrométricas e softwares para ar + vapor de água e


http://www.ashrae.org
outros sistemas (várias faixas de temperatura e pressão)

Cartas psicrométricas em excel com opção de


http://www.irineupetri.com/op4 alteração de pressão atmosférica

Propriedades psicrométricas
Temperatura de bulbo seco
Temperatura de bulbo úmido
Umidade relativa
Alguns processos psicrométricos
Umidade absoluta
Entalpia total específica
Volume úmido específico

Coluna
resfriamento
de água
Processo (BA)
19
Condição inicial do ar  Umidade H 1

insaturado Temperatura T1

Resfriamento do ar de T1, mantendo


H1 constante, até umidade percentual
de 100% (curva de saturação): chega-
se a temperatura de orvalho Td

 AQ: Resfriamento do líquido com aquecimento (T1T2) e umidificação do gás (H1H2)


 AR: Resfriamento do líquido com resfriamento (T1T3) e umidificação do gás (H1H3)
 AE: Resfriam. adiabático do líquido com resfriamento do gás (T1T4) e umidificação (H1H4 )
 AS: Refriam. Não-adiabático do líquido com umidificação (H1H5) e resfriam. gás (T1T5)
 AP: Aquecimento do líquido e desumidificação (H1H6) resfriamento gás (T1T6)

20
Como obter H1 conhecendo T1 e TS ????
Temperatura de bulbo seco do ar (comum): T1
Temperatura de saturação adiabática do ar: TS

Resfriar ar de T1 a T2 Aquecimento ar de T1 a T2
T2 menor que Td H1=H2
desumificação do ar:
H1  H 2

21
Base seca e Base úmida
Em muitos problemas industriais, o teor de água presente no ar ou no sólido é abordado em base seca ou
base úmida.
Base seca = quando a umidade do alimento é desconsiderada na composição centesimal
kg de água
X  0,1
kg de sólido seco
Base úmida = quando a umidade do alimento é considerada na composição centesimal
kg de água
X  0,091
kg de sólido úmido
Sempre que há informações em bases diferentes, é necessário transformá-la para uma mesma base, por
exemplo:
Em termos de umidade:
% base úmida % base seca
% base seca = % base úmida =
1  % base úmida 1  %base seca
Em termos de vazão:
m base úmida  1  H  m base seca

22
Teoria do Bulbo úmido e medida de Umidade absoluta
As propriedades vistas anteriormente são obtidas no equilíbrio. Porém existem processos que
não necessariamente atingem o equilíbrio e necessitam sem mensuradas.
Alternativa: Temperatura de bulbo úmido TW
Considere uma pequena massa de líquido em contato contínuo como uma corrente de gás,
como ilustra a figura a seguir. A massa de líquido é muito pequena comparada a massa de gás,
as propriedades do gás não sofrem alterações significativas e o efeito do processo de
evaporação manifesta-se apenas na pequena massa de água. A temperatura permanente da
massa de líquido é denominada de TEMPERATURA DE BULBO ÚMIDO, como mostra a
figura a seguir.
Temperatura de saturação adiabática (Ts) é conhecida como temperatura de bulbo úmido termodinâmica, porque sua
determinação supõe que seja alcançado o equilíbrio entre as correntes de água e do ar de saída;

23
 Efetuando os balanços de massa e energia, e após as simplificações usais, chega-se a
seguinte expressão:

h y  T  TW   M B k y  W H W  H  ou
H H W

hy
(15)
Fluxo calor Fluxo de vapor T  TW MB k y W
removido da água para o gás

A Eq. (15) é denominada de Linha psicrométrica, onde:

h y : coeficiente convectivo de transferência de calor do gás para superfície do líquido


k y : coeficiente convectivo de transferência de massa da superfície do líquido para o gás
insaturado
 W : calor latente do líquido à TW
H W : umidade absoluta de saturação à TW

hy
Para TW tem-se  W eH W ; então a relação entre H e T é dependente de ky

24
Correlações para as estimativas de h y e k y
 Para escoamento turbulento do gás (convecção forçada), pode-se empregar as seguintes
correlações:
hy M ky
 b Re n Pr  m (16)  b Re n Sc  m (17)
cPG G
onde b, m e n são constantes empíricas
M : peso molecular médio do gás
G = fluxo mássico de vapor de água (kg/m2h ou lb/ft2h)
 Levando as Eqs (16) e (17) na Eq. (15), para M  M B , teremos:
m m
H H W hy c  Sc  hy  Sc 
  P   (18) ou  cP   (19)
T  TW MB k y W  W  Pr  MB k y  Pr 

