Fábio e João discutem sobre o conceito de justiça em diferentes situações políticas e sociais. João inicialmente defende que justiça é quando as pessoas têm liberdade de escolha e não são forçadas a fazer tudo da mesma forma. No entanto, através de questionamentos, Fábio aponta contradições nas visões de João, mostrando que a justiça é um conceito complexo com múltiplas facetas.
Fábio e João discutem sobre o conceito de justiça em diferentes situações políticas e sociais. João inicialmente defende que justiça é quando as pessoas têm liberdade de escolha e não são forçadas a fazer tudo da mesma forma. No entanto, através de questionamentos, Fábio aponta contradições nas visões de João, mostrando que a justiça é um conceito complexo com múltiplas facetas.
Fábio e João discutem sobre o conceito de justiça em diferentes situações políticas e sociais. João inicialmente defende que justiça é quando as pessoas têm liberdade de escolha e não são forçadas a fazer tudo da mesma forma. No entanto, através de questionamentos, Fábio aponta contradições nas visões de João, mostrando que a justiça é um conceito complexo com múltiplas facetas.
DISCIPLINA: POLÍTICA I-A PROF. ENZO LENINE ESTUDANTE: FÁBIO OLIVEIRA PASSOS/JOÃO VICTOR LIMA SOTERO BATISTA
JUSTIÇA, POLíTICA E MENTIRA
Fábio Passos - Estava indo ao supermercado numa época de muita ansiedade
e inflação, além da muita preocupação porque era 17 de outubro de 2022, ano da eleição presidencial, e o dia do pleito estava muito próximo de acontecer, quando encontrou João Vitor com um carro de compras com poucos itens no supermercado “O Baratinho”. João ao o avistá-lo na fila de um dos caixas foi imediatamente ele e passou a esvaziar-se das insatisfações sociais e políticas que lhes apoquentavam a alma. F.P- Ao posicionar-se ao seu lado desabafou dizendo: J.V. Política é uma verdadeira desordem, nela não existe a justiça, os políticos são mentirosos, a política sempre é mentirosa e injusta. Vejo que o governo não faz justiça ao povo, não concordo com a política, não confio em político, eles só falam mentiras e por mim o Brasil que se exploda. F.P. – Ao o perceber muito irritado e indignado com a política do país, pacientemente o perguntou: meu amigo J.V. o que é justiça? Me explique! Me faça entender o que é justiça primeiro para que eu possa assim compreender o que me dizes. J.V. – Justiça é o Governo que respeita o direito do cidadão e não os obriga a fazer todas as coisas da mesma forma, afinal cada pessoa é uma, diferente da outra. (Ter direito de escolha, liberdade para escolher, tratar as pessoas de forma específica). F.P- Então João, justo seria ao seu prisma, meu caro amigo João, um governo com uma política que trata as pessoas de forma individualizada, de modo que as pessoas não tenham que fazer as mesmas coisas que as outras se pensarem diferente? Que elas não sejam obrigadas a tomar decisões iguais porque um outro grupo de pessoas tomou? Ou seja, se não quiserem praticar o mesmo ato? J.V. - Seria bem isso F.P., suas palavras exprimem bem o que eu desejo falar. F.P. - Indo mais a fundo Joãozinho, gostaria que o saudoso me respondesses para um melhor entendimento da justiça, da política e a justiça ou se faz justiça, ou se a mesma é uma falácia, uma mentira. F.P.- Para isso te importunarei um pouco J.V... F.P. - Quando o Poder Público, numa época de pandemia através do chefe do Poder Executivo determina que aos pais cabem decidir se seus filhos deverão ser vacinados ou não, ele faz justiça?
