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Jr 32. 26-44. HÁ ALGO QUE SEJA DIFÍCIL DEMAIS PARA DEUS?

Estamos há alguns domingos aprendendo com os escritos e com a vida do profeta Jeremias.
O profeta Jeremias iniciou o seu ministério profético quando ainda possuía cerca de vinte anos (1.6),
muito embora fosse vocacionado à profeta desde o ventre materno (1.5).
Ele resistiu inicialmente o chamado profético, sua desculpa, era em razão de sua pouca idade.
Jeremias profetizou depois de Isaías, e sua mensagem era de condenação ao reino de Judá em decor-
rência de seu pecado.
Deus não permitiu que ele se casasse. E durante cerca de 40 anos desenvolveu seu ministério profético
na capital de Judá, Jerusalém, e por cerca de cinco anos ministrou no Egito (Jr 43-44).
Se ministério profético atravessou o reinado de 5 reis os últimos cinco reis de Judá (11-3): Josias,
Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
O profeta Jeremias era impopular. Foi desprezado e perseguido pelos reis devido à mensagem dura de
suas profecias contra os pecados do povo.
Durante os quarenta anos em que profetizou teve pouquíssimos convertidos, e apenas seu secretário
Baruque, acreditava em suas profecias.
Era dura e complexa a tarefa de Jeremias. Como profeta, como mensageiro de Deus junto ao povo
havia momento em que Jeremias ficava desanimado. Ele sofreu períodos de depressão.
Às vezes, via-se carregado de sentimentos de desespero e até mesmo de morte.
Jeremias era transparente quanto a todos esses sentimentos. Em vários capítulos de seu livro, ele expôs
as profundidades da sua alma.
Desenvolvendo seu ministério na maioria das vezes suas palavras eram duras e suas profecias falavam

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de castigo e destruição.
Até o capítulo 29 suas palavras falam do cativeiro, do castigo, mas no capítulo 30 ele traz uma profecia
que dizia que Deus iria libertar o povo do cativeiro.
No meio de tanta coisa ruim, lembre-se que os exércitos de Babilônia estavam cercando a cidade e
quem em pouco tempo ela seria invadida e destruída.
No capítulo 31 Deus faz uma promessa muito boa para o povo judeu através de Jeremias. Deus prome-
teu que depois de todo o castigo que viria sobre o povo Deus daria a eles momentos de alegria e faria
com eles uma nova aliança.
Tempos depois de ter relatado a promessa de Deus de uma nova aliança, a fé de Jeremias foi testada.
Deus manda que ele compre uma propriedade, mesmo que essa aquisição parecesse um total desper-
dício de dinheiro.
E aqui nos versículos que vamos usar para nossa mensagem nessa noite Jeremias acabou de concluir
a compra de um terreno, desse foi provavelmente um dos piores investimentos imobiliários na história de
Israel.
Lembrando que quando fechou o negócio Jeremias estava na prisão. Judá estava em guerra.
Jerusalém estava cercada pelos babilônios, No entanto, o profeta contou dezessete siclos de prata e
comprou a fazenda familiar do primo Hananel.
Era um momento ruim para comprar, especialmente porque a propriedade comprada ficava no território
ocupado pelo inimigo.
O mais estranho da transação toda é que foi tudo ideia de Deus. Por que Deus orientaria Jeremias a
fazer um investimento tão arriscado?

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Jeremias fez o que Deus mandou, é claro, e até orou a respeito disso, mas sua oração termina com
certo tom de reprovação:
"Eis aqui as trincheiras já atingem a cidade, para ser tomada; já está a cidade entregue nas mãos dos
caldeus, que pelejam contra ela, pela espada, pela fome e pela peste. O que disseste aconteceu; e tu
mesmo o vês. Contudo, ó SENHOR Deus, tu me disseste: Compra o campo por dinheiro e chama teste-
munhas" (32.24-25).
A oração de Jeremias foi do tipo "Senhor, veja só para que o senhor está fazendo com a minha vida!".
Ele fala como se fosse uma afirmação, porém soa mais como uma pergunta receosa:
"Senhor, falando sério, está realmente me dizendo para comprar esse terreno? Tem certeza? Essa é sua
resposta final?"
Uma pergunta por uma resposta
O Senhor recebeu a pergunta de Jeremias e imediatamente respondeu com outra pergunta:
"26 Então, veio a palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: 27 Eis que eu sou o SENHOR, o Deus de
todos os viventes; acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim? (v. 26-27).
É uma pergunta retórica, a resposta é tão óbvia que sequer precisa ser dita. Literalmente, Deus estava
perguntando se alguma coisa é "difícil demais" ou "extraordinária demais" para ele.
Se Deus é o Deus de toda a humanidade, segue-se nada é impossível para ele.
Fazer perguntas retóricas parece ser uma estratégia de Deus para tratar com orações impertinentes.
O Senhor já havia feito o mesmo tipo de pergunta a Jeremias antes, quando o profeta tentou colocá-lo
no banco dos réus e fazê-lo responder a respeito do problema do mal:
12.1: "Justo és, ó SENHOR, quando entro contigo num pleito; contudo, falarei contigo dos teus juízos.

