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O Método Da Cartografia em Pesquisa Qualitativa: Estabelecendo Princípios... Desenhando Caminhos..
O Método Da Cartografia em Pesquisa Qualitativa: Estabelecendo Princípios... Desenhando Caminhos..
Resumo.
Este
artigo
tem
por
finalidade
discutir
o
método
da
cartografia
em
pesquisa
qualitativa,
pontuando
algumas
de
suas
diretrizes
e
princípios
norteadores,
bem
como
explicitar
o
modelo
epistemológico
de
ciência
que
embasa
sua
prática.
Apresenta
Félix
Guatarri
e
Gilles
Deleuze
como
os
propositores
do
método,
destacando
a
ideia
de
rizoma.
Discute
algumas
das
pistas
ou
linhas
que
orientam
o
trabalho
de
pesquisa
de
inspiração
cartográfica.
Em
conclusão,
considera-‐se
a
importante
contribuição
que
o
método
da
cartografia
vem
oferecer
às
pesquisas
qualitativas
que
se
direcionam
ao
acompanhamento
de
processos
e
produção
de
subjetividade.
Palavras-‐chave:
Cartografia,
pesquisa
qualitativa,
processo.
The
Cartography
Method
in
Qualitative
Research:
Establishing
principles…
Drawing
paths…
Abstract.
This
article
aims
to
discuss
the
cartography
method
in
qualitative
research,
emphasizing
some
of
its
guidelines
and
guiding
principles,
as
well
as
explain
the
epistemological
model
of
science
that
support
their
practice.
Presents
Félix
Guatarri
and
Gilles
Deleuze
as
the
proponents
of
the
method,
highlithing
the
idea
of
rhizome.
Discuss
some
of
the
tracks
or
lines
that
guide
the
inspiration
cartographic
research
work.
In
conclusion,
it
is
considered
the
important
contribution
that
the
cartography
method
is
to
offer
qualitative
research
that
direct
monitoring
of
production
process
and
subjectivity.
Keywords:
Cartography,
Qualitative
research,
Process.
1 Introdução
O
presente
artigo
tem
por
finalidade
contribuir
com
a
discussão
em
torno
da
pesquisa
qualitativa
mediante
a
apresentação
de
algumas
das
diretrizes
e
princípios
do
método
da
cartografia.
Trata-‐se
do
recorte
metodológico,
em
construção,
de
um
Projeto
de
Tese,
também
em
construção,
voltado
para
o
campo
das
práticas
psicológicas
em
instituição.
Caracteriza-‐se,
portanto,
como
um
estudo
bibliográfico,
mediante
a
consulta
de
autores
brasileiros
que
vêm
trabalhando
no
detalhamento
do
método
da
cartografia.
No
Brasil,
esta
metodologia
vem
sendo
praticada
em
pesquisas
voltadas
para
as
áreas
das
ciências
da
saúde
coletiva,
sociais
e
humanas,
sobretudo
quando
os
objetos
de
estudo
apontam
para
análise
e
acompanhamento
de
processos
e
de
produção
de
subjetividade.
Contudo,
nestes
contextos,
a
cartografia
como
método
de
pesquisa
é
uma
prática
recente
e,
por
isso,
ainda
pouco
conhecida
em
alguns
dos
meios
acadêmicos,
pelo
menos
no
Brasil,
mas
que
vem
ganhando
expressividade
e
o
interesse
de
pesquisadores
que
desenvolvem
estudos
de
características
mais
interventivas.
Importante
registrar
que
o
interesse
sistemático
pela
cartografia
no
âmbito
das
pesquisas
qualitativas
no
Brasil
pode
ser
datado
a
partir
de
2005,
quando
alguns
professores
e
pesquisadores
brasileiros
começaram
a
se
reunir
para
elaborarem
as
pistas
do
método
da
cartografia,
resultando
na
primeira
publicação,
no
ano
de
2009,
sob
o
título
de
Pistas
do
método
da
cartografia:
pesquisa-‐
intervenção
e
produção
de
subjetividade,
organizada
por
Eduardo
Passos,
Virgínia
Kastrup
e
Liliana
da
Escóssia,
com
a
colaboração
dos
demais
na
autoria
dos
capítulos.
Em
2014,
foi
publicado
o
segundo
811
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
volume,
desta
vez
organizado
por
Eduardo
Passos,
Virgínia
Kastrup
e
Silvia
Tedesco.
No
Brasil,
estas
publicações
são,
até
o
momento,
as
referências
mais
consistentes
sobre
o
método
da
cartografia
e,
por
isso,
se
fará
presente,
de
modo
predominante,
na
construção
discursiva
deste
artigo.