J.V. - Claro! F.P! A liberdade de escolha é um direito fundamental, por isso, eu
quem devo decidir se em uma pandemia meu filho deverá tomar a vacina que é recém formulada ou não. F.P. - Mas quando o Governo estabelece por decreto que aqueles que não se vacinaram não podem adentrar às repartições públicas ele age com justiça ou sem justiça? J.V. - Ele age sem justiça, pois ele está nesse caso me impondo uma força coercitiva para conduzir-me a vacinar-me. F.P, - Embora se considerarmos J.V., que a maioria das pessoas que frequentam essas repartições públicas se vacinaram e que por essa razão, elas não gostariam de encontra-se no mesmo lugar com pessoas não vacinadas, e o Governo decretasse que vacinados e não vacinados poderiam frequentar o mesmo local, a política governamental estaria sendo injusta com aquela maioria vacinada? J.V. - Eu sei, os direitos deles também devem ser respeitados mais... J.V. - Não! Pelo fato de que não poderia ser praticada a injustiça de proibir os não vacinado de adentrar a um órgão público para que fosse feito justiça aos vacinados. Justiça seria deixar como sempre foi. Nem injustiça para um, nem injustiça com o outro, digo a você que justiça só será justiça quando não causar injustiça a qualquer pessoa porque é sabido por nós dois que a justiça só traz consigo o bem. Neste caso o Governo estaria tratando os dois igualmente, eles estariam tendo os mesmos direitos de escolher, sem serem preteridos nas políticas Governamentais nem prejudicados pelas decisões públicas. O que passar disso é uma política mentirosa que pratica injustiça ao invés de justiça. F.P. - Continue Ilustríssimo J.V. - Justiça seria fazer o bem indistintamente, e como anteriormente dito, ao não proibir de entra nestes lugares o vacinado, nem o não vacinado, o Governo com a sua política está praticando o bem, pois não pratica justiça a um em detrimento a injustiça ao outro F.P., - Entretanto J.V., você afirmava que “Justiça é quando o Governo respeita o direito do cidadão e não os obriga a fazer todas as coisas da mesma forma, afinal cada pessoa é uma, diferente da outra. ” Nessa situação última citada J.V., a qual o Poder Público permitiria o acesso aos vacinados e não vacinados, o direito da pessoa de não se vacinar não teria sido acolhido? J.P. - Sim! F.P. - E o direito daqueles que se vacinaram e recusam a compartilhar o mesmo local com os não vacinados estaria teria sido prejudicado? J.V. - Não! Para se considerar prejudicados os vacinados, eles deveriam estar sem o direito de dividir o mesmo espaço com os não-vacinados. A igualdade de acesso tanto em relação ao vacinado como o não vacinado demonstra que no ato há justiça pela igualdade de tratamento. F.P. - inclinando-me às suas palavras J.V. confesso que ainda necessito de mais esclarecimentos. Tão logo entenderei e me empatizarei com a sua indignação se me responderes a mais umas poucas indagações. F.P. Meu jovem colega de classe, faça reluzir sobre mim um pouco dessa luz que tú tens, far-te-ei ainda mais este questionamento: F.P. - Um governo que inclui dentro das suas políticas sociais o cidadão, independentemente de raça, cor, sexo, idade, gênero e religião, de modo a abranger todos sem distinção faz o bem? J.V - Com toda certeza F.P., esse é um governo justo que não exclui seus cidadãos e não acolhe a um em detrimento de outros por questões de qualquer dessas distinções citadas. F.P. - Porém se ele é o governo de uma colônia de uma metrópole “ filha de uma mãe” que depois se torna o Brasil ,que teve como modo de produção econômica o trabalho escravo e que esses escravos por séculos foram explorados, assassinados e como coroamento por consequência de pressões externas, e alheias, que não o viam mais como instrumento de exploração naquele modelo e que por isso forçaram seus senhores a os libertarem sem qualquer propriedade, sem saber ler ou escrever e totalmente marginalizados, decide mitigar as consequências históricas por meio de cotas raciais e cotas sociais a esses descendentes , faz justiça? J.V. - Se ele realiza o Sistema de Cotas ele está privilegiando uns em prejuízo a outros, este Governo está tratando as pessoas de modo desigual e sendo injusto, ele não promove o bem para todos e sim para alguns, para outros ele promove o mal da exclusão. J.V. - A Carta Magna trata todos como iguais, sem distinção alguma, quando o Governo faz distinção em suas políticas públicas com as cotas, ele é um governo desigual e injusto. F.P. - Mais uma vez J.V. com toda sua sapiência, o que me confirmas se