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Por que prospera o caminho dos perversos, e vivem em paz todos os que procedem perfidamente?"
Mas se alguém vai fazer perguntas, esse alguém é Deus. E então ele respondeu a Jeremias com outra
pergunta: 12.5: "Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que
vão a cavalo?" (v. 5a).
A resposta é óbvia. Se Jeremias ficou esgotado ao correr os 100 metros, jamais seria capaz de competir
com aqueles que vão montados.
A pergunta de Deus calou todas as suas objeções diante de fatos que ele não conhece e não domina.
Deus usou a mesma estratégia com Jó. Jó e seus amigos passaram trinta e. poucos capítulos questio-
nando o amor de Deus.
Mas então Deus vem com uma pergunta:
"Quem é este que escurece os meus desígnios um palavras sem conhecimento?" (Jó 38.2). Isso calou
Jó num só instante.
Uma vez que o Senhor começou a fazer as perguntas, não havia nada que Jó pudesse dizer, e ele logo
admitiu: "Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu
não conhecia" (Jó 42.3b).
Os céticos costumam fazer algumas perguntas para Deus; acham que as dúvidas que eles têm sobre a
misericórdia e a justiça divinas seriam complicadas para Deus responder.
Mas a verdade é que Deus tem perguntas próprias, perguntas para silenciar todas as objeções e fechar
todas as bocas.
Mais cedo ou mais tarde, aqueles que questionam os caminhos de Deus serão obrigados a responder a
algumas perguntas que farão com que eles fiquem aterrorizados.

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O objetivo da pergunta retórica de Jeremias 32.27 é explicar ao profeta que Deus é todo poderoso.
Deus estava lembrando Jeremias da lição que ensinou a Sara, nas mesmas palavras.
O Senhor foi a Abraão na sua velhice e disse, "Certamente voltarei a ti, daqui a um ano; e Sara, tua
mulher, dará à luz um filho 18.10).
Era tanto uma piada que Sara — com 90 anos na época — caiu na risada. Porém, Deus silenciou o riso
dela com uma pergunta: "Disse o SENHOR a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que
darei ainda à luz sendo velha? Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil?' 18.13-14).
Nada é demasiadamente difícil para o Senhor. Milagrosamente, Deus permitiu que Sara desse à luz o
filho da promessa.
Agora Jeremias estava fazendo o mesmo tipo de pergunta que Sara fez. Ele estava pensando se Deus
realmente seria capaz de cumprir sua promessa.
Então, Deus lhe respondeu exatamente como respondeu a Sara, empregando a mesma pergunta retó-
rica para ensinar a mesma lição.
Nada é demasiadamente difícil, demasiadamente complicado, demasiadamente impossível, demasiada-
mente maravilhoso para Deus.
Essa é a doutrina da onipotência divina. Há algo que seja difícil demais para Deus? Não, nada é difícil
demais para Deus.
Jesus disse, "Para Deus tudo é possível" (Mt 19.26). Não há limites para a capacidade divina de fazer
ou agir.
Deus é infinito e eterno em seu poder. Ele é capaz de executar toda sua santa vontade. "Ele possui o
poder absoluto em relação a tudo".' Falou e disse.

