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1 Tm 1.

18-20
18 Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que ante-
cipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, 19 mantendo fé e boa
consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé.
20 E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para
serem castigados, a fim de não mais blasfemarem.
Dia desses mudando de canal em canal assisti por alguns minutos um desses programas
que mostram todas as mazelas e crimes cometidos nas grandes cidades. E naquele momento
o repórter entrevistava um homem responsável por muitas mortes.
E ao final da entrevista o repórter pergunta ao homem se ele conseguia dormir bem a noite
ele responde: Eu durmo muito bem pois tenho a consciência tranquila. O repórter ficou assim
com uma cara surpresa.
E eu daqui fiquei pensando, mas como uma pessoa como essa pode afirmar com a maior
tranquilidade do mundo que tem a consciência tranquila?
Ai me lembrei de algo que tenho falado algumas vezes aqui na Igreja, o mundo e nós os
crentes estamos perdendo ao longo do tempo a percepção de pecado e de como Deus o vê,
e quando estamos vivendo assim renegando todos os padrões revelados por Deus moldamos
a nossa consciência a nossa vontade e a nossa vaidade.
Isso me levou a um relato que diz que em 1984 um avião da Avianca Airlines caiu na
Espanha. Estudando o acidente chegando a uma descoberta. Alguns minutos antes da

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queda, a fita na caixa-preta gravou o som de uma voz eletrônica do sistema de alarme do
avião que repetia em inglês: "Levante! Levante!".
O piloto julgando que o equipamento estivesse defeituoso, repreendeu-o: "Cale a boca
gringo", e o desligou. Minutos depois o avião bateu contra uma montanha. Todos que esta-
vam a bordo morreram.
Essa história trágica é uma perfeita ilustração sobre o modo do homem moderno tratar os
avisos sobre perigo que a consciência emite.
A sabedoria da nossa época diz que os sentimentos de culpa são quase sempre errados e
prejudiciais; portanto deveríamos silenciá-los.
Mas, esse é um bom conselho? Afinal, o que é a consciência — esse senso de culpa que
sempre parecemos sentir? Quanta atenção deveríamos dar às dores agudas de uma consci-
ência aflita? A consciência é infalível?
Então, como saber se a culpa que sentimos é legítima ou se apenas estamos sobrecarre-
gados pelo excesso de angústia? Que papel ocupa a consciência na vida de um cristão que
deseja buscar a santificação conforme a Bíblia?
O que é a consciência?
A consciência tem sido vista pelo mundo moderno como um defeito que atrapalha a auto-
estima. Porém, longe de ser um defeito ou um desequilíbrio, a habilidade de discernir nossa
própria culpa é um grande dom que Deus nos deu.
Deus projetou a consciência para a estrutura exata da alma humana. Ela é o sistema de
alarme que nos diz: "Levante! Levante!" antes da queda e da destruição.

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A consciência é a essência daquilo que distingue a criatura humana. As pessoas, ao con-
trário de animais, podem observar suas próprias ações e fazer uma autoavaliação moral.
Esta é a verdadeira função da consciência.
A consciência é uma habilidade que Deus nos deu que nos dá o senso do certo e do errado.
Todos, até o pagão mais materialista, têm uma consciência:
Rm 2.14.15: "Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de con-
formidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a
norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus
pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se".
A consciência pede para que façamos o que achamos estar certo e nos impede de praticar
o que cremos estar errado. A consciência não deve ser confundida com a voz de Deus ou
com a Lei de Deus.
Ela é uma faculdade humana que julga nossas ações e pensamentos por meio do mais alto
padrão que conhecemos, se for alto o seu padrão.
Quando violamos nossa consciência ela nos condena, desencadeando sentimentos de ver-
gonha, angústia, remorso, consternação, ansiedade, desgraça e até mesmo medo. Quando
atendemos nossa consciência ela nos elogia, trazendo alegria, calma, respeito próprio, bem-
estar.
A palavra consciência é a combinação das palavras "conhecer" e "juntamente". A palavra
grega para consciência é encontrada mais de trinta vezes no Novo Testamento que, literal-
mente, significa co-conhecimento.

