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ELETRÔNICA ANALÓGICA

Tópico 1:
Métodos de medição e instrumentos de
medição: a medição e o erro de medição.

1
Métodos de medição e instrumentos de medição UTFPR
Technological Federal University of Paraná

1) Ementa:
• Métodos de medição e instrumentos de medição: a medição e o erro de medição
• Caracterização da qualidade de medição;
• Erros de medição: erros aleatórios, erros sistemáticos e incerteza;
• Estatística da medida: aspectos essenciais na expressão da incerteza da medição.

2) Objetivos:
• Caracterização da qualidade de medição;
• Erros de medição: erros aleatórios, erros sistemáticos e incerteza;

 Sumário:
1. Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM)
2. Caracterização da qualidade de medição
3. Erro de medição (erros aleatórios e erros sistemáticos)
4. Efeito de carga
5. Erro absoluto e relativo (o erro e as relações funcionais)

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1) Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM)

a) Medição:
• Conjunto de operações que têm como objetivo determinar o valor de uma grandeza.

b) Princípio de medição:
• Fundamento científico da medição.
• Ex: Efeito termoelétrico na medição de temperatura;
Efeito Doppler para medição de velocidade.

c) Método de medição:
• Sequência lógica de operações, descritas genericamente, utilizadas na execução de medições.

d) Mensuranda:
• Grandeza particular submetida a medição.

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1) Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM)

e) Resultado de um medição:
• Valor atribuído a uma mensuranda, obtido na medição.

f) Instrumento de medição:
• Dispositivo destina à execução da medição, isolado ou em conjunto com equipamentos suplementares.

g) Cadeia de medição:
• Sequência de elementos de um instrumento de medição ou de um sistema de medição que constitui o
trajeto de medição desde a entrada até a saída.

h) Sistema de medição:
• Conjunto completo de instrumentos de medição e outros dispositivos montados para executar uma
medição específica.

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1) Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM)

i) Valor verdadeiro (de uma grandeza)

j) Valor convencionalmente verdadeiro (de uma grandeza)

k) Valor (de uma grandeza)

l) Incerteza de medição

m) Erro de medição e Exatidão de medição

n) Repetibilidade dos resultados (de uma grandeza)

o) Reprodutibilidade dos resultados (de uma grandeza)

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2) Caracterização da qualidade de medição

a) O ato de medição envolve um conjunto de operações que tem como objetivo a determinação do
valor de uma grandeza. Pode-se utilizar um instrumento, mas:
• O resultado não conduz ao conhecimento verdadeiro da grandeza.
• Fornece apenas uma indicação de uma quantidade afetada por uma incerteza.
• Por outro lado, o verdadeiro valor de uma grandeza é, em geral, uma abstração da realidade,
• Portanto, opta-se pelo “valor convencional verdadeiro” (referência).
b) Valor verdadeiro: Valor consistente com a definição de uma dada grandeza.
• Deve ser obtido em condições perfeitas de medição.
• São valores que, pela sua natureza ideal, não podem ser determinados.
c) Valor convencional verdadeiro: valor atribuído a uma grandeza particular, por convenção,
tendo uma incerteza apropriada a um determinado objetivo — ou “valor atribuído a grandeza”;
“melhor estimativa da grandeza”; “valor convencional”; “valor de referência”.
d) Incerteza de medição: parâmetro associado ao resultado da medição, que caracteriza a dispersão
dos valores medidos. Este parâmetro pode ser: O Desvio Padrão (ou seus múltiplos)

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2) Caracterização da qualidade de medição

e) Certos componentes da incerteza de medição são avaliados a partir da distribuição estatística dos
resultados de uma série de medições.
f) Exatidão de uma medição: aproximação entre o resultado da medição e o valor verdadeiro ou,
na prática, de um valor de referência.
• Ou ainda, o grau de concordância entre um valor medido e um valor de referência.
• Obtém-se o erro do instrumento utilizado (é um conceito qualitativo, não devendo ser associado a valores).
• Exemplo: Exatidão de uma medição é 0,2mV. Errado!
Incerteza de uma medição é 0,2mV. Correto!
g) Precisão: Grau de concordância entre valores obtidos por medições repetidas no mesmo ponto.
• Define a capacidade do instrumento de reproduzir um valor obtido para um mesmo ponto de medição,
mesmo que ele não esteja correto.
• Permite verificar se o instrumento apresenta boa repetitividade, mas não identifica o erro.
• Definido pelo desvio padrão de uma série de medidas de um mesmo ponto de medição. Quanto maior o
desvio padrão, menor é a precisão.

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2) Caracterização da qualidade de medição

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2) Caracterização da qualidade de medição

 Como corrigir?  Como corrigir?  Como corrigir?


