Você está na página 1de 5

Para Platão (340 a.C.

) o belo é o ideal da perfeição só podendo ser contemplado em sua essência por


meio de um processo de evolução filosófica e cognitiva do indivíduo por meio da razão que lhe
proporcionaria conhecer a verdade harmônica do cosmo. Este processo proporcionaria a superação das
ilusões e aparências sensórias do mundo, revelando sua verdadeira essência, essa essência de certa
forma, divina, está além de formas físicas e experiências empíricas. Por isso a arte para Platão é uma
distração da verdadeira essência das coisas. Parao filósofo a arte é a reprodução do mundo, que por sua
vez, é a representação de ideias no mundo manifesto e por isso a arte distância a mente da realidade e
consequentemente do Belo. O filósofo reconhece que a arte possui valor em si mesma, por isso, cria
confusão com o objeto real e deturpa a essência do belo. Essa conceituação de Platão tem forte ligação
com conceito de real, poisnão permite mediações de nenhumtipo. A arte, para ele, está ligada a
emoções e sentimentos que distorcem e influenciam as pessoas. “Nesse sentido o caminho do filosofo é
o caminho para a realidade e a verdade.”(GREUEL, p. 148, 1994).

Para Platão, o Belo está pautado na noção de perfeição, de verdade. Para ele, a Beleza existe em si
mesma, no mundo das ideias, separada do mundo sensível (que é o mundo concreto, no qual vivemos).
Assim, as coisas seriam mais ou menos belas a partir de sua participação nessa ideia suprema de Beleza,
independentemente da interferência ou do julgamento humano.

O filósofo critica as obras de arte que se limitam “copiar” a natureza, já que elas acabam afastando o
homem da real Beleza, que é aquela existente no mundo das ideias. Essas questões influenciaram, por
muito tempo, em maior ou menor intensidade, a produção artística ocidental.

Aristóteles tem um pensamento diferente sobre a arte, que, para ele, é uma criação humana. O filósofo
entende que o Belo não pode ser desligado do homem, já que ele está em nós, é uma fabricação
humana

A teoria do belo de Platao nao se volta para a aparencia sensória;baseia-se, ao contrdrio, em sua
superacao. 0 belo é visto aqui como algodivino e rap como algo fisicamente manifesto. Portanto, Platao
nao dá importancia a Arte, pois que esta cria objetos no mundo manifesto.Considera-a ate mesmo
nociva por desviar o olhar do homem da verdadeira esséncia das coisas. 0 belo, em sua essencia, so
pode ser o objeto da filosofia, dado que essa se prop& a contemplar o mundo em sua esséncia ideal.

Segundo Kant, o belo resuta da concordância harmoniosa entre uma forma sensível imaginada para
exprimir uma ideia, e um ideia concebida para ser expressa por uma forma. O belo será o que satisfaz o
voo livre da imaginação, sem estar em desacordo com as leis da Verstand. O objecto belo não é um
sistema artificial de meios, mas antes uma disposição de partes habilmente calculada com a mira num
fim distinto de si mesmo. Será, segundo a expressão de Kant, uma finalidade sem fim, isto é, a
verdadeira beleza não está ligada a um fim, mas aparece como sendo livre e viva, expandindose sem
intenções reservadas.

Kant distingue essencialmente o beo do subime. O primeiro consiste na harmoniosa coerência do


entendimento e da imaginação, enquanto que o sublime consiste na sua desproporção. A vista do belo
desperta em nós uma alegria pura, muito embora o sublime tenha algo de melancólico e pungente.

Aristóteles, pupilo de Platão refuta o pensamento platônico e segundo o professor e pesquisador Clóvis
de Barros (2010) em sua aula “A Beleza e a Arte”, para Aristóteles “o mundo é belo quando na sua
simples contemplação enseja a quem o contempla um instante de vida que vale por ele mesmo, um
instante eudaimônico”. O belo para Aristóteles também estaria ligado à natureza, entretanto,
diferentemente do pensamento de Platão, a arte, a criação humana, assume protagonismo na
concepção do belo uma vez que é o homem que define o que é belo, ou seja, existe um filtro humano
tanto do artista quantodo observador.

O que vai garantir beleza a uma obra, para Aristóteles, é a proporção, a simetria, a ordem, a justa
medida.

O filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762), fundamenta a filosofia do belo na arte e avança
na discussão de tópicos como arte e beleza estabelecendo a estética como disciplina em um campo
distinto da investigação filosófica. A ênfase característica da sua abordagem estava na importância do
sentimento no ato criativo do artista. Ele queria modificar “a afirmação tradicional de que “a arte imita a
natureza”, afirmando que os artistas devem alterar deliberadamente a natureza, adicionando elementos
de sentimento à realidade percebida. Dessa forma, o processo criativo do mundo se reflete em sua
própria atividade. ”5O belo é uma materialização de sentimentos e ideias puras através de obras de
arte.

Outro pesquisador que se debruçou sobre o estudo da estética, Immanuel Kant (1724 1804), utilizou a
Metafísica de Baumgarten (1739) como texto para palestras. Tomou emprestado o termo estética de
Baumgarten, mas o aplicou a todo o campo da experiência sensorial. Só mais tarde o termo se restringiu
à discussão da beleza e da natureza das belas-artes. Para o autor o belo é um dado objetivo presente
nos próprios objetos e agrada universalmente a todos sem depender de um interesse ou um conceito.

