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Centro Universitário Uniacademia

Felipe Henrique Fernandes de Castro


Miquéias Adilson da Silva

ATIVIDADE AVALIATIVA 1

JUIZ DE FORA
2023
ADI 4711 / RS - RIO GRANDE DO SUL
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento: 08/09/2021
Publicação: 16/09/2021
Órgão julgador: Tribunal Pleno

EMENTA: Direito constitucional. Ação direta de inconstitucionalidade.


Leis estaduais que dispõem sobre a criação, incorporação, fusão e
desmembramento de municípios. 1. Ação direta proposta pelo Procurador-
Geral da República contra a Lei Complementar nº 13.587/2010, do Estado do
Rio Grande do Sul, que dispõe sobre a criação, incorporação, fusão e
desmembramento de municípios. A cadeia normativa impugnada pelo autor
inclui, ainda, as Leis Complementares nºs 13.535/2010, 10.790/1996,
9.089/1990 e 9.070/1990, todas do mesmo Estado. 2. A declaração de
inconstitucionalidade em abstrato de normas legais, diante do efeito
repristinatório que lhe é inerente, importa a restauração dos preceitos
normativos revogados pela lei declarada inconstitucional, de modo que o autor
deve impugnar toda a cadeia normativa pertinente. 3. Nesse sentido, o
Supremo Tribunal Federal exige a impugnação da cadeia de normas
revogadoras e revogadas até o advento da Constituição de 1988, porquanto o
controle abstrato de constitucionalidade abrange tão somente o direito pós-
constitucional. Nada obstante, esta Corte admite o cabimento de ação direta de
inconstitucionalidade nos casos em que o autor, por precaução, inclui, em seu
pedido, também a declaração de revogação de normas anteriores à vigência do
novo parâmetro constitucional. 4. A redação original do art. 18, § 4º, da
CF/1988 condicionava a criação de municípios à edição de lei estadual,
obedecidos os requisitos previstos em Lei Complementar estadual, e a uma
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas.
Esse procedimento simplificado, que delegou exclusivamente à esfera estadual
a regulamentação dos parâmetros para a emancipação, propiciou a
proliferação de entes municipais no Brasil após a promulgação da Constituição
de 1988. 5. Atento a essa realidade, o constituinte derivado alterou o texto
constitucional e dificultou a criação de municípios, restringindo a fragmentação
da federação. O art. 18, § 4º, da CF/1988, com redação dada pela EC nº
15/1996, passou a exigir, além dos requisitos anteriormente previstos, a edição
de lei complementar federal e a divulgação prévia dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 6. Esta Corte firmou
jurisprudência no sentido de que a inexistência da lei complementar federal a
que se refere o art. 18, § 4º, da CF/1988 impede a criação, fusão, incorporação
ou desmembramento de novos municípios. Precedentes. 7. Ao promulgar a Lei
Complementar nº 13.587/2010, o legislador gaúcho instaurou procedimento
administrativo e legislativo que se esgota no âmbito estadual, praticamente
repristinando a redação originária do art. 18, § 4º, da CF/1988. A atual dicção
desse dispositivo constitucional impõe a aprovação prévia de leis federais para
que os Estados sejam autorizados a iniciar novos processos de emancipação
municipal. Até que isso ocorra, leis estaduais que versem sobre o tema são
inconstitucionais. 8. Pedido julgado procedente para declarar a
inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 13.587/2010 e a não recepção
das Leis Complementares nº 10.790/1996, 9.089/1990 e 9.070/1990, todas do
Estado do Rio Grande do Sul. 9. Fixação da seguinte tese de julgamento: “É
inconstitucional lei estadual que permita a criação, incorporação, fusão e
desmembramento de municípios sem a edição prévia das leis federais
previstas no art. 18, § 4º, da CF/1988, com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 15/1996”.

Comentários ao acórdão
O acórdão apresentado discute sobre o tema “criação de municípios”,
sendo este julgado uma ação direta de inconstitucionalidade realizada pela
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.

A decisão proferida pelo senhor relator, Roberto Barroso, tem como


base o Art 18, § 4º. Ora, visto que este artigo apresenta um fator fundamental
para a criação de municípios, isto é, a criação de uma lei complementar, é
correto afirmar que tal ação da ALERS viola a norma constitucional.

É de suma importância mencionar outras duas Ações Diretas de


Inconstitucionalidade realizadas pela casa legislativa gaúcha, a Lei
Complementar nº 13.587/2010 e Leis Complementares nº 10.790/1996,
9.089/1990 e 9.070/1990, todas do Estado do Rio Grande do Sul. O senhor
Ministro, além de argumentar sob a égide da norma constituinte, apresenta
fatores históricos como o papel ativo do Estado do Rio Grande do Sul na
criação de municípios no período anterior a Emenda Constitucional nº 15, de
1996. (O Estado do Rio de Grande do Sul, autor das leis aqui questionadas, é
responsável, sozinho, por quase 20% dos novos municípios brasileiros gerados
pós-1988. Entre os anos de 1988 e 2000 foram criadas 253 novas cidades
gaúchas).
11/11/2015
PLENÁRIO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.165 SÃO PAULO
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
REQTE.(S) : GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S) (ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
INTDO.(A/S): ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO

EMENTA
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei estadual (SP) nº 10.849/2001.
Punição, com a perda da inscrição estadual, para aquelas empresas que
exijam a realização de teste de gravidez ou a apresentação de atestado de
laqueadura no momento de admissão de mulheres no trabalho.
Inconstitucionalidade formal. Competência privativa da União. Direito do
trabalho.