Trazer
à
discussão
o
método
da
cartografia
em
pesquisa
como
uma
possibilidade
entre
outras,
visa
tão
somente
contribuir
para
o
fortalecimento
das
metodologias
qualitativas
que,
embora
já
estejam
consolidadas
e
reconhecidas
quanto
a
validade
do
conhecimento
por
elas
produzidos,
serão
sempre
dispositivos
em
(re)construção
a
cada
pesquisa
que
se
inicia.
Cartografar
é,
antes
de
tudo,
uma
arte.
As
origens
do
conceito
de
cartografia
esteve
ligada
às
inquietações
que
sempre
estiveram
presentes
nos
seres
humanos
em
conhecer
o
mundo
que
ele
habita.
Etimologiacamente,
quer
dizer
“descrição
de
cartas”.
Porém,
esta
concepção
inicial
já
trazia
a
ideia
de
“traçado
de
mapas”.
Mas,
cartografar
é,
também,
uma
ciência.
E
como
ciência,
tradicionalmente,
refere-‐se
a
habilidade
de
elaborar
mapas,
cartas
ou
outras
formas
de
representar,
descrever
detalhadamente
ou
expressar
objetos,
fenômenos,
ambientes
físicos
e
socioeconômicos,
e
utilizá-‐los.
(Instituto
Brasileiro
de
Geografia
e
Estatística
[IBGE],
s.
d.).
Como
método
de
pesquisa,
a
cartografia
foi,
originalmente,
pensada
por
Giles
Deleuze
e
Félix
Guatarri
(2011),
na
década
de
1960,
no
contexto
da
esquizoanálise,
tendo
em
vista
que,
no
entendimento
deles,
os
modelos
de
pesquisas
disponíveis
à
época,
de
cunho
eminentemente
demonstrativos-‐representacionais,
não
se
adequavam
e
nem
conseguiam
dar
conta
do
teor
processual
do
objeto
dos
seus
estudos,
qual
seja,
processos
e
produção
de
subjetividade.
A
esquizoanálise,
contrapondo-‐se
à
ideia
de
inconsciente
tal
como
elaborado
pela
psicanálise
freudiana,
propõe
que
o
inconsciente
seja
“compreendido
como
uma
máquina
de
produção
que
opera
no
social,
no
presente
(composições
atuais),
atravessando
os
sujeitos,
seus
territórios
e
suas
relações”
(Martines,
Machado,
&
Colvero,
2013,
p.
205).
Nessa
perspectiva,
as
noções
de
eu
e
de
subjetividade
são
reconstituídas
e
reconstruídas,
sendo
concebidas
como
devires,
em
movimento
e
em
produção,
em
meio
à
multiplicidade,
compondo
paisagens
e
territórios
diversos.
Deleuze
e
Guatarri
(op.
cit.)
tentam
demonstrar:
como
as
multiplicidades
ultrapassam
a
distinção
entre
a
consciência
e
o
inconsciente,
entre
a
natureza
e
a
história,
o
corpo
e
a
alma.
As
multiplicidades
são
a
própria
realidade,
e
não
supõem
nenhuma
unidade,
não
entram
em
nunhuma
totalidade
e
tampouco
remetem
a
um
sujeito.
As
subjetivações,
as
totalizações,
as
unificações
são,
ao
contrário,
processos
que
se
produzem
e
aparecem
nas
multiplicidades
(Deleuze
&
Guatarri,
2011,
p.
10).
Nesta
linha
de
raciocínio,
os
referidos
autores
desenvolvem
a
ideia
de
rizoma,
no
qual
a
cartografia
aparece
como
um
dos
seus
princípios.
O
primeiro
e
o
segundo
são
os
princípios
de
conexão
e
de
heterogeneidade:
“qualquer
ponto
de
um
rizoma
pode
ser
conectado
a
qualquer
outro
e
deve
sê-‐lo”
(Deleuze
&
Guatarri,
2011,
p.
22);
o
terceiro
é
o
princípio
da
multiplicidade:
“é
somente
quando
o
múltiplo
é
efetivamente
tratado
como
substantivo,
multiplicidade,
que
ele
não
tem
mais
nenhuma
relação
com
o
uno
como
sujeito
ou
como
objeto,
como
realidade
natural
ou
espiritual,
como
imagem
e
mundo
(Deleuze
&
Guatarri,
2011,
p.
23);
o
quarto
princípio
se
refere
à
ruptura
assignificante:
“contra
os
cortes
demasiado
significantes
que
separam
as
estruturas,
ou
atravessam
uma
estrutura.
Um
rizoma
pode
ser
rompido,
quebrado
em
um
lugar
qualquer,
e
também
retoma
segundo
uma
ou
outra
de
suas
linhas
e
segundo
outras
linhas”
(Deleuze
&
Guatarri,
2011,
p.
25).
O
quinto
e
o
sexto
são
os
princípios
de
cartografia
e
de
decalcomania:
um
rizoma
não
se
adequa
a
nenhum
modelo
estrutural
ou
genético.