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Poder para punir o pecado
No restante de Jeremias 32, Deus revela o que planeja fazer com todo o seu poder.
A primeira coisa que ele planeja fazer é punir o pecado. Não é demasiadamente difícil para Deus punir
o seu povo pelos pecados cometidos, O juízo já estava próximo.
Talvez até da prisão Jeremias conseguisse ouvir os babilônios batendo nos muros da cidade. No mínimo,
ele já tinha visto as rampas de cerco engatadas nos portões da cidade.
Deus havia enviado os babilônios para atacar, capturar e queimar a cidade de Jerusalém.
Pode parecer extremo ou cruel, até nos lembrarmos do quanto pecaminosa a cidade vinha sendo. Os
cidadãos de Jerusalém eram pecadores desde o primeiro dia:
28 Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que entrego esta cidade nas mãos dos caldeus, nas mãos de
Nabucodonosor, rei da Babilônia, e ele a tomará. 29 Os caldeus, que pelejam contra esta cidade, entrarão
nela, porão fogo a esta cidade e queimarão as casas sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal e
ofereceram libações a outros deuses, para me provocarem à ira. 30 Porque os filhos de Israel e os filhos
de Judá não fizeram senão mal perante mim, desde a sua mocidade; porque os filhos de Israel não
fizeram senão provocar-me à ira com as obras das suas mãos, diz o SENHOR. 31 Porque para minha ira
e para meu furor me tem sido esta cidade, desde o dia em que a edificaram e até ao dia de hoje, para
que eu a removesse da minha presença,
Havia pecado em todos os níveis da sociedade: "32 por causa de toda a maldade que fizeram os filhos
de Israel e os filhos de Judá, para me provocarem à ira, eles, os seus reis, os seus príncipes, os seus
sacerdotes e os seus profetas, como também os homens de Judá e os moradores de Jerusalém.
Os políticos eram maus. Os pastores eram maus. As pessoas eram más. Não havia um justo sequer;

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não, nenhum.
Não apenas havia pecado em todos os níveis, como havia pecado em todos os lugares, especialmente
o pecado da idolatria.
Até mesmo do alto dos sus telhados, o povo provocava a ira de Deus, onde "queimaram incenso a Baal
e ofereceram libações a outros deuses" (v. 29b).
Eles estavam fazendo deuses com suas próprias mãos e depois se curvando a eles em cima das suas
casas. A adoração de Baal estava em todos os lugares. A cidade inteira era caracterizada pela idolatria.
O mesmo pode ser dito do Ocidente pós-cristão no início do século 21. Realmente, não são muitas
pessoas que queimam incenso para Baal nos seus telhados.
Mas Deus não teria problemas para identificar os ídolos que adoramos nas nossas casas e nas nossas
ruas — dinheiro, ego, sexo e uma coleção de outros ídolos que críamos.
Quais ídolos Deus encontraria na nossa igreja? E Em nossas vidas?
Os pecados da época de Jeremias não eram apenas os pecados das pessoas seculares. Sob o rei Ma-
nassés, foram as pessoas religiosas que ergueram altares para Baal e todo o exército dos céus na casa
de Deus (2Rs 21.1-9).
Essa adoração era uma afronta a Deus. Com um óbvio senso de horror, ele disse, "33 Viraram-me as
costas e não o rosto; ainda que eu, começando de madrugada, os ensinava, eles não deram ouvidos,
para receberem a advertência. 34 Antes, puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu
nome, para a profanarem. " (Jr 32.33 e 34).
Os cristãos cometem uma abominação semelhante sempre que carregam ídolos no coração e os levam
para dentro da igreja. Muitos que afirmam serem servos do Senhor Jesus Cristo ainda adoram o dinheiro,

