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• Recente tratamento doutrinal da figura: Miguel Assis Raimundo, "Empreitada de
concepção-construção no direito dos contratos públicos: função e pressupostos da
definição colaborativa de obras públicas", O Direito, 153.º, (II), 2021, pp. 327-380;
Rafael Ribeiro, "Algumas reflexões em torno do regime aplicável às empreitadas de
conceção-construção no Código dos Contratos Públicos", Revista de Contratos Públicos,
(25), 2021, pp. 95-129.
• Menção ao PEES e ao processo legislativo que veio dar origem à Lei n.º 30/2021, que
alterou o CCP
• Injustificada qualquer ideia de um desfavor da figura, o que é bem comprovado por (i)
dados do direito europeu, e (ii) paralelo com o direito privado (e com o “direito da
construção” visto em geral), que mostram o crescimento e a utilidade social de
modelos “chave na mão” e, em termos de técnicas de construção, do “early contractor
involvement”
• Sem se ignorar que o sentido normativo do art. 43.º/3 é de molde a exigir uma
fundamentação específica, não vale a pena dramatizar o carácter “excepcional” da ECC
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• Noção: ECC é o contrato no qual a elaboração do
projecto de execução está a cargo do empreiteiro
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• Pressupostos materiais (alternativos, 43.º/3):
• Assunção de obrigações de resultado e
• Complexidade técnica;
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• É pela complexidade técnica que habitualmente se chega à
fundamentação;
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• Indicações relevantes do direito comparado:
• Direito francês: é permitida “se motivos de ordem técnica, ou a assunção de um compromisso
contratual sobre a melhoria da eficiência energética, ou a construção de um edifício novo que supere
as exigências da regulamentação térmica em vigor, tornarem necessária a associação do empreiteiro
às actividades de projecto da obra”.
• “Os motivos de ordem técnica que justificam o recurso a um contrato de concepção-construção são ligados ao
fim (la destination) ou à organização e características técnicas (la mise en oeuvre technique) da obra. São
abrangidas as obras nas quais a utilização condiciona a concepção, a execução e a organização da obra, assim
como as obras cujas características, tais como dimensões excepcionais ou dificuldades técnicas particulares,
exigem o apelo aos meios e à tecnicidade próprias dos operadores económicos”
• Dos direitos espanhol e italiano saem também indicações relevantes apontando para elementos
como a especificidade técnica, a dimensão, o valor da obra, e certos sectores (transportes, infra-
estruturas como aeroportos, edifícios de natureza cultural) como aqueles nos quais habitualmente se
verificam as características que permitem a ECC
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• A questão do nível de programação da obra em sede de
caderno de encargos na ECC
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• As razões em abono da defesa da possibilidade de combinação de
ECC com nível (ou níveis) mais avançados de programação:
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• Esclarecimentos e erros e omissões das peças do procedimento (artigo 50.º)
• Esta fase pode igualmente ser útil para a entidade adjudicante se aperceber da
eventual necessidade de utilizar o mecanismo do 79º/1, alínea c) ou mesmo alínea d),
do CCP
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• Em caso de utilização do 79º/1, alíneas c) ou d), antes do final do prazo
de entrega de propostas, haverá lugar à aplicação das consequências dos
n.ºs 3 e 4?
• O 50º/5 divide a referência aos esclarecimentos, que são prestados pelo órgão
competente para a decisão de contratar ou pelo órgão indicado nas peças, e à
pronúncia sobre erros e omissões, que é objecto de decisão pelo órgão competente
para a decisão de contratar
• A lei não se refere explicitamente, nesta parte, às meras rectificações, que apenas são
mencionadas nos n.ºs 7 a 8
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• Esta circunstância (sobretudo a leitura conjugada dos n.ºs 5 e 7) permite perguntar se
alguém, e quem, pode rectificar as peças a pedido (porque o nº 7 já resolve a
rectificação oficiosa)
• talvez o legislador tenha entendido que a rectificação das peças se inclui no conceito geral
de resposta a erros e omissões (o que, no entanto, não parece rigoroso)
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• A opção de repartir, no nº 5, a competência entre esclarecimentos e resposta a erros ou
omissões deve associar-se a um aspecto de competência dos órgãos: a redacção do
69º/2 tornou indelegáveis no júri as competências para rectificação das peças e para a
resposta a erros ou omissões
• A questão pode não ser líquida: por vezes pode não ser claro se algo que se responde é uma
rectificação ou um esclarecimento; os interessados podem constituir expectativas (até pelo
50º/9, que no entanto não sana a incompetência) que depois sejam postas em causa
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• Inequívoco (e consagrando uma prática nesse sentido) é que o órgão competente para
a decisão de contratar não está dependente de pedido dos interessados para
introduzir rectificações ou prestar esclarecimentos (50º/7)
• O uso de tal faculdade (sempre, mas em especial após o segundo terço) tem de ser
acompanhado de uma adequada utilização do 64º, com a sua distinção entre duas
categorias essenciais de alterações às peças
• O 50º/2 tem um conceito de erro ou omissão que é aplicável às peças (e não apenas
ao caderno de encargos)
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• O aspecto mais discutido do 50º na versão de 2017 foi, sem dúvida, o da natureza do
dever de apresentar listas de erros e omissões, e o das consequências a que se refere o
50º/4;
• Cf. Miguel Assis Raimundo, "Erros e omissões das peças do procedimento e posição do co-
contratante, ou a vida difícil da boa-fé na contratação pública", Revista de Direito
Administrativo, (4), 2019, pp. 44-54.
• Não ficou bem harmonizada, na versão final do CCP, a redacção do 50º/4 com a do
378º/3 e 4: ela fazia sentido na versão do Anteprojecto de 2016;
• A revisão de 2021 veio corrigir este problema, intervindo nos arts. 50.º e 378.º
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• Aplica-se uma ideia de graus diferentes de evidência:
miguelraimundo@fd.ulisboa.pt
contratospublicos.net
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