Assumindo m = 2/3 o valor empírico usual (ar + vapor de água). Substituindo os valores de cP
e dos adimensionais:
2/3
hy  0,62  btu
 0, 24    0, 22
MB k y  0,71  lbF
1,0
btu
 O valor experimental é 0, 26 . Valor experimental é um pouco maior que o predito,
lbF
porque na modelagem matemática negligenciou-se a radiação térmica.
25
 Linha Psicrométrica e relação de Lewis:

H H W hy Linha Linha H  H S cS


 
T  TW MB k y W Psicrométrica Saturação adiabática T  TS S

 Para sistema ar-água, em condições usuais o calor úmido cs é praticamente igual ao calor
específico cp assim, a seguinte relação é aproximadamente correta:
hy
 cS (20)
MB k y

 Como consequência dessa constatação as LINHAS DE SATURAÇÃO ADIABÁTICAS


SÃO COINCIDENTES COM AS LINHAS PSICROMETRICAS no diagrama de umidade
(Sistema: AR + VAPOR DE ÁGUA).

26
 Sistemas: ar +vapor de NH3 ou ar + vapor de acetona, por exemplo, as linhas de saturação
adiabática e de resfriamento NÃO SÃO COICINDENTES.

H  H S cS

T  TS S

H H W hy

T  TW MB k y W

27
28
HP

29
Exemplo 1
Uso da carta psicrométrica
Ar à entrada do secador tem a temperatura de 60 °C ou 140 °F (temperatura de bulbo seco) e a
temperatura de ponto de orvalho de 26,7 °C ou 80 °F. Usando a carta psicrométrica,
determinar no sistema internacional (SI) e em unidades inglesas, os seguintes valores:

a) H
b) Hs
c) cs
d) v H

kg de vapor de água lb de vapor de água


H 1  0,0225  0,0225
kg de ar seco lb de ar seco
kg de vapor de água lb de vapor de água
H s  0,15  0,15
kg de ar seco lb de ar seco
btu kJoule
cS  0, 25  1,047
lb de ar seco º F kg de ar seco K
ft 3 m3
v H  15,6  0,974
lb de ar seco kg de ar seco

30
Exemplo 2
Condições do ar num secador
Ar entra numa câmara de secagem de um secador de bandejas, na temperatura de 210 °F
depois de ser aquecido desde a temperatura ambiente de 70°F, quando apresenta uma umidade
relativa de 50%. Se o ar à saída da câmara de secagem tem 80% de umidade percentual, em
consequência de um processo e saturação adiabática no interior do secador, qual a temperatura
e a umidade absoluta do gás efluente?

kg de vapor de água
T2  37,5 C H 2  0,034
kg de ar seco

31
Colunas de Resfriamento (Cooling Towers)
As torres de resfriamentos têm papel importante em muitas plantas químicas. Esse
equipamento representa um meio barato e seguro de remover uma “pequena” quantidade de
calor de água industrial. Um esquema para ilustrar o circuito de água numa planta industrial é
mostrado na figura abaixo. Torna-se necessário a reposição de água devido a perda de água
por evaporação na coluna de resfriamento.
 O que acontece na coluna de resfriamento, qual a mágica ??:
Uma pequena quantidade de água quente é vaporizada e, esse vapor de água vai umidificar o
ar. Como a operação é adiabática, o calor utilizado para a vaporização é retirado da própria
água, provocando o seu resfriamento.

32
Tipos de colunas
 Coluna de resfriamento com convecção natural: Torres enormes, usualmente construídas
em concreto, com altura de até aproximadamente 150 m e 20 m de diâmetro. Normalmente
são projetadas para resfriar vazões de água de até 70 m3/min.

33
 Coluna de resfriamento com circulação forçada do ar: Essas colunas são mais compactas e
mais utilizadas que as colunas com convecção natural do ar. Um exaustor (ventilador) é
responsável pela circulação do ar através da coluna. Para aumentar o tempo de contato
entre as fases, tem-se numa parte da coluna uma espécie de recheio (fill area). As figuras a
seguir mostram dois tipos de coluna com circulação forçada do ar.

34
Esquemas de Cooling Tower

35
Componentes básicos de uma torre:

• Estrutura;
• Recheio (enchimento);
• Venezianas;
• Sistema de distribuição de água;
• Eliminadores de gotas;
• Ventilador.