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os bens, a moda, o intelecto, o luxo.
A razão pela qual a igreja evangélica é tão fraca não é porque os cristãos deixaram de adorar a Deus.
Na verdade, a sua fraqueza vem do desejo de adorar a Deus mais algumas outras coisas.
De fato, muitos cristãos são como o imperador romano Alexandre Severo (208-235). Quando tomou
conhecimento do cristianismo, Alexandre quis adotá-lo como uma das religiões romanas.
E ele então colocou uma imagem de Jesus Cristo em sua capela particular, acrescentando o Deus cristão
aos deuses que ele já adorava.
Porém Deus diz que qualquer pessoa que se recuse a adorar somente a Deus é um idólatra.
O Deus verdadeiro e vivo não aceitará quaisquer rivais. Ele não compartilhará a sua glória, a sua ado-
ração ou o seu louvor com qualquer outro deus.
Havia um tipo de idolatria era tão desprezível a Deus que Jeremias o destacou de forma especial;
simbolizava a falência moral de toda a cultura.
Jeremias pregou um sermão sobre esse pecado quando estava no "vale da Matança (7.30-8.3).
Ele o mencionou novamente no capítulo 19, ao quebrar um vaso de barro fora da Porta do Oleiro. Era
o pecado do infanticídio.
"35 Edificaram os altos de Baal, que estão no vale do filho de Hinom, para queimarem a seus filhos e
a suas filhas a Moloque, o que nunca lhes ordenei, nem me passou pela mente fizessem tal abominação,
para fazerem pecar a Judá. (32.35).
Numa tentativa de satisfazer Baal, os vizinhos de Jeremias estavam oferecendo sacrifícios humanos.
Não é de admirar que Deus quisesse que Jerusalém saísse da sua frente.
"Porque para minha ira e para meu furor tem sido esta cidade, desde o dia em que a edificaram e até

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ao dia de hoje , para que eu a removesse da minha presença" (v. 31).
O valor moral de uma cultura não é determinado pela maneira como trata os fortes, os ricos e os belos,
mas como trata os fracos, os pobres e o vulneráveis.
O que se pode dizer sobre uma cultura que tira a vida dos seus próprios filhos, seja dentro ou fora do
útero?
Ou sobre uma cultura que dá permissão para o suicídio assistido? O que se pode dizer, em outras
palavras, sobre a cultura pós-cristã da morte no novo milênio?
Temos no mundo todo e crescendo no Brasil o desejo de matar crianças ainda no útero. Alguns países
no mundo já aprovaram leis que permitem que a criança seja morta até oitavo mês de gestação. Deus
chama isso de abominação, um sacrifício humano para a deusa do ego.
Se Deus é realmente Deus, então ele odeia o pecado e o punirá, tanto nesta vida quanto na próxima.
Ele é o Senhor, o Deus de toda a humanidade.
É difícil demais para ele derrubar qualquer pessoa, cidade ou nação que se coloque contra a sua von-
tade?
Se nada é difícil demais para Deus, então ele deve e vai punir o pecado.
No caso de Jerusalém, Deus assegurou que o castigo seria proporcional ao crime:
28 Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que entrego esta cidade nas mãos dos caldeus, nas mãos de
Nabucodonosor, rei da Babilônia, e ele a tomará. 29 Os caldeus, que pelejam contra esta cidade, entrarão
nela, porão fogo a esta cidade e queimarão as casas sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal e
ofereceram libações a outros deuses, para me provocarem à ira.. (v. 28-29)
Os exatos terraços sobre os quais incenso foi queimado a Baal foram mais tarde incendiados pelos

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babilônios.
As pessoas dos dias de Jeremias não deram ouvidos às advertências divinas. Aparentemente, achavam
que era difícil demais Deus punir o pecado.
"Viraram-me as costas e não o rosto; ainda que eu, começando de madrugada, ensinava, eles não
deram ouvidos, para receberem a advertência" (v. 33).
Não vire as costas para Deus. Em vez disso, vire o seu rosto para ele e peça-lhe para que perdoe os
seus pecados por meio de Jesus.
Poder para salvar os pecadores
A resposta de Jeremias ao juízo de Deus parecia ser a resposta lógica. Até onde ele sabia, não havia
esperança para Jerusalém. "36 Agora, pois, assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, acerca desta cidade,
da qual vós dizeis: Já está entregue nas mãos do rei da Babilônia, pela espada, pela fome e pela peste. "
(v. 36).
Mas então, Deus mudou o assunto ao dizer algo totalmente surpreendente e completamente inesperado.
Enquanto os versículos 28-36 mostraram o poder de Deus na punição do pecado, os versículos 37-44
passam a mostrar o poder de Deus na salvação dos pecadores.
Deus passa do pecado à salvação tão rapidamente que é difícil acompanhar.
O estudioso Gordon McConville chega a dizer que o versículo 36 é "inesperado e ilógico".
Podemos hesitar em dizer que Deus é ilógico, mas McConville tem razão. O hebraico do versículo 36
começa com as palavras "Agora, pois".
A palavra "pois" é omitida na maioria das traduções para a nossa língua, porque os tradutores não
conseguem mantê-la no texto.

