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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

JULIANA DE OLIVEIRA CAMBEIRO

A INFLUÊNCIA DA ARBORIZAÇÃO E DAS ÁREAS VERDES NA SAÚDE FÍSICA


E MENTAL DOS HABITANTES DE UMA COMUNIDADE

MANAUS/AM

2023
JULIANA DE OLIVEIRA CAMBEIRO

A INFLUÊNCIA DA ARBORIZAÇÃO E DAS ÁREAS VERDES NA SAÚDE FÍSICA


E MENTAL DOS HABITANTES DE UMA COMUNIDADE

Projeto de pesquisa referente à segunda nota


parcial da matéria de Metodologia do Trabalho
Científico.

Orientador: Prof. Janderson Bragança Ribeiro

MANAUS/AM

2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................3
2. JUSTIFICATIVA..............................................................................................................4
3. OBJETIVOS.......................................................................................................................4
3.1. Objetivo
geral...............................................................................................................4
3.2. Objetivos
específicos....................................................................................................5
4. QUADRO TEÓRICO........................................................................................................5
5. METODOLOGIA..............................................................................................................6

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................7
1. INTRODUÇÃO

A cidade de Manaus é conhecida internacionalmente por ser o “coração” da Floresta


Amazônica, denominação que direciona os indivíduos a imaginarem a cidade como um centro
urbano arborizado e coberto por áreas verdes, o qual cresce em respeito ao seu meio
ambiente; contudo, esse cenário está muito distante da realidade. A cidade de Manaus possui
uma preocupante adversidade quando se trata da arborização de vias públicas e da presença de
áreas verdes como parques e reservas ambientais, visto que os poucos parques existentes são,
por vezes, mal cuidados e inseguros e, de acordo com o Censo do IBGE de 2010, apenas
23,9% das vias públicas da cidade de Manaus são arborizadas.
Essa porcentagem preocupante é apenas agravada quando é levado em consideração a
desigualdade de arborização das diferentes zonas da cidade de Manaus. A zona Sul/Centro-
Sul possui o melhor índice de qualidade da arborização de acordo com a avaliação de seus
moradores, onde 13% declaram considerar a arborização de boa qualidade; esse resultado
contrasta com os dados coletados na zona Leste, onde apenas 3% dos moradores afirmam
considerar a arborização de suas vias de boa qualidade e 61% a classificam como “muito
ruim”, em oposição a apenas 32% dos moradores da zona Sul/Centro-Sul. (NETO; SOUZA;
VIANA; MARI; MEDEIROS, 2016). Esse cenário se dá pela desvalorização das zonas da
cidade de Manaus onde se concentra a população de baixa renda em relação às demais,
construindo uma conjuntura que acrescenta o fator da desigualdade socioeconômica ao já
preocupante problema da falta de arborização de qualidade.
Um terceiro fator da problemática se deve ao fato de que Manaus possui pouquíssimas
áreas verdes e/ou parques urbanos de qualidade e bem mantidos para o uso popular. Em um
projeto de pesquisa a respeito da qualidade das áreas verdes da cidade de Manaus, 61% dos
entrevistados afirmaram ter observado aspectos negativos em suas visitas aos parques
manauaras, sendo os problemas mais recorrentes a falta de segurança nos locais, a falta de
manutenção da área e a presença de lixo nas trilhas de caminhada. (VIANA; LOPES; NETO;
KUDO; GUIMARÃES; MARI, 2014.)  Essa circunstância torna praticamente impossível o
correto usufruto das áreas verdes da cidade, agregando mais um aspecto negativo.
Correlacionado a esse cenário, as taxas de ocorrência de TMCs (Transtorno Mental
Comum) como depressão e ansiedade entre os brasileiros têm mostrado um aumento
preocupante e uma predominância nos centros urbanos (GONÇALVES; MARI; BOWER;
GASK; DOWRICK; TÓFOLI, 2014). Estudos recentes apontam que a população brasileira
apresenta um índice de ocorrência de TMCs em 30,23% da população masculina e 39,36% da
população feminina (BARRETO; LOPES; SILVEIRA; FAERSTEIN; JUNGER, 2019),
números que apenas aumentaram desde a data de coleta ao mesmo tempo em que a presença
de áreas verdes nos centros urbanos, em destaque na cidade de Manaus decaiu
consideravelmente devido ao crescimento populacional e expansão da urbanização.

2. JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, foi observada uma redução substancial do número de áreas verdes
preservadas na cidade de Manaus. Até o ano de 1991, existiam 242 áreas verdes em manaus
divididas em conjuntos residenciais, praças, cemitérios, canteiros centrais ajardinados e áreas
especiais; essas áreas ocupavam 59% da cidade e totalizavam mais de 6 mil quilômetros
quadrados de extensão. (COSTA, 1993). Contudo, de acordo com um relatório oficial da
prefeitura de Manaus,  no ano de 2013 o SEMMAS (Secretaria Municipal de Meio Ambiente
e Sustentabilidade) reconhecia e era responsável por apenas 12 áreas verdes protegidas na
cidade, correspondendo a apenas 4,75% da área do município. 
Um segundo cenário preocupante se refere ao aumento substancial dos níveis de
estresse entre a população manauara nos últimos anos. Em 2008, 6,9% da população brasileira
apresentava reações ao stress grave e transtornos de adaptação, sendo 4,5% dos homens e
10,7% das mulheres. (MIRANDA; TARASCONI; SCORTEGAGNA, 2008). Trazendo um
aumento expressivo, em 2017 aproximadamente 70% da população apresentava ou já havia
apresentado sintomas de stress de acordo com um estudo feito pela Isma-BR, demonstrando
um crescimento de mais de 900%. Ademais, até 2013 44,8% da população jovem manauara
apresentava níveis insuficientes de atividade física e excesso de comportamentos sedentários,
adicionando mais uma circunstância preocupante no cenário de saúde do povo de Manaus.
As conjunturas apresentadas precisam ser estudadas, especialmente ao considerar o que
é prometido ao povo pela Constituição de 1988. De acordo com o Art. 225 da Constituição
Federal de 1988 do Meio Ambiente, “Todos têm direito ao meio ambiente, bem de uso
comum do povo essencial à sadia qualidade de vida”. O atual cenário da cidade de Manaus
vai diretamente de encontro a esses ideais, justificando a necessidade de um projeto de
pesquisa que analise todas as circunstâncias expostas e proponha uma solução viável e eficaz. 

3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
Analisar a influência do acesso à áreas verdes e da arborização de qualidade das vias
públicas de uma comunidade na saúde física e mental dos seus habitantes; focando no
potencial do contato regular com a natureza de reduzir os níveis de stress da população, bem
como de incentivar a atividade física e reduzir a prática de atitudes sedentárias.

3.2. Objetivos específicos

 Compreender a importância de áreas verdes no incentivo à atividade física e combate ao


sedentarismo e às complicações de saúde provenientes do mesmo nos centros urbanos;
 Compreender o potencial de áreas verdes de reduzir os níveis de stress dos indivíduos em
contato com as mesmas e trazer melhorias à sua saúde mental;
 Realizar uma comparação entre os níveis de estresse dos habitantes de uma comunidade
não arborizada e dos moradores de comunidades com arborização de qualidade e áreas
verdes.
 Expor a importância de construir áreas verdes e vias públicas arborizadas nas
comunidades como medida de prevenção de complicações de saúde física e mental;
 Avaliar o nível de arborização da cidade de Manaus e a frequência e qualidade da
implementação e manutenção das áreas verdes.

4. QUADRO TEÓRICO
4.1. A problemática da arborização: o descaso governamental e popular

A qualidade de vida de um indivíduo é ativamente relacionada ao ambiente no qual ele


vive, e a paisagem que compõe esse espaço é capaz de influenciar positiva ou negativamente
a saúde e o bem-estar de uma comunidade. Estudos indicam que cidadãos que habitam uma
comunidade bem arborizada e tem contato frequente com áreas verdes tendem a ser mais
relaxados e mais ativos em sociedade, aspectos que justificam uma possível medida
governamental que implemente parques e arborização urbana nas vias; contudo, a realidade
diverge do ideal.
Na cidade de Manaus, as medidas governamentais não vão ao encontro das
necessidades do povo acerca da questão ambiental. Os poucos parques existentes são
extremamente precários e as poucas vias arborizadas por vezes não apresentam arborização
suficiente para provocar os resultados esperados, essas conjunturas provém de uma
administração deficiente que mostra pouco interesse em assuntos que não se encaixem em
suas agendas políticas, deixando de lado assuntos de interesse popular como a questão
ambiental.
Os poucos investimentos para arborização das vias públicas que foram realizados pelo
governo manauara se mostraram insuficientes e mal elaborados, com os órgãos responsáveis
mostrando descaso pelas áreas em questão após a plantação das árvores e designando a
manutenção do meio ambiente local para o descaso. De acordo com uma avaliação da
arborização urbana de Manaus: 
Com relação aos investimentos para a arborização feito pelo governo municipal
manauense, quando comparado a outros municípios, ficou claro que estes aparentam
ser insuficientes ou pouco expressivo, o que foi corroborado por pesquisas referente
a qualidade da arborização de grandes cidades brasileira e principalmente pela
insatisfação popular, observada neste estudo (NETO; SOUSA; VIANA; MARI;
MEDEIROS, 2016, p. 171)

