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A Terra não é só o terceiro calhau a contar do Sol. A Terra é um planeta muito particular.

Até ver,
é o único planeta que alberga vida e que possui uma geodinâmica activa. Esta particularidade
está relacionada com a massa do nosso planeta e com a distância a que se encontra do Sol. De
facto, estas duas características contribuíram para que a Terra seja um planeta geologicamente
activo e para que estivessem criadas as condições necessárias para que a vida se iniciasse.

1. A biosfera
A biosfera (fig. D é o subsistema que inclui o conjunto das regiões da Terra onde existe vida.
Dito por outras palavras, a biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas existentes no nosso
planeta. É o ecossistema global (por vezes, utiliza-se o termo ecosfera com um significado idên-
tico ao de biosfera). A biosfera:
1. apresenta uma espessura variável, que oscila entre os 10 000 metros de altitude e os
10 000 metros de profundidade. Assim, no máximo, a biosfera poderá ter uma espessura de
20 000 metros;
2. apresenta a máxima concentração de seres vivos entre os 3 000 metros de altitude e os
2 000 metros de profundidade.

10000-
Limite da vida nas montanhas Limite de voo das aves
em zonas tropicais (6000 m). (10 000 m).
9000-

8000-

7000- Limite da vida nas


montanhas entre zonas
temperadas e frias (4000 m).
6000- Zona mais povoada dos
oceanos (entre O e 1000 m
5000- de profundidade).

4000-

3000-

2000-

1000-

0-

2000-
Máxima concentração
de seres vivos (entre os
Bosques e florestas 3000 m de altitude e os
4000- (desde os O até aos 3500 m). 2000 m de profundidade).
Acima da altitude máxima
não há árvores.
6000-

8000-

Fossas oceânicas- limite inferior


da vida (10 000 m de profundidade).
10000-

(Fig.1) Extensão vertical da biosfera


1.1. Diversidade
A biodiversidade é o termo que se utiliza para expressar a diversidade de tipos de seres vivos
existentes num determinado ambiente. Quanto maior for a biodiversidade, maior é o número de
espécies e maior é o número de relações que estabelecem entre si. Uma espécie é um conjunto de
seres vivos semelhantes, que podem cruzar-se entre si e originar descendentes férteis.
As várias espécies que vivem numa determinada região e que estabelecem relações entre si cons-
tituem uma comunidade biótica ou biocenose (do grego b/os = vida + koinos = comum). Para viver,
a biocenose depende de factores abióticos, ou seja, factores ambientais físicos e químicos. Estes
factores, no seu conjunto, constituem o biótopo (do grego b/os = vida + topos = lugar), isto é, o lugar
onde vive a biocenose. (Imagina um aquário completo. Retira-lhe todos os seres vivos. O que fica é
o biótopo, ou seja, a areia, as pedras e a água.) O conjunto formado pelos seres vivos de uma bio-
cenose e pelo biótopo, em permanente interacção, designa-se ecossistema ífig. 2). Assim, um ecos-
sistema é um conjunto de seres vivos que se relacionam entre si e com o meio ambiente que os
envolve. Um lago, por exemplo, considerado na sua totalidade, isto é, os seres vivos que lá habitam,
as relações existentes entre eles e com o meio ambiente envolvente (água, solo, sais minerais, tem-
peratura...), constitui um ecossistema.

Cotovia Javali Veado Cobra Pega Arbusto

BIÓTOPO
m
BIOCENOSE

Temperatura
Luz
*~ Factores l Humidade
abióticos-*-'
(ambientais)
Meio: ar
,*,

Substrato: solo e rochas FAUNA FLORA

(Fig.2) Componentes de um ecossistema

A transferência de matéria e de energia entre os seres vivos de um ecossistema, através de


uma série de relações tróficas (do grego trophé = nutrição), constitui uma cadeia alimentar.
Geralmente, num ecossistema, existem várias cadeias alimentares diferentes que se interlaçam
e nas quais intervêm os vários seres vivos que constituem a biocenose (isto quer dizer que, por
exemplo, o mesmo ser vivo pode alimentar-se a partir de vários outros seres vivos). Sempre que
isto acontece constitui-se uma teia alimentar ou rede trófica.
Consoante o tipo de alimentação que utilizam, é possível dividir os seres vivos em níveis tró-
fiCOS (tab. 1).

Tabela 1

~ ,. f Plantas (Reino Ilãntãe),


Realizam a totossmtese ou a quimiossintese. Ao longo destes
,, . , algas (Remo Protista) e
Produtores processos são fabricados compostos orgânicos a partir de , . ,„
. algumas bactérias (Rei-
materia mineral.
no Monera)

Alimentam-se, directa ou indirectamente, a partir dos pro-


Consumidores dutores. Os consumidores podem ser de l.a ordem (se se ali- Animais (Reino Anima-
mentam directamente dos produtores) ou de 2.a, 3.a... ordem lia) e protozoários (Rei-
(macroconsumidores)
(se se alimentam de outros consumidores e, portanto, indi- no Protista)
rectamente a partir dos produtores).