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Isso se dá porque o "pois" não parece fazer sentido algum. É uma incongruência." O versículo 36 de
modo algum dá seguimento ao argumento dos versículos 28-35.
Na verdade, no versículo 36, o texto dá um grande salto para bem longe dos versículos 28-35, para
questionar a segunda impossibilidade de Deus".
O silogismo de Deus acontece assim: "Vocês são pecadores desprezíveis e eu irei destruí-los na minha
ira, pois nunca deixarei de fazer-lhes bem".
Mas o que Deus quer dizer com "pois"? Como é que dá seguimento? Onde está a lógica nele?
"Como pode um povo culpado de oferecer incenso, libações e até mesmo seus próprios filhos a outros
deuses tornar-se o povo do Senhor novamente?"' Impossível.
Impossível? Bem, existe qualquer coisa que seja demasiadamente difícil para Deus?
O "pois" de Jeremias 32.36 é um lembrete de que há algo totalmente inesperado, quase ilógico, na
graça de Deus para os pecadores. Mas não impossível.
O professor da Bíblia, Donald Barhouse disse que o inferno era a única doutrina lógica na Bíblia.
Barnhouse estava exagerando, é claro, mas ele estava afirmando um argumento importante a respeito
da justiça divina.
O poder de Deus na punição do pecado faz todo sentido. O que mais os pecadores que vivem em
rebelião contra Deus merecem a não ser serem banidos da presença de Deus?
É perfeitamente lógico que Deus rejeite qualquer pessoa que rejeite o dom da vida eterna que ele
ofereceu por meio do seu filho Jesus Cristo.
Mas o que é lógico quanto à graça de Deus?
Onde está a lógica na gratuita graça do evangelho para os culpados pecadores?

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Onde reside a lógica em Deus enviar seu Filho para morrer na cruz, ou em adotar seus amargos inimigos
como seus próprios filhos e filhas?
Tamanha graça parece ilógica e quase impossível. A única razão que a impede de ser impossível é que
nada é impossível para Deus.
O restante de Jeremias 32 é recheado de graça que parece ilógica, mas não é impossível. É o roteiro de
Deus para salvar os pecadores, a sua lista de tarefas da graça.
Primeiro, Deus prometeu levar seu povo para casa: "37 Eis que eu os congregarei de todas as terras,
para onde os lancei na minha ira, no meu furor e na minha grande indignação; tornarei a trazê-los a este
lugar e farei que nele habitem seguramente. " (v. 37).
Ele prometeu o fim do exílio. O povo de Deus, Israel, estava espalhado por todo o mundo, mas Deus
os reuniria e os levaria de volta para casa.
Segundo, Deus prometeu fazer deles seu próprio povo: "38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus. " (v. 38). Deus entraria num lindo relacionamento com seu povo.
Eles pertenceriam a ele, e ele pertenceria a eles. Essa é a promessa central da aliança. Nós temos um
Deus, e Deus tem um povo.
Terceiro, Deus prometeu dar ao seu povo um novo coração: "39 Dar-lhes-ei um só coração e um só
caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. (v. 39).
Essa é a doutrina do novo nascimento, conhecida como conversão ou regeneração.
Todo aquele que se torna um cristão recebe um novo coração, e Deus é quem que realiza o transplante.
Um coração dedicado a Deus não se desenvolve sozinho; é proveniente do Espírito Santo.
Todo aquele que pela graça de Deus se afasta do pecado e se achega a Cristo recebe um novo coração

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de amor por Deus.
Esse novo coração voltado para Deus é algo que todo o povo de Deus compartilha. Eles se tornam um
único coração.
Literalmente, terão "um só coração e um só caminho". Essa promessa é cumprida na unidade da igreja,
como a primeira igreja em Jerusalém, onde "da multidão dos que creram era um o coração e a alma" (At
4.32).
Sempre que os corações do povo de Deus batem como um só, e sempre que caminham na mesma
direção, vivenciam a comunhão dos santos.
O oposto de ser um único coração é ter a mente dividida, o que era exatamente o problema do povo
de Israel. Eles estavam tentando adorar Deus e a Baal ao mesmo tempo.
A igreja contemporânea comete o mesmo erro. Muitos dos que se autodenominam cristãos têm a mente
dividida.
Querem ser tanto piedosos quanto mundanos. Querem viver para o Senhor e para seus próprios praze-
res.
Isso é como uma pessoa que quer entrar num barco e quando ela coloca os pés no barco sente o barco
se afastando da margem.
E ela fica dividida entre colocar logo os dois pés no barco e confiar no barco ou voltar a terra.
E enquanto está com um pé no barco e outro em terra acaba caindo dentro do rio pois não decidiu se
entraria no barco ou se ficaria em terra.
O mesmo acontecerá com você caso não se decida sobre Jesus Cristo.
Se Jesus Cristo é o único Salvador, então entre no barco e deixe-o ser seu Capitão. Caso contrário, logo