“Ele
afasta
a
existência
de
eixo
genético
ou
estrutura
profunda,
como
no
812
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
decalque,
que
segue
a
ordem
da
reprodução,
daquilo
que
já
está
dado
por
uma
estrutura
ou
eixo”
(Martines,
Machado,
&
Colvero,
2013,
p.
205).
O
rizoma
é
mapa
e
não
decalque.
Nas
palavras
de
Deleuze
e
Guatarri
(op.
cit.,
p.
30),
“o
mapa
é
aberto,
é
conectável
em
todas
as
suas
dimensões,
desmontável,
reversível,
suscetível
de
receber
modificações
constantemente”.
Os
princípios
rizomáticos
propõem
um
tipo
de
racionalidade
para
além
das
articulações
binárias
de
causa
e
efeito,
contrapondo-‐se
aos
modelos
demosntrativos-‐representacionais,
derivados
de
uma
racionalidade
cartesiana-‐positivista-‐calculante.
A
racionalidade
que
se
expressa
nesses
modelos
é,
via
de
regra,
que
existe
um
mundo,
uma
realidade
constituída
por
objetos
a
serem
apreendidos
e
representados,
através
de
conceitos
e
teorias,
por
um
sujeito
cognoscente,
mediante
a
aplicação
rigorosa
de
um
conjunto
de
procedimentos
metodológicos
previamente
definidos.
Mesmo
em
pesquisas
de
viés
qualitativo,
esta
concepção
ainda
se
apresenta
de
modo
hegemônico,
apesar
dos
esforços
criativos
que
tem
resultado
em
trabalhos
de
excelência
quanto
a
sua
contribuição
acadêmica
e
social.
A
cartografia
se
opõe
à
política
cognitiva
cartesiana-‐positivista
propondo
outras
linhas
e
outros
modos
de
tecer
compreensões
acerca
dos
homens
e
do
mundo,
mapeando
paisagens,
mergulhando
na
geografia
dos
afetos,
dos
movimentos
e
das
intensidades.
Um
projeto
de
pesquisa,
obviamente,
necessita
explicitar,
com
clareza,
seus
objetivos,
suas
metas
e,
em
alguns
casos,
suas
hipóteses,
bem
como
o
tipo
de
pesquisa
e
o
método
que
o
pesquisador
utilizará,
em
conformidade
com
o
objeto
a
ser
estudado.
Em
pesquisa
qualitativa
de
inspiração
cartográfica,
todas
estas
questões
constituintes
do
projeto
precisam
estar
muito
bem
articuladas
e
fundamentadas
porque
servirão
de
norteadores
durante
o
desenvolvimento
do
estudo.
Todavia,
isso
não
significa
que
o
pesquisador
deverá
adotar
um
posicionamento
de
rigidez
frente
aos
seus
objetivos
e
estratégias
metodológicas.
É
muito
comum
que,
no
percurso
da
pesquisa,
outros
elementos
surjam,
os
quais
poderão
ser
relevantes
à
compreensão
do
contexto-‐problema
em
análise,
podendo
implicar,
inclusive,
na
redefinição
de
metas
e/ou
de
estratégias
de
abordagem,
entre
outras
coisas.
Por
este
motivo,
a
cartografia
defende
a
manutenção
de
um
posicionamento
flexível
e
de
um
pensamento
aberto
frente
a
tudo
aquilo
que
possa
vir
a
emergir
no
contexto
de
problematização
no
qual
se
situa
o
objeto
em
estudo.
Entendemos
que,
na
perspectiva
da
cartografia,
manter
uma
margem
de
flexibilidade
e
provisoriedade
em
relação
aos
objetivos
e
metas
de
uma
pesquisa
não
compromete
o
rigor
metodológico
porque
este
não
é
a
mesma
coisa
que
rigidez
metodológica.
O
rigor
metodológico
se
traduz
exatamente
pela
capacidade
do
pesquisador
em
acompanhar
o
processo
de
mostrar-‐se
do
objeto
investigado
no
contexto
que
o
sustenta
e
lhe
dá
(no
sentido
de
produzir)
significado.
E,
neste
acompanhamento,
o
olhar
“desinteressado”
do
pesquisador,
sem
se
fixar
em
um
ponto,
mas
atento
a
tudo
que
vai
se
presentificando
no
contexto-‐problema,
é
que
tem
a
primazia
na
condução
da
pesquisa.
A
pesquisa
qualitativa
de
inspiração
cartográfica
deverá
tomar
como
desafio
fundamental
o
exercício
de
manter
o
pensamento
aberto,
em
um
esforço
permanente
de
deixar-‐se
guiar
pelos
acontecimentos
e
pelos
processos
que
eles
desencadeiam
e
revelam
sem,
contudo,
perder
de
vista
o
foco
e
os
objetivos.