Decompositores São consumidores que obtêm o seu alimento transformando em


Fungos (Reino Fungi) e
matéria inorgânica a matéria orgânica contida nos restos mor-
(microconsumidores) bactérias (Reino Monera)
tais de outros seres e em produtos de excreção (fezes e urina).

1.2. Organização biológica


Os seres vivos são caracterizados por possuírem:
- composição química mais complexa;
- organização celular;
- capacidade de nutrição, absorvendo matéria e energia do ambiente, para se desenvolverem
e manterem as suas funções vitais;
- reacção a estímulos do ambiente;
- capacidade de manterem o seu meio interno em condições adequadas, independentemen-
te dos factores externos, como o calor e o frio;
- crescimento e reprodução;
- capacidade de se modificarem ao longo do tempo, através do processo da evolução, desen-
volvendo adaptações adequadas à sobrevivência.
A matéria viva é constituída por átomos, que se agrupam para formar moléculas. Estas, por sua
vez, combinam-se, dando origem a organitos celulares, que, no seu conjunto, constituem a célu-
la, que é a unidade básica da vida. Os seres
vivos mais simples são constituídos por uma
única célula - organismos unicelulares -,
enquanto que outros são constituídos por
muitas células - organismos pluricelulares.
Nestes, as células semelhantes encontram-se
agrupadas em tecidos (por exemplo, o tecido
ósseo ou o tecido muscular). Vários tecidos
associam-se e formam órgãos (como o estô-
mago), os quais se agregam, actuando em
conjunto para a realização de determinadas
funções, constituindo os sistemas de órgãos
(por exemplo, o sistema digestivo). Os diver-
sos sistemas de órgãos cooperam entre si,
constituindo um organismo.
(Fig.3) Níveis de organização biológica
O conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que habita numa determinada região e num
determinado período de tempo constitui uma população. O conjunto de populações diferentes que
coexistem numa determinada região e que interactuam entre si constituem uma comunidade bióti-
ca ou biocenose. As relações entre a biocenose e o ambiente formam os ecossistemas. Finalmente
(por agora!), o conjunto de todos os ecossistemas da Terra constitui a biosfera (fig. 3).

1.3. Extinção e conservação


Desde que a vida se iniciou na Terra que ela não tem parado de evoluir. Milhares de espécies extin-
guiram-se, como provam os fósseis de seres vivos diferentes dos actuais, enquanto que outras sur-
gem, como consequência da adaptação dos seres vivos aos ambientes que as espécies extintas
deixaram livres. Este equilíbrio dinâmico entre as espécies que se extinguem e as que evoluem nos
novos ambientes parece estar ameaçado pela intervenção do Homem. Aparentemente, os seres
humanos estão a esforçar-se para que a "balança ambiental" penda a favor da extinção.
Os factores que podem determinar a extinção de espécies podem ser classificados em natu-
rais e em não naturais. Na figura 4 estão representados os vários factores que contribuem para
a extinção das espécies. Não te esqueças de que, na maioria das vezes, é a actuação de vários
desses factores que concorre para a extinção das espécies.

Factores de extinção
r""~
i
podem ser
1
1 :1
Naturais | Não Naturais j

como, por exemplo, c omo, pó exemplo.


1
1 i 1 1 l 1
Alterações 1 Actividade J Meteoritos, Destruição 1 Introdução Sobre-exploração I
climáticas j vulcânica | asteróides dos habitais 1 de espécies de espécies |
e cometas exóticas
como, por exemplo. , ,.
Poluição | o tenças transmitidas J
-*• Glaciações J pó animais domésticos I

Desertificacõesj
[Fig.4) Factores de extinção das espécies

A actuação dos factores referidos torna inicialmente as espécies vulneráveis, depois ameaça-
das, de seguida em perigo de extinção e, finalmente, extintas. Uma espécie é considerada extin-
ta quando nos últimos 50 anos, deixam de ser observados indivíduos selvagens.
Para poder conservar o meio natural, devemos modificar o conceito de que a "Terra é uma
fonte inesgotável" e alterar o ritmo actual de crescimento e consumo da Humanidade. Os dois
instrumentos que podem ajudar a atingir aqueles objectivos são a ordenação do território e a
educação ambiental
Uma forma de conservar é, também, proteger os ecossistemas mais ricos e representativos de
um país ou região, através da criação de áreas próprias. Existem quatro tipos principais de áreas
protegidas: os parques nacionais, os parques naturais, as reservas naturais e as paisagens pro-
tegidas.
Em Portugal, a criação de áreas protegidas iniciou-se em 1971, com a criação do Parque
Nacional da Peneda-Gerês. Nas décadas seguintes foram criados outros parques, mas também
reservas e paisagens protegidas.
2. A célula
A célula (do latim cellula = pequeno compartimento) é a mais pequena massa de matéria viva
capaz de viver como um organismo livre (unicelular) ou associar-se com outras células para for-
mar organismos multicelulares. A célula é a unidade básica da vida.