 Média  Fator de correção  Média e Fator de correção
• A média desses valores é útil. • Uma única amostragem pode • Faz-se a média para encontrar
• Mas uma única amostragem ser útil. um valor mais preciso,
não é útil. • desde que se saiba o quão longe • Utiliza o fator de correção para
ela está do valor real. encontrar um valor mais exato.

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3) Erros de medição

a) Como o valor verdadeiro não é conhecido, não é possível de ser obtido:


• Obtém-se estimativas da incerteza da medição.

b) São usualmente classificados em dois grupos principais:


1. Erros aleatórios;
2. Erros sistemáticos.

c) Existem ainda os erros grosseiros (normalmente vinculados a erro humano):


• Leituras erradas;
• Ajuste incorreto do instrumento de medição;
• Erro de cálculo;
• Etc.

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3.1) Erro aleatório

a) VIM: Resultado da medição subtraído da média que resultaria de um número infinito de medições
da mesma mensuranda em condições de repetibilidade.
• Ou seja, podemos obter somente uma estimativa do erro aleatório.
• Está relacionado com variações nas condições de medição.
• É igual ao erro menos o erro sistemático.
b) Em casos de diversos observadores:
• É estimado através da dispersão dos resultados (variância, desvio padrão, etc) relativo a média dos
resultados obtidos por diferentes observadores.
c) São em geral pequenos e causados por:
• Ruído elétrico intrínseco aos componentes utilizados e instrumentos usados na medição (por exemplo,
ruído térmico);
• Interferências de sinais externos ao sistema de medição (interferência eletromagnética);
• Variação de ganho de amplificadores;
• Correntes de fuga;
• Fatores ambientais.
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3.2) Erro sistemáticos

a) VIM: Média que resultaria de um número infinito de medições da mesma mensuranda em


condições de repetibilidade subtraída do valor verdadeiro da mensuranda.
b) Caracterizam-se por ocorrerem e conservarem, em medidas sucessivas, o mesmo valor e sinal.
• Ou seja, resulta da média de um número infinito de medições de um mesmo ponto subtraída do valor
verdadeiro deste ponto.
• É igual ao erro menos o erro aleatório.
c) Assim sendo, que tipo de erro pode ser corrigido?
• Apenas os sistemáticos !!!
d) A partir dos erros sistemáticos se define, correção:
• VIM: Valor acrescentado algebricamente ao resultado bruto da medição para compensar o erro
sistemático.
• A correção é igual e de sinal contrário ao erro sistemático estimado.
e) Fator de correção:
• Fator numérico pelo qual se multiplica o resultado bruto da medição, para compensar o erro sistemático.
f) A compensação do erro não é completa, não se conhece perfeitamente o erro sistemático.
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3.2) Erro sistemáticos

g) Os erros sistemáticos são de diversas naturezas:


1) Instrumentais:
• Calibração (temperatura, desgaste, etc);
• Qualidade do instrumento de medida;
• Ajuste do zero;
• Alteração da medida por efeito de carga.

2) Teóricos:
• Modelo teórico;
• Equações teóricas ou empíricas.

3) Ambientais:
• Temperatura;
• Pressão;
• Umidade;
• Aceleração da gravidade;
• Campo magnético terrestre.
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4) Efeito de carga

 Medição de corrente

 Medição de tensão

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 Amperímetro – altera a corrente circulando pelo circuito devido a inserção de uma resistência
(RA) em série com Ro.
=

=  = <1

• Assim, o erro relativo é:


δ= =1− =1− =

• E o fator de correção será:


+
= =

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 Voltímetro – conecta o circuito com uma resistência não-infinita (RV), passando a circular
corrente e existir uma queda de tensão em Ro.

=I . =

• Assim, o erro relativo é:



δ= =1− =1− =
+ +

• E o fator de correção será:


! +
! = =
!

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5) Erro absoluto e relativo

a) O erro de uma medição (∆$) é a diferença algébrica entre o resultado da medição ($) e o valor
convencionalmente verdadeiro ($ ).
• Onde o erro absoluto é o modulo de ∆$.
∆$ = ∆$ = $ − $
b) O erro absoluto é suficiente para sabermos a precisão de um instrumento de medição?

Exemplo 1:
• Ao medir uma barra metálica de comprimento l = 1 m, um observador comete um erro
∆l = ± 2 mm (caso 1).
Exemplo 2:
• Ao medir uma distância de 1 km, comete o mesmo erro (caso 2).
Conclusão:
• Claramente, o erro relativo da 2ª medida é menor, apesar do erro absoluto ser o mesmo.