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Consciência é um conhecimento compartilhado com a própria pessoa, isto é, a consciência
discerne os motivos interiores e os verdadeiros pensamentos.
A palavra hebraica para consciência é normalmente traduzida por coração no Antigo Tes-
tamento. A consciência está tão intrinsecamente ligada à alma humana que a mente dos
hebreus era incapaz de fazer a separação entre consciência e o restante do homem.
Quando Moisés diz que faraó endureceu seu coração (Êx 8.15), ele estava dizendo que
faraó endureceu sua consciência como um aço contra a vontade de Deus.
Quando a Escritura fala de um coração enternecido (cf. 2Cr 34.27), ela se refere a uma
consciência sensível. Os de coração reto (SI 7.10) são os que têm a consciência pura. E
quando Davi orou: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro" (SI 51.10), ele estava querendo
ter uma vida e uma consciência purificadas.
Atualmente as pessoas querem suprimir, anular ou silenciar a consciência. Elas concluíram
que a verdadeira culpa por seu comportamento errado está em algum trauma de infância,
no modo como foram criadas por seus pais, nas pressões sociais ou em outras causas fora
de seu controle.
Ou então, convencem a si mesmas que seu pecado é um problema clínico, não moral — e
assim definem o alcoolismo, perversão sexual, imoralidade ou outros vícios como doenças.
Responder à consciência com tais argumentos equivale a lhe dizer: "Cale a boca, gringo!".
É possível anular a consciência por meio de pecados repetidos. Paulo falou sobre pessoas
cujas consciências eram tão distorcidas que "A glória deles está na sua infâmia" Fp 3.19: O
destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia,

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visto que só se preocupam com as coisas terrenas.
A consciência pode se tornar tão corrompida que para de distinguir entre o que é puro e o
que é impuro Tt 1.15: Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas.
Depois de tanta prática do pecado, depois de tanto afrontar a própria consciência a cons-
ciência silencia, ele fica cauterizada.
Moralmente, aqueles com consciência corrompida são abandonados num voo cego. O único
sinal de alarme se afasta, mas com certeza o perigo não; na verdade, o perigo está mais
presente do que nunca.
Além disso, até mesmo a consciência mais corrompida não permanecerá em silêncio para
sempre. Quando formos submetidos ao julgamento, a consciência de cada pessoa tomará o
partido de Deus, o justo juiz. O pior malfeitor, endurecido pelo pecado, descobrirá diante do
trono da graça de Deus que tem uma consciência que testemunha contra ele.
Entretanto, a consciência não é infalível. Nem mesmo é uma fonte de revelação sobre o
certo e o errado. Seu papel não é nos ensinar os ideais éticos e morais, mas nos manter
interessados nos mais altos padrões do certo e do errado que conhecemos.
A consciência, para operar totalmente e de acordo com a verdadeira santidade, deve ser
alimentada pela Palavra de Deus. Mesmo que o sentimento de culpa não tenha uma base
bíblica, ele é um sinal importante de perigo.
Se ele apenas sinaliza uma consciência fraca, isso deveria estimular a procura de um cres-
cimento espiritual que a conduziria a uma maior harmonia com a Palavra de Deus.

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A consciência reage conforme as convicções da mente e, portanto, pode ser estimulada e
lapidada de acordo com a Palavra de Deus.
O cristão sábio quer dominar as verdades bíblicas e, assim, a consciência será completa-
mente informada e julgará de uma maneira correta, porque estará respondendo à Palavra
de Deus.
Uma leitura regular das Escrituras fortificará uma consciência fraca ou limitará uma supe-
rativa. Do modo oposto, encher a mente com o erro, com a sabedoria humana e com uma
influência moral errônea corromperá ou danificará a consciência.
Em outras palavras, a consciência funciona como uma telha transparente, não como uma
lâmpada. Ela permite que a luz entre na alma; mas não produz a luz por si mesma.
Sua eficácia é determinada pela quantidade de luz que expomos e de quão limpa a man-
temos. Cubra-a ou a coloque em total escuridão e ela não funcionará.
Por isso, o apóstolo Paulo falou sobre a importância de uma consciência limpa (1Tm 3.9) e
nos preveniu contra qualquer coisa que corrompesse ou contaminasse a consciência.
Usando outra comparação, nossa consciência é como a extremidade da ponta dos dedos.
Sua sensibilidade ao estímulo externo pode ser prejudicada pela formação de calos, ou até
mesmo ferida tão gravemente que se torna insensível a qualquer sentimento. Paulo também
escreveu sobre os perigos de uma consciência insensível (1Co 8.10), fraca (v. 12), e caute-
rizada (l Tm 4.2).
Psicopatas, assassinos em série, mentirosos patológicos e outros que parecem não ter
qualquer senso moral são exemplos extremos de pessoas que arruinaram ou tornaram a