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perceberá que está se afogando lá no fundo do rio.
Quarto, Deus prometeu envolver-se com seu povo: "40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual
não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de
mim." (Jr 32.40a).
A nova aliança jamais terminará. Todas as promessas quase ilógicas e quase impossíveis de Deus du-
rarão para sempre.
A aliança de Deus durará para sempre por ter sido estabelecida por meio do sangue de Jesus Cristo, o
sangue que ele derramou na cruz pelos pecadores.
Porque Jesus ressuscitou de entre os mortos para viver para sempre, a nova aliança estabelecida em
seu sangue durará para sempre.
Será uma aliança eterna, pois esta é a promessa de Deus: "Farei com eles aliança eterna, segundo a
qual não deixarei de lhes fazer o bem" (v. 40a).
Aqui está uma quinta impossibilidade tornada possível pela obra consumada de Jesus Cristo: Deus irá
manter seu povo.
Essa é a doutrina da perseverança dos santos, que é simplesmente uma maneira elegante de dizer que
todos os filhos de Deus irão para a glória.
Os reformados as vezes dizem assim: "Uma vez salvo, sempre salvo".
Essa linguagem não é encontrada na Bíblia, mas a ideia é encontrada em Jeremias 32, onde Deus diz,
"porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim" (v. 40b).
O mesmo poder pelo qual Deus salva os pecadores também está em ação para preservar os santos.
O cristão persevera com Deus até o fim porque Deus persevera com o cristão até o fim.

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Por fim, Deus prometeu alegrar-se com seu povo. Anjos e santos não os únicos que se regozijam
quando Deus abençoa seu povo.
O próprio Deus se alegra. Às vezes, ele até mesmo canta a respeito disso, como prometeu o profeta
Sofonias: "O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com
alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" (Sf 3.17).
Assim como Sofonias, Jeremias viu que, quando Deus faz o impossível para salvar os pecadores, há
alegria no seu coração: "41 Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente
nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma " (32.41).
A ideia de plantar retoma ao chamado de Jeremias para o ministério, quando Deus o constituiu "sobre
as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para
edificares e para plantares" (Jr 1.10).
Portanto, Deus é como um agricultor, plantando seu povo numa boa terra se regozijando quando o
plantio está terminado. Deus está feliz porque ama fazer o que parece ser impossível para aqueles a
quem ama.
Um bom investimento
CONCLUSÃO
Concluindo minhas palavras hoje a noite.
O final de Jeremias 32 leva o poder da graça de Deus para o nível pessoal.
A graça de Deus não era apenas para a nação inteira de Israel; era também para pobre Jeremias, que
ainda estava na prisão de Jerusalém.
Muitos cristãos confiam que Deus pode fazer todas as coisas. Eles creem no poder de Deus para salvar