2.1. A célula - a unidade estrutural e funcional dos seres vivos


A citologia (do grego kytos = célula + logos = estudo) é a ciência que tem como objecto de
estudo a célula, cuja criação e desenvolvimento está intimamente relacionada com a descober-
ta e a evolução do microscópio. O desenvolvimento deste instrumento permitiu aos cientistas a
observação de um mundo até aí completamente inacessível.
O instrumento base da citologia é o microscópio óptico composto (MOC). Esta designação
resulta do facto deste instrumento ser utilizado para ampliar imagens de objectos (microscópio),
utilizar a luz como fonte de radiação (óptico) e possuir dois sistemas de ampliação, a ocular e a
objectiva (composto).
O MOC é um instrumento constituído por uma parte mecânica e outra óptica, tal como podes
observar na figura 6 e no esquema conceptual representado na figura 7.

Ocular M icroscó pi o óptico co m posto j


~
é contituído por uma

| Parte mecânica [ Parte óptica I


Coluna T™
da qual fazem parte da qual faz parte

Parafuso \ 1 l 1 1
macrométrido Pé ou base | Coluna I Tubo Sisterna de J Sistema de J
ou braço J ou canhão ampl ação J iluminação j
>
Platina
Parafuso [ Platina | Revólver | Parafusos
micrométrio Diafragma forma do por forma io por
macro e
Condensador micrométricos

1 1 1 j
Oculares J | Objectivas | Diafragma | Condensador j

Fonte de luz '""-•"' ~"-~ Pé Fonte de luz

lFig.6] Microscópio óptico composto IFig.7) Esquema conceptual sobre a constituição do microscópio óptico composto

Este microscópio possui uma série de características que fazem dele um instrumento muito útil
na investigação. A tabela 2 faz um resumo de algumas dessas características.
Tabela 2

7
1
A ampliação dada pelo MOC resulta do produto da ampliação da ocular pela ampliação
da objectiva. A ampliação total é dada pela seguinte expressão/fórmula:
AT = A0{,j x Aocu
Poder de ampliação 1
Quanto menor for a ampliação utilizada, maior é a superfície que é possível observar,
ou amplificador ou seja, a ampliação e a superfície observada variam na razão inversa.
1
Para calcular a dimensão real de um objecto utiliza-se a fórmula: Timg = Tobj x AT, em que
[Tjmg] é o tamanho da imagem, [Tobj] é o tamanho real do objecto e [AT] a ampliação
total.
' Corresponde à menor distância entre dois pontos muito próximos que permite a sua obser-
Poder de resolução
vação com nitidez. O poder resolvente de um MOC pode alcançar valores de 0,1 um. O
ou resolvente
poder resolvente está directamente relacionado com a objectiva e a ocular que se utilizam.
1
Profundidade Propriedade do MOC que permite observar imagens a diferentes profundidades. O MOC
de campo somente foca um plano ou um conjunto reduzido de planos de cada vez, por isso, ao utili-
ou poder penetrador zar o parafuso micrométríco, podem explorar-se outros planos, anteriormente desfocados.
1
A imagem obtida pelo MOC relativamente ao objecto em estudo é:
(A) ampliada — primeiro pela objectiva e depois pela ocular;
Características (B) virtual — forma-se através da lente, não podendo, geralmente, ser projectada num
da imagem do MOC alvo, como, por exemplo, um ecrã;
(C) invertida - de cima para baixo, em relação ao objecto;
(D) simétrica - da direita para a esquerda, em relação ao objecto.

O desenvolvimento da microscopia permitiu o estabelecimento de uma teoria unificadora da


biologia, que ficou conhecida pela teoria celular. De acordo com esta teoria, a célula é consi-
derada como:
(1) a unidade estrutural, pois todos os organismos são formados por células;
(2) a unidade funcional, na medida em que, nos vários tipos de células, a composição quími-
ca e os processos metabólicos são similares;
(3) a unidade de origem, isto é, qualquer célula forma-se a partir de uma outra célula;
(4) a unidade bioquímica, ou seja, é a célula que possui toda a maquinaria bioquímica que lhe
permite duplicar a sua informação genética e controlar a biossíntese de macromoléculas
(ex.: proteínas) que participam na sua estrutura e funcionamento.

Em todas as células é possível diferenciar (tab. 3):

: Tabela 3

Membrana plasmática Estrutura que delimita a célula e que controla o intercâmbio de mater íais com o meio.

É uma matriz na qual se podem encontrar várias estruturas subcelulares (os organitos
celulares) encarregadas de realizarem várias actividades metabólicas e biossintéticas
Citoplasma
(ex.: ribossomas, cloroplastos, retículo endoplasmático). Pode-se considerar que o cito-
plasma é constituído pelo hialoplasma e pelo citosqueleto.

Constituído por ácido desoxirribonucleico (o famoso ADN, que veremos mais à fren-
Material genérico te), que controla a reprodução e o metabolismo celular e que pode estar, ou não, rodea-
do por uma membrana.
Existem dois tipos fundamentais de células, de acordo com o grau de organização estrutural
as células procarióticas e as células eucarióticas (tab. 4).

