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PARECER JURÍDICO SOBRE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL

ALUNOS: Amanda de Oliveira Morais, Márcia Vitória Cidade, Pedro Henrique


Chaves e Tiago Varela.

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL.


VÍCIO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL.
PROIBIÇÃO DE TAXA DE ESTACIONAMENTO DE ENTIDADES PRIVADAS.
CONTROLE DO HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DOS
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS.

DATA: 21/03/2023

1. INTRODUÇÃO
Esse parecer, trata-se de uma ação entre duas leis municipais que visam
sobre o fundamento de vício de inconstitucionalidade, sendo elas, a lei de
proibição de taxa de estacionamento de shopping e outra que exige o
controle do horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais.
2. FUNDAMENTAÇÃO
O Brasil, adota em sua Constituição de 1988, o estado federal formado
pela união de coletividades políticas autônomas, onde cada uma dessas
coletividades tem certas autonomias, seja legislativa, de organização
administrativa e de governo, mantendo um equilíbrio federativo.
Assim, no caso apresentado, com relação a proibição de cobrança de
estacionamento em shopping do município, a competência para legislar
sobre a matéria de Direito Civil é privativa da União conforme descrito pelo
art. 22, I da CF/88 sendo assim, a cobrança do estacionamento em
shopping se enquadra no âmbito de competência da União, o que significa
que os Municípios não podem legislar sobre este determinado assunto,
além de que essa norma fere o exercício do livre comércio.
Assim, o Supremo Tribunal Federal determinou:
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 2º, §§ 1º E 2º,
DA LEI Nº 4.711/92 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.
ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS EM ÁREAS PARTICULARES. LEI
ESTADUAL QUE LIMITA O VALOR DAS QUANTIAS COBRADAS PELO
SEU USO. DIREITO CIVIL. INVASÃO DE COMPETÊNCIA PRIVATIVA
DA UNIÃO. 1. Hipótese de inconstitucionalidade formal por invasão de
competência privativa da União para legislar sobre direito civil (CF, artigo
22, I). 2. Enquanto a União regula o direito de propriedade e estabelece
as regras substantivas de intervenção no domínio econômico, os outros
níveis de governo apenas exercem o policiamento administrativo do uso
da propriedade e da atividade econômica dos particulares, tendo em vista,
sempre, as normas substantivas editadas pela União. Ação julgada
procedente. ”
(STF - ADI: 1918 ES, Relator: MAURÍCIO CORRÊA, Data de Julgamento:
23/08/2001, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 01/08/2003)

No que diz respeito à lei municipal que estabelece horário de


funcionamento de estabelecimentos comerciais, desde que elas sejam
respeitadas por normas da União, a competência para legislar sobre
assuntos de interesse local é do município, de acordo com o art. 30, I, da
Constituição Federal. Dessa forma, não compete aos Estados ou a União
a disciplina do horário das atividades, pois essa questão se trata de
relevância local.
Conforme essa lei em questão, o Supremo Tribunal Federal também
determinou a Súmula Vinculante 38:
“É competente o município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial”.

3. CONCLUSÃO
Com base na análise jurídica realizada, conclui-se que a primeira lei citada
(que estabelece a proibição de cobrança em shoppings) é
inconstitucional, visto que viola o mandamento do art. 22, I, da
Constituição Federal de 1988 como mencionado. Já a segunda lei
abordada, é constitucional, pois respeita a Carta Magna e suas súmulas
vinculantes.

É o parecer

Salvador, 21 de março de
2023
RELATÓRIO

Mencionando o resultado do julgamento e respectivos fundamentos


jurídico/constitucionais, segue ADI referente a uma jurisprudência sobre
competência constitucional legislativa:

É inconstitucional, por violação à competência privativa da União


para legislar sobre direito civil (CF/1988, art. 22, I), norma estadual
que impede as instituições particulares de ensino superior de
recusarem a matrícula de estudantes inadimplentes e de cobrar
juros, multas, correção monetária ou quaisquer outros encargos
durante o período de calamidade pública causado pela pandemia da
COVID-19. STF. Plenário. ADI 7104/RJ, ADI 7179/RJ, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 5/8/2022 (Info 1062).

Quando uma norma estadual se envolve em assuntos contratuais, como


no caso acima, é possível perceber que se trata de uma questão do direito
civil, que é de competência exclusiva da União. Portanto, os estados não
têm o poder de proibir as instituições de ensino superior de recusarem
matrículas de estudantes inadimplentes ou de cobrar juros, multas, entre
outros. Ainda, essa lei viola também o princípio da livre iniciativa, descrito
no art. 170, da Constituição Federal, que estabelece a possibilidade de
um cidadão comum participar do mercado sem a necessidade de
autorização ou aprovação do Estado. Assim, com base nesse
entendimento, o Plenário julgou procedentes as ações para declarar a
inconstitucionalidade do art. 6º, caput e parágrafo único, da Lei
8.915/2020 do Estado do Rio de Janeiro, por interferir em questões de
competência privativa da União.
REFERÊNCIAS

 https://www.jusbrasil.com.br/
 https://informativos.trilhante.com.br/julgados/stf-adi-7104-r
 https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo
=484499&ori=1
 https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3687/Aspectos-
tecnico-juridicos-sobre-a-cobranca-dos-estacionamentos-em-
shopping-centers
 http://ibee.com.br/materia/87773/

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