Neste
referencial
metodológico,
as
metas
e
os
objetivos
a
serem
alcançados
são
móveis
e
flexíveis
porque
é
a
experiência
do
caminhar
da
pesquisa
que
tem
a
primazia.
Diferentemente
de
pesquisas
que
seguem
um
modelo
demonstrativo-‐representacional,
nas
quais
o
status
científico
do
conhecimento
produzido
se
dá
pelo
“rigor
do
método”,
entendido
como
conjunto
de
regras
e
procedimentos
aprioristicamente
estabelecidos,
a
partir
de
e
para
o
alcance
de
objetivos,
813
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
também,
de
antemão
determinados.
Nestes
casos,
são
os
objetivos
e
as
metas
(metá)
a
definirem
o
caminho
(hódos)
pelo
qual
a
pesquisa
se
encaminhará.
A
pesquisa
cartográfica
propõe
uma
reversão
no
sentido
tradicional
de
método
(metá-‐hódos)
como
um
desafio
aos
estudos
de
cunho
qualitativo:
sem
abrir
mão
da
orientação
e
de
referências
no
percurso
da
investigação,
o
caminhar
(hódos),
a
experiência
mesma
do
pesquisar
tenha
a
primazia,
flexibilizando
as
metas
e
os
objetivos
(metá)
ou
até
mesmo
os
modificando
–
hódos-‐metá.
Trata-‐se
de
considerar
os
efeitos
do
processo
de
pesquisar
sobre
o
objeto
da
pesquisa,
sobre
o
pesquisador,
o
campo
e
seus
resultados
durante
todo
o
seu
percurso
de
desenvolvimento.
(Passos
&
Benevides
de
Barros,
2012).
Como
método
de
pesquisa,
a
cartografia
não
se
define
por
um
conjunto
de
procedimentos
previamente
definidos
a
serem
aplicados
a
um
determinado
campo.
Ela
é,
antes
de
tudo,
uma
atitude
a
ser
praticada
e
experienciada
no
processo
de
pesquisar.
E,
nessa
perspectiva,
ela
será
sempre
um
processo
de
construção
“sob
medida”
para
aquele
estudo/pesquisa
em
particular
por
se
caracterizar
como
uma
metodologia
fundada
na
experimentação
e
na
prática
de
manter
o
pensamento
aberto.
Contudo,
não
significa
ausência
total
de
referências,
de
objetivos,
nem
tampouco
de
estratégias
metodológicas.
A
metodologia
cartográfica
não
acontece
sem
orientações.
Por
isso,
considera-‐se
fundamental
explicitar
algumas
das
orientações
que
servem
como
pistas
ou
linhas
que
conduzirão
o
pesquisador
durante
todo
o
desenvolvimento
de
sua
investigação.
Lembrar
que,
como
pistas
ou
linhas,
não
devem
ser
tomadas
como
procedimentos
rígidos
a
serem
seguidos
cegamente
porque
a
concepção
que
as
engendra
é,
acima
de
tudo,
manter
o
pensamento
aberto
e
acompanhar
o
processo
de
pesquisar
como
experiência
viva.
Como
aludido
anteriormente,
a
proposição
de
pistas
do
método
da
cartografia
foi
sistematizada,
em
dois
volumes,
por
Eduardo
Passos,
Virgínia
Kastrup,
Liliana
da
Escóssia
e
Silvia
Tedesco
(2012,
2014)
em
colaboração
com
outros
pesquisadores
e
professores.
Todavia,
este
estudo,
não
trará
todas
as
pistas
e
não
seguirá,
rigorosamente,
o
ordenamento
dado
pelos
autores
porque
foi
apenas
didático
e,
cada
uma
das
pistas,
mesmo
sendo
tomadas
isoladamente,
carreia
as
demais.
Pesquisar
é
intervir.
Não
há
separação
entre
conhecer
e
fazer.
Na
pesquisa
qualitativa
de
inspiração
cartográfica
não
há
qualquer
pretensão
à
neutralidade.
Não
se
parte
da
suposição
da
existência
de
um
sujeito
cognoscente,
plenamente
consciente
de
si,
separado
do
mundo,
constituído
de
objetos
(realidades)
a
serem
conhecidos.
Na
cartografia,
não
existe
o
“em
si”.
Homem
e
mundo,
sujeito
e
objeto
são
coemergentes,
mutuamente
constituídos
e
implicados.
Pesquisador,
pesquisado
e
objeto
emergem
em
um
campo
de
forças
que
os
posiciona
tensionalmente
em
processos
de
coprodução
mútua
e
simultânea,
na
tecitura
de
fios
a
compor
uma
teia
que
os
sustenta,
em
um
horizonte
de
significação
possível.