Tabela 4

Células
procarióticas São células simples.
Número muito reduzido de organitos.
(do grego pró
Não possuem um núcleo organizado, isto é, o material nuclear encontra-se disperso pela célu-
- antes de + la ou localizado numa determinada zona, sem, no entanto, possuir membrana nuclear.
káryon = 1
Os exemplos mais comuns deste tipo de seres vivos são as bactérias.
núcleo)

1 • Apresentam parede celular.


São células complexas.
Células 1 Células • Possuem vacúolos, que podem atingir
Elevado número de organitos.
eucarióticas vegetais grandes dimensões.
' Possuem um núcleo organizado,
(do grego eu • Possuem plastos (ex.: cloroplastos).
isto é, o material nuclear encon-
verdadeiro + tra-se localizado numa determina- • Não possuem parede celular.
káryon - da zona da célula, separado do Células • Os vacúolos, se existirem, são de peque-
núcleo) citoplasma por uma membrana animais nas dimensões.
nuclear. • Não possuem plastos.

Como pudeste observar na tabela 4, as células eucarióticas ainda podem ser divididas em dois
tipos fundamentais - as células eucarióticas animais e as células eucarióticas vegetais, que
apresentam algumas diferenças (atenção, que somente as células eucarióticas é que podem ser
animais ou vegetais). As guras 8, 9 e : representam, esquematicamente, os três tipos de célu-
las referidas anteriormente (atenção: as células não se encontram proporcionadas).

•v. Complexo de Golgi


- Mitocôndria
Mitocôndria- Cloroplasto —
Vacúolo
Centríolos-- /Membrana Complexo
/ nuclear
de Golgi
Nudeoplasma **- Plasmodesmo
Ribossomas - Robossomas '
"Nucléolo
Citoplasma-^ — Parede celular
— Membrana
• Membrana Membrana nuclear :: celular
Lisossoma V celular Nucleoplasma
Nucléolo - Citoplasma

Retículo —/ Retículo
endoplasmático endoplasmático
rugoso rugoso

lFig.8] Célula eucariótica animal (Fig.9! Célula eucariótica vegetal

Nucleóide
Membrana
plasmática
Parede
celular

Cápsula

Citoplasma
Ribossoma
(Fig.10! Célula procariótica
De um modo geral, os constituintes das células animais e vegetais podem ser (tab. 5):

Tabela 5

Membrana Controla a entrada e a saída de subs-


, ,• Apresenta duas bandas escuras, que ladeiam uma tâncias da célula. Intervém, também,
citoplasmatica
. ,. banda clara. em funções de protecção e recepção
(ou plasmatica; de informações.
Rede de vários tipos de fibras que se entrecruzam no Confere suporte mecânico a algumas
Citosqueleto
citoplasma. estruturas. Mantém a forma da célula.

Massa seniifluida, aparentemente homogénea, que Constitui o meio onde se encontram


