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Seguindo a perspectiva do filósofo Immanuel Kant, a beleza de uma fotografia não está

apenas no objeto ou cena capturada, mas também na maneira como o fotógrafo a retratou e na
forma como o observador a percebe Por essa visão, a fotografia se torna uma forma de arte visual
capaz de provocar uma experiência estética naqueles que a contemplam, ou seja, capaz de
desencadear emoções e sentimentos únicos em cada observador, causando prazer e desprazer. A
harmonia entre o objeto e o sujeito também pode ser aplicada à fotografia. Por exemplo, uma foto
pode ser considerada bela quando a composição, a luz, a cor e a expressão capturadas transmitem
uma sensação de equilíbrio e harmonia. Nesse caso, a beleza é uma propriedade da relação entre
a imagem fotográfica e a percepção do observador.
Assim como para Kant, a experiência estética na fotografia também pode ser
desinteressada. Muitas vezes, as pessoas apreciam uma fotografia simplesmente pela beleza e
pelo prazer que ela proporciona, sem nenhum interesse prático ou utilitário. Efetivamente, a
experiência estética só é real quando não há interesse pois a arte não busca uma utilidade ou
compensação financeira para se justificar, a arte merece apreciação e análise apenas por existir.
Igualmente ocorre a experiência estética, que precisa ser pura e genuína para ser verdadeira e se
desfaz quando o interesse utilitário ou monetário é levado em consideração. Até a aquisição de
conhecimento deve ser deixada de lado quando se espera sentir uma experiência estética, pois
quando se espera conseguir algo com a arte se atribui a ela uma utilidade e essa expectativa não
permite à arte somente ser.
Essa é a experiência que as fotos em exposição buscam trazer, uma corrente genuína de
emoções que culmine em sensações de prazer ou desprazer e em uma reflexão estética sobre o
que é retratado. As fotografias capturadas representam cenários ordinários do dia-a-dia, cenas que
a maioria dos indivíduos presencia no cotidiano sem dedicar uma devida atenção às mesmas.
Nesta exposição, a intenção é mostrar como até a visão mais simples pode trazer uma experiência
artística e criar uma completamente nova perspectiva do papel da estética no que parece ser
comum e banal.
As imagens do horizonte consistem em um dos catalisadores mais comuns da experiência
estética: a natureza e os objetos naturais. Mesmo não sendo possível assumir as sensações que um
indivíduo poderia experienciar ao contemplar a imagem, certas suposições podem ser feitas
baseadas no que é capturado e na visão do fotógrafo. A imagem “O Encanto do Fim”, pode
provocar sensações de melancolia mas também calma, desencadeadas pelo simbolismo de
desfecho trazido pelo pôr do sol e pela cena da árvore seca, algo que terminou mas de forma
pacífica. A imagem “O Arco-íris Após a Tempestade” pode elucidar uma emoção positiva como
recomeço e esperança pelo significado positivo de um arco-íris como um bom sinal após um
período ruim. Por fim, a fotografia “As Estrelas Que Caíram do Céu” traz uma reflexão profunda
sobre como enxergamos a realidade, sobre mudanças e perdas.
As fotografias das flores e plantas também trabalham com a ideia de natureza como
fomento para a experiência estética. Na imagem “A Vida em Transformação” o observador pode
ser invadido por um sentimento de nostalgia e pesar ao observar o ciclo da vida representada pelas
flores em três estágios, simbolizando a brevidade do ser humano e a impermanência de cada fase.
A imagem “A Beleza da Adversidade”, por sua vez, pode trazer novamente sentimentos de
resiliência e talvez até pena, ao observar a persistência de uma única flor em crescer e se
desenvolver em um ambiente que não lhe é propício.
Por fim, a imagem “Opostos”, se tratando de uma das mais interessantes dessa série, pode
trazer uma reflexão mais profunda e catalisar uma variedade infinita de emoções e sentimentos
dependendo do contexto de seu observador. Ao enxergar as duas vias de cores contrastantes um
indivíduo pode se sentir indeciso ao enxergar a dualidade que permeia todos os objetos e cenários
da nossa realidade, sendo bem e mal, certo e errado ou qualquer uma das outras infinitas
contradições que nos acompanham durante todas as nossas vidas. Ao focar nos objetos em si, os
veículos, um contemplador pode perceber que todos os carros emitem as mesmas luzes e o que é
visto é somente uma questão de perspectiva, pode, assim, se sentir impotente em relação à sua
imagem no mundo e ser tomado pelo desespero de não possuir, na realidade, nenhum livre-
arbítrio. Independentemente das emoções e sensações que surgem com a imagem, essa fotografia
é um excelente exemplo de como a experiência estética é particular para cada indivíduo, e não há
experiência incorreta contanto que a mesma seja genuína e busque apreciar a arte por ser arte.

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