este mesmo governo souber de todas essas mazelas históricas e tenha em suas posses dados comprobatórios que expressem as consequências da escravidão e da exclusão dos escravos, e que essas se estendem aos seus descendentes no presente momento e decide omitir-se passando a tratar todos como iguais indistintamente, os colocando em igualdade de condições. Desse modo ele estaria sendo justo? Ele estaria fazendo o bem? J.V. - Neste caso estaria fazendo o mal a essas pessoas porque elas já nascem prejudicadas pela exclusão histórica. J.V. - Mas a Constituição Federal de (1988) já determinou que todos somos iguais e por isso pôs um fim nessas diferenças. Agora já é lei e não tem o porquê de fazer diferenças às pessoas, destarte a Constituição estaria sendo violada. J.V. - Nesse caso F.P. vejo que me importunas a acreditar que na desigualdade de tratamento entre as pessoas eu encontraria a justiça, porém, justiça não é fazer desigualdade entre as pessoas como já havia dito é fazer igualdade. F.P.-Indo mais além sábio João. F.P. - Na política existe também justiça ou só existe mentiras, não verdade? J.V. Só existe mentira, justiça não existe. Eles agora criam as cotas, tratam as pessoas de modo diferente, a Constituição Federal preconiza que todas as pessoas são guias. F.P. - Te farei esta pergunta: o que é a mentira? J.V. – Mentira ora! É quando alguém sabe que deve fazer uma coisa e faz outra. J.V. – E você o que entende por mentira? F.P. – Diria que mentira é a ausência da verdade. F.P.- Como está próxima a minha vez de passar as compras e ir embora, a te gostaria de expressar-me. J.V. – Meus ouvidos querem ouvir-te F.P. F.P. - durante todo tempo que estivemos conversando não pudeste esclarecer- me o que é a justiça em toda sua essência, pois em todas as coisas que me falastes, acabei encontrado apenas formas de como as pessoas entendem ser a justiça ou estar a justiça. F.P. Contradições dissestes ao afirmar que justiça é a igualdade, fazer o bem, não praticar distinção, é a verdade, que um Governo justo seria aquele que respeitasse a liberdade das pessoas de fazer escolhas sem as constrangê-las. Entretanto J.V., quando o vacinado é obrigado conviver com os não-vacinados, não existiria uma igualdade desigual e o direito de escolha dos vacinados não estaria sendo vilipendiado? J.V. – É provável que sim F.P., mas sinto que tentas contestar-me a todo instante, pois a mim parece que não gostas da ideia de igualdade entre as pessoas. Durante todo tempo a defendo por que é a melhor e mais justa entre as condições humanas. F.P. – Jamais fui ou me tornarei um repulsor da ideia de igualdade J.V., e acrescentarei ainda outra contradição: quando mencionaste que a justiça é a igualdade, que é fazer o bem, que é a verdade e que a Política Governamental de Cotas raciais e Sociais violaria a Constituição Federa, caíste em contradição. J.V. - Agora compreendo que és um vaidoso e muito arrogante. F.P. – Se as políticas das cotas violariam a igualdade constitucional estabelecida entre os brasileiros e que por isso seria injustiça, o que me dizes da posição omissa de um país, se este reconhecesse essas desigualdades e permanecesse tratando os desiguais de forma igual? A caso pode da desigualdade resultar igualdade? Te afirmo que nem na matemática. E tú mesmo disseste que justiça é igualdade. F.P. Em oposição ao que pensas J.V., quando da desigualdade histórica (extensão das consequências da escravidão aos descendentes dos escravos, população em sua maioria negra e parda) se cria uma política desigual para mitigar uma desigualdade anterior e severa, essa nova desigualdade(cotas) apresenta-se como uma nova roupagem, não de desigualdade, estando muito mais próxima da igualdade. Em contrassenso, se o país optar por manter a igualdade formal da constituição, tratando todos os brasileiros em pé de igualdade nas suas políticas públicas em detrimento a criação de uma desigualdade material(cotas), ele estará mantendo a desigualdade e uma mentira, se distanciando cada vez mais da igualdade e da justiça na sua concepção. Sendo assim, como comparaste a igualdade à justiça, a manutenção da política de desigualdade material histórica não é justiça, nem está próximo da justiça, ao reverso é a manutenção da desigualdade, na sua concepção da ausência de justiça, e portando está mais próximo da ideia de injustiça.
J.V. – Eu entendo que a busca da igualdade é o melhor caminho.
F,P. – E eu ainda não consegui entender o que é justiça. F.P. – Chegou a minha vez até a próxima oportunidade na UFBA.