Hialoplasma
constitui o citoplasma. dispersos os vários organifos celulares.
Parede rígida que existe nas células vegetais, constituí-
Funções de suporte e de protecção. É
da, essencialmente, por fibrilas de celulose. Existem
Parede celular uma via para o movimento de água e
estruturas, os plasmodesmos, que ligam o citoplasma
sais minerais. Estabelece a coesão
de duas células vizinhas através de perfurações nas
entre as células vizinhas.
paredes celulares.
Estrutura celular limitada por um invólucro com poros.
Núcleo No interior apresenta filamentos, os cromossomas. Controla as actividades celulares.
Pode conter um ou mais nucléolos.
Organitos que possuem duas membranas: uma externa e Nelas ocorrem reacções muito impor-
outra interna. Esta pode apresentar invaginacões, que tantes relativas à respiração aeróbia.
Mitocôndrias
formam cristas mitocondriais. O interior das mitocôn- São consideradas centrais energéticas
drias é ocupado pela matriz mitocondrial. da célula.
Organitos que possuem pigmentos fotossintéticos tendo,
nas plantas superiores, forma ovóide ou lenticular. Nos cloroplastos tem lugar o processo
Possuem uma membrana dupla: membrana externa e fotossintético, em que a energia lumi-
Cloroplastos
membrana interna. Internamente, existe um material indi- nosa é transformada em energia quí-
ferenciado, o estroma. Os pigmentos fotossintéticos dis- mica.
tribuem-se num sistema membranar formado por lamelas.
É constituído por um sistema irregular de cisternas (tam-
Intervém na síntese de vários compos-
Retículo bém designadas por sáculos) e por vesículas. No retículo
tos orgânicos, como proteínas e lípi-
endoplasmático rugoso (RER) as membranas das cisternas
endoplasmático dos, e no transporte de proteínas e de
apresentam, na zona externa, ribossomas. O retículo endo-
outras substâncias dentro da célula.
plasmático liso (REL) não tem essas partículas.
Conjunto de sáculos e de vesículas que constituem uma
Complexo de Intervém em fenómenos de secreção.
estrutura individualizada no interior do citoplasma. Os
Está relacionado com o retículo endo-
Golgi sáculos são estruturas membranosas e achatadas, que
plasmático.
constituem os seus elementos mais característicos.
Estruturas esféricas com membranas simples, que con- As hidrólases intervêm na decompo-
Lisossomas têm no seu interior enzimas designadas, genericamente, sição de moléculas e de estruturas
hidrólases. celulares.
Cavidades delimitadas por uma membrana contendo água Podem ter funções de armazenamen-
Vacúolos com substâncias dissolvidas. Os vacúolos são mais caracte- to de compostos orgânicos, sendo
rísticos das células vegetais. Pequenos nas células jovens, também o local de reserva de iões
aumentam muito de tamanho com a idade. inorgânicos.
Estrutura de arranjo microtubular constituída por 9
Centriolo grupos de 3 rnicrotúbulos, apresentando o conjunto um Intervém na divisão celular.
aspecto cilíndrico.
Estruturas pequenas que podem apresentar-se isoladas ou
agrupadas. Cada ribossoma é constituído por duas por- Estruturas fundamentais na síntese
Ribossomas
ções, designadas por pequena subunidade e grande subu- de proteínas.
nidade. Muitas vezes estão associados ao RER.
Assim, concluindo:
• A célula é a unidade básica da vida.
• O MOC (microscópio óptico composto) é o instrumento fundamental no estudo da célula.
• A teoria celular é uma das teorias unificadoras da biologia. De acordo com esta teoria, a célu-
la é a unidade estrutural, funcional, de origem e bioquímica da vida.
• Em todas as células é possível diferenciar uma membrana celular, um citoplasma e o mate-
rial genético.
• Existem dois tipos fundamentais de organização celular: as células eucarióticas e as procarióticas.
• As células procarióticas são simples, possuem um número muito reduzido de organitos e não
possuem um núcleo organizado.
• As células eucarióticas são células complexas, possuem um elevado número de organitos e
um núcleo organizado.
• As células eucarióticas podem ser divididas em dois tipos: as células animais e as vegetais.
• As células vegetais apresentam parede celular, possuem vacúolos de grandes dimensões e
plastos (ex.: cloroplastos).
• As células animais não possuem parede celular, possuem vacúolos de pequenas dimensões
e não possuem plastos.
2.2. Constituintes básicos da célula
A matéria viva distingue-se da inerte, pelo seu grau de organização e propriedades muito
características, que, por sua vez, são determinadas pela composição e estrutura molecular.
Todas as moléculas que fazem parte da constituição dos seres vivos são designadas biomolé-
culas, as quais, por seu turno, se formam a partir da união de determinados elementos químicos
- os bioelementos. Da totalidade de elementos químicos existentes (os da Tabela Periódica),
somente cerca de 23 fazem parte da constituição das biomoléculas.
Os bioelementos combinam-se entre si, através de ligações químicas, dando origem às biomo-
léculas, que podem ser orgânicas ou inorgânicas. As biomoléculas inorgânicas são aquelas que
também fazem parte dos materiais inertes (rochas, minerais e água) e que são a água e os sais
minerais. As biomoléculas orgânicas são aquelas que somente entram na constituição dos seres
vivos e que são os glícidos, os lípidos, os prótidos e os ácidos nucleicos. Na generalidade, as
biomoléculas são responsáveis pela realização de três funções fundamentais: função estrutural
(constituem estruturas biológicas), função reguladora (intervêm nas reacções do metabolismo
dos seres vivos) e função energética (libertam ou armazenam energia).

2.2.1. Compostos inorgânicos - água e sais minerais


A água é a substância mais abundante na biosfera e é também o componente mais abundan-
te nos seres vivos, pois representa 65 a 95% do peso da maioria dos seres vivos.
A molécula da água é considerada polar, uma vez que possui dois pólos, um positivo e outro
negativo. Assim, por exemplo, os átomos de hidrogénio de uma molécula são atraídos pelos áto-
mos de oxigénio das moléculas vizinhas, estabelecendo-se entre elas um tipo de ligação quími-
ca denominada ponte de hidrogénio.
Além da capacidade de formar pontes de hidrogénio com outras moléculas, a água apresen-
ta outras propriedades muito importantes e que caracterizam a sua complexidade. Assim, por
exemplo, a água possui um elevado poder dissolvente, uma elevada força de coesão e de ade-
são molecular, um calor específico elevado e um grande calor de vaporização. Estas e outras
propriedades tornam a molécula da água fundamental para a manutenção da vida na Terra. A
água pode desempenhar as seguintes funções biológicas:
A. É o suporte ou o meio onde ocorre a maioria das reacções metabólicas essenciais para a
sobrevivência dos seres vivos.
B. É um moderador da temperatura dos organismos, uma vez que a temperatura da água exis-
tente nos seres vivos (ex.: no citoplasma) se eleva lentamente quando comparada com a
rápida elevação da temperatura ambiental.
C. Intervém nas reacções de hidrólise.
D. Como é um excelente solvente (a água é considerada o solvente universal), permite o trans-
porte de numerosas substâncias entre as células e entre estas e o meio.
E. Actua como suporte para a difusão de muitas substâncias.
Os sais minerais podem ser encontrados sob a forma de depósitos (ex.: conchas e ossos),
dissolvidos em soluções (ex.: Na+, K + , Ca2+, Ch, etc.), ou na constituição de várias moléculas
orgânicas (ex.: a hemoglobina possui ferro).
Embora sejam biomoléculas que surgem, geralmente, em pequenas quantidades, desempe-
nham funções essenciais, como:
A. são constituintes fundamentais de endo e exosqueletos;
B. constituem sistemas moderadores do pH;
C. fazem parte da constituição de moléculas fundamentais, como a hemoglobina (Fe) e a clo-
rofila (Mg);
D. intervêm na manutenção do equilíbrio osmótico ao nível celular (mais à frente vamos discu-
tir a osmose);
E. participam em processos fundamentais no funcionamento dos seres vivos, como, por exem-
plo, na transmissão nervosa, na contracção muscular e na coagulação sanguínea.