36
Vídeos 1, 2 e 3

37
38
Teoria e cálculo dos processos de
umidificação/resfriamento
Condições na interface para cooling towers com fluxos contracorrentes
Nas colunas de resfriamento as condições na interface dependem se a temperatura do gás
encontra-se acima ou abaixo da temperatura na interface. A Figura abaixo ilustra a interface
gás-líquido nas colunas de resfriamento de líquido

a) b)

Condições na coluna de resfriamento: (a) topo coluna (b) base coluna. 39


G x  Fluxo mássico de líquido (kg/m 2 h ou lb/ft 2 h)
G 'y  Fluxo mássico de gás puro (kg/m 2 h ou lb/ft 2 h)
H  Umidade absoluta do gás ( )
H y  Entalpia total do gás (Joule/g ou Btu/lb)
H x  Entalpia líquido (Joule/g ou Btu/lb)

40
Balanço entálpico no elemento de espessura dZ da torre (adiabático):
G 'ydH y  d  G x H x  (21)
Considerando que a variação do fluxo de líquido (sistema ar+água) é, frequentemente inferior a 2%:

d  G x H x   G x dH x (22) G 'ydH y  G x dH x (23)


A variação diferencial de entalpia total do líquido e gás no elemento fica:
dH y  cSdTy   0dH (24) dH x  cLdTx (25)
 0  Latente de vaporização do líquido à determinada temperatura

A taxa de calor transferido do líquido para a interface no elemento de volume (convecção):

G x : fluxo mássico de líquido


G c dT  h
x L x x xT  T  a dZ
i H (26)
h x : coeficiente de transferência de massa na fase líquida (interface)
a H : área específica (por unidade de volume) para transferência de calor

A taxa de calor transferido da interface para gás no elemento de volume (convecção):

 
G 'y cS dTy  h y Ti  Ty a H dZ (27)
G 'y : fluxo mássico de gás puro (isento de vapor/base seca)
h y : coeficiente de transferência de massa na fase gás
A taxa de transferência de massa (vapor de líquido) da interface para o gás (convecção):
G 'y d H   k yM B H i  H  a M dZ (28)
a M : área específica (por unidade de volume) para transferência de massa 41
Simplificações clássicas na Modelagem Matemática

Usualmente: a H  a M  a
A Eq. (20) pode ser reescrita, fornecendo:
dTx h a Coeficiente pelicular
 x dZ (29) h x a  volumétrico de transferência
 Tx  Ti  G x cL
de calor no líquido

Similarmente, reescrevendo a Eq. (21), teremos:


dTy hy a
 dZ
 Ti  Ty  G 'ycS
(30)
h ya  Coeficiente pelicular
volumétrico de transferência
de calor no gás
Finalmente, reescrevendo a Eq. (22), teremos:
a ZT
G x cL dTx
dH k yaM B  a H h x  Tx  Ti    dZ  ZT
 dZ (31) b 0
H i  H  G 'y
Por exemplo
Eq. (29)

 Qualquer uma das equações anteriores, Equações (23), (24) e (25), pode ser utilizada para calcular a
altura da coluna de recheio (ZT) para a operação de resfriamento de água (separar as variáveis e
integrar essas equações).
Conheço Ti ou Hi ?
42
Em processos de UMIDIFICAÇÃO ADIABÁTICA, onde a temperatura da água que
entra é igual a temperatura da água que sai, temos:

Txa  Txb  Tx  Ti  Ts  cte

Com essa consideração, o termo esquerdo da Eq. 29 fica indeterminado, não sendo possível
manipulá-la.

Neste caso a Eq. 30 fica:

dTy

h ya
dZ integrando  Tsa  Tya  h ya
 '
 Ts  Ty 
ln ZT
 Tsb  Tyb  G y cS
(32)
G 'y cS ba

média
logarítmica

1
Tya
h y a ZT
ZT 

G 'y cS Tya  Tyb 
 Ts  Ty ML T  dTy  
G 'y cS 0
dZ

h y a Ts  Ty ML
(33)
yb

 Tsa  Tya    Tsb  Tyb 


Onde,  Ts  Ty ML 
  Tsa  Tya   (34) Para sistema ar-água
ln  
  Tsb  Tyb   Ts ≈ Tw
 
43
A Eq. 31 fica:

d H  k yaM B integrando H sa  H a   k yaM B


 dZ ln ZT (35)
H s  H  G 'y ba H sb  H b  G 'y
média
logarítmica

1
Ha
k y a M B ZT G 'y H a  H b 
H s  H ML Hb  dZ
dH  ZT  (36)
G 'y k y aM B H S  H ML
0

H sa  H a   H sb  H b 
Onde, H S  H ML  Sendo Hs avaliado a Tx
 H  H a   (37)
ln  sa  (pois Ti = Tx)
 H sb  H b  

A consideração que usamos (Ti = Tx) também pode ser usada quando a resistência à
transferência de calor é desprezível.