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5) Erro absoluto e relativo

• O erro relativo é definido por:


∆$
&' =
$

• Como o valor convencionalmente verdadeiro ($ ) não é conhecido, o erro relativo pode ser
aproximado pela expressão:
∆$
&' ≈
$
Calculando o erro relativo para o exemplo anterior, têm-se:

Exemplo 1: Exemplo 2:
∆) * ∆) *
)
= +,,, = ,, *% )
= +,,,,,, = ,, ,,,*%

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5.1) O erro e as relações funcionais

a) Em muitos métodos de medição, a obtenção do valor de uma grandeza depende de outros valores de
outras grandezas.

b) Exemplos:
• Resistência pelo método voltímetro/amperímetro;
• Medição de impedância com pontes de medição.

c) Nestas medidas o erro de medição depende dos erros parciais das variáveis em jogo:
• Considere / uma grandeza que depende de 0 grandezas parciais $1 , $2 , … , $4 .

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5.1) O erro e as relações funcionais

d) Como o valor de uma grandeza (y) depende de outros valores de outras grandezas (x1,...xn),
podemos disser que:

/ = 5 $1 , $2 , … , $4

e) Essa relação é chamada de equação de medição. Sejam ∆x1 , ∆x2 , … , ∆x7 os erros individuais
associados aos valores x1 , x2 , … , x7 , o erro total ∆/ tem a expressão:

∆/ = 5 $1 + ∆$1 , $2 + ∆$2 , … , $4 + ∆$4 − 5 $1 , $2 , … , $4

erro individual
resultado da medição
erro total
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5.1) O erro e as relações funcionais

e) Essa relação é chamada de equação de medição. Sejam ∆x1 , ∆x2 , … , ∆x7 os erros individuais
associados aos valores x1 , x2 , … , x7 , o erro total ∆/ tem a expressão:
∆/ = 5 $1 + ∆$1 , $2 + ∆$2 , … , $4 + ∆$4 − 5 $1 , $2 , … , $4

f) Desenvolvendo 5 em série de Taylor, no ponto ($1 , $2 , … , $4 ),


4 4
95 1 925 2
5 $1 + ∆$1 , $2 + ∆$2 , … , $4 + ∆$4 = 5 $1 , $2 , … , $4 +8 ∆$ + 8 2 ∆ $: + ⋯
9$: : 2 9$:
:=1 :=1

g) Considerando que os erros ∆$: são pequenos, é possível desprezar os termos de 2ª ordem ou
superior do desenvolvimento da série, obtendo-se a expressão aproximada:
4
95
∆/ = 8 ∆$
9$: :
:=1

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5.1) O erro e as relações funcionais

h) Admitindo que é conhecido o erro máximo ∆$: >?' de ∆$: , o valor máximo do erro absoluto ∆/ é
dado pela equação:
4
95
∆/ ≤ 8 ∆$: >?'
9$:
:=1

Erro absoluto é o módulo do erro.


i) A expressão do erro relativo máximo é dada por:

95
∑4:=1 ∆$: >?'
9$:
&A ≤
f $1 , $2 , … , $4

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5.1) O erro e as relações funcionais

j) Designando-se &': como o erro relativo máximo de $: :

∆$: >?'
&': ≤
$:

k) Finalmente, o erro relativo máximo de / é dado por:

4
95($) $:
&A ≤ 8 &
9$: 5($) ':
:=1

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Referências UTFPR
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• BOLTON, W. Instrumentação e controle. Curitiba, PR: Hemus, 2002. 197 p.


• WERNECK, Marcelo Martins. Transdutores e interfaces. Rio de Janeiro: LTC, 1996. 225 p. ISBN 85-216-
1052-1
• BALBINOT, Alexandre; BRUSAMARELLO, Valner João. Instrumentação e fundamentos de medidas.
Rio de Janeiro: LTC, 2006. 2 v. ISBN 9788521614968.

• SEDRA, Adel S.; SMITH, Kenneth Carless. Microeletronica. 5.ed. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall,
2007. 848 p. ISBN 9788576050223.
• DUNN, William C. Introduction to instrumentation, sensors, and process control. Boston: Artech
House, 2006. ISBN 1580530117.
• THE MEASUREMENT, instrumentation, and sensors handbook. Boca Raton, Fla.: CRC, IEEE,
c1999. 2 v (Electrical engineering handbook series) ISBN 0849383471.
• NORTHROP, Robert B. Introduction to instrumentation and measurements. 2nd ed. London: Taylor &
Francis, c2005. 743 p. ISBN 0849337739.
• MILLMAN, Jacob; HALKIAS, Christos C. Eletrônica: dispositivos e circuitos. São Paulo, SP: McGraw-
Hill, 1981. 2 v.

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