Um segundo fator que permite a existência da problemática se refere à indiferença da


própria população à respeito da questão ambiental da cidade de Manaus. Enquanto é inegável
que o governo não cumpre com o seu papel, os habitantes manauaras também apresentam um
certo desrespeito às suas áreas verdes como os parques municipais, contribuindo para o estado
precário dos mesmos ao poluir as áreas com lixo comum e vandalizar as estruturas públicas.
Mesmo os indivíduos que não contribuem ativamente para essa degradação, por vezes,
também não exercem seus papéis como cidadãos ao se ausentar da luta pela causa ambiental. 
Para Neto, Sousa, Viana, Mari e Medeiros (2016, p. 171), “[...] houve uma fraca
participação popular em questões relacionadas à arborização e meio ambiente na cidade e,
[...], mais de um terço dos entrevistados não estariam dispostos a contribuir com qualquer
valor para melhorar e ou ampliar os espaços verdes da cidade de Manaus”. Isto é, o descaso
do governo perante a questão ambiental é facilitado pelo desinteresse do povo em tomar
alguma medida que lute por essa causa e defenda o direito estabelecido pelo Art. 225 da
Constituição.
Os cenários retratados explicam a relevância de uma pesquisa que aborde a importância
de áreas verdes e vias arborizadas para o bem estar da população, com o intuito de informar o
povo a respeito do tema e conscientizar os manauaras a exigir um meio ambiente bem cuidado
e uma sadia qualidade de vida. Somente com estudos científicos e com a disseminação de
seus resultados será possível elevar o tópico às discussões de interesse social e organizar
ações e medidas que coajam o governo municipal a investir em áreas verdes e na arborização
de vias públicas pelo bem estar da população.
5. METODOLOGIA

O trabalho em questão será realizado seguindo uma abordagem quali-quantitativa,


através da qual serão colhidos dados a respeito dos temas retratados e, em seguida, será
realizada uma análise das informações adquiridas. O propósito final consiste em compreender
a maneira como os fatores em questão se influenciam e definir a melhor medida possível a ser
adotada para a resolução das problemáticas de maneira viável e eficaz. A pesquisa será
realizada em 4 etapas.
Primeira etapa - coleta de dados a respeito da qualidade de vida e saúde física e mental
dos habitantes de uma comunidade que possui arborização de qualidade e áreas verdes
regulares. Serão realizadas pesquisas do tipo survey através da plataforma Google Forms com
aproximadamente 50 indivíduos moradores da área.
Segunda etapa - coleta de dados a respeito da qualidade de vida e saúde física e mental
dos habitantes de uma comunidade que não possui arborização de qualidade e apresenta
ausência de áreas verdes regulares. Serão realizadas pesquisas do tipo survey através da
plataforma Google Forms com aproximadamente 50 indivíduos moradores da área.
Terceira etapa - análise dos dados coletados a fim de melhor compreender a relação
entre áreas verdes e qualidade de vida. Outrossim, essa etapa compreende o estudo de
pesquisas precedentes a respeito do tema com o intuito de concluir os motivos que explicam
essa relação e como melhor usufruir das informações alcançadas.
Quarta etapa - avaliação de todas as informações obtidas pelas etapas anteriores com o
objetivo de construir uma medida final que seja capaz de resolver as problemáticas expostas
de maneira eficaz, viável e duradoura, atribuindo uma finalidade social para a pesquisa.

REFERÊNCIAS
ANTOS, Roberta Monique da Silva; VIANA, Álefe Lopes; BEZERRA, Stiffanny Alexa
Saraiva; LINS NETO, Nelson Felipe de Albuquerque; BEZERRA, Flávia Leite; SILVA, José
Roselito Carmelo da. IPTU verde como subsídio à melhoria da qualidade ambiental urbana da
Cidade de Manaus. Brazilian Journal of Animal And Environmental Research, Curitiba,
v. 2, n. 1, p. 557-563, 10 dez. 2018. Jan./Mar. Disponível em:
https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJAER/article/view/1441/1328. Acesso em:
13 fev. 2023.

BARRETO, Patricia Amado; LOPES, Claudia Souza; SILVEIRA, Ismael Henrique da;
FAERSTEIN, Eduardo; JUNGER, Washington Leite. Moras perto de áreas verdes é benéfico
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Janeiro, v. 53, p.75, 2019. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/162296. Acesso em: 14 fev. 2023.
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COSTA, Lizit Alencar da. Análise e avaliação do manejo da arborização urbana pública da
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em: 15 fev. 2023.

COSTA, Lizit Alencar da; HIGUCHI, Niro; JÚNIOR, José de Ribamar; GOMES, Lenisa
Nina. Avaliação das áreas verdes públicas da cidade de Manaus: situação em 1991.
Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 6, n. 19, p. 1 - 10, out. 2006. Disponível em: admin,
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FILHO, Arlindo Almeida; VIEIRA, Michael Raphael; LOPES, Aixa Braga; SILVESTRIM,
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GONÇALVES, Daniel Almeida et al. Brazilian multicentre study of common mental


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MIRANDA, Christiane Albuquerque de; TARASCONI, Carla Ventura; SCORTEGAGNA,


Silvana Alba. Estudo Epidêmico dos Transtornos Mentais. Rede de Revistas Científicas da
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NETO, Nelson Felipe; SOUSA, Paulo Roberto; VIANA, Álefe Lopes; MARI, Maikel
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VIANA, Álefe Lopes; LOPES, Marcileia Couteiro; NETO, Nelson Felipe; KUDO, Stephany
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https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/view/15179/pdf. Acesso em 14 de fev. 2023.

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