44
O número de unidade de transferência (NT), por definição, é dada como a integral do inverso
da força motriz, ou seja:

a
NT  
d H  H  H a 
 ln sa (38)
a
NT  
dTy
 ln
 Tya  Tsa  (39)
b
H s  H  H sa  H b  b  Ts  Ty   Tyb  Tsb 

O número de unidades de transferência (NT), por definição, também é a razão da altura da


coluna (ZT) pela altura de uma unidade de transferência (HT):
1
NT  * ZT (40)
HT

N T  ln
 H s  H a  k yaM B
 N T  ln
 Tya  Ts  h ya
 ' ZT
 Tyb  Ts  G y cS
ZT
H s  H b  G 'y

G 'y G 'y cS
HT  (41) HT  (42)
k yaM B h ya

45
Retomando a Eq. 23 e multiplicando por Gx a Eq. 25, temos:
G 'ydH y  G x dH x (23)
G x dH x  G x cLdTx (25)

Substituindo a equação 25 em 23, temos:

G 'ydH y  G x cLdTx
Integrando b  a
 
G 'y H ya  H yb  G x c L  Txa  Txb  (43)

Reescrevendo temos a Equação da Linha de Operação para os pontos extremos:

 H ya  H yb   G x cL (44)
 Txa  Txb  G 'y
Num ponto intermediário na coluna (integrando de um ponto qualquer até o topo) temos a
Equação da Linha de Operação para os pontos intermediários :
 H ya  H y   G x cL
 Txa  Tx  G 'y
(45)

Integrando da base até o topo e considerando que o ar sai saturado da coluna temos a Equação
para Condição de Mínimo Fluxo de Ar:
 Hsya  H yb    G xcL  (46)
 Txas  Txb   G'y min . 46
Diagrama de operação na coluna de resfriamento
Representação dos dados de equilíbrio, da Linha de Operação [Eq. (44) e (45)] e linha de mínimo
fluxo de ar [Eq. (46)] no diagrama Hy versus Tx:

47
Retomando as equações 27 e 28:


G 'y cS dTy  h ya Ti  Ty dZ  (27)

G 'y d H   k yaM B H i  H  dZ (28)

Multiplicando Eq. 28 por λ0 e somando com Eq. 27, teremos:


G 'y cSdTy   0 dH   k ya M B 0 H i  H   h y a  Ti  Ty  dZ (47)

dH y da Eq. (24)

G 'ydH y   k ya M B  0 H i  H
   h y a  Ti  Ty  dZ (48)

hy
Da relação de Lewis (sistema ar-vapor de água):  cS (20)
MB k y
A Equação 48 fica: h ya  cSM B k ya (49)
G 'ydH y   k ya M B  0 H i  H
   cSM B k ya  Ti  Ty  dZ (50)
Isolando, temos:

  
G 'ydH y  k ya M B  cS Ti  Ty   0 H i  H   dZ

(51)

interface
Eq. (24)  dH y  (H yi  H y )  cS (Ti  Ty )   0 (H i  H )
gás 48
Resultando em:

G 'ydH y  k ya M B H yi  H y dZ  (52)

dH y k ya M B
 dZ (53)
 H yi  H y  G 'y
Separando as variáveis e integrando a equação anterior:

G 'y a
dH y
k ya M B   H
ZT  (54)
b yi  Hy 
Para obter as informações na interface gás-líquido, iguala-se a taxa de calor no líquido com a
variação da entalpia total do gás, ou seja:

 
G 'ydH y  k ya M B H yi  H y dZ (52)

G x dH x  h x a  Tx  Ti  dZ (26)  
k ya M B H yi  H y dZ  h x a  Tx  Ti  dZ

Lembrando que: G 'ydH y  G x dH x (23)

