Você está na página 1de 12

MODERNISMO

• Ser inédito
• Ser nacional
Modernismo
no Brasil
• Semana de Arte Moderna (São Paulo, 1922)
– Mário de Andrade
– Oswald de Andrade
– Manuel Bandeira
– Anita Malfati
– Graça Aranha
– Villa Lobos
– ...
1º Tempo Modernista – 1922-1930
• Ser inédito
– Verso Livre
– Narrativa fragmentada
– Cotidiano
– Subversão histórica (Tradição Artística)

• Ser nacional (NACIONALISMO)


– Linguagem coloquial
– Cultura popular
– Folclore
– Subversão histórica nacional
Oswald de Andrade

Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela


E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê Tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
Oswald de Andrade

Erro de português

Quando o português chegou


Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade

Pronominais
Vício na fala
Dê-me um cigarro
Diz a gramática Para dizerem milho dizem mio
Do professor e do aluno Para melhor dizem mió
E do mulato sabido Para pior pió
Mas o bom negro e o bom branco Para telha dizem teia
Da Nação Brasileira Para telhado dizem teiado
Dizem todos os dias E vão fazendo telhados
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Manuel Bandeira

Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos


Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.


Manuel Bandeira

Namorados

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:


- Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
- Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listada?
A moça se lembrava:
- A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
- Antônia, você parece uma lagarta listada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
- Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
Manuel Bandeira
Testamento

O que não tenho e desejo


É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Criou-me, desde eu menino
Rezei: ganhei essa prece.
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Vi terras da minha terra.
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Por outras terras andei.
Sou poeta menor, perdoai!
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Não faço versos de guerra.
Foram terras que inventei.
Não faço porque não sei.
Gosto muito de crianças: Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Não tive um filho de meu.
Na luta em que não lutei!
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
Manuel Bandeira

O Menino Doente Morta de fadiga,


Ela adormeceu.
O menino dorme. Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Para que o menino Na mesma cantiga,
Durma sossegado, Na mesma voz dela,
Sentada ao seu lado Se debruça e canta:
A mãezinha canta: - "Dorme, meu amor.
- "Dodói, vai-te embora! "Dorme, meu benzinho... “
"Deixa o meu filhinho,
"Dorme... dorme... meu.. E o menino dorme.
Mário de Andrade

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo


Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.
Moça Linda Bem Tratada

Moça linda bem tratada,


Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.

Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.

Mulher gordaça, filó,


De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência…

Plutocrata sem consciência,


Nada porta, terremoto
Que a porta de pobre arromba:
Uma bomba.

Você também pode gostar