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consciência insensível.
As pessoas que pecam sem ter remorso culpa é somente porque destruíram a própria
consciência por meio de uma imoralidade e uma ilegalidade implacáveis.
Certamente, eles não nasceram desprovidos de qualquer consciência. A consciência é uma
parte intrínseca da alma humana. Embora ela esteja endurecida, cauterizada ou entorpecida
em uma aparente dormência, continua a armazenar provas que, um dia, serão usadas como
testemunhas para condenar a alma culpada.
Como a consciência é purificada
Um aspecto do milagre da salvação é o efeito purificador e renovador que o novo nasci-
mento provoca na consciência. Na salvação o coração do crente é: "Purificado da má cons-
ciência" (Hb 10.22).
A consciência é purificada por meio do sangue de Cristo. Os conceitos teológicos aqui en-
volvidos são simples, mas muito profundos. A Lei do Antigo Testamento requeria sacrifícios
com sangue para expiação do pecado. Porém, os sacrifícios do Antigo Testamento não pu-
deram fazer nada pela consciência.
Hebreus 9.9,10 diz: "Tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência,
sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais não passam de ordenan-
ças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até
ao tempo oportuno da reforma".
Aqueles sacrifícios não tiveram uma eficácia real na expiação do pecado: "Porque é impos-
sível que o sangue de touros e bodes remova pecados" (Hb 10.4).

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Simplesmente demonstraram a fé e a obediência do adorador como anúncio da morte de
Cristo, que derramou seu sangue como o sacrifício perfeito pelo pecado de uma vez por
todas.
Portanto, o sacrifício de Cristo na cruz consumou o que o sangue de bodes e touros e as
cinzas de uma novilha conseguiam apenas simbolizar: "Carregando ele mesmo em seu
corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1Pe 2.24).
Nossos pecados lhe foram imputados, e ele pagou a penalidade por eles. Em contrapartida,
sua justiça perfeita foi imputada a nós, os que cremos.
Uma vez que, por meio da sua morte, Jesus pagou a culpa dos pecados, e uma vez que
sua justiça sem mácula foi creditada em nossa conta, Deus nos declara inocentes e nos
recebe na condição de justos. Esta é a doutrina conhecida como justificação.
Quando o veredicto do próprio Deus nos declara inocentes e completamente justos, como
alguém mais poderá nos acusar? "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É
Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Rm 8.33, 34).
Em outras palavras, quando Satanás, "O acusador de nossos irmãos, o mesmo que os
acusa dia e noite, diante do nosso Deus" (Ap 12.10), alega algo contra nós, o sangue de
Cristo fala em nosso favor.
Quando o nosso pecado publicamente nos critica, o sangue de Cristo fala em nosso favor.
Assim, o sangue de Cristo "Fala coisas superiores ao que fala o sangue de Abel" (Hb 12.24).
O mais importante é que em qualquer ocasião que a nossa própria consciência, sem

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misericórdia, nos condena, o sangue de Cristo clama por perdão.
A expiação de Cristo satisfez completamente as exigências da justiça divina, assim o per-
dão e a misericórdia estão garantidos àqueles que receberam a Cristo com uma fé humilde
e contrita.
Aceitamos a responsabilidade pelo nosso pecado, cremos em Deus e que também por meio
da morte de Cristo o pecado é perdoado.
Quando confessamos nosso pecado o Senhor pode purificar nossa consciência e nos dar
alegria (1Jo 1.9). Assim é a maneira como "O sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a
si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas,
para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9.14).
Em outras palavras, a nossa fé comunica à nossa consciência que somos perdoados por
meio do sangue precioso. Isso significa que os cristãos podem continuar pecando e ainda
desfrutar de uma consciência limpa? "De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado,
nós o que para ele morremos?" (Rm 6.2).
O novo nascimento restaura completamente a alma humana (2Co 5.17). Uma consciência
purificada e restaurada é apenas uma evidência que tal transformação aconteceu (cf. 1Pe
3.21). O amor, a justiça e o ódio ao pecado são outras evidências.
Os cristãos que têm um comportamento oposto à sua fé corrompem suas consciências
(1Co 8.7). E aqueles que professam a Cristo mas rejeitam a fé e uma boa consciência nau-
fragam espiritualmente (1Tm 1.19) — e assim provam que verdadeiramente nunca creram
(1 Jo 2.19).