2.2.2. Compostos orgânicos


Os compostos orgânicos mais frequentes e mais importantes são: glícidos, lípidos, prótidos e
ácidos nucleicos.
Os compostos orgânicos geralmente são formados por várias moléculas orgânicas mais
pequenas ligadas entre si, constituindo moléculas muito grandes, designadas, por essa razão,
macromoléculas. Frequentemente, estas macromoléculas são polímeros, ou seja, resultam
da ligação de muitas moléculas básicas, estruturalmente simples e semelhantes entre si, deno-
minadas monómeros (por ex.: a molécula de amido é um polímero de glicose, isto é, o amido é
constituído por muitas moléculas de glicose ligadas entre si; as moléculas de glicose são os
monómeros). As reacções de polimerização, responsáveis pela formação de polímeros, são
reacções de condensação, ou seja, os monómeros ligam-se entre si formando polímeros cada
vez maiores.
Pelo contrário, através de reacções de hidrólise, os monómeros de um polímero separam-se.
As reacções de condensação e de hidrólise de polímeros são fundamentais no metabolismo
dos seres vivos.

Glícidos
Os glícidos (também designados hidratas de carbono ou glúcidos) são compostos ternários de C,
O e H (isto significa que na sua composição entram estes três tipos de átomos), em que a propor-
ção entre o H e o O é de 2:1, isto é, por cada átomo de oxigénio existem dois átomos de hidrogé-
nio, tal como se verifica na molécula da água (por isso chamam-se hidratos {água} de carbono).
Os glícidos são responsáveis por duas funções essenciais:
A. Função energética - Os glícidos podem ser utilizados directamente na transferência de ener-
gia (monossacarídeos) ou como reservas de energia (oligossacarídeos e polissacarídeos).
B. Função estrutural - Alguns glícidos, especialmente os polissacarídeos, são elementos
estruturais e de suporte em numerosos tipos de seres vivos (ex.: parede celular das células
vegetais; exosqueleto dos insectos).

Os glícidos podem ser classificados em três grupos, de acordo com o número de unidades
monoméricas que os constituem Itab. 6).
Tabela 6 • Glícidos

São as unidad m da ligação de


Resultam da união de
glícidos. algumas (2 a 10) moléculas
muitas moléculas de
São classificados de acordo com de monossacarídeos.
monossacarídeos.
o número de átomos de Um oligossacarídeo
Descrição geral Classificam-se, de acordo
carbono. formado por dois
com a função biológica,
O número de átomos de carbo- monossacarídeos designa-se
em polissacarídeos de
no varia de 3 a 9 (tríoses — 3C; dissacarídeo (se por três —
reserva e estruturais.
pentoses - 5Q hexoses — 6C) trissacarídeo, etc.)

Fórmula geral (CH20)n, 3 < n < 9 (C6H100,)n, 2 « n < 1 0 C n (H 2 0) n

Energética (participam
Energética (reserva de Energética (reserva de
Função directamente nas transferências
energia) energia) e estrutural
de energia)
Aldose (triose)
Glicose (hexose) Amido
Sacarose (dissacarídeo)
Galactose (hexose) Celulose
Exemplos Maltose (dissacarídeo)
Levulose (hexose} Glicogénio
Lactose (dissacarídeo)
Ribose (pentose) Quitina
Desoxirribose (pentose)
São hidroiisáveis.
Não são hidroiisáveis. São hidroiisáveis.
Alguns são redutores (mal-
São redutores. Não são redutores.
tose), outros não (sacarose).
Propriedades São os monómeros dos glícidos. Não são doces.
São doces.
São doces. São insolúveis ou
São solúveis a quente e a
São solúveis a quente e a frio. dificilmente solúveis.
frio.

Lípidos
Os lípidos são compostos ternários, constituídos por carbono, hidrogénio e oxigénio, mas que,
comparativamente aos glícidos, possuem menos oxigénio em relação ao carbono e ao hidrogé-
nio (ou seja, a relação H:O é muito diferente de 2:1).
Os lípidos são responsáveis por várias funções essenciais nos seres vivos [tab. 7).