Orientar-‐se
por
esta
linha,
que
concebe
a
inseparabilidade
entre
conhecer
e
intervir,
que
posiciona
pesquisador,
pesquisados
e
objeto
em
um
mesmo
plano
de
coemergência,
não
se
refere
apenas
a
uma
escolha
a
respeito
de
um
posicionamento
epistemológico-‐metodológico.
Isso
traz
implicações
não
só
teóricas
mas,
sobretudo,
prático-‐políticas
e
éticas.
Na
medida
em
que
a
pesquisa
cartográfica
faz
emergir
linhas
e
planos
de
forças,
mobiliza
devires,
cria
e
transforma
realidades.
Cartografar
implica,
necessariamente,
um
mergulho
no
plano
da
experiência.
Desse
modo,
considera-‐se
que
uma
pesquisa
de
orientação
cartográfica
não
se
encaminha
pela
política
cognitiva
representacional
que
entende
a
produção
de
conhecimento
como
adequação
à
realidade
investigada,
reduzindo-‐o
à
mera
comprovação
ou
refutação
de
hipóteses.
A
política
cognitiva
impregnada
na
cartografia
possui
um
viés
construcionista
que
entende
o
conhecimento
como
uma
814
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
Acompanhar
processos
é
a
essência
da
proposta
metodológica
da
cartografia.
O
mapeamento
de
um
território,
de
uma
realidade
vai
se
processando
no
traçado
de
linhas
que
expressem
o
seu
movimento
e
suas
intensidades,
suas
conexões,
suas
diversas
entradas
e
saídas,
suas
possibilidades
e
potencialidades.
Diferentemente
do
paradigma
cartesiano-‐positivista,
de
caráter
disjuntivo
e
representacional,
a
cartografia
visa
as
conexões,
as
articulações,
na
tentativa
de
explicitar
“a
rede
de
forças
à
qual
o
objeto
ou
fenômeno
se
encontra
conectado,
dando
conta
de
suas
modulações
e
de
seu
movimento
permanente”
(Barros
&
Kastrup,
2012,
p.
57).
O
posicionamento
ou
atitude
cartográfica,
em
pesquisa
qualitativa,
parte
do
entendimento
de
que
a
realidade-‐objeto
a
ser
estudado
não
é
estanque,
como
algo
já
dado,
composto
de
formas
a
serem
representadas
e
informações
a
serem
coletadas;
e
nem
tampouco
separada
daquele
que
pesquisa.
No
momento
em
que
o
pesquisador
atualiza
o
seu
desejo
de
pesquisar
algo,
na
maioria
das
vezes,
já
há
um
processo
em
curso.
Do
mesmo
modo,
o
contexto-‐território
da
pesquisa
é,
também,
processo
em
curso,
é
história,
processualidade.
Cabe
ao
cartógrafo
estar
atento
aos
processos
em
curso,
sair
do
plano
das
racionalizações
e
mergulhar
no
plano
das
intensidades
que
se
expressa
pelos
afetos
e
pelas
linhas
de
forças
que
circulam
no
território,
pelas
rupturas
e
contradições
dos
discursos,
pelas
estranhezas
e
descontinuidades
vivenciadas,
acompanhando
os
desenhos
que
vão
tomando
forma
em
conexão-‐desconexão
com
o
tema
da
pesquisa.
Segundo
Barros
e
Kastrup
(2012),
a
ideia
de
processo
remete
a
duas
possibilidades
de
compreensão:
a
primeira
se
relaciona
à
ideia
de
processamento,
pautada
na
teoria
da
informação,
na
qual
pesquisa
fica
enquadrada
à
coleta
e
análise
de
informações;
a
segunda,
expressa
a
ideia
de
processualidade
que
é
o
âmago
da
cartografia.
Essa
processualidade
aponta
para
o
que,
de
fato,
caracteriza
a
pesquisa
cartográfica:
movimento.
Pesquisar
é
estar
sempre
em
movimento,
acompanhando
processos
que
nos
tocam
e
nos
implicam,
transformando-‐nos
e
produzindo
mundos.
Pesquisar
é
estar
em
obra,
construindo
e
construindo-‐se.
A
processualidade,
portanto,
está
presente
em
todos
os
momentos
do
pesquisar
e
“se
faz
presente
nos
avanços
e
nas
paradas,
em
campo,
em
letras
e
linhas,
na
escrita,
em
nós”.
(Barros
&
Kastrup,
2012,
p.
73).
815
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
816
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
Michel
Foucault,
Gilbert
Simondon,
Gabriel
Tarde
e
René
Lourau,
entre
outros.
A
noção
de
coletivo
que
estes
pensadores
defendem
não
é
a
mesma
utilizada
pela
psicologia
e
pela
sociologia
que
a
toma
como
oposição
ao
individual.