(55)
 H yi  H y    h xa Equação da reta
 Ti  Tx  k yaM B
que liga L.O. e L.E.
49
50
Para a maioria dos recheios, não encontram-se disponível na literatura aberta,
correlações para a estimativa de hxa e kya. Uma simplificação muito usual é a
utilização do coeficiente global e entalpia global.
Teoria do filme duplo (Whitmann, 1923)
1 1 m
Onde:   (56) m
dH*y
(inclinação local da Linha de Equilíbrio - lei de Henry)
K y a k y a MB h x a dTx
H*y  entalpia do gás em equilíbrio com o líquido à Tx
ou
1 1
 para pequenos valores m (57)
K y a k y a MB

Logo, a Eq. 54 fica:


H ya
G 'y dH y Equação de projeto de
ZT    HT * NT (58)
 
colunas de
K ya
H yb H*y  Hy resfriamento

Hyi = Hy*, pois a interface está em equilíbrio


segundo a teoria do filme duplo

51
Obs. 1: Muitos problemas de resfriamento/umidificação, admitem ou negligenciam a resistência
à transferência de calor na fase líquida, ou seja, hx é muito elevado:

 H yi  H y    h xa

 Ti  Tx  k yaM B

Se hx tende a infinito, Ti tende a ser igual a Tx

Pode-se utilizar as equações para


umidificação adiabática neste caso

52
Obs. 2: Alguns problemas de resfriamento/umidificação, admitem que a coluna de resfriamento é
MUITO ALTA, o que equivale dizer que a coluna de resfriamento foi superdimensionada para as
condições operacionais e/ou ela está operando em condições abaixo do mínimo fluxo de ar (Eq.
46), logo:
H a  H sa

Em alguns processos, é correto afirmar também que:

Tya  Txa

53
Exemplo 3
Ensaio em coluna de recheio para resfriamento de água
Os seguintes dados foram obtidos numa coluna de recheio para resfriamento de água que opera a pressão
atmosférica:
 Altura de recheio na coluna: 6,0 ft H a,tabela  0, 038
lb vapor água
 Diâmetro interno da coluna: 12 in lb ar seco

 Temperatura média do ar à entrada da coluna: 100 °F H a,equação  0, 0356


lb vapor água
lb ar seco
 Temperatura média do ar à saída da coluna: 103 °F
 Temperatura média de bulbo úmido do ar à entrada da coluna: 80 °F
lb vapor água
 Temperatura média de bulbo úmido do ar à saída da coluna: 96 °F H ia - H a   0, 0334
lb ar seco
 Temperatura média de entrada da água na coluna: 115 °F lb vapor água
 Temperatura média de saída da água na coluna: 95 °F  H ib - H b   0, 018
lb ar seco
 Taxa mássica de água na coluna: 2000 lb/h k y a  8, 29
lbmol
h.ft 3
 Vazão de ar à entrada da coluna: 480 ft3/min

(a) Usando as condições de entrada do ar, calcular a umidade de saída do ar utilizando o balanço
entálpico. Comparar o resultado obtido com o valor da umidade calculada no digrama de através das
temperaturas de bulbo seco e úmido

(b) Admitindo que a temperatura da interface água-ar é igual a temperatura bulk da fase líquida
(resistência à TC na fase líquida é negligenciável) calcular força motriz da umidade no topo e base da
coluna. Usando a força motriz média estimar o valor de kya.

54
Exemplo 4
Projeto de uma coluna de resfriamento de água utilizando os coeficientes de
transferência na interface
Uma coluna de recheio com fluxos contracorrentes para resfriamento de água utilizando fluxo
de ar puro 1,356 kg de ar seco/s m2 e igual quantidade de água pura, ou seja, 1,356 kg de
água/s m2. A água dever ser resfriada de 43,3 °C (110 °F) para 29,4 °C (85 °F). O ar à entrada
da coluna tem temperatura de bulbo seco de 29,4 °C e temp. de bulbo úmido é de 23,9 °C. O
coeficiente de volumétrico molar de transferência de massa (kga) estimado é 1,207 10-7
kmol/s.m2.Pa e, a relação entre os coeficientes de transferência de calor e massa é igual 41,87
kJ/kg.K (10,0 btu/lb.°F). Calcular a altura da coluna de resfriamento para operar à P = 1,013
105 Pa.
Obs: k y a  k g a P

H*y  21.167 exp(0.0517T* )


ZT  1, 79 m

55
Lista de Exercícios I
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