Tabela 7 • Lípidos

Podem constituir uma fonte de reserva de energia biológica, sendo responsáveis pela
Função energética manutenção da temperatura corporal de alguns animais, como no Homem. E o caso
das gorduras.
Alguns, como os fosfolípidos e o colesterol, são constituintes da membrana citoplas-
Função estrutural
mática.
As ceras, por exemplo, revestem as folhas e os frutos das plantas, a pele, os pêlos e as
Função protectora
penas de muitos animais, tornando essas superfícies impermeáveis à água.
Função vitamínica Alguns lípidos entram na constituição de vitaminas (vitaminas A e K) e fazem parte de
e hormonal algumas hormonas (hormonas sexuais).

As características químicas dos lípidos determinam as suas propriedades particulares. Assim,


de uma forma geral, os lípidos revelam as seguintes propriedades:
- são insolúveis em água;
- são solúveis em solventes orgânicos, como o éter, a benzina, o álcool;
- mancham o papel; esta mancha persiste e aumenta quando o papel é aquecido;
- possuem menor densidade do que a água, separando-se desta por diferença de densidade.
Sob o ponto de vista químico, os lípidos podem ser classificados em dois grandes grupos: os
lípidos constituídos por ácidos gordos e glicerol e os lípidos sem ácidos gordos nem glicerol. As
vitaminas A e K e as hormonas sexuais fazem parte deste segundo grupo de lípidos, aos quais
não vamos dedicar atenção.
Os ácidos gordos são as moléculas lipídicas mais simples e possuem, na sua constituição,
longas cadeias hidrocarbonetadas (tal como o nome indica, são cadeias constituídas por átomos
de carbono ligados a átomos de hidrogénio). O glicerol é um álcool que se combina com os áci-
dos gordos para formar vários tipos de lípidos. Estes podem ser classificados em lípidos sim-
ples e lípidos complexos
Os lípidos simples, como as gorduras, são constituídos por ácidos gordos e glicerol. Estes lípi-
dos resultam da ligação dos ácidos gordos à molécula de glicerol e são denominados, na gene-
ralidade, glicéridos.
Os lípidos complexos possuem na sua composição, além das moléculas de ácidos gordos e gli-
cerol, outras moléculas não lipídicas, como é o caso do ácido fosfórico e dos compostos azotados
nos fosfolípidos. As moléculas dos fosfolípidos dizem-se polares, uma vez que as duas extremida-
des das moléculas possuem comportamentos físicos e químicos diferentes. A parte da molécula for-
mada pelas cadeias hidrocarbonatadas dos ácidos gordos é hidrofóbica (do grego hydrophóbos =
que tem horror à água), isto é, é insolúvel na água e constitui a zona não polar da molécula, sendo
electricamente neutra. A parte do fosfolípido constituída pelo composto azotado, pelo fosfato e pelo
glicerol é hidrofílica (do grego hydro = água + phílos = amigo), quer dizer, é solúvel na água e cons-
titui a zona polar da molécula, sendo electricamente carregada. Como as moléculas dos fosfolípidos
são polares, ou seja, possuem uma zona hidrofóbica e outra hidrofílica, denominam-se antipáticas
(não confundir com antipáticas). Esta propriedade dos fosfolípidos é fundamental para a formação
e dinâmica das membranas celulares, como vamos ver mais à frente.

Prótidos
Os prótidos são compostos quaternários de carbono, hidrogénio, oxi- n
génio e azoto, contendo, por vezes, outros elementos, principalmente
enxofre e fósforo. Além de fazerem parte da estrutura dos seres vivos, os
prótidos são fundamentais na maioria dos seus processos metabólicos.
Os aminoácidos (a.a.) são as unidades monoméricas dos restantes
prótidos. Assim, através de reacções de condensação, formam-se pró-
tidos cada vez mais complexos, denominados péptidos e proteínas.
Então, os prótidos mais simples são os aminoácidos e os mais comple- (Fig.12) Fórmula geral de um aminoácido
xos são as proteínas.
Os aminoácidos são moléculas que possuem um grupo funcional carboxilo (-COOH), de nature-
za ácida, e um grupo funcional amina (-NH2), com a fórmula geral representada na Ifig. 12!, em
que R representa um radical orgânico de crescente complexidade (pode ser H, CH3, C2H5, etc.). Os
aminoácidos são substâncias que não coagulam pela acção do calor e que se dizem anfotéricas,
isto é, quando colocadas em meio ácido comportam-se como uma base, e vice-versa.
Os péptidos resultam da união de moléculas de aminoácidos. Os termos oligopéptidos e poli-
péptidos são usados para denominar as moléculas formadas, respectivamente, por poucos e por
muitos aminoácidos. Apesar de existirem relativamente poucos aminoácidos (cerca de 20) na
constituição dos polipéptidos e das proteínas que constituem os seres vivos, a sua diversidade
é imensa. Esta diversidade resulta, em parte, dos seguintes aspectos:
a) pela quantidade de aminoácidos ligados;
b) pelos tipos de aminoácidos que se ligam;
c) pela sequência em que os aminoácidos estão unidos.
As proteínas são constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas, às quais podem estar
associadas substâncias orgânicas ou inorgânicas. As proteínas podem apresentar vários níveis
estruturais que condicionam a sua forma no espaço e a sua função. A estrutura das proteínas
pode ser a seguinte (tab. 8):