Na
rede
conceitual
desses
autores,
“a
oposição
é
substituída
pelo
entendimento
do
coletivo
a
partir
de
relações
estabelecidas
entre
dois
planos
–
o
plano
das
formas
e
o
plano
das
forças
–
que
produzem
a
realidade”
(Escóssia
&
Tedesco,
2012,
p.
94).
Segundo
os
autores
supracitados,
o
plano
das
formas
se
refere
aos
modos
como
a
realidade
está
organizada,
que
corresponde
ao
instituído,
ao
estabelecido,
em
suas
mais
diversas
maneiras
de
se
apresentar,
seja
através
de
figuras
individuais
ou
coletivas.
Incluem-‐se
neste
plano
os
objetos
e
as
coisas
do
mundo
com
suas
delimitações,
claramente
definidas,
que
os
distinguem
uns
dos
outros,
reconhecidos
pelo
pensamento
representacional-‐calculante
como
objetos
do
conhecimento.
Contudo,
longe
desse
modelo
de
pensamento,
as
coisas
do
mundo
podem
ser
concebidas
como
portadoras
de
variância,
de
movimento,
de
transformação
constante.
O
que
é
apreendido
como
cristalizado,
invariante,
no
modelo
de
pensamento
representacional,
pode
ser
resultante
da
lentificação
e
da
redundância
que
a
configuração
das
forças
assume
num
dado
momento.
Os
objetos
do
mundo
“são
resultantes
de
composições
do
plano
das
formas
com
o
plano
movente
das
forças
ou
coletivo
de
forças”
(Escóssia
&
Tedesco,
2012,
p.
94).
Depreende-‐se
daí
que
nunca
estamos
frente
a
uma
realidade
homogênea,
fixa,
invariante,
de
contornos
claramente
definidos.
A
realidade-‐contexto
que
se
apresenta
à
investigação
é
resultante
de
um
coletivo
de
forças
instituídas
e
instituintes,
individuais
e
coletivas,
em
processualidade
permanente,
em
movimentos
de
transversalização
e
de
transdução.
A
função
transdução
efetiva-‐se
por
meio
de
ações
e
movimentos
que
se
propagam,
gradativamente,
de
um
domínio
para
outro
e
em
várias
direções
produzindo
atrações,
contágios,
encontros
e
transformações.
A
função
transversalização
diz
respeito
à
ampliação
e
intensificação
da
capacidade
de
comunicação
entre
sujeitos
e
grupos
.
.
.
e
de
intersecção
entre
elementos
e
fluxos
heterogêneos,
materiais
e
imateriais
(Esóssia
&
Tedesco,
2012,
p.
104
-‐
105).
Na
pesquisa
de
cunho
cartográfico,
a
transversalidade
merece
atenção.
É
um
conceito
criado
por
Félix
Guatarri
e
René
Lourau
no
contexto
da
Análise
Institucional
o
qual
só
poderá
ser
entendido,
plenamente,
juntamente
com
o
conceito
de
implicação.
Em
linhas
gerais,
ambos
os
conceitos
concorrem
para
o
questionamento
sobre
a
neutralidade
e
a
objetividade
do
conhecimento.
O
plano
da
transversalidade
se
define
como
um
quantum
comunicacional
que
opera
em
diferentes
níveis
e
em
diferentes
sentidos.
Nas
palavras
de
Passos
e
Eirado
(2012,
p.
115-‐116),
a
transversalidade
expressa
uma
dimensão
da
realidade
que
não
se
define
nos
limites
estritos
de
uma
identidade,
de
uma
individualidade,
de
uma
forma…
mas
experimenta
o
cruzamento
das
várias
forças
que
vão
se
produzindo
a
partir
dos
encontros
entre
os
diferentes
nós
de
uma
rede
de
enunciação
da
qual
emerge,
como
seu
efeito,
um
mundo
que
pode
ser
compartilhado
pelo
sujeitos.
A
transversalidade
se
expressa
pela
experiência
da
multiplicidade
de
vozes
que
perpassam
e
constituem
um
processo.
É
a
multiplicidade
de
pontos
de
vista
que
emergem
em
uma
dada
situação,
a
convocar
o
pesquisador
a
habitar
cada
um
deles
em
sua
emergência,
mas
sem
apego
e
identificações.
É
um
habitar
sem
fixar
morada,
como
nômade.
À
implicação
se
faz
necessário
acrescentar
o
caráter
de
análise
crítica
no
sentido
de,
efetivamente,
fazer
valer
o
posicionamento
ético-‐político
de
não
impor
à
pesquisa
um
sentido
excessivamente
pessoal,
descentralizando-‐a
do
ponto
de
vista
ou
quadro
de
referência
teórico-‐interpretativo
do
pesquisador.
A
dissolução
do
ponto
de
vista
do
observador
imprime
à
pesquisa
uma
circularidade,
pelo
reconhecimento
da
importância
817
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
A
pergunta
que
parece
substancial
formular
para
o
entendimento
desta
linha
norteadora
é:
o
que
faz
o
pesquisador-‐cartógrafo
quando
está
no
campo
da
pesquisa?