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os pecadores.
No entanto, quando se trata das próprias questões, duvidam da realidade da onipotência divina.
Jeremias era assim. Ele cria no poder de Deus; no mínimo, ele cria quando orava.
Voltando ao início de sua oração, Jeremias louvou a Deus pela onipotência: "coisa alguma te é demasi-
adamente maravilhosa" (v. 17).
No entanto, tão logo concluiu a oração, Deus teve de voltar e repetir as palavras de Jeremias, como
se dissesse: "Jeremias, você realmente crê nisso?
Você realmente crê que eu posso fazer todas as coisas?" "Haveria coisa demasiadamente maravilhosa
para mim?" (v. 27b).
Deus teve de perguntar por que viu a dúvida na oração de Jeremias.
Havia um pouco de repreensão na pergunta de Deus, mas havia mais graça na sua resposta.
Ele sabia que Jeremias havia acabado de comprar um terreno que parecia ser um investimento ruim.
Então, Deus assegurou que tudo era para o melhor:
42 Porque assim diz o SENHOR: Assim como fiz vir sobre este povo todo este grande mal, assim lhes
trarei todo o bem que lhes estou prometendo. 43 Comprar-se-ão campos nesta terra, da qual vós dizeis:
Está deserta, sem homens nem animais; está entregue nas mãos dos caldeus. 44 Comprarão campos por
dinheiro, e lavrarão as escrituras, e as fecharão com selos, e chamarão testemunhas na terra de Benja-
mim, nos contornos de Jerusalém, nas cidades de Judá, nas cidades da região montanhosa, nas cidades
das planícies e nas cidades do Sul; porque lhes restaurarei a sorte, diz o SENHOR. (v. 42-44)
Deus prometeu que um dia as coisas em Jerusalém voltariam ao normal. A economia se estabilizaria,
os valores das propriedades se elevariam novamente e o mercado ficaria favorável para quem quisesse

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vender.
Então, os dezessete siclos que Jeremias havia pago no campo de Hananel acabariam por ser o melhor
investimento que já havia feito.
A escritura da terra que foi assinada e selada seria cumprida porque Deus sempre cumpre suas pro-
messas.
Não duvide do poder de Deus na sua própria vida. Você pode duvidar que seu casamento possa ser
salvo, ou que você possa ter a vitória sobre um determinado pecado, ou que um membro da família possa
ser salvo, ou que Deus abençoará o seu trabalho.
Enquanto você tentar resolver seus próprios problemas, as coisas continuarão sendo impossíveis.
Mas não quando você os confia ao Senhor, o Deus de toda a humanidade. Existe alguma coisa difícil
demais para ele?
Existem mais 2 pontos muito importantes que eu preciso destacar também em nossa conclusão.
2 – Deus castiga sim pecadores. Tem muita gente por aí pensando e ensinando que no final das contas
Deus é pai e tudo vai ficar bem para todas as pessoas.
Eu preciso lhe dizer: não creia nessa mentira. Deus é um Deus santo e justo e assim como Ele fez com
Jerusalém quando mandou o duro e terrível castigo Ele vai fazer também com pecadores que não se
arrependerem.
Eu preciso que você entenda isso pois é muito importante. Deus vai punir pecadores. Se não o fizer
agora Ele o fará de forma terrível na eternidade.
Não se engane Deus vai um dia te chamar para prestar contas de todos os seus atos e se você não tiver
como pagar pelos seus atos, você terá como destino eterno a perdição longe de Deus.

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Não há impossíveis para Deus e Ele tem todo o direito e poder de punir pecadores e vai fazer isso.
3 – E esse ponto me leva a minha última afirmação. Assim como Deus tem todo o poder para punir
pecadores Ele tem o poder para salvar pecadores arrependidos.
É importante também que você entenda isso: Você não é bom, eu não sou bom, nós não somos bons.
Todos somos pecadores, se Deus quisesse Ele poderia mandar todos nós para o inferno eterno e ne-
nhum de nós poderia questionar essa ação de Deus, pois de fato somos pecadores.
Mas, Deus pela sua muita e infinita graça resolveu nos salvar através do sacrifício de Jesus Cristo.
Ele não era obrigado, Ele não precisava fazer isso, mas como não há impossíveis para Deus Ele resolveu
fazer e pela graça somos salvos e isso é dom de Deus, para que nenhum de nós se glorie.
Ele nos deu vida mesmo quando ainda estávamos mortos em nossos pecados. O Deus dos impossíveis
porque é muito rico em misericórdia por causa do grande amor com que nos amou, nos salvou.
E ele mesmo tomou todas as providências para garantir a nossa salvação. Se dependesse de nós no
minuto seguinte em que Ele nos salvou estaríamos perdidos, mas Ele cuida e garante a nossa perseve-
rança até o dia final.
E depois que somos salvos e entendemos o que Deus fez por nós passamos a viver uma vida que agrada
a Deus, segundo a sua vontade.
A graça vem primeiro as boas obras que Deus preparou d antemão vem depois e nós andamos nelas e
temos prazer em fazer a vontade de Deus.

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