1. Inconstitucionalidade formal da Lei nº 10.849/01 do Estado de São Paulo, a


qual pune, com a perda da inscrição estadual, as empresas que, no ato de
admissão, exijam que a mulher se submeta a teste de gravidez ou apresente
atestado de laqueadura.
2. Competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho,
consoante disposto no art. 22, inciso I, da Constituição Federal. A lei estadual,
ao atribuir sanções administrativas pela inobservância da norma, também
contraria a competência exclusiva da União para “organizar, manter e executar
a inspeção do trabalho” (art. 21, XXIV, CF/88). Precedentes: ADI nº 2.487/SC;
ADI nº 953/DF; ADI nº 3.587/DF; ADI nº 3.251/RO.
3. Ação direita de inconstitucionalidade julgada procedente.

COMENTÁRIOS:

O estudo do caso em tela, trata-se da ADI 3.165 , que tem como relator
o Ministro DIAS TOFFLLI, no qual a Lei nº 10.849/01 do Estado de São Paulo,
pune conforme seu art.1°, com o cancelamento da inscrição estadual de
empreses que, noa ato de admissão de suas funcionárias, lhe seja exigida a
realização de teste de gravidez, e apresentação de atestado de laqueadura,
como condições de aptidão para a vaga de trabalho, bem como agentes da
administração publique que exigirem os mesmo requisitos citados
anteriormente, sofreriam punições administrativas conforme seu art. 2°, e
ainda, a publicação de uma lista periódica de empresas e órgãos públicos que
por ventura promovessem descriminação tratada nesta lei.
A competência para legislar sobre Direito do Trabalho é exclusiva da União
conforme seu art. 22, inciso I, Constituição Federal.

O relator começa seu voto falando alta carga de relevância social, pois
tal matéria assegura e fortalece os direitos das mulheres à inserção no
mercado de trabalho, padece de vício formal de constitucionalidade.
Ao analisar a norma impugnada, declara notória clareza que a matéria
nela contida trata-se sobre direito do trabalho, desta maneira o Poder
Legislativo estadual usurpou a competência privativa da União ao legislar sobre
tal ramo do direito, conforme estabelecido no art. 22, I, da CF.
Logo, o relator cita jurisprudência que atesta manifestações da
Advocacia-Geral da União e do Ministério Público Federal, o tema já está
pacificado na Corte. Com a seguinte ementa:
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 11.562/2000 DO
ESTADO DE SANTA CATARINA. MERCADO DE TRABALHO.
DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER. COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA
LEGISLAR SOBRE DIREITO DO TRABALHO. AÇÃO DIRETA JULGADA
PROCEDENTE. A lei 11.562/2000, não obstante o louvável conteúdo material
de combate à discriminação contra a mulher no mercado de trabalho, incide em
inconstitucionalidade formal, por invadir a competência da União para legislar
sobre direito do trabalho. Ação direta julgada procedente” (ADI nº 2.487/SC,
Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, DJe de 28/3/08).

Ressalta-se, ainda, que a lei estadual, ao atribuir sanções


administrativas pela inobservância da norma, também contrariou o art. 21,
XXIV, da CF, no qual é estabelecida a competência exclusiva da União para
“organizar, manter e executar a inspeção do trabalho”. Assunto este em que o
Supremo Tribunal Federal já se manifestou diversas vezes sobre, reafirmando
a ocorrência de vício formal de inconstitucionalidade de normas estaduais que
atribuem a órgãos estaduais poder de fiscalização no âmbito das relações de
trabalho.
Por fim, Ressalta, a Lei federal nº 9.029, de 1995, anterior à edição da
legislação impugnada, já proibia a exigência de atestados de gravidez ou de
esterilização, bem como outras práticas discriminatórias, para efeito de início
ou manutenção da relação jurídica de trabalho, estabelecendo sanções penais
e administrativas aos infratores.

Voto
"Ante o exposto, na linha da jurisprudência pacífica desta Corte, voto pela
procedência do pedido da presente ação direta e pela declaração, com
efeitos ex tunc, da inconstitucionalidade da Lei nº 10.849/2001 do Estado de
São Paulo."

Por se tratar de um termo no qual ainda não tive contato, pesquisei o


termo ex tunc que se refere a efeitos provenientes desde o início da nulidade.
Quer dizer que a decisão tem efeito retroativo, valendo também para o
passado.

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