A
resposta
para
o
que
fazer,
encontra-‐
se
na
dependência
do
que
observar.
Ou
seja,
é
o
modo
como
o
pesquisador
direciona
a
sua
atenção
e
o
que
ele
considerará
relevante
à
sua
pesquisa.
Desse
modo,
a
qualidade
do
funcionamento
da
atenção
do
pesquisador
é,
por
assim
dizer,
o
coração
da
pesquisa
cartográfica.
É
a
atenção
nômade
que
lança
o
pesquisador
à
percepção
de
processos
em
curso,
mesmo
que,
à
primeira
vista,
pareçam-‐
lhe
sem
sentido.
O
pesquisador-‐cartógrafo
não
vai
ao
campo
para
coletar
os
dados
de
pesquisa,
como
algo
que
já
está
lá,
pronto
e
à
espera
de
alguém
que
os
colha
e
os
analise.
A
questão
que
importa
à
cartografia
é
saber
o
que
se
analisa
e
não
o
que
são
os
dados.
Levando-‐se
em
conta
a
transversalização
e
a
implicação,
não
se
trata
de
ir
ao
campo
para
coletar
os
dados
de
pesquisa,
mas
de
imergir
no
campo,
interagir
com
ele,
deixando-‐se
envolver
reflexivamente,
sempre
atento
aos
movimentos
e
intensidades,
à
espreita
ao
que
vai
sendo
produzido
como
material
de
pesquisa.
Mais
do
que
focalizar
e
selecionar
informações,
a
atenção
deve
se
concentrar
e
se
voltar
para
os
processos
em
curso,
buscando
detectar
signos
e
forças
circulantes,
mesmo
que,
aparentemente,
desconexos
e
fragmentados.
Manter
a
atenção
concentrada
e,
ao
mesmo
tempo,
flutuante
e
aberta,
traduz-‐se
pelo
esforço
permanente
do
pesquisador
em
renunciar
a
atenção
seletiva
a
qual
parece
estar
como
que
naturalizada
nos
modos
de
observação
da
realidade,
sobretudo
modos
ocidentalizados
de
perceber
o
mundo,
identificando
seus
elementos
de
composição
e
correlacionando-‐os
às
formas
representativas
previamente
disponíveis.
Contudo,
esta
é
apenas
uma
das
formas
de
manejo
da
atenção.
Kastrup
(2012)
assinala
quatro
modalidades
da
atenção
do
cartógrafo:
o
rastreio,
o
toque,
o
pouso
e
o
reconhecimento
atento.
O
rastreio
é
um
gesto
de
varredura
do
campo;
semelhante
a
um
passeio
da
atenção,
em
movimento
parabólico,
visando
detectar
movimentos,
mudanças
de
posição,
de
aceleração,
de
ritmo,
em
sintonia
fina
com
o
problema
de
pesquisa.
O
toque
diz
respeito
a
algo
que
acontece
e
exige
atenção,
revelando
que
ali
há
um
processo
em
curso
que,
de
certa
forma
se
impos
à
atenção
do
pesquisador.
O
pouso
acontece
quando
a
atenção
realiza
uma
parada
e
o
campo
se
fecha,
numa
espécie
de
zoom,
formando
um
novo
território,
reconfigurando
o
campo
de
observação;
não
pela
via
seletiva
da
atenção,
mas
pela
via
da
consistência
significativa
com
que
o
fenômeno
convocou
a
atenção
do
pesquisador.
O
reconhecimento
atento
decorre
do
gesto
de
pouso,
quando
o
pesquisador
se
lança
e
faz
o
convite
para
ver
o
que
é
que
está
acontecendo.
Em
seguida,
retoma
a
circularidade
presente
nos
modos
da
atenção
se
desdobrar,
calibrando-‐a
novamente.
O
tipo
de
atenção
que
a
cartografia
sugere
é,
portanto,
performática
no
sentido
de
demandar
um
esforço
renovado
do
cartógrafo-‐pesquisador
para
torná-‐la
presente
e
atuante,
em
um
movimento
que
visa
desativar
ou
inibir
a
atenção
seletiva
que,
habitualmente,
predomina
no
nosso
modelo
de
funcionamento
cognitivo.
É
uma
atenção
que
fica
à
espera,
mas
em
plena
atividade
para
se
fazer
presente
de
modo
sempre
renovado.
818
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
4 Considerações finais
A
cartografia
como
prática
de
pesquisa,
no
Brasil,
ainda
é
recente.
Todavia,
suas
contribuições
nas
áreas
das
ciências
sócio-‐humanas
e
da
saúde
têm
sido
cada
vez
mais
reconhecidas
por
ser
uma
metodologia
que
se
adequa
aos
tipos
de
investigação
qualitativa,
muito
comuns
nesses
campos
do
conhecimento.