Tabela

A estrutura secundária corresponde à interacção entre diversas zonas da molécula, A


Estrutura estrutura secundária pode ser, entre outras formas, em hélice ou pregueada. A estrutura
secundária em folha pregueada verifica-se quando várias cadeias polipeptídicas se dispõem paralela-
mente e se ligam entre si através de pontes de hidrogénio.

Estrutura Na estrutura terciária, a cadeia em hélice pode enrolar-se e dobrar-se sobre si mesma, tor-
terciária nando-se globular.

Estrutura A estrutura quaternária verifica-se quando várias cadeias polipeptídicas globulares se


quaternária organizam, estabelecendo interligações entre elas.

As proteínas são moléculas que podem apresentar polaridade, coagulam por acção do calor
e, por hidrólise, originam os aminoácidos que as constituem. Estas macromoléculas podem ser
responsáveis pelas seguintes funções ;tab. 9):

Tabela 9

Função estrutural
como do cabelo e das unhas (queradna), do tecido conjuntivo (colagénio).
As proteínas (ex.: pepsina) actuam como biocatalisadores de quase todas as reacções quí-
Função enzimática
micas que ocorrem nos seres vivos.
Função As proteínas transportam muitos iões e moléculas de pequenas dimensões, como, por
de transporte exemplo, a hemoglobina, que transporta o oxigénio a nível sanguíneo.
As proteínas são os constituintes de muitas hormonas, como a insulina, a adrenalina, as
Função hormonal
hormonas hipofisiárias.
Algumas proteínas, altamente específicas (anticorpos), reconhecem e combinam-se com
Função imunológica
substâncias estranhas ao organismo, permitindo a sua neutralização. O fibrinogénio pro-
ou de defesa
move a coagulação sanguínea.

Função motora As proteínas (miosina e actina) são os principais constituintes dos músculos.

Função de reserva Algumas proteínas funcionam como reserva, fornecendo aminoácidos ao organismo
alimentar durante o seu desenvolvimento.

Ácidos nucleicos
Os ácidos nucleicos são uma das biomoléculas mais importantes, estando associados não só
às características hereditárias de um indivíduo, mas também a muitos outros mecanismos bioló-
gicos, nomeadamente à síntese proteica.
O ADN (ácido desoxirribonucleico) e o ARN (ácido ribonucleico) são as duas variedades de
ácidos nucleicos, que devem o seu nome às suas características ácidas e ao facto de terem sido
identificados, pela primeira vez, no núcleo da célula.
Todas as células, mesmo as bacterianas, possuem ADN e ARN.
O ADN e o ARN são constituídos por nucleótidos íng. 13), sendo estes
compostos por uma base azotada ligada a uma pentose e esta, por sua
vez, unida a um fosfato. Na formação de um nucleótido intervêm duas
reacções de condensação, sendo uma entre o grupo fosfato e o carbono
5' da pentose e a outra entre a base azotada e o carbono 1' da pentose.
Os nucleótidos de ADN distinguem-se dos de ARN pela sua pento-
se, já que a desoxirribose (ADN) possui mais um átomo de oxigénio do
que a ribose (ARN), e por uma das bases azotadas, pois o ADN pos-
(Fig.13! Estrutura de um nucleótido
sui timina, enquanto que o ARN possui uracilo Itab. 10).
O ADN apresenta uma estrutura dupla, isto é, possui duas cadeias polinucleotfdicas, que se
enrolam uma na outra, helicoidalmente. As duas cadeias unem-se pelas bases azotadas através
de pontes de hidrogénio: três pontes de hidrogénio unem as bases de guanina às de citosina e
duas pontes de hidrogénio unem as bases de timina às de adenina. Estas bases azotadas
dizem-se complementares, isto é, unem-se sempre do mesmo modo. As duas cadeias que cons-
tituem a dupla cadeia de ADN são antiparalelas, isto é, desenvolvem-se em direcções opostas.
O ARN apresenta, geralmente, uma estrutura simples, isto é, constituída apenas por uma
cadeia, que pode dobrar, em alguns casos, estabelecendo-se então as ligações complementa-
res entre a adenina e o uracilo e entre a guanina e a citosina.

Tabela 10

Pentose Desoxirribose Ribose

Ácido fosfórico H3PO4 H3P04

NH2

Adenina
'"H
Bases púri-
cas ou de
anel duplo
Guanina H-C

Bases
azotadas NH2

Citosina l l
•^C-^CH
Bases pirimí-
dicas ou de
anel simples
H H^C H
-N-C-C^
Timina Uracilo l
O-^N-^H
H

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