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Uma consciência sã tem plena certeza da salvação (Hb 10.22). O crente inabalável deve
manter o foco adequado na fé a fim de ter uma consciência que sempre está sendo limpa
da culpa: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda a injustiça" (1 Jo 1.9).
Que dádiva é ser purificado de uma consciência suja! Do mesmo modo que uma consciência
angustiada é um retrato do inferno, assim a consciência pura é um antegozo da glória.
O cristão tem o dever santo e fundamental de zelar pela pureza da sua consciência rege-
nerada. Paulo discorreu muito sobre isso. Note como ele falou da consciência a Timóteo que
uma das qualificações para os diáconos é: "Conservar o mistério da fé com consciência
limpa" (1Tm 3.9).
Uma consciência pura é essencial não somente pelo que ela faz por si mesma, mas pelo
que diz aos outros. Uma consciência sã marca a vida de tal modo que se transforma em um
forte testemunho de Cristo.
Paulo mencionou sua consciência como um testemunho: "Porque a nossa glória é esta: o
testemunho da nossa consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com
sabedoria humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para
convosco" (2Co 1.12).
"Rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem
adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na
presença de Deus, pela manifestação da verdade" (2Co 4.2).
Pedro escreveu: "Fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de

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modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam
o vosso bom procedimento em Cristo" (1Pe 3.16).
Mantendo uma consciência pura
Como podemos manter a consciência pura? Qual é a resposta adequada aos sentimentos
de culpa? Aqui estão alguns princípios simples:
Confesse e abandone o pecado. Examine o seu sentimento de culpa à luz das Escrituras.
Trabalhe com o pecado que a Palavra de Deus revela. Provérbios 28.13 diz: "O que encobre
as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará miseri-
córdia".
A primeira carta de João fala da confissão de pecados como uma característica progressiva
na vida do cristão: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar
os pecados e nos purificar de toda a injustiça" (v. 9).
Certamente deveríamos confessar os pecados àqueles a quem ofendemos. Como Davi es-
creveu: "Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confes-
sarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado" (SI
32.5).
Peça perdão e reconcilie-se com aquele que você ofendeu. Jesus nos instruiu: "Se,
pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e,
então, voltando, faze a tua oferta" (Mt 5.23, 24). "Porque, se perdoardes aos homens as
suas ofensas, também vosso Pai celeste vós perdoará; se, porém, não perdoardes aos

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homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas" (Mt
6.14,15).
Faça a restituição. Deus disse a Moisés: "Quando homem ou mulher cometer alguns dos
pecados em que caem os homens, ofendendo ao SENHOR, tal pessoa é culpada. Confessará
o pecado que cometer; e, pela culpa, fará plena restituição e lhe acrescentará a sua quinta
parte, e dará tudo àquele contra quem se fez culpado" (Nm 5.6,7). O princípio por trás desta
lei está ligado também aos cristãos da época do Novo Testamento.
Não adie a limpeza da sua consciência ferida. Paulo disse que fez o seu melhor: "Por
isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens"
(At 24.16).
Algumas pessoas adiam o tratamento da culpa pensando que sua consciência se auto lim-
pará com o tempo. Não irá. O adiamento permite que o sentimento de culpa se transforme
em feridas.
Isso sucessivamente gera depressão, ansiedade e outros problemas emocionais. Após o
esquecimento da ofensa o sentimento de culpa poderá persistir por um longo tempo, fre-
quentemente respingando em outras áreas da nossa vida.
Essa é uma das razões por que as pessoas, com frequência, sentem-se culpadas e não
sabem o motivo. Essa culpa confusa pode ser um sintoma de que alguma coisa espiritual
está terrivelmente errada.
Paulo tinha isso em mente quando escreveu: "Todas as coisas são puras para os puros;
todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a

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consciência deles estão corrompidas" (Tt 1.15).
O tratamento imediato de uma consciência ferida, por meio da oração que esquadrinha o
coração perante Deus, é a única maneira de mantê-la limpa e sensível. Adiar o tratamento
da culpa, inevitavelmente, aumenta os problemas.
Eduque sua consciência. Uma consciência fraca e que se angustia facilmente é o resul-
tado da falta de um conhecimento espiritual (1Co 8.7).
Se sua consciência se fere com facilidade, não a viole; fazer isso o levará a ignorar convic-
ções, daí a ignorar a verdadeira convicção sobre o verdadeiro pecado. Além disso, violar a
consciência é um pecado em si mesmo (1Co 8.12 com Rm 14.23).
Em vez disso, mergulhe sua consciência na Palavra de Deus, pois assim ela pode começar
a funcionar com bases confiáveis.
Um aspecto importante na educação da consciência é ensiná-la a focar o objeto correto —
a verdade divinamente revelada. Se a consciência foca somente nos sentimentos pessoais,
pode nos acusar erroneamente.
Não dirigimos a vida de acordo com os sentimentos. A consciência que focaliza apenas os
sentimentos não é digna de confiança. A consciência deve ser persuadida pela Palavra de
Deus, não pelos nossos sentimentos.
Devemos sujeitar a consciência à verdade de Deus e aos ensinos das Escrituras. Quando
assim agirmos, ela claramente será mais focada e terá mais capacidade de nos dar um
retorno mais confiável. Uma consciência digna de confiança se torna uma poderosa ajuda
ao crescimento espiritual e à estabilidade.