Todavia,
o
desafio
proposto
pelo
método
cartográfico
é
deixar
que
o
caminho
do
processo
de
pesquisar
tenha
a
primazia
sobre
os
objetivos
e
metas
(hódos-‐metá).
Mas,
não
significa
ausência
de
orientações.
As
linhas
do
método
da
cartografia
que
foram
aqui
delineadas
sugerem
uma
prática
de
pesquisa
engajada
com
o
devir
humano,
implicada
com
processos
de
produção
de
subjetividade.
Sua
prática
visa
a
multiplicidade
e
a
complexidade,
por
entender
que
estes
são
os
modos
próprios
de
constituição
da
realidade,
e
a
tarefa
fundamental
da
cartografia
é
explicitar
os
fios,
as
linhas
de
forças
e
os
agenciamentos
que
a
constitui.
Tal
como
o
rizoma,
uma
dada
realidade
que
se
coloca
como
foco
de
estudo,
não
é
uma
unidade
homogênea,
unívoca.
Em
suma,
a
perspectiva
metodológica
da
cartografia
visa
acompanhar
processos,
mais
do
que
representar
estado
de
coisas;
intervir
na
realidade,
mais
do
que
interpretá-‐la;
montar
dispositivos,
mais
do
que
atribuir
a
eles
qualquer
natureza;
dissolver
o
ponto
de
vista
dos
observadores,
mais
do
que
centralizar
o
conhecimento
em
uma
perspectiva
identitária
e
pessoal.
Com
esta
finalidade,
a
cartografia
se
pratica
no
habitar
um
território
existencial;
no
cultivo
da
atenção
concentrada,
à
espreita
dos
movimentos,
processos
e
intensidades.
Referências
Alvarez,
J.,
&
Passos,
E.
(2012).
Cartografa
é
habitar
um
território
existencial.
In:
Passos,
E.,
Kastrup,
V.,
&
Escóssia,
L.
Pistas
do
método
da
cartografia:
Pesquisa-‐intervenção
e
produção
de
subjetividade
(pp.
131-‐149).
Porto
Alegre:
Sulina.
Barros,
L.P.,
&
Kastrup,
V.
(2012).
Cartografar
é
acompanhar
processos.
In:
Passos,
E.,
Kastrup,
V.,
&
Escóssia,
L.
Pistas
do
método
da
cartografia:
Pesquisa-‐intervenção
e
produção
de
subjetividade
(pp.
52-‐75).
Porto
Alegre:
Sulina.
Deleuze, G., & Guatarri, F. (2011). Mil platôs. v. 1. Ed. 34. Rio de Janeiro: Letras.
Escóssia,
L.,
&
Tedesco,
S.
(2012).
O
coletivo
de
forças
como
plano
de
experiência
cartográfica.
In:
Passos,
E.,
Kastrup,
V.,
&
Escóssia,
L.
Pistas
do
método
da
cartografia:
Pesquisa-‐intervenção
e
produção
de
subjetividade
(pp.
92-‐108).
Porto
Alegre:
Sulina.
Instituto
Brasileiro
de
Geografia
e
Estatística
(IBGE).
Noções
básicas
de
cartografia.
Disponível
em:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/introducao.htm.
Acessado
em
01
mar
2016.
Martines,
W.,
Machado,
A.,
&
Colvero,
L.
(2013).
A
cartografia
como
inovação
metodológica
na
pesquisa
em
saúde.
Revista
Tempus
Actas
Saúde
Coletiva.
p.
203-‐2011.
Disponível
em:
http://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/1354
.
Acessado
em
01
mar
2016.
819
>>Atas
CIAIQ2016
>>Investigação
Qualitativa
em
Saúde//Investigación
Cualitativa
en
Salud//Volume
2
Passos,
E.,
&
Benevides
de
Barros,
R.
(2012).
A
cartografia
como
método
de
pesquisa-‐intervenção.
In
Passos,
E.,
Kastrup,
V.,
&
Escóssia,
L.
Pistas
do
método
da
cartografia:
Pesquisa-‐intervenção
e
produção
de
subjetividade
(pp.
17-‐31).
Porto
Alegre:
Sulina.
Passos,
E.,
Kastrup,
V.,
&
Escóssia,
L.
(Org.)
(2012).
Pistas
do
método
da
cartografia:
Pesquisa-‐
intervenção
e
produção
de
subjetividade.
Porto
Alegre:
Sulina.
Passos,
E.,
Kastrup,
V.,
&
Tedesco,
S.
(Org.).
(2014).
Pistas
do
método
da
cartografia:
A
experiência
da
pesquisa
e
o
plano
comum.
vol.
2.
Porto
Alegre:
Sulina.
820