O belo nasce de um sentimento humano de prazer universal e da capacidade humana de julgar essa
informação nos objetos em uma espécie de jogo entre imaginação e o entendimento que promoveriam
a manifestação do belo por meio de sensações, sentimentos de prazer no sujeito. Nesse período e no
que se seguiu, a estética kantiana e a razão cartesiana foram as protagonistas do fazer artístico e da
percepção do que é arte.

O Belo, segundo o idealismo transcendental, não pode ser uma propriedade objectiva das coisas (o belo
ontológico), mas nasce da relação entre o objecto e o sujeito, não estando também o sublime nas
coisas, mas no homem.
Segundo S. Tomás de Aquino, o belo é uma propriedade ou qualidade rea das coisas. Na verdade, a
beleza repousa num aspecto dos seres existentes, capazes de fundamentar uma determinada relação às
potências cognoscitivas.

O belo é para poucos, disse Nietzsche. Mas não é que seja acessível apenas a poucos, nem que deva sê-
lo, e sim que poucos se dispõem a ir em seu encontro. Pois, já sabemos: o belo não se apodera
simplesmente de nós, não o recebemos passivamente, mas temos de buscá-lo, de nos interessarmos por
ele. A beleza premia o esforço de quem a procura, e a verdade é que poucos se sentem estimulados a
despender esse esforço, e isso, temos de acrescentar, também por razões que escapam a seu controle e
escolha. E mesmo os que se consideram sensíveis à beleza terão de conceder que nem sempre se
encontram em condição de desfrutar dela, por mais que ela se ofereça.

O belo é para poucos, e também para poucos momentos. É uma experiência de exceção. No geral,
estamos atarefados demais para nos permitir esse inocente prazer de meramente contemplar a
aparência das coisas: quase sempre, temos de nos haver é com as próprias coisas. As coisas nos atraem,
as coisas nos ameaçam, e é por entre elas que temos de encontrar nosso caminho no mundo.

O que é belo é subjectivo. Dai a dificuldade em chegar a um consenso sobre o que é belo ou sobre o que
não o é, portanto, parece ser obvio que a classificação de uma abra de arte como bela é relativa. Com
efeito, não se fala, hoje em dia, de valores universais. Não existem valores eternos comungados por
todos os povos e em todos os tempos.

Como afirma Ferry, «A ética fundamentando o belo numa faculdade demasiado subjectiva para que
nela se possa facilmente encontrar alguma objectividade, a história da estética, pelo menos até aos
finais do século XVIII, iria antes do relativismo à busca de critérios.»

O belo é o que nos reúne mais facilmente e mais misteriosamente. Daqui resulta a visão de que a obra
de arte deve ser uma representação bela do mundo subjectivo do artista
Conclusão

Como filosofia, ou seja: como âmbito de investigação teórica e conceitual sobre nossas reações à forma
pela qual as coisas se apresentam a nós, a Estética fala do belo e do feio, mas não para me ensinar que
isto é belo e aquilo é feio, nem para me recomendar o belo e condenar o feio muito menos para ensinar
o que fazer para que as coisas que não são belas venham a sêlo. Se fosse assim, não seria teoria, mas um
guia prático, e, o que é mais importante, já daria como conhecido o sentido do termo belo, quando é
exatamente isto que se trata de determinar: na Estética, precisamente esse sentido está em aberto e
tornase objeto de debate.

Como filosofia, a Estética quer saber o quêé uma coisa bela. Pergunta-se pelo porquê de que a
aparência de certas coisas nos agrade ao ponto de dizermos que são belas, e o que estamos querendo
dizer ao declararmos que o são. Ela quer explicitar conceitualmente os critérios pelos quais julgamos a
aparência das coisas.

Segundo Kant, quando dizemos que algo é belo, não queremos dizer simplesmente que seja
“agradável”. Contudo, esta representação pura do objecto belo é particular e a objectividade do juízo
estético não tem conceito ou a sua necessidade e universalidade são subjetivas.
BARROS, Clóvis. Aula 8 –A Beleza e a Arte–Clóvis de Barros (2010). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=nmGr2KwylI.

GREUEL, Marcelo da Veiga. Da "Teoria do Belo" à "Estética dos sentidos": reflexões sobre Platão e
Friedrich Schiller. Anuário de Literatura, Florianópolis, p. 147-155, jan. 1994. ISSN 2175-7917. Disponível
em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/5362>. Acesso em: 02 out. 2020.
doi:https://doi.org/10.5007/%x.

DUFRENNE, Mikel. Estética e filosofia. Tradução de Roberto Figurelli. São Paulo: Perspectiva, 1981.

•JIMENEZ, Marc - O que é Estética? São Leopoldo: Editora UNISINOS, 1999.

•PLATÃO. A república. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990.

ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Ars Poetica, 1992.

•BAUMGARTEN, A. G. Estética: a lógica da arte e do poema. Petrópolis: Vozes, 1993.

•BAYER, Raymond. História da estética. Lisboa: Estampa, 1998.

LEITE. F. – “Filosofia do Belo”, in: Revista

Portuguesa de Filosofia, I, fasc. 1, (Braga, 1946) , pp. 65-66.

Você também pode gostar