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Conclusão
A consciência pode ser o atributo mais depreciado e menos entendido da humanidade. De
modo geral, notamos que a psicologia se preocupa mais em silenciá-la do que entende-la.
Por isso quero destacar algumas atitudes que devemos tomar para valorizar e manter limpa
nossa consciência.
1 - Melhor do que descartar ou silenciar uma consciência culpada, nós que conhecemos a
Cristo devemos educá-la cuidadosamente com a pura Palavra de Deus, ouvi-la e aprender a
entendê-la. Acima de tudo, devemos mantê-la imaculada. Isso é crucial ao nosso testemu-
nho perante um mundo sem Deus.
2 - Não devemos permitir que a mensagem que proclamamos seja infectada por noções
seculares que minimizam a culpa e buscam apenas o bem-estar pessoal.
O evangelho popular da nossa geração geralmente deixa a impressão que Jesus é um
salvador de problemas, tristeza, solidão, desespero, dor e sofrimento.
As Escrituras dizem que ele veio salvar as pessoas do pecado. Portanto, uma das verdades
fundamentais do evangelho é que nós somos pecadores desprezíveis (Rm 3.10-23).
A única maneira de encontrar o verdadeiro perdão e libertação dos nossos pecados é pelo
arrependimento humilde e contrito. Não podemos escapar da culpa dizendo a nós mesmos
que não somos tão maus assim. Devemos encarar a nossa excessiva tendência ao pecado.
O evangelho fala diretamente por meio do Espírito Santo à consciência humana.
3 – As pessoas tem rejeitado os ensinamentos sobre pecado, culpa. Alguns cristãos, per-
cebendo isso concluíram que a mensagem do evangelho precisa se modernizar. Tiraram

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completamente a ideia do pecado da mensagem.
Oferecem Cristo como um Salvador inexpressivo, como um meio de preenchimento pes-
soal, como uma solução para os problemas de autoimagem, ou como uma resposta às ne-
cessidades emocionais. O evangelho apresentado aos descrentes não apela à consciência,
não menciona o pecado. É, portanto, uma mensagem impotente e espúria.
Outros, em vez de eliminar completamente o pecado da mensagem tratam a questão muito
resumidamente ou o mais suavemente possível. Podem enfatizar a universalidade do pe-
cado, mas nunca explicam a seriedade dele: "Claro que pecamos. Todos pecam" — como se
fosse suficiente admitir a noção da universalidade pecaminosa sem realmente sentir qual-
quer culpa pessoal na própria consciência.
Mas como pode alguém genuinamente arrependido não ter o senso da responsabilidade
pessoal para o pecado? Deste modo, a tendência contemporânea para desvalorizar a cons-
ciência mina realmente o próprio evangelho.
4 - Devemos procurar muito mais uma consciência pura do que a aprovação do mundo. O
verdadeiro processo da maturidade espiritual é aprender a sujeitar a consciência às Escritu-
ras, e então viver de acordo com elas; apesar da opinião popular.
A igreja como um todo parece ter se esquecido da importância espiritual de uma consci-
ência sã. Estou convencido que esta é uma das principais razões pelas quais muitos cristãos
parecem viver uma vida espiritual fria, morte e distante de Deus.
Não aprenderam a responder corretamente à sua consciência. Tratam-na de uma maneira
superficial. Não aprenderam a importância de mantê-la limpa e saudável. Em vez disso,

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contestam o que ela lhes diz.
Isso é um suicídio espiritual. Paulo escreveu sobre aqueles que, ao rejeitar a consciência,
"Vieram a naufragar na fé" (1Tm 1.19). Esses são como pilotos que desligaram o sistema
de alarme.
Devemos prestar atenção à nossa consciência. O custo de desligá-la é terrivelmente alto.
Inevitavelmente resultará numa catástrofe espiritual devastadora.
Dentre todas as pessoas, nós, que estamos compromissados com a verdade das Escrituras,
não podemos renunciar à importância de uma consciência sã. Devemos recuperar e aplicar
a verdade bíblica sobre a consciência, ou sairemos sem dizer absolutamente nada para um
mundo pecaminoso.

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